Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.

Depois que Edward partiu, deixando-me sozinha naquela floresta, eu achei que nunca mais conseguiria voltar a viver. Passei longos meses sofrendo e ansiando para que ele voltasse. Mas ele não voltou. Ele cumpriu sua promessa e os dias foram passando... Eu não tinha mais noção do tempo e quanto maior era a minha dor, mas eu me afundava no buraco vazio que era o meu coração. A dor era a única forma de saber que ele fora real um dia e não uma imaginação da minha cabeça. Eu queria que tudo fosse um pesadelo. Eu queria que Edward não tivesse dito aquelas palavras. Eu queria que ele ainda me amasse e estivesse comigo. Eu queria poder dormir ouvindo a sua voz aveludada, queria poder lhe ouvir cantar a minha canção de ninar e me acalentar dos pesadelos. Eu queia ouvi-lo recitar as frases de Romeu e Julieta em meu ouvido, eu queria... Eu o queria tanto, que a minha dor me fazia ter alucinações... Alucinações que me faziam arriscar a minha própria vida, só para poder ouvir a sua doce e melodiosa voz.

Edward se foi e levou tudo com ele. Levou a minha vida e a minha força, deixando apenas lembranças... Lembranças essas que eu tentava esquecer a todo custo, mas a minha mente humana não conseguia. Minhas noites eram as mais terríveis e o que eu mais temia, porque eram nelas onde as lembranças vinham com mais força. A dor no meu coração era tanto, que eu mal conseguia me mover ou respirar. Eu me deitava na cama e me enrolava como uma bola, apertando meus braços cruzados no peito, numa tentativa de diminuir a dor. Ficava assim e depois caia no sono, até os pesadelos começarem. Acordava gritando todas as noites e meu pai, Charlie, sempre estava lá, vindo me acolher em seus braços paternos, tentando fazer com que eu me acalmasse e me sentisse melhor. Mas nada do ele fazia, ajudava a diminuir a dor dentro de mim. O cansaço em seu rosto mostrava o quanto aquilo estava lhe deixando preocupado.

Eu havia me distanciado de tudo, até de meus amigos. Só ia para a escola, por que era necessário. Eu também mal me alimentava. Eu estava magra e com olheiras roxas e muito profundas em meus olhos. O brilho de meus olhos já não existiam mais. O sorriso que antes era tímido e inocente, deixou de existir assim como tudo desde a partida dele. Me via completamente sozinha. Não tinha como desabafar com os meus amigos. Não poderia contar nada para aliviar o meu sofrimento. Queria falar, mais eu não podia. Eles não poderiam ajudar. Não tinha como contar e isso era sufocante. Tudo na minha vida passou a ser frio e gelado.

Porém, quando eu achei que tudo estava acabado, Jacob apareceu e foi aos poucos tirando-me da escuridão. Jacob foi a luz no final do túnel e o primeiro raio de sol da manhã. Ele foi a vida que voltava a renascer em mim. Passei muitas tardes com ele em La Push. Nossos momentos iam de consertar as motos, a comer pizza e beber refrigerantes. Essas horas em que eu estava com ele, eu esquecia de tudo. E conforme voltamos a nos aproximar, fui voltando ao normal e naquele dia em que Jacob me impediu de pular do penhasco, eu percebi que fui muito imprudente e muito idiota. Eu não havia parado pra pensar nas consequências. E se Jacob não tivesse chagado a tempo, eu teria causado uma dor enorme em Charlie e em Jacob, que estavam lá por mim, quando eu não era eu mesma. Eu achava que amava Edward, mais o que eu sentia não era amor, nem muito menos paixão. Era obsessão. Eu estava viciada em Edward. Ele era como uma droga que eu insistia em me viciar. Eu deveria ter lhe ouvido naquela primeira vez em que ele me chamou para ir até Seattle com ele, alertando-me que eu deveria ficar longe. Mas a força magnética que fazia-me querer estar perto dele, era mais forte que a minha própria preservação em ouvir os seus avisos.

Mas os dias foram passando e no meu peito, algo novo nascia. Eu sentia meu peito esquentar, sempre que Jacob estava comigo. Era um sentimento novo e muito bom. Jacob me fazia bem. Ele era o meu sol, com aquele sorriso travesso de menino. Ele era aquele quentinho aconchegante no peito. Ele era meu melhor amigo, que estava ali, tentando trazer aquela velha Bella desastrada e desarrumada de volta. Jacob fazia inúmeros esforços para me ver bem. Jacob estava lá, sempre me aconchegando em seus braços, quando a dor era tão forte, a ponto de me fazer ceder de joelhos no chão. Ele estava lá e a cada dia, continuava. Aos poucos o brilho voltou para os meus olhos e o sorriso para os meus lábios, como se nunca tivesse saído. Jacob foi paciente e gentil, até que eu estivesse com o buraco em meio peito curado. Ele sofreu junto, mas não desistiu. Ficou como havia prometido. E quando eu achei que eu talvez fosse um caso perdido, aquela ferida no meu coração já não estava mais lá. Estava totalmente cicatrizada. Não sentia mais dor. As lembranças ainda estavam ali, mas agora eram apenas só lembranças e nada mais. Aquele sentimento novo que eu sentia pelo meu amigo de infância, cresceu e aí eu soube, que o que eu sentia, também era algo maior e mais profundo, do que um simples amor de amigo. O sentimento era recíproco. Dois amigos, que antes separados, agora unidos pelo destino. Duas almas unidas novamente, selando um novo relacionamento, maior e mais forte do que imaginávamos. Agora, eu, Isabella Marie Swan, sabia que era nos braços daquele garoto moreno, com um cheiro amadeirado deliciosamente bom, era onde eu deveria estar. E naquela pele extremamente quente, com seus genes lupinos, bisneto e descendente de Ephraim Black, era onde os nossos espíritos estavam conectados, porque, eu era e sempre seria de Jacob Black, a parceira pela qual o seu lobo escolheu como Imprinting.

 E foi no seu sorriso de sol, que eu encontrei o meu caminho de volta para voltar a viver.