Depois Do Fim escrita por brigadeiro de panela


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Primeiro obrigada a @Gabriela Potter por comenta!!
Muito obrigada linda..
E em segundo, Boa Leitura.
Espero que gostem!



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Pov - Katniss

Limpa as mesas.

Limpa o chão.

Limpa as bandejas de comida.

Lavar pratos.

Secar os pratos.

Levar os copos.

Secar os copos.

Guarda pratos e copos em seus devidos lugares.

É assim que eu começo as minhas primeiras tarefas do dia. Mal tive tempo de descansa à comida na barriga e já fui chamada para limpa o refeitório.

— menina, você não parou nem um segundo desde que chegou - diz Marie quando eu finalmente parei um pouco e bebi um copo de água. Não sou muito de falar com as pessoas, prefiro ficar quieta na minha fazendo o trabalho que me dão. Marie é uma senhora com seus cinquenta e poucos anos, e a principio não invadiu meu espaço, porém aos poucos com suas palavras sábias e seu sorriso acolhedor, ela ganhou um lugar no meu mundo particular.

— quanto mais eu trabalhar mais tiques eu vou ter - digo.

Ela revira os olhos e continua a corta os poucos legumes que estão velhos e murchos, mas são os únicos que temos, então temos que agradecer.

— não me venha com essa conversa menina, nos duas sabemos que isso — refere-se a "campanha" da comunidade - é só conversa fiada, não tem como se livra da dívida.

— não custa nada tentar.

Dou de ombro e começo ajuda-la. Lavo todos os legumes que restam e corto tudo em pequenos para render mais na hora de fazer.

A dívida da qual a Marie mencionou, é a divida que ninguém pode escapas. Acho que foi o único meio que os lideres da comunidade acharam para prender e "motivar" a gente a continuar trabalhando. Vou tentar explicar de uma maneira simples e direta do que se trata a divida: ninguém nasce com tiques, ou seja, desde que nascemos os nossos pais que sustentam a gente com seus tiques, e mesmo com todas as horas de trabalho eles nunca ganham tiques suficientes pra sustentar sua família (na verdade os tiques que recebemos por dia é praticamente o valor das três refeições do dia, então, ou a gente como todas as refeições e mata a fome, ou guardamos os poucos tiques que recebemos para pagarmos a comunidade), então à única solução que resta é pegar pequenos empréstimos com o banco ate que a criança em questão completar 16 anos, porque ai sim, ela já vai ser de "maior" e vai poder trabalhar pra conseguir o seu próprio tique.

Mas como eu disse ninguém nascer com tiques. Então no dia do seu aniversario de 16 anos a criança já começa a sua divida, porque ela só vai poder comer ir ao medico, tomar remédio, e "compra" roupas ou produtos pessoais com seu próprio tique e como ela não tem, porque os pais a sustentava, ela vai ter que pedir seu primeiro empréstimo, e depois outro para pagar o empréstimo passado e depois outro e outro, e isso acaba virando uma bola de neve.

E aqui tem uma lei muito rígida, você nunca vai poder abandonar a comunidade ate pagar a sua divida. Se, eu disse se, você conseguir pagar a sua divida, aí sim, você não vai ter mais nenhuma ligação com a comunidade e vai poder fazer o que quiser da sua vida, ate mesmo abandonar os muros da comunidade.

Mas isso é claro, você nunca conseguiria!

E isso acaba virando um ciclo, porque você sempre vai fazer mais dividas para pagar as dividas anteriores e assim sucessivamente, ate o dia que você não tiver mais força pra levantar e sobreviver mais um dia aqui.

— menina, pegue alguns enlatados de carne na dispensa pra mim.

Marie me desperta dos meus pensamentos e acabo levando um susto quando percebo que a cozinha já esta mais cheia, as pessoas começaram a se apresentar ao trabalho.

— claro, quantas você vai querer?

Ela para pra pensar alguns estantes e já consigo imaginar as mil contas que deve esta se passando na sua cabeça, pois ela vai querer encontra uma forma de alimenta todo mundo, ao mesmo tempo em que não dispensa nenhuma comida.

— me traga três latas de carnes e umas quatro de almondega.

Balanço a cabeça em concordância e me ponho a andar ate a saída do refeitório. A dispensa fica vigiada dia e noite, e cada alimento que sai tem que da baixa para o contador. Ando em direção a casa - que mais parece um galpão - onde ficam guardados os alimentos, e logo dou de cara com dois seguranças.

— Marie me mandou vim buscar alguns enlatados para o almoço.

Digo assim que paro na frente do segurança numero um, ele é baixinho, porem tem um corpo forte, suas roupas estão desgastadas e com pequenos corte igual a minha, na cintura tem um sinto com uma faquinha que me parece bem afiada. O segurança numero dois é mais alto e tem uma cicatriz enorme na cara, que além de deixa-lo mais feio, deixa-o mais assustador também.

— primeiro eu vou ter que revista você e essa sua bolsa - diz o segurança numero um.

Contenho minha vontade de revirar os olhos e de falar "eu tenho cara que vai rouba comida, pra logo em seguida morre de um jeito nada bonito?!". Entrego a pequena bolsa de pano que peguei antes de sair da cozinha e o deixo me revista.

—ok, está liberada.

Puxo a bolsa sem nenhuma delicadeza e entro na dispensa, pra logo em seguida sair o mais rápido possível, logico que antes eu fui revistada novamente e fui acompanhada pelo segurança mal encarado até o refeitório e logo depois ate a cozinha, onde ele se certificou que eu entreguei tudo o que tinha pegado.

— babaca.

Digo após o vê saindo pela porta e acabo recebendo alguns olhares nada amigáveis.

— menina, trouxe tudo oque pedi?

Marie anda em minha direção enquanto enxuga as mãos no velho avental.

— desculpa Mari, mas não. Só tenho aqui comigo, três latas de almondegas e uma lata media de carne.

Ela não consegue disfarça a careta que faz quando termino de falar, contudo logo se ponhe a trabalhar e fazer possível e impossível para que aquelas quatro latas dê de fazer um almoço bom o suficiente para reforça as nossas energias.

A raiva que venho contendo dentro de mim durante muito tempo, ressurgi novamente e dessa vez ela vem com força total. Saio o mais rápido possível da cozinha e ando em direção ao muro.

Como eles podem achar que essa forma de comanda está certa? Privando todos de comerem, mas não se importam de ver a gente se matando de trabalhar para pagar uma divida idiota.

Como pode mesmo depois do fim do mundo as pessoas serem tão mesquinha? Só se importarem com seu umbigo? Como pode uns ter tudo de bom e do melhor, enquanto os outros têm que "matar um leão" por dia para sobreviver?

Minha respiração esta pesada e minhas mãos estão fechadas em punho. Tenho certeza que meu rosto deve está vermelho de raiva, porém não ligo. A única coisa que quero fazer é conseguir controlar minha raiva, antes que eu acabe fazendo alguma merda da qual depois eu me arrependa.

Sento-me na mesma posição da noite anterior e desligo a minha mente. Só deixo meu corpo sentir o vento quente bater em meu rosto e bagunçar ainda mais meu cabelo, sentir o sol quente em cima de mim, sentir o cansaço de todos esses anos, só deixo meu corpo sentir tudo que ele pode sentir agora.

Em algum momento a minha mente me trapaceia e a imagem do homem misterioso da outra noite me vem à cabeça e a novamente me faço à pergunta: será que é um rebelde?

Rebeldes são pessoas também esquecidas, mas que preferiram fugir e viver fora dos muros, correndo vários riscos todos os dias. Podendo enfrentar grupos de rebeldes rivais que querem mais armas, comida, abrigo, mulheres e poder. Eles são proibidos de andarem perto do muro.

E apesar de todo perigos que eles correm, ainda sim, eles preferem ser livres. E esse um dos motivos da inveja que sinto por eles. Não ter que dá satisfação para ninguém, poder fazer suas próprias escolhas, não ter que passar o resto da sua vida "preso" a pessoas que por algum motivo se acham mais importantes que as outras.

— ei! Docinho, o que você esta fazendo ai? Não esta pensando em se matar, né? Ou esta?

Solto um risinho pelos pensamentos de Haymitch. Tenho plena certeza que ele acredita veemente nas suas palavras.

— não Haymitch, não seria tão idiota de querer me matar aqui. Primeiramente eu me mataria a noite e em segundo, acho que nessa altura a única coisa que eu conseguiria era um braço quebrado, ou talvez uma perna.

— e certamente você não teria tiques suficientes para uma consulta medica o que resultaria em você sendo isolada e ate expulsa por invalidez. Ai você ia acabar ficando desidratada e com fome, o que ajudaria muito adquirir alguma doença que sem remédios acabaria morrendo, ou pior, essa doença podia ser uma incurável, e ai você se tornaria uma impura, que no final daria a sua morte. Então sim, você poderia está pensando em se jogar desse muro pra morrer.

Solto uma gargalhada e logo sou acompanhada por ele. Deus, ele é tão estranho.

Viro minha cabeça em sua direção e nossos olhares se encontram, em menos de um minuto estamos rindo horrores novamente. São esses pequenos momentos que eu ainda sinto que estou viva, que eu ainda tenho algo pra lutar, que eu não poso simplesmente me entregar à derrota.

— você tem uma mente muito fértil. Tenho ate medo de pergunta o que se passa na sua cabeça.

— ah docinho, tenho certeza que são muito parecidas com as coisas que se passa na sua cabeça - ele me lança um olhar significativo, aquele olhar que só nos entendemos.

Viro minha cabeça novamente pra frente e encaro a visão horrível que sobrou do mundo. Escuto o Haymitch escala o muro com um pouco de dificuldade, mas logo já esta sentando do meu lado e em silêncio também observa a paisagem a nossa frente.

— tem gente que dizia que aqui era bonito, porem toda vez que eu venho aqui não consigo imaginar algo bonito de se ver.

Mudo meu olhar para ele e franzo minha testa.

— você já veio aqui? - não consigo guarda a pergunta que se formou na minha mente.

— com que seu pai vinha aqui antes de você nascer? Com sua querida mãe que não era.

Eu não sabia disso, pois eu nunca imaginei que alguém - fora eu e meu pai - viesse aqui.

Novamente o silêncio se faz e ficamos cada um perdido em pensamentos.

— eles querem eliminar Marie - ele diz em um sussurro que por um momento ate imagino esta ouvindo coisa.

— o que você disse?

— eles querem eliminar Marie. Tão com medo de que alguém da família dela resolva invadir a comunidade atrás dela e com isso, as pessoas possam ficar ainda mais com medo, ou podem querer se rebelar também.

Um medo me consome, só de imaginar que algum grupo de rebelde resolva invadir. Eu sei que nem todos são cruéis e só pensam em matar, mas mesmo assim não posso impedir que uma parte de mim ficasse insegura.

— pera, a Marie é uma rebelde?

— não, ela não, mas sua família sim.

— e como ela está aqui dentro, sendo que o resto da sua família está lá fora?

— a boatos que a mãe dela conseguiu entra em contando com uma mulher que estava gravida, porém os médicos diziam que o bebê estava morto, então elas fizeram uma troca, a mãe de Marie ficava com o bebê morto e a mulher ficava com Marie.

—por que ela faria isso?

— na época os rebeldes estavam em guerra, poucos conseguiram sobreviver.

— e por que só agora a família dela viria atrás dela?

— isso eu não sei, só sei que os lideres querem se livra logo da Marie, para evitar um confronto.

— mas se matarem ela isso só vai gerar raiva nos rebeldes e de qualquer jeito eles vão querer invadir, só que dessa vez seria atrás de vingança.

— é o que eu penso, porém não podemos fazer nada, somos sós mais um esquecido.

Sim, somos só mais um esquecido que não tem direito a nada, nem de reclamar do direito que não tem.

— pegue - ele me oferece uma garrafa com um liquido transparente - beba antes de cheirar.

Faço exatamente o contrario só que logo me arrependo quando o cheiro de álcool entra pelas minhas narinas, me deixando alguns segundos sem folego.

— não seja boba docinho, beba logo e esqueça um pouco dos problemas.

E ali, no meio da manha, correndo risco de ser pega por algum segurança por esta fora do meu trabalho, sentada em cima do muro, bebendo álcool - este mesmo que deveria está na enfermaria e que com toda a certeza o contador não sabe da existência dele - e infringido mais algumas regras da comunidade, eu viro a garrafinha e sinto o liquido descendo gula a baixo, deixando um rastro de fogo.

E a única coisa que eu penso é:

VÃO TODOS SE FERRAR, BANDO DE HIPÓCRITAS! 


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Notas finais do capítulo

Até o próximo...
beijos na bunda *-*