Segundos depois deles se afastarem, Thalia ainda conseguia sentir os lábios formigando por conta do choque que tinha sentido quando ele lhe deu um selinho. Parecia que havia uma corrente elétrica entre os dois que foi acionada assim que o ato fora realizado.

O italiano não estava diferente dela, seus pensamentos estavam tão bagunçados que quase conseguia vê-los saírem por seus ouvidos.

— Você...- Começou meio constrangido, passando uma das mãos em sua própria nuca, para logo após bagunçar mais ainda seus cabelos negros. - ...você está sabendo da chuva de meteoros que vai ter em algumas semanas, né?

A morena abriu seus olhos e os manteve no chão do carrinho, sentindo suas bochechas começarem a queimar loucamente, sabendo que estaria vermelha. Porém, assentiu em resposta, fazendo-o suspirar e soltar uma risada baixa.

— Para onde você vai, para ver? – Questionou, tentando mantê-la ocupada, já que sabia que ela poderia ter outro ataque se lembrasse da altura que ambos estavam.

 Assim que a garota iria responder que não era da conta dele, a roda-gigante ligou com um impacto, fazendo-a agarrar a trave em sua frente com força, fazendo Nico dar uma risada interna e passar a mão pelos lábios, para ter certeza que não teria vestígios do sangue que tinha saído dos lábios da Grace.

Antes que o italiano pensasse em sair do carrinho, Thalia já tinha passado por cima dele e estava em terra firme, passando a mão por seus cabelos negros e logo depois em seus lábios avermelhados, certificando-se, assim como Nico, que não havia resquícios.

— Thalia! – Ela virou para apenas para ver seu irmão a abraçar com força. – Você está bem? Eu fiquei preocupado com você!

— Está tudo bem, Jay. – Deu um sorriso mínimo, olhando para baixo e vendo Amélia saltitar até ela.

— Eu estava voando, tia Thalia!

— Ela se empolgou um pouco. – Jason ponderou, analisando o rosto da irmã. – Porque seu lábio está cortado? Isso tem a ver com o Nico ter ido com você?

— Tio Nico, porque você está vermelho? – A pequenina questionou, vendo seu tio se aproximar lentamente.

— Sua tia deu trabalho lá em cima. – Respondeu, dando de ombros. – Ela teve um ataque de pânico, mas o bom é que foi controlado.

— Céus, Thalia! Você não pode ir em brinquedos que envolvam altura assim, já pensou se estivesse sozinha? O que iria fazer? – O loiro começou a repreender a Grace, que abaixou o olhar, mas logo deu um sorriso de canto.

— Não foi tão ruim. – Indagou, levantando o olhar e vendo de soslaio o Di Ângelo a encarar com uma das sobrancelhas arqueadas, fazendo-a rir de leve e dar as costas para os dois. – Onde estão o resto?

— Bem aqui. – Catrina respondeu pelas pessoas que lhe acompanhavam.

— Como foi a sua experiência lá em cima, Cat? – Thalia questionou, segurando a pequena e a trazendo para seu colo, que deu risada e ergueu suas pequenas mãos para o alto, batendo duas palmas.

— Foi muito legal! Ainda mais quando parou, eu achei que ficaríamos presos lá em cima para sempre, então teríamos que sair em uma missão para acabar com os monstros que tiraram a luz do parque, tendo que passar pela selva dos macacos neons, assim, ganharíamos!

Annabeth deu risada da imaginação da filha, admirando isso.

— Com meus vinte e quatro anos, nunca ouvi uma história tão emocionante quanto essa! – A morena sorriu para a pequenina, colocando-a no chão e se virando para o resto das pessoas. – Eu sei que a noite está uma beleza, mas está ficando tarde, então...

Ela nem mesmo precisou terminar a frase, todos já sabiam que precisavam ir embora.

{...}

— Então seu primeiro beijo com o professor Di Ângelo foi em uma roda-gigante? Segundos após ter um ataque de pânico? 

Nico se interrompeu, olhando para trás e vendo sua esposa comprimir os lábios pensativa.

— Eu não acho que selinho conta como beijo, isso é coisa de avó!

— É? – Retrucou o italiano, atraindo a atenção para si.

— Para de ser patético, Di Ângelo! Já passamos dessa fase irritante.

Uma onda de risadas passou pela classe nova e o moreno negou em reprovação, mesmo com o sorriso no canto dos lábios.

Sem um aviso prévio, o professor se levantou, causando o silêncio súbito enquanto ele vagava pelas cadeiras dos alunos, passando entre elas como se fosse contar algo aterrorizante.

Thalia deu risada, sabendo a continuação da história, fazendo-a rolar os olhos com todo o drama.

— Mas...- Começou ele, abaixando o tom de voz. – Naquela mesma noite...nós obtivemos uma notícia terrível!

— Ele quer dizer...- A professora se levantou também, do mesmo jeito que seu marido fazia, decidindo entrar na onda. – ...para nós a notícia foi horrível, não é mesmo, amorzinho?

— Foi sim, amoreco. – Nico retrucou na mesma moeda, sabendo que odiava quando ela o chamava assim, o que foi confirmado quando ela fez uma careta e lhe mostrou a língua. – Mas continuando...

{...}

O carro estava estranhamente quieto, já que Amélia sempre costumava falar muito durante o caminho. Thalia estava no banco de trás ao lado de Nico, que estavam um tanto espremidos por conta da cadeirinha obrigatória da pequena, que olhava para o teto do carro fixamente.

O silêncio foi rompido pelo celular da garota, que preencheu o ambiente com os primeiros acordes de Otherside, coisa que fez o Di Ângelo erguer uma sobrancelha para a morena que se retorcia para pegar seu celular em seu bolso, já que era uma das bandas preferidas dele.

— Lysse? Aconteceu alguma coisa? - Ela questionou assim que viu o nome da diretora no visor.

— Thalia, oi! Está tudo bem, se acalme!— Respondeu do outro lado da linha. – Apenas por uma curiosidade: o professor Di Ângelo não estaria com você...estaria?

Thalia levou os olhos para o menino ao seu lado, que a olhava atentamente, provavelmente ouvindo o que a morena dizia no telefone.

— Ah...está sim, porque?

— Poderia me colocar na viva voz?

 A garota trocou um olhar com o irmão pelo retrovisor, que assentiu e logo após olhou para a filha, erguendo um único dedo em frente aos lábios, indicando que fizesse silêncio.

— Estou te ouvindo, Lysse. – Nico se pronunciou primeiro.

— Eu queria conversar rapidinho com vocês dois, se não é incomodo. É claro que eu preferi fazer isso pelo aparelho eletrônico, já que vocês iriam me perseguir se dissesse pessoalmente. — Começou, fazendo ambos os professores se encararem já se preparando para o pior. – Eu vou ser direta, pois estou cuidando da minha sobrinha: eu adorei o trabalho de vocês dois, então, a partir de agora, vocês vão dar aulas juntos, gincanas, dinâmicas, duvidas dos alunos...é isso, até segunda!

E assim a ligação deu-se por encerrada, deixando para trás uma Thalia e um Nico boquiabertos, e um loiro rindo, junto de sua esposa.