Supernatural — Becoming Girl escrita por CASS


Capítulo 7
VII — What do you choose?


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Primeiro, agradecimentos aos leitores, novos e antigos, vocês são muito importantes!



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   No outro dia, pela manhã, os quatro saíram da casa de Singer direto para os carros. Dean ia dirigindo o impala e Sam ia no banco do carona, enquanto Bobby e Castiel iam na caminhonete do caçador.

   — Obrigada pela carona, Bobby. — Castiel pronunciou-se, botando o cinto.

   — De nada, Castiel. — Bobby pôs a chave na ignição e girou-a. — Acho que aqueles dois precisam conversar um pouco, e nós dois também.

   Cass encolheu os ombros, desviando o olhar de Singer para frente, através do para-brisa, vendo os Winchester engatarem a marcha e começarem a rodar pela estrada.

   — Diga-me, criança, o que aconteceu no dia que você acordou nesse corpo? Ou melhor, o que aconteceu antes?

   — Eu lembro muito pouca coisa.

   — Já serve.

   A garota respirou fundo.

   — Eu... Encontrei alguém. Eu não faço ideia de quem seja, mas disso eu sei. Encontrei alguém.

   Bobby assentiu, pensativo, olhando para a estrada, guiando a caminhonete com as duas mãos.

   — Bom... E o que mais?

   — Era alguém importante, e eu iria até Dean e Sam falar sobre essa pessoa e... — Castiel respirou fundo, olhando para baixo. — Uma lâmina atravessou minha barriga.

   — E isso é tudo que consegue lembrar?

   Cass assentiu, tocando a região em que fora esfaqueado, fechando os olhos, como se sentisse a dor novamente, a lembrança da luz forte lhe arrancando do corpo.

   — Tudo bem. — Bobby despertou Castiel de seu devaneio. — Tente fazer uma forcinha, tá?

   A menina assentiu novamente.

   — Feche os olhos e tente visualizar essa pessoa que você encontrou.

   — Não consigo. — respondeu Cass rapidamente.

   — Mas você nem ao menos tentou! — Bobby soltou rapidamente as mãos do volante para expressar indignação.

   — Eu não consigo.

   Singer respirou fundo, assentindo lentamente, as mãos de volta guiando o carro.

   — Tudo bem. Eu só estou tentando ajudar.

   Castiel não respondeu. Estava interessado demais nos cortes que cicatrizavam lentamente em seu rosto refletindo no espelho, e na grande marca arroxeada que cobria parte da bochecha direita.

...

   — Cara, precisamos conversar. — disse Sam enquanto Dean engatava a marcha do carro.

   — Manda bala.

   — Você tem sido... um perfeito babaca.

   Dean repuxou o lábio para a esquerda, apertando o volante com mais força.

   — Não me diga.

   — É. — Sam assentiu. — Que bosta foi aquela de “você é um inútil e nunca fez nada que prestasse, pra variar”? Cara...

   — Olha, Sam, que eu saiba o papai já morreu faz tempo e eu não preciso de mais represálias e sentir como se eu fosse o pior lixo da face da Terra.

   — Você vem sendo constantemente. — Sam murmurou, enquanto Dean respirava fundo, aumentando o som do rádio. Tocava Don’t Stop Believing e o irmão mais velho dublava a música em silêncio.

   Até que a canção terminasse, Sam esperou. Esperou o momento certo, a hora correta de recomeçar o assunto com Dean.

   — Up and down the boulevard...

   — Hã, Dean?

   — THEIR SHADOWS SEARCHING IN THE NIGHT.

   — Dean...

   — STREETLIGHT PEOPLE, LIVING JUST TO FIND EMOTION.

   — Hiding, somewhere in the night. — Sam completou, desanimado com a eminente perda. — Walking hard to get my fill, everybody wants a thrill…

   — Okay, o que você quer? — Dean ergueu a sobrancelhas, baixando o som minimamente.

   — Conversar.

   A música tocou calmamente enquanto o carro ainda rodava pela estrada calma. Alcançou seu refrão, fazendo Dean dando umas batidinhas no volante enquanto Sam não iniciava seu sermão.

   — Hold on to the feeling... Streetlight people… DON’T STOP BELIEVING. Okay, agora pode falar.

   — Obrigado. Dean, por que você anda agindo assim com o Cass?

   — Nada de especial, tá legal?

   Sam sabia que tinha algo mais forte do que “especial”, se essa palavra existisse no vocabulário de Dean sem significar “Sammy”. Respirou fundo, olhando para o irmão fixamente.

   — Castiel fez alguma coisa? Digo... Ele está num corpo legal, até. Mas você está meio que... — Sam fez sinal com as mãos como se empurrasse o ar. —... Afastando-o de propósito.

   — É que ele me lembra alguém, tá legal? Só isso.

   Dean estava mais sério e rude do que nunca.

   — Ela deve ter sido alguém bem importante pra você.

   O irmão mais velho assentiu. Sam decidiu calar-se.

...

   Castiel sentiu um aperto no peito enorme. Não conseguia respirar, uma falta de ar terrível esmagava os pulmões. Se o anjo fosse arriscar, diria que aquilo era o que os humanos comumente chamam de premonição, ou sensação ruim. Era como se alguém o chutasse de dentro pra fora, como se quisesse sair de dentro daquele corpo.

   Por um momento, ficou com medo de que a garota, em coma, tivesse finalmente morrido, perdido sua força vital, ou o que quer que fosse. Mas Cass sabia que ela continuava lá, de algum jeito, fazendo o coração bater em conjunto com ele.

   A sensação era horrível, avassaladora, traiçoeira.

   Bobby deixou Castiel na frente da casa da garota que fora assassinada primeiro. Anna O’Shelley era o nome da moça, morte por asfixia. Não que o anjo estivesse acostumado com mortes, mas ele tecnicamente não tinha mais nada para lamentar por si mesmo. Dean estacionou o carro pouco mais a frente, antes que Singer subisse na caminhonete novamente e, com um aceno de cabeça para o trio, desse partida e saísse andando.

   — Bobby não vai junto com a gente? — perguntou Sam.

   — Não, ele vai atrás de outra morte. Ele não quer perder tempo. — respondeu Castiel.

   — Tudo bem, vamos falar com a família então.

   Dean já descia do carro quando declarara, ajeitava o blazer preto contínuas vezes, com medo de que ele estivesse amassado. A gravata vermelha estava torta, e nem Dean puxando de um lado para o outro adiantava.

   — Ah, Dean. — Cass chegou perto do amigo, ajeitando a gravata com maestria, alinhando o blazer do mais velho com um sorriso. — Melhore essa expressão de que vai matar alguém.

   Castiel, ajeitando agora a própria roupa de agente do FBI que Sam conseguiu (blazer azul escuro, calça social preta e blusa social branca), afastava-se de um Dean inseguramente sem reação. Era aquilo ou ele esforçava-se para não fazer algo. Prefiro acreditar que a primeira opção é a mais simples de descrever. Emoções sempre são difíceis de descrever.

   Sam deu um sorrisinho vendo a expressão do irmão. Era algo como “alguém me ajude” vindo de um nerd do colegial, cujo fora cumprimentado pela menina mais popular da escola. Cass andou até o mais novo dos Winchester, que já acionava a campainha.

   Demorou muito. Na verdade, o trio estava quase desistindo de ser recebido quando uma loira atendeu a porta. Tinha cabelos longos, mais ou menos até a metade das costas, ondulados perfeitamente. Os olhos azuis eram quase transparentes, assim como seu sorriso. Ah, o sorriso... Era assustador.

    — Senhora O’Shelley? — Sam mostrou o distintivo para a loura. — Somos os agentes Lahey e Newton, do FBI.

   — E essa aí? — a mulher apontou com os olhos sobre Castiel, que sentiu a pressão no peito consumir sua respiração novamente apenas com o olhar dela.

   — É... Nossa estagiária. Aspirante a agente Collins.

   Castiel tirou do bolso o distintivo improvisado que Dean lhe entregara mais cedo. Mostrara o distintivo ao contrário, como lhe era de praxe. Dean puxou o distintivo, respirando fundo e virando do lado certo, porque Cass não havia percebido. A loira ergueu uma sobrancelha.

   — Ah. Entrem.

   Dean foi o último a entrar. Não havia percebido quem era a loira. Esteve com ela dias atrás, então ela simplesmente segurou seu braço e sorriu.

   — Esqueceu de mim tão rápido, Dean? Eu não sabia que você era FBI.

   — Ah... Alicia. — ele deu um sorriso constrangido com o olhar que Castiel lhe lançou. — Desculpe, você está com o cabelo mais curto.

   — Ah, visual novo, você gostou?

   Castiel e Sam pigarrearam ao mesmo tempo, e Dean não respondeu. Apenas soltou-se da mulher e andou até os sofás, aguardando a deixa para sentar com os outros dois. Alicia fez sinal com a mão e os três sentaram, tensos. Sam, tenso pelo ar pesado que dividia com Dean e Castiel, estando no meio dos dois em silêncio mortal; Dean, constrangido por encontrar a mulher em situação tão ruim. E Castiel, claro, em um silêncio controlado, querendo reclamar o que podia sobre ele não manter sua discrição com o próprio nome.

   Tão constrangedor.

   Alicia ergueu uma sobrancelha ao sentar-se na poltrona à frente deles.

   — Gostariam de um café ou...?

   — Não, obrigado. Hã, senhora O’Shelley, Anna é sua parente? — perguntou Sam, indo minimamente para frente no sofá.

   — Minha irmã. — ela assentiu sem saber o porquê. — Por que perguntam?

   — Senhora O’Shelley, Anna foi encontrada morta ontem a tarde no escritório onde trabalhava. A causa da morte foi asfixia.

   Alicia engoliu em seco, olhando para baixo.

   — Estão dizendo que alguém matou minha irmã?

   — É possível, senhora O’Shelley. — respondeu Castiel, o tom de voz muito sério.

   Alicia apenas não se moveu. Parecia tentar chorar. Castiel foi o único a notar isso. Então, depois de um momento em silêncio, Cass interrompeu o suposto luto da loira para levantar-se.

   — Com licença, senhora. Posso usar seu banheiro?

   — Final do corredor à direita. — suspirou a loira.

   Um suspiro forçado. Castiel ergueu a sobrancelha, começando a andar para o lugar indicado.

   Durante o trajeto, havia muitos certificados pendurados nas paredes em quadros adornados. Certificado de conclusão de curso, certificado de conclusão de curso, certificado de pós doutorado, certificados... Uma foto de família.

   Foi triste ver aquela cena, e ao mesmo tempo apavorante. Eram seis pessoas abraçadas e sorridentes. Alicia O’Shelley não estava na foto com suas madeixas louras. Porque eram simplesmente uma família asiática. Andando mais um pouco, agora um pouco mais cauteloso, Castiel começou a achar mais e mais fotos daquela família desconhecida, e agora um quadro. Eram duas meninas orientais abraçadas, os seus nomes escritos a mão embaixo: “Anna Ling O’Shelley” e “Alicia Ling O’Shelley”. Abrindo a porta indicada, Castiel achou cinco cadáveres empilhados no banheiro. A família O’Shelley.

   Castiel, dando alguns passos para trás, ouviu um barulho de vidro estilhaçando-se. O medo lhe consumiu por dentro, contra o que (ou pior, contra quem) ele havia se chocado? Voltou correndo para a sala de estar, encontrando Dean desacordado no chão e Sam de refém pelos braços de Lúcifer, que sorria abertamente.

   — Olá, querida. Sentiu saudade?

...

   — Lúcifer. — Castiel mal conseguiu falar.

   — Euzinho.

   A loura dera um sorriso, a cabeça deitando como um gato. Castiel tentou avançar, mas duas mãos o seguraram pelos punhos. Virando o rosto, percebeu que era um anjo de baixo calão, porém que era mais forte do que aquele corpo, e acidentalmente também tinha poderes. Ops.

   — Nã, nã, não. — “Alicia” negou com o indicador. — Quietinha. Boa garota.

   Castiel rosnou, tentando soltar-se do anjo que o segurava. Sam também tentava soltar-se de Lúcifer, mas como todos sabemos, o medo de Sam, todas as lembranças ruins, tudo que Lúcifer havia feito concentrava-se em um ponto do cérebro do mais novo dos Winchester. E o ponto estava bem ali, segurando seus braços.

   Dean permanecia desacordado. Castiel teve medo de ter visto sangue.

   — Dean! — Cass gritou. — Acorde!

   — Ele não está morto, se quiser saber. — a loura sorriu maleficamente. — Só... desmaiado.

   Silêncio.

   — Quem é você? — Castiel olhou fixamente para a mulher.

   — Ah, vocês não me conhece, ninguém me conhece. — respondeu ela. — Vocês até me chamam de “Desconhecido”.

   Sam chacoalhou-se a fim de chegar perto do irmão, mas Lúcifer fez um “tsc, tsc, tsc, nada disso”. Cass engoliu em seco.

   — E o que quer?

   — Além de acabar com os Winchester? Vamos ver... Ensinar umas boas pra vocês.

   — Como vai ensinar-nos algo se estivermos mortos?

   A loura rosnou, andando até Castiel e dando-lhe um soco tão forte na boca do estômago que ele chegou a ficar sem ar.

   — Silêncio, sua abominação.

   Sam fechou os olhos com a sensação de Castiel ter se machucado. Dean abria os olhos lentamente, e tentava levantar, mas Desconhecida pisou no peito do caçador, sorrindo, deitando a cabeça novamente, estudando-o.

   — Tudo bem, agora vamos para as perguntas pré-aniquilação. Dean... — ela agachou-se. — Nunca, nunca, nunca durma com quem você não conhece. Isso faz com que as pessoas conheçam você de um jeito peculiar.

   Lúcifer deu um sorriso a contragosto, como se estivesse com ciúmes.

   — E outra coisa... Quando seu irmão disser para irem embora, ou para fazer alguma coisa, por favor, escute-o. Agora, a perguntinha... Vai fazer o que estou dizendo?

   Dean, por um momento, apenas respirou fundo, sentindo a cabeça rodar. Então olhou para cima, para ela, respirando ofegante.

   — Sua... vadia. — Desconhecida pisou com mais força em Dean, o salto pressionando seu abdômen. — Eu nunca... vou fazer o que você mandar. Não sou... seu capacho.

   — Resposta errada.

   Com um aceno de mão da loira, Dean Winchester perdeu o fôlego, os olhos fechando-se e o corpo amolecendo no tapete.

   — Dean! — Castiel deu um grito estridente, enquanto Sam tentava chutar Lúcifer.

   — Sua vez, garoto. — Desconhecida limpou as mãos, sorrindo. — Você promete pra mim que vai tomar suas próprias decisões quando souber que está certo?

   Sam cuspiu no rosto da mulher. Ela simplesmente limpou, suspirando.

   — Decisão errada.

   Samuel caiu como uma pena nos braços de Lúcifer, que fez um biquinho, como se estivesse triste com a morte do caçula Winchester.

   — Agora você, anjinha de araque, e...

   Castiel conseguiu soltar-se do anjo, que tentou caçá-la novamente. Mas Desconhecida apenas ergueu a mão.

   — Não. Deixe-a.

   Cass não correu. Não avançou contra ninguém. Apenas caiu no tapete, rastejando até o corpo de Dean, uma lágrima escorrendo.

   — Como eu dizia... Agora você. — a loira segurou o queixo de Castiel, para que olhasse em seus olhos. — O que você escolhe?

   — Eu escolho acreditar! — a voz alterada de Castiel tremeu. — Eu escolho amar... Eu escolho ser quem sou. Não quem você quer que eu seja. Eles morreram por isso, não viverei para ser seu... boneco.

   Desconhecido finalmente deu um sorriso sincero, mas carregado de pena e desgosto.

   — Ah, Castiel... Resposta errada.

   Um clarão puxou Castiel por um túnel, até encontrar-se em um parquinho infantil, com brinquedos e árvores, ao lado de Chuck.

   — Olá, novamente, Castiel.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora da postagem, e obrigada por ler! ♥



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