Minha vida depois de você... escrita por andreane17


Capítulo 15
Capítulo 8 - POV. Edward


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amoresss, como eu estou me sentindo boazinha, agora as postagens vão ser da seguinte forma..as duas versões no mesmo dia para vocês não ficarem curiosas, e eu vou postar dia sim dia não ok? Salvo algum imprevisto! Espero que gostem, obrigada pelas visualizações e comentários.! ♥



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 Nem sei como consegui chegar em casa, as lágrimas nublavam meus olhos, me sentia anestesiado, a todo momento que me lembrava dos olhos tristes de Bella enquanto me contava sua história, suas palavras ecoando nos meus pensamentos.

 Fui automaticamente para meu quarto e me joguei na cama de qualquer jeito, só tive forças de tirar o sapato e cobrir com os meus olhos enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto, soluçava em meio às lágrimas, um choro sentido, de ressentimento, um choro de tristeza e de vergonha.

 Acordei desorientado após um pesadelo, onde Bella me chamava de monstro, dizia que me odiava, que eu era o culpado, que ela queria que eu tivesse morrido naquele acidente. Não sei se dormi por minutos ou horas, mas ao acordar desse pesadelo uma nova leva de lágrimas lavaram meu rosto. Não me lembro de ter chorado tanto assim na vida.

Fiquei sentado na cama pensando no que eu ia fazer, a Bella precisava saber a verdade, precisava saber que fui eu quem provocou o acidente e ela jamais iria me perdoar. Mas como revelar uma história dessa? Não podia chegar simplesmente e dizer: Bella, eu sou o cara do conversível azul, desculpa.

Tentei reunir o pouco de força que me restava, tomei um banho e fui pro escritório, disfarcei o máximo minha tristeza para que ninguém notasse. Fiz de tudo para focar ao máximo no trabalho, mas de vez em quando me perdia em pensamentos, fragmentos de lembranças vinham a tona:

“...Posso passar aí na sua casa para te pegar se você quiser.  Podíamos aproveitar esse dia de sol e dar umas pedaladas no parque Ibirapuera ou andar de pedalinho...”

Balancei minha cabeça com desprezo de mim mesmo, depois do nosso primeiro beijo, chamei ela pra andar de bicicleta, pedalinho, como sou estúpido! Mas também como eu ia saber, como eu ia adivinhar que ela não andava.

Tentei focar mais uma vez no trabalho, e assim continuei até o final da tarde. Fui para o meu apartamento, a única coisa que eu queria era deitar, não sentia fome, meu estômago andava constantemente embrulhado.

Alguns dias se passaram e minha rotina era apenas uma, casa e trabalho, durante algum tempo fiquei pensando se seria diferente se a Bella tivesse me contado toda a verdade logo no começo, senti até uma ponta de raiva por toda a manipulação dela e da sua irmã, a forma como elas me enganaram. AnAlisei friamente todos os nossos encontros, a negação dela de passear, nossos encontros sempre no pub, ela sempre chegando primeiro e já estando sentada, a falta de reação dela quando a pedi em namoro, a Alice sempre aparecendo nas horas mais impróprias. Ri comigo mesmo, como fui um idiota! E se minha mãe não tivesse tido o AVC, e se eu não tivesse aparecido na casa dela, será que ela teria me contado a verdade?

Mas nada disso de fato importava, afinal, por mais enganado que eu fui, eu sou e sempre vou ser o causador de tudo isso e mais uma vez a culpa e o remorso estremeceu meu corpo.

Com o passar do tempo a raiva abriu espaço para a saudade, relembrei todos os nossos momentos bons e divertidos, a forma como ela me olhava e beijava minha boca, eu sentia falta dela e isso estava acabando comigo, percebi que eu a amava e que eu precisava conseguir o seu perdão e o mais importante, eu precisava ficar com ela.

Fico imaginando o que deve estar passando na cabeça da Bella durante esses dias, naquele dia eu saí da casa dela completamente perturbado, sem falar nada, ela deve achar que não a quero devido sua deficiência e isso não é verdade.

Decidi que iria criar coragem e enfrentar a realidade, ela tinha o direito de saber que eu fui o causador do seu acidente, mesmo que ela não quisesse mais olhar na minha cara, eu precisava contar para ela, precisava botar isso para fora, por mim e por ela. E se por algum milagre ela me perdoasse por ter destruído sua vida, então em nosso relacionamento não poderia mais haver nenhuma mentira, daqui por diante teríamos que ser totalmente sinceros um com o outro.

 Respirei fundo e decidi que iria atrás dela novamente, enquanto dirigia ia pensando qual seria a melhor forma de contar, após muito ensaio mental, resolvi que teria que ser direto e não dar muitas voltas no assunto. Ao invés de ir ao pub, onde não teríamos privacidade, preferi esperar por elas na frente da casa para poder conversarmos quando Bella chegasse.

 Ao estacionar na frente da casa de Bella, desliguei o carro e estava disposto a gastar pelo menos mais duas horas ensaiando em pensamento o que falar, porém, ao olhar em direção à casa, notei que a luz estava acesa, estranhei e decidi tocar a campainha, de repente, alguma delas poderia estar em casa. Toquei e esperei, vi um movimento dentro da casa e fiquei aguardando.

 A porta se abriu e um arrepio passou pelo meu corpo, ao ver que quem vinha me atender era a Bella, na sua cadeira de rodas, apesar de tudo que ela me contou, ver com meus próprios olhos essa cena foi ainda mais chocante para mim, ver em primeira mão o que eu fiz para ela. Ela por um momento ficou parAlisada me analisando, mas depois veio abrir o portão e fez sinal para que eu entrasse.

— Edward, o que você está fazendo aqui? - Perguntou ela em tom de surpresa

— Precisamos conversar Bella - Tentei não demonstrar meu desespero.

— Tudo bem, entra por favor. Senta aí no sofá Edward, ou você vai sair rápido novamente, sem falar nada? - Disse em tom amargurado.

— Não Bella, não vou fugir de novo, tem algo que você precisa saber, eu… eu vim para conversar com você, te pedir perdão de joelhos se for necessário e te contar o ser humano desprezível que eu sou. Se você puder me ouvir é claro. - Abaixei a cabeça derrotado.

— Não sei do que você está falando, desprezível por quê? Afinal foi eu quem te enganou, não foi? Você tem todo o direi...- A interrompi.

— Bella, o que eu vou te contar agora, tenho certeza que fará você me odiar, mas eu preciso que você saiba... eu preciso tirar esse peso das minhas costas, e você Bella... tem o direito de saber toda a verdade, sem mentiras e sem omissões. - Dei uma pausa, minha garganta estava seca e minhas mãos tremendo, mas continuei.

— Eu poderia esconder isso e fingir que nada aconteceu, e seguir a vida, cada um pro seu lado, para não ter que assumir isso na sua frente, mas você se tornou uma pessoa tão especial para mim, que eu jamais poderia viver em paz sabendo que escondi isso de você, não posso ter isso na minha consciência. E eu te prometo que vou aceitar se você nunca mais quiser olhar na minha cara depois de hoje, mas caso você me perdoe ainda quero te provar que eu mudei. - Disse com um tom de desespero na voz, só de imaginar seu ódio em relação a mim.

— Edward, você está realmente me assustando, me diz logo o que aconteceu. - disse ela aflita enquanto me olhava nos olhos.

 Eu estava sentado no sofá com Bella parada com sua cadeira na minha frente, me olhando em expectativa, essa cena ainda me assombrava, mas mesmo assim ela não deixava de ser linda, queria poder abraçá-la, sentá-la no meu colo e enfiar a cabeça entre seus cabelos e ficar assim para sempre, mas eu tinha que ser corajoso. Respirei fundo e continuei:

— Bella, eu te disse aquele dia no pub, que tocar e cantar me trazia más lembranças. Acontece que uns anos atrás eu era um moleque, minha vida se resumia a sexo, bebidas, drogas e carros de luxo, e claro a minha banda, nós sempre fazíamos shows em bares pequenos, garagens, o que aparecesse, era só diversão mesmo, Aliás, toda minha vida era só diversão. Não levava nada a sério, não trabalhava, larguei a faculdade, meus pais me achavam um caso perdido, e eu não tava nem aí para nada, só queria saber de ser popular e me esbaldar todas as noites com meus amigos. - parei a história para tomar um ar e colocar em ordem meus pensamentos.

 Bella me olhava atentamente, esperando que eu finalizasse a história.

— Após um acontecimento traumático na minha vida, decidi que eu seria uma pessoa melhor, não aguentava mais ver os olhares de decepção da minha mãe e a frieza do meu pai, eles sabiam que eu era um zero à esquerda. Precisei ter um choque de realidade para me tornar alguém na vida, decidi que iria trabalhar com meu pai em sua empresa, me esforcei ao máximo para aprender tudo que a empresa fazia e conclui a faculdade de administração. - suspirei.

— Mas isso é ótimo Edward, o seu passado não tem que definir o que você é, o que importa é que você resolveu melhorar. Mas ainda não entendi o que seu passado tem a ver comigo? - Disse ela confusa. Ela era maravilhosa demais para seu próprio bem. Balancei a cabeça com um olhar triste.

— Não diga isso Bella, você ainda não sabe a pior parte. - Respirei fundo, fechei os olhos e antes que ela pudesse dizer alguma coisa continuei.

— Dois anos atrás, uma certa noite, véspera de feriado prolongado, como sempre acontecia, estávamos organizando uma viagem de última hora para o litoral norte, viagem essa regada a muita bebida, drogas e sexo, era esse nosso único objetivo. Tive que ir até em casa buscar umas coisas para a viagem, estava dirigindo em alta velocidade, com algumas bebidas na cabeça e drogas também, dirigia displicentemente com meu conversível azul quando vi mais a frente um farol que já estava amarelo e por uma estupidez ao invés de diminuir a velocidade, eu acelerei, queria sentir a adrenalina passando pelo meu corpo, estava rindo, quando vi que um carro vinha na outra via, tentava desviar de mim e rodava na pista.

Parei por um minuto e levantei minha cabeça, vi Bella com os olhos arregalados e as mãos na boca.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ela ofegou enquanto tudo que eu contei fazia sentido em sua cabeça.

— Eu não parei Bella, não tive coragem nem de prestar socorro a pessoa, eu só ouvi o barulho da batida e como uma criança covarde eu fugi, corri para casa pedir ajuda para o papai, eu sei... eu fui um monstro, um ser desprezível. Meu pai, que é uma pessoa muito influente mexeu seus pauzinhos para que eu não fosse identificado como o responsável pelo acidente. Esse dia ficou na minha memória por todo esse tempo, tentava ignorar essas lembranças, mas elas sempre voltavam. A angústia de imaginar o que poderia ter acontecido com essa pessoa, a incerteza de não saber quem era ou se eu havia matado alguém, o arrependimento de ter negado socorro, o remorso pela minha falta de coragem de ir atrás para saber de fato quem eu prejudiquei, sempre foi uma constante na minha vida. E foi a partir daí que decidi que não queria mais ser responsável por nenhum acidente, por nada ruim que viesse a acontecer a alguém, que eu queria ser uma pessoa melhor. E eu mudei Bella, realmente mudei, mas ouvir você falar que eu fui o responsável pelo seu acidente, que eu destruí o seu futuro brilhante, que eu destruí toda sua vida, isso acabou comigo novamente, eu não poderia mais conviver com isso, eu precisava te contar Bella e implorar seu perdão, eu sei que não existe justificativa plausível para o que eu fiz, eu tinha tudo, uma vida fácil, dinheiro, e mesmo assim não dei valor, e ainda por cima prejudiquei você. - Parei de falar, minha voz estava embargada pelo choro contido.

 Bella chorava baixinho, tinha seus olhos baixos, imagino que não conseguia mais nem olhar na minha cara, e era compreensível. Vi quando ela ergueu os olhos e ficou me olhando detenidamente por alguns minutos sem dizer nada, seu olhar era confuso, não sabia se era raiva, ódio ou pena. Alguns segundos depois ela suspirou e disse:

— Era você, foi você esse tempo todo...Edward, eu… eu não sei o que dizer, eu quero ficar sozinha, me deixa sozinha, sai daqui… agora... preciso… preciso de um tempo para assimilar tudo isso. - Percebi que ela estava ofegante

— Eu entendo Bella, eu vou esperar o tempo que você precisar, você não sabe como me dói tudo isso, quero que saiba que eu me sinto um idiota por ter te julgado mal, mesmo ficando chateado por ter me escondido sua deficiência, eu entendo completamente. E por último quero que saiba, que se um dia você conseguir me perdoar, eu prometo que farei você a mulher mais feliz do mundo, que eu jamais me importaria por você estar em uma cadeira de rodas, que podemos superar isso juntos. - Disse enquanto segurava suas mãos e fazia carinho e finalizei olhando dentro de seus olhos. - Bella, eu te amo.

 Beijei sua testa, me levantei e fui embora. Deixaria que ela tivesse tempo para colocar as ideias em ordem, assim como eu precisei esses dias, e só podia rezar para ela me perdoar e aceitar voltar para mim.


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Notas finais do capítulo

E aí.. sem palavras para o momento!!