Damn Cupid escrita por Serena Blue


Capítulo 13
Misunderstood, understood.


Notas iniciais do capítulo

OLAAAARRR meus amores ♥ Tudo bem??? Não demorei muito, demorei??
Bem gente, trago um capítulo quentinho que a recém saiu do forno HEHEHE, espero muito que gostem, mas antes de tudo...
MUITO OBRIGADA FLOR DA NOITE E SOPHIA COSTA PELAS LINDAS RECOMENDAÇÕES QUE ESCREVERAM PARA MIM! Nossa, eu nem esperava e vocês conseguiram me arrancar lágrimas, eu juro! E fico, muito, mas muito, feliz que vocês estejam gostando de Damn Cupid ♥ Eu amei cada palavra e esse capítulo é dedicado a vocês ♥ ♥ ♥
Segundo: gente, DC tá de carinha novaaaaa :D Não sei se perceberam mas eu mudei a capa e a sinopse HAHHA porque aquela sinopse velha ninguém merece né? Me digam o que acharam nos comentários :)
Terceiro: eu acho que estou esquecendo alguma coisa, mas no mais, era isso... NÃO PULEM AS NOTAS FINAIS! TENHO AVISINHOS HEHEH
BOA LEITURA!!!



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Chapter XIII - Mal entendido, entendido.

 

POV Lily Evans

 

A festa de James Charlus Potter foi trágica para nós três e isso não há como negar. Dorcas, de acordo com ela, acabou com todas as suas chances com Austin depois daquele King Kong (não pode nem ser considerado como um simples mico) que pagou na frente dele. Marlene só faltou arrancar os cabelos depois de descobrir a traição de seu ex-namorado e eu nem vou comentar a reação dela quando soube o que Sirius Black tinha feito. E eu, por fim, de fato assinei minha sentença de morte indo àquela festa por dois motivos, como vocês sabem, e eles são bem simples:

Motivo nº 1: Peguei o carro de Virgílio Thomas Evans às escondidas.

Motivo nº 2 e o pior deles: Perdi a aposta que fiz com Potter quando compareci e praticamente dei carta branca para ele me chamar de lírio.

O famigerado lírio.

Não vou negar, é um apelido fofo, mas quando se trata de James Potter não pode ser fofo. Entendam, eu não posso dar essa liberdade e intimidade para alguém que se acha o epicentro do universo. E eu tenho quase certeza que ele vai tirar alguma vantagem desse apelido nos próximos meses de aula.

Eu já podia até ver. Todos os dias, lírio para cá, lírio para lá. Por isso, quando cheguei em casa depois da festa (dando graças às forças superiores por meu pai não acordar e ver seu carro chegando na madrugada) eu não dormi direito.

Em parte foi pela adrenalina da noite em si. E a outra era porque eu não sabia como encontrar com Potter no dia seguinte. Diferente de minhas amigas, não sou como Dorcas que entra em desespero nesse tipo de situação e nem como Marlene que simplesmente liga o botão do “foda-se” e vai a escola numa boa.

Eu sou o meio termo e, bem, fiquei tranquila para ir à escola e desesperada o suficiente para atingir James com todas as minhas armas assim que o vi atravessando o pátio de Stewart junto com seus amigos quando se intrometeram na nossa conversa.

No geral, costumo sempre ignorá-lo, mas depois daquela festa, por algum motivo não consigo mais conter minhas emoções com ele. E isso não é um bom sinal.

A amizade de Dorcas e Remus não contribui nem um pouco para eu e Marlene mantermos as distâncias necessárias de Potter e Black, mas, se tratando da loira, ela parece não ficar tão desconcertada na frente de Black quanto eu fico com relação ao Potter. Minha única alternativa é tentar manter a compostura. Falhei miseravelmente entrando no joguinho deles.

Depois daquela cena ridícula no pátio, assim que o sinal tocou eu fui direto para a aula de Literatura sem esperar pelos dois, já que, infelizmente Sirius e James estavam na mesma turma que eu.

Não que eu tivesse fugido, pois para minha sorte, o treinador dos Stewfalcons chamou os dois para uma possível reunião antes do treino no segundo período, então foi fácil para eu seguir meu caminho até a sala sozinha.

— Hey, Lily! Me espera! – ouço a voz de Alice Prewett às minhas costas e eu paro de caminhar me virando para ela. – Nossa para que tanta pressa? Tem algum trabalho para entregar que eu esqueci? Por favor, diz que não... – diz ela ajeitando a bolsa em seu ombro que caíra por causa de sua pequena corrida até mim.

— Desculpa Lice e não, não tem nenhum trabalho – respondo recomeçando a caminhar com ela dessa vez ao meu lado. – É que eu costumo mesmo andar rápido quando estou sozinha. – minto com um sorrisinho e ela parece acreditar.

— Como foi a festa do James? Você foi não é? Eu e Frank não pudemos ir, problemas com minha sogra – diz Alice assim que entramos na sala de aula.

Procuro minha carteira perto da janela e deposito minhas coisas em cima da mesa. A sala estava parcialmente vazia enquanto a professora Lindsay ainda não chegava. A maioria dos alunos estava concentrada no fundo, conversando e se divertindo.

— Ah, você sabe, foi o de sempre – desconverso tentando não prolongar o assunto. Assim que ouve minha resposta, Alice dá um sorrisinho malicioso e senta-se em cima da carteira ao meu lado.

— Então você foi mesmo? Nossa, James deve ter adorado, sabe, você nunca vai as festas dele – ela brinca empurrando o meu ombro de leve.

Acho que toda a Stewart sabia disso e, assim como Alice, talvez a escola inteira esteja surpresa com o meu aparecimento por lá. Sinceramente, eu espero que não, pois não gosto de ser o assunto da semana.

— Digamos que eu não fui... – e então eu acabo contando para Alice tudo o que tinha acontecido. Conforme eu me lembrava, as lembranças da noite iam surgindo de volta em minha mente, inclusive a imagem dele.

Sim, James Potter saindo daquela piscina. Eu tentei ao máximo não me recordar dos detalhes, mas o meu hipocampo é cruel demais comigo e eu acabo por recordar cada mísero segundo em que o observei.

Ele estava molhado. As gotículas de água da piscina escoavam por seu corpo, fazendo curvas conforme passavam por seu abdômen musculoso até parar em sua sunga, preta, que tampava a visão erótica que eu teria de seu órgão notavelmente... Grande. Sem falar seu pescoço, também iluminado pela água azul refletida, que me causava um formigamento e uma intensa vontade de...

— Lily! – Alice me desperta de meus devaneios estalando o polegar e o indicador na frente de meus olhos. – Uou, acorda menina, você parou de falar do nada.

Eu pisco os olhos rápidas vezes até voltar aos eixos normais. Não acredito que eu estava pensando em Potter de um jeito nada apropriado e bem na frente da Alice, explícito para ela perceber!

— Hã? – pergunto desnorteada. – Ah, sim, a festa então nós-

Mas meu relato nunca chegou a ser terminado. No instante depois um furacão atinge a sala. Bem, para ser mais específica, dois furacões. Sirius Black e James Potter adentram o local com uma euforia demasiada, sorrindo e quase pulando. Eles acabam por atrair a atenção de todos ali, inclusive a minha, que encaro os dois com o semblante confuso.

Potter está com a bola de rugby laranja fluorescente em mãos e brinca com ela enquanto fala:

— Atenção caros colegas, como capitão dos Stewfalcons comunico a vocês que o primeiro jogo do Campeonato Interescolar será aqui em Stewart daqui a uma semana! – assim que termina o seu anúncio os alunos da 302 lançam exclamações de surpresa e depois comemoram. Se antes eu já estava com o cenho enrugado, agora eu o faço mais ainda.

 Os Campeonatos Interescolares são cobiçados apenas para aqueles que não têm interesse nos estudos e não se importam com as matérias adiadas. Quanto mais cedo o Campeonato chegasse, menos tempo eu teria de estudo, já que a escola praticamente “para” por causa dos jogos, viagens e afins.

— Impossível! – minha voz se sobressai no meio daquele alvoroço todo e Potter me encara deixando o sorriso desfalecer aos poucos. – Você está brincando? Os jogos começam daqui a duas semanas conforme o anuário.

Depois que termino minha afirmação, Black dá uma gargalhada exagerada e se volta para mim.

— Evans, você pode saber tudo das matérias, mas de rugby deixa com a gente – profere dando uma piscadela. – Além disso, nós acabamos de falar com o treinador e foi o próprio quem nos disse.

Eu alterno meu olhar de um para o outro e cruzo os braços enfrente ao peito.

— Está preocupada por causa das aulas extras? – James inquire brincando com a bola. Ele sabia, assim como eu, que as aulas extras de citologia seriam as primeiras a serem interrompidas por causa dos jogos.

— É evidente que sim – respondo indignada.

— Relaxa lírio, você é uma excelente aluna, com certeza seus estudos não vão regredir.  – ele sorri olhando-me diretamente nos olhos e eu engulo a saliva. Não sei se fico incomodada pelo uso do apelido íntimo ou lisonjeada por seu elogio desinibido.

Potter joga a bola de rugby para cima e pega com agilidade no mesmo segundo. Vejo naquilo uma escapatória para o seu elogio.

— Para de brincar com essa bola! Pode acertar e quebrar algum equipamento! – desvio meu olhar do seu e concentro-me apenas no laranja fluorescente.

— Tá irritada hoje, Evans? Credo – diz Sirius e eu me viro para ele. – Sai desse corpo que não te pertence! – coloca suas mãos voltadas para mim como se quisesse exorcizar algum tipo de demônio.

Escuto a risada de James às minhas costas e até a de Alice, que olhava tudo aquilo com diversão estampada em seu rosto.

— Joga aqui Prongs – pede o moreno e prepara o corpo para receber o arremesso de James.

E então eu não sei o que dá em mim. Tudo aconteceu muito rápido.

Viro-me novamente para James e, quando ele estica o braço para jogar a bola em direção onde Sirius estava eu, em um ímpeto de tentar impedir alguma desgraça ou vidro de janela quebrado, vou em direção à bola empurrando o braço de James na tentativa de pegá-la, porém ágil como só ele, Potter já tinha lançado a bola que, com o meu toque, acaba desviando do caminho e atingindo em cheio o projetor que se desprende de seu suporte e cai no chão em um baque surdo, estraçalhando-se por completo.

O barulho das peças espalhando-se pelo chão da sala causa um eco profundo que arrepia até a minha alma.

Todos parecem ficar estupefatos com o ocorrido. James me encara com os olhos arregalados e não dá indício algum de proferir algo. Sirius estava sério olhando fixo para o projetor quebrado. Alice tinha as mãos tampando sua boca e alternava seu olhar de mim para o projetor. E eu nem quero ver a reação dos outros alunos lá no fundo.

— POTTER! – eu explodo e o fuzilo com o olhar. – Olha o que você me fez fazer!

— O que? Eu não fiz nada! – ele se defende com um riso incrédulo – Foi você que se atirou em mim praticamente!

— Eu não teria me atirado se você não estivesse com essa bola estúpida! – rebato sentindo minhas bochechas corarem.

— O que está acontecendo aqui? – a voz da professora Lindsay se faz presente no recinto. James e eu paramos aquela discussão depressa e nos afastamos. Eu estava inconformada, meu coração estava acelerado e meu sangue parecia ferver em todos os pontos.

E o pior disso tudo, é que talvez Potter estivesse certo e a culpa tenha sido inteiramente minha.

— Houve um acidente, professora – Alice teve de falar por nós porque eu não conseguia proferir uma palavra.

— Isso eu estou vendo! Céus, o projetor... – Lindsay caminhou até o eletrônico quebrado e seus olhos fitaram o estrago, bem como a bola de rugby que não era exatamente imperceptível. – Quem foi o irresponsável que estava brincando com essa bola aqui dentro da sala de aula? – inquiriu com o cenho enrugado e irritado.

— Foi o James, mas é que... – uma aluna se pronunciou lá no fundo da sala, mas a professora não deu tempo da explicação ser concluída.

— Detenção, Senhor Potter, agora!

— Professora, nós- – Black se intrometeu, mas também foi interrompido.

— Silêncio Black se não quiser levar detenção junto! E pelo que sei sua ficha já está bem cheia podendo acarretar a sua expulsão! – exclamou possessa. Embora Literatura fosse uma matéria calma e simples, Lindsay era o oposto da matéria que lecionava.

Ela voltou a encarar James esperando que ele saísse da sala. Potter ajeitou a mochila nas costas e saiu pela porta da sala como um furacão. Ele nem sequer olhou para mim. Eu ainda estava parada no mesmo local incapaz de me mexer.

— Todos em seus lugares que eu vou chamar alguém para limpar isso – ordenou Lindsay, bufando. Black passou ao meu lado resmungando, claramente incomodado comigo.

Eu me sinto estranha. Em qualquer outra ocasião eu diria que Potter mereceu o que aconteceu, mas agora, eu tinha uma parcela de culpa na história.

Eu preciso remediar isso.

~*~

Não vi Potter em nenhum momento depois do ocorrido. Ele ficou ausente em todos os outros períodos e isso me preocupou. Será que ele tinha sido punido severamente por algo que não fez sozinho?

Quando o sinal do intervalo tocou apenas Dorcas veio falar comigo, pois Marlene, aparentemente, havia sumido e eu estava pensativa demais para me preocupar com ela. Quero dizer, eu tinha certeza que ela fora falar com alguém e, além do mais, eu não parei de pensar um minuto sequer no que havia acontecido no primeiro período de aula.

Enquanto Dorcas conversava de um jeito animado comigo (algo sobre Remus ajudá-la a conquistar Austin) eu apenas fingia prestar atenção e sorria de vez em quando. A verdade é que eu estava olhando ao redor várias vezes seguidas para ver se encontrava James.

Nada.

Ele não estava em lugar algum.

Pensei em procurar seus amigos, mas meu orgulho parecia ser maior que minha vontade.

Eu queria encontrar James para esclarecer o mal entendido, no geral eu não gostava de prejudicar as pessoas injustamente. E, querendo ou não, fui eu quem desviou a bola de rugby do caminho “certo”.

Essa ideia ficou me atormentando o intervalo inteiro e então foi quando eu decidi procurar Sirius para falar sobre James. Mas, aparentemente, eu não tinha sido a única que havia brigado com um dos marotos.

No minuto seguinte, Marlene chega até nós.

— Idiota! Insensível! Cretino! Egoísta! – ela grita entre dentes assim que nos alcança. – Ai como eu pude ser tão idiota?!

Dorcas e eu nos entreolhamos depressa.

— Lene, calma, Stefan realmente foi-

— Não é dele que eu estou falando! – ela me interrompe ajeitando os cabelos com fúria em um coque frouxo. – Eu estou falando do ridículo do Black!

— O que? – Dorcas enruga o cenho tirando o pirulito da boca. – Mas vocês não estavam de bem hoje pela manhã? Pareciam até BFF’s – ela ri tentando brincar, mas Marlene não estava para piadas.

— Não viaja Meadowes! Ser amiga daquele insensível é a última coisa que eu faria! – Marlene bufa e desmancha seu coque com frustração.

— Tudo bem, relaxa, eu só estava brincando... – a morena se desculpa levantando as mãos em rendição, mas nem um pouco abalada.

Nós já conhecíamos Marlene tempo o suficiente para não ficarmos chateadas com os cortes que ela nos dava quando estava com raiva e, por cristo, seja o que quer que Sirius tenha feito, deixou a loira muito irritada.

— Qual foi o problema dessa vez? – pergunto colocando as mãos nos bolsos traseiros da minha calça jeans.

— O problema é que eu só posso ter nascido na Trouxalândia por achar que Black poderia me ajudar – os olhos azul-piscina de Marlene parecem pegar fogo. Ela olha, sem parar, de um canto a outro do pátio de Stewart como se aquilo a ajudasse a controlar sua raiva.

— Ajudar com o que? – inquiro confusa. Desde quando Marlene pediria ajuda a Sirius? Nem para resolver uma equação simples de matemática minha amiga recorreria a ele.

Assim que ouve a minha pergunta, ela suspira e apoia suas mãos na cintura. Eu e Dorcas a encaramos com expectativas, ansiando por alguma explicação que justificasse aquela agitação toda. Marlene morde o lábio inferior e encara seus pés, como se o que fosse revelar fosse um tanto vergonhoso.

— Eu pedi ao Black para me ajudar a causar ciúmes no Stefan.

Foi um momento delicado.

— Como é que é, McKinnon?! – Dorcas exclama incrédula. – Você ainda se importa com aquele lixo?

— Nem vem Dorcas! Você me conhece! Sabe que não vou deixar barato! Além disso, pareceu ser uma boa ideia...

— É uma péssima ideia! – interfiro tentando soar com a voz mais baixa que consegui. – Usar Black como fantoche? Não me surpreende que ele tenha recusado. – digo arqueando as sobrancelhas.

— Não é isso! Eu não ia fazer dele um fantoche! Só queria que o O’Brien provasse do próprio veneno, já que ele tem ciúmes do Sirius assim como eu tinha da Johnson – Marlene se explica cruzando os braços e parecendo uma criançinha birrenta.

Ficamos em silêncio por um tempinho, com cada uma absorta em seus próprios pensamentos. Eu reflito com mais afinco sobre isso... Não parece ser de fato uma ideia ruim. Mas, louca, insana? Com certeza. Sem falar que todos em Stewart sabem que Marlene e Sirius sempre trocaram farpas. Seria no mínimo estranho que os dois começassem a se beijar no meio do pátio de repente.

— E agora que ele recusou você está pensando em que? – pergunto desfazendo o silêncio e atraindo sua atenção para mim.

— Não sei... – ela suspira sentando-se em um dos bancos. – Eu estava contando com isso, entende? Eu só posso ter enlouquecido – ela ri pelo nariz com sua própria desgraça.

Ela havia mesmo enlouquecido, assim como eu quando decidi atrapalhar a jogada de Potter, e isso faz meus pensamentos voltarem-se para ele novamente. Dirijo meu olhar para os arredores que levam até o campo de rugby e penso que os Stewfalcons devem estar por lá.

— Lene, não me mate, mas onde está o Sirius? – sorrio amarelo para ela. Afinal eu estava perguntando do cara que ela, supostamente, acabara de brigar em vez de consolá-la.

— Você é uma péssima amiga – Marlene crispa os olhos para mim. – Está lá no campo, treinando é óbvio.

Era tudo o que eu precisava saber. Decidida de ir até ele e perguntar do paradeiro de James, eu prendo meus cabelos ruivos em um rabo de cavalo e caminho até o campo me despedindo das minhas amigas:

— Eu já volto. Não precisam esperar por mim.

Consigo ouvir algumas indagações de Dorcas as minhas costas, mas não fico para responder suas dúvidas. Marlene deve ter ficado boquiaberta a me ver querendo falar com Black logo depois de sua recusa para com o plano dela. Mas não se tratava de tirar satisfações com ele por ser tão rude com minha amiga. Não se tratava de eu querer saber mais sobre as possíveis jogadas dos Falcões no jogo.

Se tratava de James Potter.

Quando chego às proximidades do gramado, posso ver o time reunido ao fundo junto ao treinador. Todos estavam vestindo o uniforme nas cores vermelha e amarela e, de longe, pareciam se aquecer.

Atravesso o campo com o queixo erguido ao me infiltrar diante de todos aqueles olhares masculinos voltados para mim. Com certa frustração, noto que Potter não está entre eles.

As jogadas e os arremessos que faziam cessam assim que avistam minha chegada.

— Posso ajudar Srtª Evans? Algum problema? – o treinador Bolton se dirige a mim com os olhos semicerrados por causa do sol forte em seu rosto.

— Desculpe interromper o treino, professor Bolton, mas eu precisava falar com Sirius Black. – informo um pouco constrangida. O Sr Bolton assente vagarosamente e leva o apito a boca. O som desperta a atenção do time, inclusive a de Sirius que olha em nossa direção e, então é chamado.

Ele caminha, despreocupado, até nós usando a base da blusa de seu uniforme para secar o suor de seu rosto.

— Black, a senhorita Evans quer falar com você. Dois minutos. – e dizendo isso ele retorna ao centro do campo recomeçando o treino.

Sirius me fita erguendo as sobrancelhas e cuspindo algo no gramado. Típico dos homens. Eu limpo a garganta e coloco algumas mechas ruivas para trás das orelhas por conta do vento que soprava contra mim.

— A McKinnon tá tão brava comigo que não pôde vir falar pessoalmente? – começa soando sarcástico.

Rapidamente me lembro da possível briga que tiveram há alguns minutos tendo em vista o plano afoito e pressuroso de Marlene. Ele supunha que eu viesse por causa dela, para dar voz ativa à loira como se fossemos criançinhas que brigam no ensino fundamental. Não, isso definitivamente não era do nosso feitio. Além do mais, eu vim por outro motivo bem diferente.

— O que? Não, eu não vim por causa disso. – digo com o cenho enrugado e limpo a garganta antes de continuar: - Black, você sabe onde está o Potter? – vou direto ao assunto.

Ele ri pelo nariz e desvia seu olhar do meu.

— Você fode o cara e depois quer saber dele é isso mesmo? – tenho a impressão de ser uma pergunta retórica. – Ele tá em detenção.

— Mas as detenções são cumpridas só depois das aulas – estranho fitando o gramado a minha frente.

— Parece que a diretora tava de TPM hoje, então. Ele vai passar o dia detido e acho que vai cumprir horas extras. Meus parabéns, você conseguiu afastar o capitão bem nos treinos pré-campeonato. – sua voz soa sarcástica mais uma vez e seus olhos cinza tempestuosos parecem vibrar.

— Nossa Black, como você é gentil – sorrio irônica. – Se quer saber eu estou procurando Potter justamente para explicar isso... Digo...

— Se desculpar?

— Tirar ele de detenção.

— E você pode fazer isso?

— Espero que sim.

Ficamos um tempo em silêncio, o suficiente para o treinador Bolton soar o apito e fazer sinal com a mão para que Black voltasse ao treino.

— Foi mal se fui grosseiro – ele diz coçando a nuca.

Ao ouvir suas desculpas eu não contenho um riso.

— Você é igualzinho a Marlene – comento com sinceridade. Afinal, ela também era assim: sarcástica, grossa e direta, mas em seguida se desculpava. Talvez fosse por isso que eles dois brigassem tanto, por serem em parte (muitas partes) parecidos.

— É, talvez eu seja – diz sorrindo um pouco. – Te vejo por aí, Evans – se despede com um aceno de cabeça e eu correspondo.

Enquanto me afasto penso, só por um segundo, que talvez fosse legal se fôssemos amigos. E, por cristo, por um momento eu gosto dessa ideia.

~*~

 O ônibus escolar me deixa enfrente a escola e assim que eu desço do veículo, aperto o casaco por conta da brisa geladinha daquela tarde. Ajeito a mochila no ombro e me preparo para mais uma aula de citologia.

Mary Macdonald pelo visto havia faltado, já que sempre vem comigo de ônibus e desta vez ela não tinha aparecido. Como sempre, o alvoroço das crianças preenche meus ouvidos enquanto caminho em direção ao laboratório um, no segundo piso. 

Aparentemente o desejo de encontrar James Potter parece se esvair de minha mente e eu espero vê-lo amanhã para conversarmos, mas alguma coisa me dizia que eu não precisaria esperar tanto tempo para isso.

— Srtª Evans, posso falar com você? – pergunta Rubens assim que eu adentro o laboratório.

— Claro professor, o que houve? – vou até ele, postando-me a sua frente.

— Lily, gostaria de lhe informar que o sr. Potter passará a ser sua dupla à partir de hoje. Ele foi designado a cumprir duas semanas de aulas extras de citologia por causa de uma detenção e, bem, como a senhorita não tinha dupla eu o coloquei como sendo a sua, espero que não se importe. – diz com um meio sorriso e eu sinto meu sangue gelar. – Vocês dividirão a bancada nº 3. Ah, aí está você Sr. Potter, estava falando com a Srtª Evans e digo o mesmo a você: dividirão a bancada nº 3. – e dizendo isso, ele volta-se novamente para o quadro negro para terminar suas anotações sobre a aula de hoje.

James adentra o local e senta-se na bancada nº 3 guardando seus fones de ouvidos. Eu respiro fundo e aperto a alça da minha mochila junto ao meu corpo demonstrando toda a inquietação que eu sentia naquele momento. Vou até a bancada e me sento ao seu lado, depositando meu material nas costas da cadeira.

No mesmo instante sinto um cheiro delicioso e percebo que ele tinha acabado de sair do banho. Inalo uma fragrância conhecida e acabo por perceber que James Potter cheira a Hugo Boss.

Ele pega os livros e coloca em cima da mesa no mesmo tempo que eu e, por um segundo, nossas mãos se encostam. Nos encaramos e ele faz menção de dizer alguma coisa, porém, o professor Rubens chama nossa atenção para o início da aula.

E então eu passo cinquenta minutos de pura tortura. O silêncio entre nós foi incômodo além dos limites. Foi torturante perceber a perna inquieta dele ao meu lado em um balanço constante. Foi torturante sentir seu perfume durante a aula inteira, pois aquilo me desconcentrou por completo. E, mais torturante ainda, tê-lo tão perto de mim pela primeira vez.

Quando, finalmente, o sinal do fim da aula toca, nós recolhemos os materiais e saímos da sala. Eu já tinha me decidido, explicaria somente para a diretora o mal entendido e tentaria manter distância do Potter o máximo que eu pudesse. Porém, meus planos vão por água baixo assim que ouço sua voz atrás de mim:

— Evans! – James me chama e eu mordo o lábio inferior. Viro-me de frente para ele e nos encaramos. Ele limpa a garganta antes de continuar: - O Sirius disse que você tava me procurando.

Filho da puta.

— Ah, ele disse... – penso e fico em dúvida se devo esganar ou abraçar Black. – Eu queria... Hoje de manhã... Olha, se você quiser eu explico para a Lindsay, digo, para a diretoria o que realmente aconteceu e você se livra das aulas de citologia. – termino sentindo vontade de me beliscar por me atrapalhar tanto com as palavras.

James encara os próprios pés depois me fita novamente.

— Vai me livrar de uma detenção, Evans? – pergunta com um quê divertido e eu me sinto aliviada em notar que ele não está bravo.

— Possivelmente, é por que essa talvez você não mereça. – digo tentando soar séria.

— Talvez? – ele ergue as sobrancelhas.

— Talvez.

O silêncio se instala entre nós por segundos a fio. O barulho das crianças era o que preenchia nossos ouvidos naquele momento e, quando uma delas, dá um pequeno gritinho as minhas costas (provavelmente por causa de uma brincadeira), eu decido:

— Então, eu vou falar com a diretora.

— Não precisa – ele afirma convicto. – Vou continuar com as aulas.

— Mas e os seus treinos de rugby?

— Os treinos são antes. Além disso, eu to começando a gostar. – diz fitando-me profundamente nos olhos.

Eu prefiro acreditar que não houve um duplo sentido nessa frase. E, por mais que a ideia de ter James Potter sentado ao meu lado em todas as aulas de citologia possa parecer uma grande ameaça eu não consigo me sentir incomodada.

Céus, o que houve comigo hoje?

Eu, de fato, não estou nos devidos eixos da sanidade.

— Se você não se importa... – dou de ombros e ele nega com a cabeça.

— Nem um pouco.

E eu? Deveria minha importar? Antes que mais perguntas como essas preencham minha mente e eu perca a pouca sanidade que tenho nesse dia turbulento, eu decido ir embora.

— Preciso ir, meu pai vem me buscar... – explico olhando para o estacionamento para checar se Virgílio Evans estava lá. Não estava.

— Até amanhã, Evans— ele frisa o meu sobrenome e, com um aceno de cabeça, caminha na outra direção.

Eu permito-me observá-lo se afastar. Umedeço os lábios e puxo meus cabelos para trás enquanto tento assimilar todas as informações que ocorreram nessas últimas horas.

Não sei porque, mas sinto que ele está diferente. Talvez fosse pelo fato de não me chamar pelo famigerado ‘lírio’ em nossa conversa, ou talvez por me encarar como se quisesse provar algo.

Contudo, as próximas duas semanas em que passaríamos juntos nas aulas de citologia serviriam para eu interpretar de forma correta e sem dúvidas qualquer atitude “incomum” que ele viesse a ter comigo. E, por Cristo, eu queria isso.

Dados alguns minutos, ouço a buzina do Fiat Uno na frente de Stewart e enxergo meu pai dentro do carro fazendo sinal para que eu fosse até ele. Ajeito a mochila nas costas e acelero o meu passo até o veículo, sentando no banco do carona logo em seguida.

— Oi filhinha – cumprimenta ele dando-me um beijo estalado na bochecha. – Tudo certo?

Lanço-lhe um meio sorriso depositando a mochila em meu colo e, ainda pensando em James Potter, respondo fitando a janela:

— Espero que sim.


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Notas finais do capítulo

Que será que James está tramando? Vcs acham que ele ficou chateado ou só tá de joguinho com a Lily??
#jamespottercheiraahugoboss LEVANTEM ESSA TAG HAHAHAHAHHAHAHA, quem me acompanha no Twitter sabe que já começei a abrir os trabalhos por lá ;)
Bem gente, agora eu posso afirmar que Jily, Blackinnon e Doremus está no caminho certo para o desenrolar da fic, eu já "juntei" esses OTP's e daqui para frente esperem muita interação deles...
Para fechar com chave de ouro eu trouxe Jily que bem, vai passar por muitas situações nessas aulas extras, ME AGUARDEM hahahahahah :D
Hmmm, o que aconteceu entre a Lene e o Sirius???? HEHEHE não se preocupem porque a explicação e o que realmente aconteceu vai estar tudo no POV da Lene que vai ser o próximo cap :D
E, por último, se puderem, eu gostaria que me dissessem algumas músicas que vocês acham que combinam com esses OTP's divosos aqui em DC, ou que lembram vcs ;) Ficarei felicíssima em saber ♥
Qualquer errinho ortográfico me avisem :D
É isso, BJÃO GENTE!!!!!!!



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