Minha vida depois de você... escrita por andreane17


Capítulo 14
Capítulo 7 - POV. Edward


Notas iniciais do capítulo

Ta aí, a versão do Edward. Surpresas as aguardam! muahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728077/chapter/14

 Ainda estava chocado com a descoberta que Bella era paraplégica enquanto acompanhava o começo de sua história. Durante o tempo que ela falava, meu cérebro me transportava em lembranças nada agradáveis que eu tentei por esses anos esconder no fundo da memória. Sua voz ao fundo, me contando de seu futuro promissor, de sua alegria em enfim realizar o sonho de ser uma bailarina profissional, a cada palavra que saía de sua boca, uma onda de desespero passava pelo meu corpo. As lembranças iam jorrando de minha memória.

Me lembro de estar totalmente alto de bebidas e drogas, era véspera de feriado prolongado e meus amigos estavam planejando uma viagem pro litoral norte de última hora, várias garotas estavam com a gente, basicamente estávamos armando uma orgia, eu estava muito ansioso, rindo, me divertindo e antecipando aquela viagem. Terminamos os planos e me despedi do pessoal para ir até minha casa buscar algumas coisas para a viagem.

 Dizem que momentos ruins são apagados da memória, mas esse estava mais claro do que nunca para mim, era um recordatório constante de como eu fui inconsequente, e esse foi o motivo de eu ter virado uma pessoa melhor.

 Estava dirigindo como sempre em alta velocidade, ainda era cedo, por volta das 23:00h, eu não estava acostumado a ir para casa antes do que 3:00 ou 4:00 da manhã, então ainda tinha muito tempo pela frente para curtir essa noite. Garoava naquela noite, e eu estava sorrindo como um idiota com a capota do carro abaixada tomando aquela garoa no rosto e fazendo planos mentais de como seria nossa viagem.

 Meu mundo girava em torno de mulheres, sexo, bebidas, drogas, minha banda e carros de luxo. Hoje eu posso ver que era uma vida vazia. Mas naquela época, eu sentia que era o dono do mundo, acima do bem e do mal. Mas tudo mudou naquela noite.

 Dirigi por mais alguns quarteirões e vi ao longe que o farol do cruzamento já estava amarelo, ao invés de diminuir a velocidade e parar, eu acelerei ainda mais, rindo feito um louco, me divertindo por passar por um farol vermelho, a adrenalina corria pelo meu corpo.

 As palavras de Bella queimavam meu pensamento.estava saindo do centro da cidade ultrapassando um cruzamento, o farol estava verde para mim, mas de repente do nada um carro em alta velocidade atravessou o farol vermelho da outra via, só tive tempo de ver que era um conversível azul e tentar desviar para que não me atingisse em cheio, freei bruscamente virando o volante, mas nessa hora perdi o controle, meu carro girou na pista que estava um pouco molhada devido a uma garoa que estava caindo naquela noite”

Nessa hora meu coração congelou dentro do peito, eu reconheci completamente aquela cena, o conversível azul era um dos meus preferidos na época, até esse momento eu não queria acreditar que eu fui o responsável por tudo isso, aquela noite que mudou minha vida, sempre tive consciência que também mudou a vida de outra pessoa, e por mais irônico que possa parecer, mudou a vida logo da Bella, a pessoa por quem me apaixonei. Eu fui o responsável pela sua desgraça. Me senti enjoado, meu estômago dava voltas e mais voltas.

Me lembro de ver um carro desviando bruscamente de mim e rodar na pista até que ouvi um barulho alto de batida, diminui a velocidade em choque, nunca tinha sido responsável por nenhum acidente, algo naquele momento deu um estalo no meu cérebro, e todo o efeito da bebida e do álcool desapareceram do meu sistema, fiquei em estado de choque sem saber o que fazer, mas meu medo foi maior, e decidi ir embora sem olhar para trás. Tive medo de ter matado aquela pessoa, tive medo de enfrentar pela primeira vez a responsabilidade da situação.

Continuei ouvindo ao longe a voz da Bella contando sua história “O carro girou algumas vezes na pista e acabei batendo em um poste, por sorte não estava em alta velocidade e estava com o cinto de segurança, mas mesmo assim o impacto da batida me fez desmaiar. Não sei se foram minutos ou horas que se passaram, a próxima coisa que me lembro foi de acordar atordoada numa cama de hospital, somente após alguns segundos que tudo voltou a minha mente e me lembrei do que tinha acontecido. Nessa hora tentei me mexer e percebi que não conseguia mover as pernas, entrei em desespero e comecei a gritar. Algumas enfermeiras entraram com o médico e Alice atrás com os olhos vermelhos de lágrimas. Foi um pesadelo.  Após alguns testes o médico me confirmou que eu tinha perdido os movimentos das pernas, coisa que ele já suspeitava pelos exames que tinham reAlizado antes, que a batida causou uma lesão na minha coluna, e que não podiam fazer nada quanto a isso.”

 Meu coração doía por ela, eu queria poder abraçá-la e dizer que ficaria tudo bem, poder chorar junto com ela por suas perdas, dar meu apoio incondicional e dizer que ficaria do lado dela para sempre. Mas eu era um lixo, eu fui o causador de todo seu sofrimento, um inconsequente, moleque, que só queria saber de diversão, drogas, mulheres, só coisas fúteis, enquanto ao mesmo tempo em outro lado da cidade existia uma garota cheia de sonhos que eu ajudei a destruir, uma garota com um futuro brilhante pela frente.

 Durante muito tempo fiquei imaginando quem estava dirigindo aquele carro, era homem? Mulher? Pai de família? Talvez uma família inteira… Será que morreu? Se machucou? Enfim, muitas perguntas sem resposta, me acovardei, não procurei saber, quis fugir da verdade e de repente a verdade estava aqui sendo esfregada na minha cara da pior maneira possível.

“...É engraçado Edward, que tinha câmera nesta avenida, mas na filmagem não aparece a placa do carro.. Dois anos se passaram e até agora ninguém achou o responsável pelo acidente. Pra mim foi algum playboy que comprou a polícia para abafar o caso...”

Meu estômago queimou ao ouvir a frase da Alice, meu corpo estremeceu, senti tanta vergonha naquele momento, como nunca tivesse sentido na vida, ela estava certa. Depois do acidente que provoquei fui direto para minha casa, estava transtornado, com medo, confuso, entrei sala adentro e me deparo com meu pai. Olhei para ele congelado, eu estava visivelmente desesperado. Contei para ele aos prantos o que tinha acontecido, ele me olhou por alguns minutos, balançou a cabeça com um ar de reprovação e disse que ia fazer alguns telefonemas.   Aquela reação dele foi pior que uma surra, aquela frieza acabou comigo, eu queria uma palavra de consolo, o abraço de um pai, mas infelizmente só consegui um olhar vazio.

 Fui para o meu quarto e fiquei ali durante horas deitado na cama imóvel até pegar no sono. No outro dia, a Sra. Coope, nossa empregada me disse que meu pai estava me aguardando no escritório dele e ao entrar vi que além dele minha mãe estava lá sentada na poltrona, seu olhar de decepção era tão grande, que eu preferia a morte ao continuar vê-la olhando daquela forma pra mim.

 Ele com sua voz autoritária e fria falou que já estava resolvida a situação, que nenhuma testemunha conseguiu anotar a placa do carro, que ligou para um contato que ele tem na delegacia e “pediu” para abafar o caso e sumir com as possíveis provas que poderiam me incriminar e que nossos advogados estavam fazendo o possível para não vazar para a mídia. Ele fez questão de enfatizar o quanto o “pedido” ao delegado foi prejudicial para sua conta bancária. Me senti mais lixo, na verdade eu merecia ser preso.

 Minha mãe, ao contrário do meu pai, foi bem incisiva quando me perguntou o que eu queria da vida, disse que eu estava sempre fazendo besteiras e eles sempre faziam vista grossa, mas provocar um acidente já era demais, já estava na hora de eu crescer e amadurecer, me tornar homem. Aquelas palavras queimavam dentro de mim, ela estava certa.

 Daquele dia em diante, pedi para meu pai para ir trabalhar com ele em sua empresa, me empenhei ao máximo para aprender tudo que sei hoje,  deixei toda essa vida de festas e drogas para trás, inclusive minha banda, criei responsabilidades e posso dizer que hoje sou uma pessoa melhor, Aliás, até 5 minutos atrás eu até me consideraria uma pessoa melhor, mas após ouvir a história de Bella, saber que eu fui o responsável por destruir sua vida, a única coisa que consigo pensar é que eu jamais deixarei de ser aquela pessoa que a deixou em uma cadeira de rodas, se não fosse por mim, ela jamais estaria nessa situação, ela seria uma bailarina reconhecida, teria uma vida maravilhosa pela frente e seria feliz.

 Minha cabeça estava muito confusa depois de tudo que ouvi, depois de todas as minhas lembranças virem a tona e meus pensamentos me torturarem. Não conseguia pôr meus pensamentos em ordem para dizer algo para Bella.

 Mas uma coisa tinha certeza, eu não podia contar a verdade para ela ainda, não aqui e não desse jeito, preciso processar tudo que descobri. Ainda tentei esboçar alguma reação, mas só pude engasgar com minhas próprias palavras e sentimentos, o desespero estava se abatendo sobre mim, eu não tinha coragem nem de olhar nos olhos dela, precisava ficar longe dela nesse momento, precisava sair daqui, não queria ouvir mais nada.

 Ainda em choque, com meus olhos cheios de lágrimas e fui embora, não poderia olhar para ela ali sentada e sua cadeira de rodas do lado do sofá por mais nem um minuto.


       Eu sou um monstro, eu não mereço ter tido uma vida tão boa enquanto tirei tudo
da vida dela.

Enquanto caminhava até meu carro lágrimas escorriam pelo meu rosto. O remorso tomou conta de mim, desmoronei, me sentei ao volante e apoiei a cabeça nos meus braços cruzados enquanto chorava por ela, pelo que eu fiz ela passar, pela vida maravilhosa que eu destruí e pela minha injustiça em julgá-la.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... Edward foi o responsável pelo acidente da Bella e por ela ficar paraplégica, xiiiii.. agora a coisa ficou feia!!! Deixem comentários do que acharam dessa descoberta.. beijinhos e até a próxima.