Estavam no horário de almoço: Rony, Draco, Astória, Neville e Luna. Os cinco tinham pedido comida, todos estavam comendo massa. Riam de uma bobagem que Neville havia dito quando Hermione adentrara a sala de almoço com os olhos vermelhos, denunciando claramente que ela tinha chorado.

Ela puxou uma cadeira para si e sentou-se no canto ao lado de Luna e jogou sua bolsa em cima da mesa com mais força que o normal, chamando a atenção de todos para si.

— Como foi no aeroporto? — Draco perguntou para a morena.

— Triste e feliz ao mesmo tempo. — ela respondeu.

— Voltou de lá agora?

— Sim. Minerva deixou que eu chegasse no almoço se ficasse até mais tarde.

— Ela vai mandar seu namorado pra longe. Era mais do que a obrigação dela deixar que faltasse durante a manhã... Ousaria dizer sem ter que pagar essas horas depois.

— ASTÓRIA! — Draco a repreendeu.

— Amor, se fosse você a ser mandado pra longe e ela não me deixasse ir me despedir eu ia arrumar um barraco com ela!

— Nós sabemos que você iria amiga! — Luna disse rindo.

Hemione tinha voltado do aeroporto, pois tinha ido se despedir de Vítor. Ele partiria naquela manhã para seu primeiro destino da longa viagem que faria pelo mundo.

— Mas e aí, acho que temos que sair pra animar essa carinha, não acha? — Neville perguntou se aproximando de Hermione.

— Como eu havia dito, irei trabalhar até mais tarde hoje. Então nada de sair!

— Bem, nós podemos sair e nos animarmos por você!

— NEVILLE! — agora era Luna que repreendera o namorado.

— Fique tranquila, Lu! Não vou estragar a noite de vocês, podem ir sem mim. Estou precisando focar no trabalho e deixar as festinhas de lado por um tempo.

— Como se você já não fizesse isso o tempo inteiro! — Astória a acusou.

— Então preciso fazer mais ainda! — Hermione argumentou — Vocês sempre saem com ou sem mim, não precisam fazer diferente hoje.

— Tem certeza, Mi?

— Tenho, Draco!

— Ótimo! Então vamos requebrar nossos quadris hoje! — Luna levantou-se e balançou os quadris e logo os outros quatro estavam o fazendo também.

Eles recolheram seus pertences e saíram, deixando Rony e Hermione sozinhos. O ruivo ainda terminava sua refeição, e a garota apoiou os cotovelos na mesa e o rosto no dorso de sua mão e ali ficara o observando.

— Quer um pouco? — ele ofereceu sua macarronada para ela.

— Não, obrigada. Eu comi no caminho pra cá.

— Tem certeza? Está deliciosa!

— Tenho, obrigada.

— Você está bem? Parece que estava chorando.

— É, eu estava... Digo novamente que estou triste e feliz ao mesmo tempo.

— Como uma pessoa pode se sentir das duas maneiras ao mesmo tempo?

— Você sabe que tem a amplitude emocional equivalente a uma colher de chá, não é? Se lembra que eu já te disse isso?

— Lembro sim, já disse zilhões de vezes.

— Então poupe-me de dizer novamente! — ela disse e os dois riram — Estou triste porque ele se foi, mas estou feliz porque sei que uma hora ele vai voltar.

— Tente se concentrar na parte feliz e esquecer a parte triste. Com a minha amplitude emocional eu não suportaria as duas, então escolheria uma só.

— Obrigada pela dica!

— De nada, depois você acerta o valor da dica com o meu assessor.

— Me lembrarei disso!

— Mas é sério, tente não ficar triste. Não gosto de te ver triste!

— Não estou tão triste assim... Quer dizer... É que eu sei que vou sentir saudades dele! Mas na verdade estou mais feliz do que qualquer outra coisa. É um dos sonhos dele, eu não poderia impedi-lo sabe? Sei que é o melhor pra ele e o fará feliz. Aliás, nos fará feliz, porque se ele estiver feliz eu estarei feliz também.

Assim que ela terminou de dizer Rony engoliu em seco. Sabia que ela só estava desabafando, mas ele sentiu cada palavra proferida por ela perfurando seu coração como uma lança. Há alguns anos atrás os dois estavam naquela situação, e ele tinha sido um idiota. Um completo idiota comparado a ela, que estava se mostrando uma pessoa completamente superior a ele.

Hermione tentava manter-se forte, mas entristecida como estava era difícil e logo seus olhos encheram-se d'Água. E ela manteve em sua cabeça o pensamento de que tinha que estar feliz pela conquista do noivo. E desabafando com o ruivo ela sentiu seu estômago revirar. Alguns anos atrás ela queria e muito que ele tivesse agido daquela maneira com ela, e ele não o fez. Então ela fechou os olhos com força para afastar aquele pensamento da mente e acabou por fazer com que as lágrimas que estava segurando escorressem.

— Você é brilhante, sabia? — Rony dissera olhando-a como se tivesse acabado de levar uma bofetada no rosto, pois era assim que se sentia ao vê-la apoiando o noivo da maneira que ele não conseguiu a apoiar. E ela lhe devolveu um sorriso fraco quando abriu os olhos.

— Estava com saudades de ouvir isso.

— De ouvir que é brilhante?

— De ouvir você me dizendo que sou brilhante.

Depois da fala dela o clima ficara um tanto pesado. Os dois estavam numa troca de olhares interrupta, olhares esses que silenciosamente diziam muita coisa. Talvez muito mais do que se estivessem usando palavras. Os olhos dos dois brilharam devido à água que os inundou, mas ao contrário de Rony, Hermione não conseguiu segurar-se e logo suas lágrimas foram derrubadas. A morena prontificou-se a secá-las rapidamente e levantou-se de sua cadeira.

— Bem, eu vou indo. Tenho que começar meu horário logo antes que tenha que ficar aqui até amanhecer!

— Ok, vai lá.

— Se você sair com eles...

— Eles não cansam de sair, né? — tentou mudar de assunto.

— Aprenda a lidar com os americanos! Bom divertimento!

— Obrigado. Bom serviço!

— Obrigada! — ela disse pegando sua bolsa e atravessando a porta, fechando-a atrás de si.

(...)

Rony estava no bar sozinho bebendo enquanto via os amigos dançando na pista de dança. Eles realmente não cansavam nunca de irem aquele bar!

Ele estava no bar, mas sua cabeça estava longe. Mais precisamente em algumas matérias que ele ainda teria que terminar para serem publicadas quando uma loira aproximou-se dele. A loira odiada por suas novas colegas de trabalho.

— Olha só quem está aqui: o ruivinho inglês.

— Olá loirinha americana! Por que é que vocês têm essa mania de ficarem me chamando assim?

— Porque você é ruivo e inglês, oras! — ela disse e ele revirou os olhos. Ele já tinha percebido que tanto ele quanto Hermione eram chamados de acordo com suas nacionalidades.

— O que te traz aqui, ein?

— Estava entediada em casa e vim me divertir. E você?

— Vim acompanhar a turma só. Estava com a intenção de fazer novos amigos por aqui.

— Que ótimo! Pode ser meu amigo se quiser.

— Hermione me aconselhou a não me aproximar muito de você.

— Hermione... — ela disse em um misto de raiva e desprezo — Então quer dizer que é amigo dela mesmo?

— Hm, sim.

— Que resposta interessante.

— Por quê?

— Este sim foi meio duvidoso, ruivinho. Mas, vai dar ouvido a ela?

— Não sei, talvez. Ela é minha amiga.

— E por isso vai fazer o que ela disse? É o pau-mandado dela agora?

— Não sou pau-mandado de ninguém! Mas Hermione sempre foi uma das pessoas em que eu mais confio.

— Não precisa confiar nela quanto a isso!

— Por que não?

— Porque ela tem inveja de mim. Fica dizendo que eu dou em cima do namorado dela! Mas a culpa não é minha que ele goste de mim.

— Isso não é motivo pra você dar em cima dele.

— Não?

— Não. Ainda mais agora que eles estão noivos! Se você sente algo por ele já tinha que ter acabado com isso há muito tempo, ele tem um compromisso com ela e você tem que respeitar isso. — ele disse convicto, tentando convencer não somente a ela, mas a ele mesmo também.

— E se for ele que sente algo por mim? Por que é sempre que eu tenho que sair de vagabunda nessa história toda?

— Se ele sente algo por você ele teria noivado contigo, não com ela. E eu não te chamei de vagabunda, só disse que você tem que respeitar o relacionamento dos outros. Até porque não vale a pena insistir nisso, eles vão casar é perda de tempo.

Ele disse e então os dois ficaram em silêncio enquanto refletiam.

O ruivo pensava na conversa que tivera mais cedo com Hermione. Ele compreendia aqueles olhos castanhos como ninguém, e através deles ele conseguia decifrá-la. Sabia que ela estava desapontada com ele e sentia que a situação mal resolvida entre os dois não era angustiante apenas para ele. E aquela situação lhe deu uma estranha sensação: arrependimento. Reencontra-lá estava sendo uma experiência um tanto diferente. Era esquisito conviver com ela sem ter a liberdade e o relacionamento que tinham antes. Para ele a qualquer momento ele poderia abraçá-la e beijá-la e ouvi-la direcionar sua gargalhada alta para si. Mas agora aquele direito não era mais dele, e ver outro homem roubando aqueles momentos dele o deixavam um tanto quanto incomodado e ele estava tentando ignorar aquelas sensações, afinal como havia acabado de dizer: era perda de tempo, ela estava noiva de outro.

Já Lilá estava pensando no conselho que o ruivo tinha acabado de lhe dar: o que ela estava fazendo com a vida dela? Estava perdendo tempo. Realmente gostava de Vítor, mas ele parecia não gostar dela da mesma maneira, afinal, tinha colocado um anel no dedo de Hermione e não no seu.

— Obrigada pela dica. — ela disse oferecendo ao ruivo um singelo sorriso que lhe foi retribuído.