Janta escrita por Dark_Hina


Capítulo 25
Nem esperaram para se despedirem de mim?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728266/chapter/25

Tudo aconteceu extraordinariamente rápido, quando abri os olhos dei de cara com umas cinco criaturas azuladas ao meu redor. Assim que respirei, senti a atmosfera pressionar meu peito com força, o ar era rarefeito, seco, a ponto de irritar minha garganta. Quando fui movimentar meus braços senti eles pesando de uma maneira diferente. Demorou apenas um segundo para que eu entendesse que a gravidade naquela nave era diferente, o gás que eles respiravam era diferente, ligeiramente tóxico. Tencionando todo o meu corpo tirei a bombinha de ar do cós da saia e inspirei fundo me lançando a voo. Ele já tinham sacado as armas que reconheci serem do Forx-5, pequenas pistolas de plasma simplesmente letais.

 As luzes vieram como fogos de artifício cortando aquela apática escuridão, eram rajadas vermelhas, laranjas e azuis que se perdiam nas paredes da nave enquanto eu fugia delas como se presa em alguma fase super difícil de um videogame. Os raios eram absorvidos pelas paredes e constantemente eu sentia minha cabeça bater no topo na nave, eu girava em círculos, tendo cuidado para me manter longe do teletransportador, não podia arriscar que as armas o alvejassem.

—Já chega! – Parei no ar esperando que os raios me encontrassem, e rebati todos com minha visão de calor. Ainda com os olhos brilhando mirei em cada uma das mãos escamosas que seguravam as armas. – Aonde estão as plantas? – Gritei atirando no chão próximo aos pés deles, e ao contrário dos raios de plasma, minha visão de calor derreteu o metal da nave. Eu sorri percebendo o que eu podia fazer. – Vocês podem me devolver tudo que a mulher-gato entregou ou eu posso desintegrar essa nave agora mesmo.

Eles retroagiram um passo, se reagrupando. Eles apontaram para a porta do outro lado da sala.

—Kara? – A voz de Winn reverberou no meu tímpano, eu quase tinha esquecido do comunicador.

—Sim, Winn? – Falei ativando a comunicação bilateral com um pequeno toque na orelha.

—Kara, coloque o comunicador perto de algum dos computadores, eu vou trazer o nave para terra. Alex está dizendo que não temos nenhuma sela para abrigá-los até serem jogados na zona fantasma.

—Entendo. - Desliguei a comunicação e desenhei com meus olhos um círculo no chão em torno deles. – Quem sair dessa linha não vai ter a chance de viver o suficiente para ser morto pelo ar da Terra.

—Espere Kryptoniana! – Um deles gritou num inglês carregado de sotaque. Parei e virei em meus calcanhares para encará-lo com os olhos estreitos.

—O que foi?

—Você não pode nos prender na Terra, somos procurados por toda a galáxia, você não tem jurisdição para isso, deve comunicar a Corte Luminnus sobre a nossa captura.

Eu senti o ar que entrava com dificuldade em meu peito ser fortemente exalado com um tom de sarcasmo, sendo acompanhado por um sorriso que não fiz questão de identificar seu sentido.

Corte Luminnus era o fruto de um tratado intergaláctico criado por meu primo e outras criaturas do universo, só ela era capaz de julgar crimes de guerras entre mundos, era ela também que assistia o fluxo de refugiado os relocando em galáxias compatíveis a seus sistemas solares. Ninguém ia pra Corte Luminnus a não ser que fosse extremamente perigoso, algo como uma ameaça de mundos.

Entendi pouco depois que eu ria de deboche.

—Vocês são ladrões de quinta categoria, imprestáveis e fracos, mas que me irritaram de uma maneira que só atirando vocês no próximo sol iria satisfazer minha vontade de matá-los. Em três semanas minha vida virou de cabeça pra baixo por conta de vocês, acham mesmo que eu me importo com uma porra de jurisdição? Vocês acham mesmo que eu vim da Terra pra essa espelunca que vocês chamam de nave pra me preocupar quem vai deixar vocês apodrecendo dentro de uma sela? – O silêncio foi o último barulho audível. Minha sobrancelhas arquearam sem a resposta. – Foi o que eu pensei. – Disse saindo da sala e entrando no que parecia o controle central da nave.

Demorou só alguns instantes para que Winn invadisse o sistema, contraditoriamente ao fato de terem o mais complexo programa de quebra de segurança da galáxia, eles usavam um modelo muito ordinário de comando de navegação, foi muito simples para ele reajustar o piloto automático e jogar a nave em direção a Terra.

Chegamos em National City com o dia empertigando seus primeiro raios de luz.  A nave estacionou na pista de pouso e fui recepcionada com uma equipe tática coordenada por Alex que estavam num traje muito engraçado, algo que misturava o uniforme preto do DEO com um toque muito esquisito daquelas roupas folgadas com capacete transparente de astronauta.

—O que é isso? – Perguntei encarando com os olhos estreitos, sem saber se eu podia ou não rir. Ela sacudiu a cabeça pedindo num gesto para que eu mudasse de assunto. – Ah, só essa área está despressurizada, o resto é horrível o cheiro é péssimo e é muito provável que vocês não consigam se mexer lá dentro por causa da gravida... Ahh, por isso as roupas. – Meus olhos reviraram. – Eu estou oficialmente cansada.

Alex assentiu com a cabeça e me sorriu amena.

—A asa quebrada do seu Morcego já foi  tratada. – Alex disse calmamente. –Kate levou ele e a Gata de volta pra Gotham, acho que não teremos notícias deles por um tempo.

—Poxa, nem esperaram para se despedir de mim? – Eu disse num tom jocoso que extraiu de Alex uma espécie de sorriso. Ela olhou para o nada por um instante e depois ergueu seu olhar para o meu.

—Vá descansar Supergirl, você fez um ótimo trabalho. – Ela disse com o toque confortante em meu ombro.

—Nós fizemos. – Retruquei com um sorriso cansado nos lábios. Eu quase ia erguendo voo quando um estalo passou por minha cabeça. –Alex, - falei alto o suficiente para ela parasse – você conversou com a Maggie?

Eu virei para encarar suas feições e estas pareciam tensas.

—Hoje a noite eu vou sair daqui, esquecer por um instante que o DEO existe e conversar com ela na minha casa.

—Você sabe que eu não teria prendido a Gata se não fosse por ela, não é? Eu também não tinha recuperado a Lena nem teria...

—O que isso tem a ver, Kara? – Ela perguntou cortando bruscamente a minha fala.

—Tem haver que eu confio nela, eu acho que ela não se arriscaria assim se não se importasse, acho que se ela não estivesse disposta a estar com você ela não faria a menor questão de se justificar, de aparecer por aqui, de tentar conversar com você. – Eu exalei. – Você sempre me dá bons conselhos, você sempre tem uma visão clara da minha vida, uma visão que eu jamais conseguiria ter, então só dessa vez escute a minha visão, eu... – Alex fez um gesto para que eu parasse por um instante, seu olhar pulou para a equipe que esperava seu comando para entrar na nave. Ela acenou para que eles fizessem uma fila indiana e seguissem para dentro. Alex deixou que todos entrasse e desceu me puxando pela rampa.

—Pode falar.

Minhas sobrancelhas estavam altas e eu exalei fundo combatendo a fadiga.

—O que eu quero dizer é que você, mais do que ninguém, merece ser feliz, com uma pessoa que queira te fazer feliz. Maggie é essa pessoa e você sabe, você sabe tanto disso que está morrendo por dentro com medo das terminarem mal. – Eu entreabri os lábios sem saber se o que eu ia dizer em seguida iria ou não influenciar positivamente na decisão de Alex. – Se nada disso tivesse acontecido, se por um instante o passado de Maggie não caísse como uma bomba sobre a gente, você teria qualquer dúvidas sobre estar com ela?

—Não... – A pergunta era retórica, mas ela respondeu com um fio de voz, e eu concordei com um aceno de cabeça.

—Algumas coisas simplesmente precisam ficar no passado.

Foi a vez dela balançar a cabeça dentro daquele capacete ridículo.

—Você precisa ir. – Ela falou vagamente. – Quando a Lena acordar, ela vai precisar de você.

Suspirando, quebrei nosso contanto me colocando a voo, me jogando naquele céu de cores distorcidas e vacilantes pelo nascer do dia.

Lena ainda dormia sobre os lençóis, como uma espécie de estátua renascentista permaneceu imóvel do mesmo jeito que a deixara on começo da noite anterior. Me aproximei respirando aliviada. Seus olhos contraíram e ela despertou atordoada, como se sentisse outra presença no quarto sem reconhecer a origem.

—Kara? – Ela perguntou sem convicção na voz e sem confiança nos olhos que estavam espremidos tentando se acostumar com a pouquíssima claridade da madrugada.

—Oi. – Eu falei suavemente me sentando na cama ao seu lado

—O que aconteceu? – Eu exalei um sorriso descrente.

—Tanta coisa...

—Você me trouxe até aqui? Onde está todo mundo? A festa? O Bruce? – Eu sacudi a cabeça.

—Você está pensando demais. - Continuem no mesmo tom ameno. - Vamos dormir? - Minha voz foi uma súplica. -Eu conto tudo amanhã. - Prometi.

Ela engoliu a seco colocando a mão na garganta como se fizesse uma massagem superficial.

—Eu preciso d'água.

—Eu vou buscar. – Falei usando minha velocidade para ir até a cozinha e buscar a água. Ela ainda tinha a mão no pescoço e demorou alguns instante para perceber que eu já estava com a água a sua frente. Ela tomou o copo todo em dois goles. E voltou a tocar em seu pescoço, demorou mais um instante para que tivesse um sobressalto.

—O colar que Bruce me deu. – Ela falou tateando pelo pescoço, pelo busto.

—Amor, - falei baixo deixando o copo no criado mudo e segurando sua mão – eu sei que está tudo confuso agora, mas precisamos descansar, eu prometo que depois eu te conto tudo, eu te explico tudo o que você quiser sabe. – Entrelacei nossos dedos lhe encarando nos olhos. Ela cedeu. – Vem, deixa eu tirar seu vestido. - Mesmo na embriaguez do sono ela sorriu maliciosamente. –Não faça essa cara que eu estou muito cansada para pensar nessas coisas. – Ela continuou rindo, mas ergueu o corpo e se colou de costas. Escorreguei o zíper por seu dorso e ela se sentou do outro lado da cama para deixá-lo escorregar por suas pernas, ela ficou com o busto desnudo em apenas uma calcinha de renda negra.

—Eu tenho que ir tirar essa maquiagem. – Falou cambaleando para o banheiro, com a silhueta de suas costas torneadas e sua cintura fina abandonando meu campo de visão.

Eu deixei meu corpo escorregar pela cama, sem que as pernas ficassem sobre o colchão, ela voltou pouco tempo depois com o cabelo preso em um coque alto o rosto rosado. Lena se jogou na cama puxando as cobertas que estavam em baixo da gente e, sentindo o peso das minhas pálpebras, fiquei observando como ela se aninhava no tecido.

—Kara, tire a roupa e durma comigo. – Ela falou aquilo num tom causal, quase me despertando do sono.

—Como é?

—Tire essa roupa e venha dormir, eu quero dormir abraçada com você. – O tom sincero de Lena me pegou de surpresa.

Eu não soube o que fazer o com pedido, engoli a seco e encarei sua face, os olhos verdes estavam fechados e seu rosto continuava no  mesmo tom sonolento, sei que não dormia por causa do ritmo de sua respiração, mas ela aguardava alguma atitude minha.

Comecei a tirar as botas, e por ela nem sequer espiar meus movimentos tive certeza que era um pedido legítimo e sem segundas intenções.  Deixei-as no chão da cama, voltei minha atenção para a saia e a meia calça, fazendo-as escorregarem por minhas pernas e puxei a blusa fora junto com a capa, também jogando as duas no mesmo que canto que a saia.

Fui para debaixo das cobertas achando estranho a sensação do corpo seminu contra os tecidos, o braço de Lena circundou minha cintura nua e suas pernas entrelaçaram as minhas, senti sua respiração em minha nuca como se ela aspirasse meu cheiro.

—Não se preocupe que essa é a última vez que você mesma tira suas roupas na nossa cama. – Ela me sussurrou antes de pegarmos nos sono, me dando um beijo casto no pescoço, mas que foi o suficiente para que eu me arrepiassem inteira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!