Supernatural — Becoming Girl escrita por CASS


Capítulo 3
III — I'm only Human.


Notas iniciais do capítulo

LEIAM OBRIGATORIAMENTE AS NOTAS FINAIS.



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   Com um solavanco, Castiel acordou. O Impala parou abruptamente na estrada. O anjo pôde ouvir Dean xingar algo ou alguém, e abriu os olhos devagar. Estava com a cabeça apoiada nas coxas de Sam, que tomava um smoothie de blueberry. Deu um sorriso para a morena.

   — Bom dia.

   Dean virou o rosto levemente para trás, logo voltando a olhar pelo para-brisa. Rowena estava sentada no banco do carona, e provavelmente era com ela que antes ele brigava.

    — Bom dia. — a voz de Dean saiu um pouco rouca. Ele pigarreou, aumentando minimamente o som do rádio do Impala. — Now the only thing a gambler needs, is a suitcase and trunk...

   The House of the Rising Sun tocava baixo. Pelo espelho do retrovisor, Rowena observava Castiel sentar-se no carro esfregando os olhos. A sobrancelha da bruxa estava erguida levemente, os olhos afiados esperando uma resposta maldosa para poder dar outra em seguida.

   — Bom dia, Auréolas.

   — Bom dia. — respondeu Castiel a todos. — Que horas são?

   — Nove e meia. — Sam olhou no relógio. — Para uma humana, você até que dorme bastante.

   — Eu não lembro de ter dormido.

   — Pegou no sono às 20:30, se quer saber. — Dean disse, puxando o freio de mão assim que o carro perdeu velocidade. — Já volto.

   Ele apontou ameaçadoramente para Rowena, que deu de ombros. Castiel olhou para Sam, que terminava seu smoothie em silêncio.

   — Estou com uma dor estranha aqui. — o anjo passou a mão na região do abdômen, bocejando.

   — Isso se chama fome. — Sam sorriu, e apontou com os olhos para fora do carro.

   Dean estava no caixa de uma loja de conveniências do posto de gasolina, o atendente lhe entregou algumas sacolas e dentro de poucos minutos o caçador estava de volta. Entregou uma garrafa de água de 500ml para cada um e os pacotes de salgadinho de polvilho e as frutas ficaram na sacola, pousada no banco entre Sam e Castiel.

   — Meu Deus, eu estou com muita “fome”. — Cass pegou uma banana e descascou a mesma, enquanto Rowena virava o corpo lentamente para observá-lo.

   — Caramba, você escolhe justamente a que eu queria.

   Sam soltou uma risadinha, enquanto Dean revirava os olhos, constrangido.

   — Tem outra aqui. — Castiel inocentemente jogou a última banana que tinha na sacola para Rowena.

   — Essa parece maior. — e olhou para Sam por cima do ombro, que engasgou com smoothie e fez Dean soltar a risadinha, dessa vez.

   Castiel observou os três dando sorrisos e fazendo caretas suspeitas, mas só conseguiu expressar sua total confusão com um olhar fixo abaixo de duas sobrancelhas unidas.

   — Tudo bem, o que faremos agora? — Dean pôs as duas mãos no volante, quebrando o silêncio que antes imperava. — Vamos atrás de quem?

   — O quê? Não olhem pra mim. — Castiel ergueu as mãos espalmadas, observando-os. — Eu não sei nem quem sou eu mais.

   — Não olhem pra mim também. — Rowena virou o rosto, revirando os olhos azulados. — Estou sem poderes.

   — Ótimo. Dois inúteis. — Dean resmungou, dando partida.

   O carro deu um leve ronco e começou a andar, com Castiel terminando de comer sua fruta e tomando um gole de água. Teve a impressão de que Rowena iria soltar alguma outra piadinha ou falar algo, mas ela fechou a boca assim que ousou abri-la. Sam olhava pela janela, pensativo, enquanto Dean dirigia. O rádio não tocava mais The Animals, a fita havia acabado, e o mais velho respirou fundo e trocou para AC/DC. Castiel não gostou da letra, e comentou que, mesmo que Dean tivesse indo para o Inferno, ele não deveria ouvir aquelas coisas. Quantas vezes o apelido de Lúcifer fora usado? Dean riu pela primeira vez em semanas, um riso sincero, que tornou-se melodia aos ouvidos do irmão, que há tempos o via carrancudo.

   Um dos motivos: Dean não dormia direito. Quando realmente o fez?, era a pergunta. Ele não dormia, a verdade era aquela. Aquilo afetava seu humor. Ficar procurando Castiel, vendo o mundo ruir sem ele, sem seus conselhos, sem sua ajuda. Agora que o acharam, sem seus poderes, no corpo de uma garota desconhecida e extremamente atraente, teria Dean calma e mente suficiente com um anjo “renascido”?

   Cass parecia uma criança. Dean estava desesperado.

   — Então. — Sam sobrepôs a própria voz à Highway to Hell. — Rowena sem poderes, Castiel sem poderes. Será que estão todos assim?

   — Bom, eu tenho a sensação de que só fugi de um certo “Rei do Inferno” pela perda de poderes de quem estava de guarda.

   — Demônios sem poderes? Crowley sem poderes? — Dean fixou os olhos em Rowena. — É hoje que eu mato o desgraçado.

   Sam ofereceu a água dele a Castiel, que, mesmo tomando toda a garrafa, ainda sentida sede.

   — Dean, não podemos dar passos maiores que nossas pernas. Espere. — Sam chegou mais para frente no banco. — Podemos nos aproveitar disso. Ninguém tem poderes, pelo que estamos vendo. O mundo está sem equilíbrio.

   — Isso não tem cara de ser bom. — Dean disse, rouco.

   O som de Rock or Bust emergiu, tornando-se a única melodia da estrada sem ser as rodas do Impala.

...

   Os quatro chegaram a um hotel ao meio dia. Sam fez as reservas, dois quartos. Ninguém ousou ficar com Rowena, e estavam pouco se lixando se ela ficaria ou fugiria.

   — Um quarto para três, por favor. E um particular.

   As chaves dos quartos 018 e 022 foram entregues ao mais novo dos Winchester. Esperando, Castiel mastigava uma maçã verde, recostado no Impala enquanto Dean conversava com o anjo.

   — Tinha alguém com você?

   — Nã. — respondeu o anjo, de boca cheia.

   — Tem certeza?

   — Nã lembre. — Cass engoliu a fruta que antes rebolava entre seus dentes a um modo desconfortantemente visível a Dean. — Eu disse tudo o que sei.

   — Tá... E sabe quem pode estar fazendo isso? — Dean pôs as mãos na jaqueta de couro que usava. Tinha uma bolsa de viagem a seus pés.

   — Só existem três forças maiores nesse Universo. Deus, os irmãos de Deus e... — Castiel respirou fundo para pensar se comeria outro pedaço da maçã no momento ou guardaria para depois. — ...O que chamamos de Desconhecido, no Céu.

   — Desconhecido. E tem esse nome porque... — Sam já chegava, e tinha medo da resposta.

   — Porque não o conhecemos. — disse Castiel, dando uma mais mordida na saborosa maçã.

   — Claro. Que ótimo. — Dean assentiu pegando a sacola de viagem nas mãos, começando a caminhar para o quarto que Sam lhe indicou.

   Rowena havia saído do banheiro em que estava, a expressão de que o sono a vencia aos poucos, os ombros curvados para frente em cansaço sugestivo. Sam jogou a chave para ela do quarto 022. A ruiva cambaleou até lá.

   — Quem quer almoçar? — Sam sorriu para Castiel.

   O anjo observava tristemente o miolo da maçã terminada antes que pudesse realmente saboreá-la. Seu olhar estava perdido. Dean já voltava sem a mochila, e teve uma horrível sensação, um aperto no peito, mas não comentou. Sentiu que não deveria falar, uma vez que Castiel disfarçou e retribuiu o sorriso de Sam.

   — Eu! — e o anjo passou por um Dean de olhos semicerrados.

   Rowena não estava mais a vista. Sam e Dean andavam com Castiel até o pequeno restaurante dentro do hotel, onde poucas pessoas almoçavam. Tinha um garoto de uns dezenove anos que encarava Cass com o semblante de avidez. O anjo sentiu-se um pedaço de carne. Tinha também uma mulher loura com seus trinta e tantos anos, que despertou em Dean um famoso interesse. Depois eram nerds, um senhor gordo e um motorista de caminhão.

   Sam comeu salada, Dean rosbife com purê de batatas e Castiel um bolo de carne. Não parecia digerir com facilidade, na verdade era muito difícil engolir a comida. Dean já havia terminado seu prato e lançava olhares insinuantes para a loira. Sam pigarreou, tomando um gole de suco de laranja.

   — Cara, você não deixa uma passar?

   A mulher levantou e andou até a saída.

   — Não mesmo. — Dean pegou o casaco pousado na cadeira e foi atrás da mesma.

   Castiel baixou os olhos para a comida.

   — Somos só eu e você agora, Cass. — Sam suspirou. — Por que você está assim?

   — Sensação ruim. Aperto no peito.

   — Ah. — Winchester pareceu mais interessado, e prostrou-se para frente na cadeira. — Consegue sentir a presença de alguém com você?

   — Na verdade, não. É como se estivesse morta, mas está viva, ao mesmo tempo. Seu coração bate, e o cérebro age.

   Sam tomou mais um gole de suco antes de prosseguir. Para Castiel, aquilo foi uma eternidade.

   — Coma.

   — Quê?

   — Acho que está em coma. É quando...

   — Eu sei o que é coma. — Castiel tomou um gole da Coca-Cola e respirou fundo. — Não consigo mais comer.

   Cass levantou-se da mesa, deixando Sam sozinho com sua salada e seu suco de laranja. O rapaz a acompanhou com os olhos até a saída, pela fachada, onde ela olhava para os lados a cada passo. Procurando o quarto? Procurando Dean?

   Rowena entrou assim que Castiel saiu. Andou até a mesa onde jazia Sam e sentou-se.

   — Você sabia que Dean não está no quarto?

   — Sim, ele foi atrás de uma mulher aí. — Sam respondeu.

   — Humpf. Bateu ciúmes, até. — a ruiva sorriu.

...

   Já anoitecia quando Dean abriu a porta do quarto. Castiel estava dormindo, ou fingindo fazer isso depois de ouvir o barulho do trinque. Com um sorriso na voz, o mais velho dos Winchester jogou a jaqueta no chão e deitou-se em sua cama.

   — Cara, onde diabos você se enfiou?

   — Acho que você sabe. — ele fez um gesto com as mãos para Sam, que logo expressou sua aversão com um...

   — Eugh! Dean, cara, você... Ai, meu Deus.

   Os passos de Sam tomaram o quarto.

   — Enfim... Não achei nenhum caso para irmos atrás. Isso nos dá tempo pra achar Castiel, ou o corpo dele.

   — Nós queremos isso, Sam? Digo, não é mau olhar pra ele assim.

   — Cara... Desisto.

   Passos. A porta batendo violentamente. Silêncio, a não ser pelos suspiros de Dean sobre uma “Alicia”.

   O silêncio se transformou em um sonho. Estava tudo escuro, apenas uma luz reinava ao longe. Castiel, em seu corpo antigo, agora andava para a claridade, onde uma mulher estava sentada. As mãos cruzadas acima do ventre. Postura ereta. Olhos fixos e mortalmente gelados.

   — Quem é você?

   — Eu estava lá quando o mundo foi criado. Quando Deus moldou a luz em sua forma, Castiel. Quando Ele escreveu a história do mundo. Deles. — a mulher apontou para trás de Castiel, Dean e Sam estavam parados ali. — E ainda sim ninguém me conhece.

   — Desconhecido.

   — Você é inteligente.

   A luz voltou. Castiel acordou no corpo da menina novamente. Suspirou. Ninguém estava no quarto. Levantou. Andou até a porta, onde, do lado de fora, Dean encarava Anna ao longe.

   Anna, a ruiva. Anna, o anjo.

   Castiel trancou a respiração ao ver os dois trocando um beijo. Engoliu em seco. Fechou a porta.

   — Também não queria que fosse assim.

   Cass deu um pulo no susto. Chuck estava atrás dela, e a mesma virou-se para observá-lo.

   — Meu Senhor.

   — Ora, Castiel. Só Chuck, por favor. — ele respirou fundo, sentando-se em uma cadeira. — Estou impressionado. Está lidando bem com essa provação.

   — Você está fazendo isso?

   — Não. — Deus coçou a barba levemente. — E é bem perturbadora a forma como todos estão perdendo poderes.

   — Sim, é. Mas você continua poderoso.

   — Claro, eu sou Deus. — fechou os olhos, cruzando os braços. — Escute, eu vou dar uma ajuda, o.k.?

   Castiel deu um sorriso.

   — Vai dizer onde está minha casca?

   — Essa é sua casca. — apontou para a menina. — E, infelizmente, Jimmy Novak está bem longe do meu alcance. Impressionante, aliás.

   — Então o quê?

   — Você verá.

   Com um sorriso, Deus desapareceu.

...

   Dean entrou no quarto como se nada tivesse acontecido. Como se ele não houvesse beijado Anna novamente. Dissera ela alguma coisa importante? Ou só apareceu para perturbar?

   O celular do mais velho dos Winchester vibrou. Sam, que já havia saído do banho onde antes se metera, jogou o aparelho para Dean, que atendeu.

   — Alô?

   Silêncio. Dean não ousou responder.

   — Isso é alguma pegadinha?

   Cass pôde ouvir “não, sou eu mesmo!”.

   Dean deu um sorriso, que ficava cada vez maior a medida que a conversa fluía. Desligou o celular.

   — Vocês não vão acreditar quem deu uma volta na morte.


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Notas finais do capítulo

Hey, guys! Vocês prestaram atenção no final?
É isso mesmo que estão pensando! VOCÊS (((((((VOCÊS))))))) VÃO ESCOLHER UM PERSONAGEM que já passou dessa pra melhor PRA VOLTAR À VIDA E AJUDAR OS WINCHESTER.

Como?
Podem mandar Mensagem Privada ou incluir em seu comentário. ♥

Confio em vocês pra que a fic tome um rumo bom!