Depois da nossa conversa quente, confesso que tive uma insônia terrível, vários fatores contribuíram para essa falta de sono. Primeiro, a excitação que eu inevitavelmente senti, a frustração por nossa conversa ter parado no meio e por último o medo. Porque agora que estava com a cabeça pensando friamente e não na empolgação do momento, eu estava me sentindo péssima, é claro que eu tinha adorado nossa troca de mensagens, me senti viva novamente como a muito tempo não sentia, mas ao mesmo tempo, senti que foi injusto, eu fui muito egoísta, pensei só em mim, e nessa sensação que achei nem ser capaz de sentir novamente, não era justo com o Edward que eu não fosse completamente honesta com ele em relação a minha condição física, ele é uma pessoa tão boa, me faz sentir coisas que jamais senti na vida e me passa uma enorme segurança, nem mesmo antes do acidente, jamais conheci alguém tão especial como ele, e eu não poderia fazer nada além de ser honesta e aceitar se ele não quisesse mais saber de mim, era um risco que eu teria que correr.
Após passar a noite toda em claro, decidi que seria isso que eu faria, a noite quando nos encontrássemos no pub, eu diria toda a verdade para ele, e só podia rezar para que ele me aceitasse, uma aleijada que não tinha nada a mais a oferecer.

  Me arrastei até minha cadeira como todos os dias e fui até o banheiro, tomar um banho e me trocar, meu corpo já estava todo dolorido de ter ficado tanto tempo na cama, sem o descanso do sono, comecei a pensar em tudo novamente, que lugar melhor do que o chuveiro para tais pensamentos desanimados como os meus, me sentia mais derrotada do que nos dias normais, e uma onda de culpa começou a surgir, era como se eu tivesse indo para a degola, se o Edward não quisesse mais saber de mim, eu sei que sofreria demais, eu já estava completamente apaixonada por sua forma de ser, por como ele me faz bem e obviamente por sua beleza. Eu tenho certeza que para ele eu sou mais uma pessoa para passar o tempo e não o julgo por isso, ele deve estar sempre rodeado de pessoas bonitas, e eu como uma boba apaixonada aqui, suspirando por um amor impossível. Ri para mim mesma. Até porque só fazia alguns dias que nos conhecemos, como pude ser tão boba ao ponto de me apaixonar por ele e em tão pouco tempo. Resisti muito nos primeiros dias, mas ele conseguiu derrubar minhas barreiras e eu me iludi por seu tratamento sempre atencioso e amoroso. E como estava carente, sentia necessidade de ter alguém só para mim, que sua chegada foi como um sopro de ar fresco na minha vida monótona, uma vida que eu simplesmente me resignei a aceitar e não a viver.

  Terminei meu banho e fui para a cozinha ver o que Alice tinha preparado. Eu a vi chegando bem tarde, mas não quis que ela soubesse que eu ainda estava acordada, precisava desse tempo sozinha para pensar.
— Bom dia Ali - Disse empurrando minha cadeira cozinha adentro.

— Bom dia Bells, que cara é essa? Vai dizer que o meu cunhado tem um documento pequeno. Por favor não me fala isso se ele tiver, quero morrer com a ilusão que ele é todo perfeito. - Disse a engraçadinha rindo. Fico me perguntando se ela não foi trocada na maternidade, ou se de repente ela não caiu de cabeça do berço.

— Haha. Meu deus Ali, você tem certeza que a mamãe não te achou num cesto de lixo quando era bebê? - Disse rolando os olhos.

— Claro, no mesmo que ela te achou. - Continuou rindo.

— Aham, com certeza! E para seu governo, aquele documento não tem nada de pequeno, e pode tirar o olho. - Disse levantando uma sobrancelha com um sorrisinho de lado. Só a Alice mesmo para me fazer esquecer meus pensamentos tristes.

— Olhaaa, que safadinha, então ela viu mesmo o documento do rapaz, obrigada Deus, já era hora de ter alguma ação nessa vida. - Disse levantando as mãos pro céu enquanto falava.

— Você é muito besta mesmo garota! Agora para de palhaçada e vamos tomar café que eu já estou azul de fome. - Disse enquanto me ajeitava na mesa.

— O que uma troca de nudes não faz, imagina então quando transar mesmo, vai comer um boi inteiro. - Ela não tinha jeito, eu já desisti desse ser humano.

— Meu deus, o que eu fiz para merecer ter uma irmã que em plena 7 da manhã está nesse nível de animação, você tem alguma noção que essa hora eu só quero ficar quieta e COMER? - Disse enquanto passava manteiga no pão.

— Comer você quer sempre meu amor, não sei como não virou um balão ainda, quanto a ficar quieta, isso você também quer sempre, se não fosse eu na sua vida, nem sei o que seria desse seu humor inexistente. - Nos serviu de café com leite e se sentou do meu lado.

— Aham, ta bom! - Respondi de boca cheia.

— Ta, mas agora é sério, porque você estava com aquela cara séria? - Perguntou me olhando interessada.

— Ai Ali, é que eu me arrependi de usar o Edward desse jeito, é injusto eu ter deixado a gente chegar nesse nível de intimidade sem ter contado a verdade para ele, imagina quando ele souber que trocou nudes com uma aleijada, ele vai sentir nojo. - Disse com lágrimas nos olhos.

— Meu deus, eu realmente não estou ouvindo isso. Bella, eu já estou cansada de dizer quão especial e maravilhosa você é, e o Edward também já percebeu isso, eu posso te garantir que ele não vai sentir nojo de você, mas em uma coisa você está certa. Não é justo com ele continuar o que vocês tem sem contar toda a verdade. Ele é uma pessoa boa pelo que eu posso perceber, e merece honestidade. Nenhum relacionamento pode começar com mentiras. - Disse ela séria enquanto passava as mãos nas minhas costas para me acalmar.

— Pois é Alice, eu estou decidida a contar tudo pra ele hoje a noite quando a gente se ver no pub. - Disse limpando minhas lágrimas.

— Faça isso sim Bella, você sabe que eu sempre vou estar aqui para te apoiar no que decidir, e tenho certeza que vai dar tudo certo. - Disse e me abraçou.

— Obrigada Ali.

  Voltei para o meu quarto, ainda desanimada com meus pensamentos e decidi tentar dormir um pouco. Mal dormi mais duas horas, e por volta das 10h meu celular tocou, era o Edward.

— Alô. - estava com uma voz meio sonolenta, após meu cochilo.

— Bom dia linda, te acordei? - Perguntou ele preocupado.

— Não, só estava deitada, na verdade não consegui dormir direito. - Resolvi omitir a parte que acordei depressiva e decidi voltar para cama tentar dormir um pouco, pelo menos a parte que não dormi direito era verdade, já estava me odiando por mentir para ele.

— Por quê? - Perguntou, e imaginei que ele queria saber se não dormi direito após nossa troca de nudes, sorri comigo mesma pensando que essa certamente foi uma das razões.

— Depois de ontem foi difícil pegar no sono. - Respondi, e era verdade, adorei tanto o que fizemos que por isso estava com tanta dor na consciência, mas não me arrependia, foi realmente maravilhoso ver seu corpo nu para mim.

  Você também não saiu da minha cabeça, não vejo a hora de te ver. - Meu coração acelerou com essa afirmação. Eu me derretia constantemente com ele, mas ao mesmo tempo que ele tinha um tom orgulhoso na voz por não ter me deixado dormir, ele parecia preocupado com alguma coisa.

— Hoje a noite no pub então, te espero. Mas Edward, estou sentindo algo estranho na sua voz, está tudo bem? - Decidi perguntar o que era.

— Ta sim Bella, por quê? - Seu tom de voz cínico não me enganou nem por um instante, alguma coisa estava realmente acontecendo e eu gostaria de poder ajudar, nem que fosse ouvindo seus problemas.

— Não sei... tô sentindo você meio pra baixo, uma vozinha meio triste. - concluí.

  Ele então começou a desabafar a situação complicada em que a empresa estava passando, várias demissões, o como ele se sentia mal por demitir aquelas pessoas, que tinham famílias para sustentar, que a cada dia os contratos iam se desfazendo, que seu pai estava muito nervoso e que ele temia que a qualquer momento ele pudesse ter um AVC. Eu ouvi tudo atentamente, e quando ele finalizou eu tentei fazer o melhor para acalmá-lo.

— Poxa Edward, que situação difícil, imagino como deve estar sendo para você, se sentir indiretamente responsável pelas vidas de seus funcionários. Mas Edward, você não pode se sentir assim, vocês não estão agindo de má fé, vocês estão tentando o máximo para que a empresa supere essa situação, às vezes na vida, nos sentimos responsáveis por coisas que simplesmente não estão nas nossas mãos, se você tem a consciência tranquila que está fazendo o seu máximo para que as coisas melhorem, é o que importa, é melhor infelizmente hoje você demitir 10, 20 pessoas, do que amanhã demitir 200. Na vida tudo são consequências dos nossos atos, às vezes são necessários atos que irão ser ruins para uns, mas que poderão causar consequências benéficas no futuro.
Parei para pensar no que estava dizendo, “...tudo na vida são consequências dos nossos atos...” e mais uma vez uma onda de culpa passou por mim, revirando meu estômago e invadindo minha mente. Qua hipocrisia a minha. Entretanto senti que ele ficou mais Aliviado por ter desabafado comigo, mas logo teve que se despedir.

— Bella, tenho que ir meu pai está me chamando na sala dele. - disse demonstrando tensão.

— Tudo bem, mais tarde nos falamos. - Estava mais leve por ter podido ajudar ele de alguma forma, nem que fosse com um ombro amigo.

— Tudo bem, beijos te… te vejo mais tarde, tchau. - Disse meio gaguejando, mas imaginei que era pela pressa.

— Beijos, tchau. - Me despedi e desligamos.
           
  O resto do dia foi tedioso, ajudei Alice na arrumação da casa, almoçamos e ficamos esperando dar a hora de nosso turno começar. Na verdade, o meu começaria antes, mas Alice sempre ia comigo porque tinha que me levar, e ficava lá conversando com o pessoal, por duas horas antes do seu turno começar, e eu retribuía ficando duas horas após o meu turno terminar. Pois é, eu ainda não sei porque o Carlos simplesmente não nos coloca nos mesmos horários todos os dias, mas eu não reclamava, afinal não tinha nada de interessante para fazer em casa mesmo, e agora essas horas a mais estavam sendo bem úteis para utilizar nos meus encontros com o Edward.

  Passei o tempo todo tensa, só esperando a hora em que Edward chegaria. Eu não poderia fraquejar hoje, deixaria que ele relaxasse e na primeira oportunidade iria ter essa conversa séria com ele.

  Alice me ajudou mais uma vez a me posicionar na mesma mesa que usamos antes e fiquei lá nervosa pelos próximos vinte minutos esperando ansiosamente e de estômago embrulhado sua chegada.

  Quando ele chegou segurei minha respiração de antecipação, ele estava obviamente lindo como sempre, chegou sorridente, se sentou ao meu lado e disse no meu ouvido.

— Oi delícia. - E me atacou com um beijo delicioso e intenso, um beijo que demonstrava toda a intimidade que adquirimos no dia anterior através de nossa troca de fotos.

  Percebi que ele espalmou sua mão em minha coxa e a apertou. Eu não tinha sensações nas pernas, mas imagino que próximo das terminações nervosas da minha intimidade eu não teria problemas em sentir, já que senti bem de leve seu toque, mas não diretamente na perna. Porém, decidi não deixar ele ir mais longe, queria que ele soubesse toda a verdade antes de avançarmos mais do que já tínhamos avançado.

— Nossa, Edward, calma, assim você me deixa sem ar. - Disse recuperando o fôlego .

— Sem ar, foi como você me deixou ontem depois da sua foto. - Senti meu rosto esquentar, foi a primeira vez que tive coragem de fazer isso para alguém.

— Tudo bem, mas aqui não, assim fico constrangida. Calma ainda teremos muito tempo para isso. - Falei um pouco nervosa, já que não tinha certeza se realmente teríamos esse tempo pela frente, ele poderia simplesmente não querer mais me ver depois de hoje.

— Trouxe um presente, mas quero que você abra depois ok? - Ele disse e fiquei bem contente por ele ter lembrado de mim, e pelo seu olhar sedutor, imagino que fosse algo não apto para ser aberto em público, fiquei extremamente curiosa.

— O que é? - Perguntei, afinal ele não sabe que isso não se faz com mulheres? Jamais se deve deixar uma mulher curiosa.

— Surpresa. - Respondeu.

  Nos beijamos por um tempo, e senti que ele tentou outras vezes passar a mão pela minha coxa, mas eu sempre tentava evitar, não queria me sentir pior do que já estava me sentindo por não ter contato a verdade a ele. Senti que seus beijos eram uma promessa do que viria, e isso me deixou ainda mais ansiosa, sabia que ele queria mais do que beijos castos, ainda mais depois da nossa troca de mensagens ontem.

  Passamos mais um tempo conversando calmamente, fizemos nossos pedidos, e quando estava a ponto de dizer a ele que precisávamos ter uma conversa séria, Alice chegou até a mesa com um ar preocupado.

— Olá, como está meu cunhado favorito? - Perguntou ela a Edward.

— To bem e você Alice? - Perguntou e pelo seu tom, ele também havia percebido o ar preocupado de Alice.

— Gente vocês não vão acreditar, o carinha que ia tocar aqui hoje deu um bolo, não apareceu e Carlos ta uma fera, pois por mais baixo que esteja o movimento, a Bella sabe, ele sempre prefere ter música ao vivo do que tocar um pen drive.- Disse ela olhando para Edward. Nossa, bem que estranhei que o rapaz contratado não tinha chegado até agora.

— Nossa que chato.- Respondeu Edward normalmente. E nesse momento eu tive uma ideia que fugiu completamente do que eu estava planejando, não sei mas acho que foi uma forma de adiar o inevitável, porque por mais que eu sabia que eu estava o enganando, eu também não queria perdê-lo.

— Ué Ali isso é simples, o Edward canta. - Eu poderia ganhar um pouco mais de tempo para nossa conversa, e ainda de quebra veria ele cantar, e se caso fosse a última vez que nos víssemos, eu guardaria essa imagem na memória.

— O que! Eu, ta louca, Bella? - Perguntou Edward de Olhos arregalados.

— O Edward canta? - Perguntou Alice.

— É, ele canta e toca violão e guitarra. Eu não te contei? - Disse em tom animado olhando para Alice.

— Não maninha, você não me contou, então meu cunhado é uma estrela do rock? Quer dizer, é rock né cunhado, porque se for pagode eu não aprovo esse relacionamento. - Alice protestou e eu ri. Até parece que ela não iria aprovar, para ela era Deus no céu e Edward na terra.

— Perai meninas, devagar, primeiro eu não toco, eu tocava guitarra e violão, faz anos que não pego em mais nenhum instrumento, segundo, sim era rock e terceiro eu não vou subir naquele palco nem ferrando. - Disse Edward em tom de protesto e nos olhando desesperado. Eu quase ri com sua cara de desespero.

— Por que não? - Perguntei

— Por que não, Bella, sei lá, faz anos que não canto também, não faz sentido isso, vou espantar todos os clientes. - Disse passando a mão nos cabelos, nervoso. Fofo.

— Edward, mas se você cantava quando mais novo, é como andar de bicicleta, ninguém esquece, além do mais você me prometeu que ia cantar pra mim. - Disse, mas percebi que ele estava com um olhar perdido e não tinha ouvido nenhuma palavra.

— Planeta terra chamando Edward. - Disse Alice rindo.

— Oi, Alice, desculpa fala.- Respondeu voltando a si.

— Não Edward, eu que estava falando. - Disse e continuei. - Você me falou que cantava e tocava quando mais novo, eu queria muito te ver fazendo isso, sem contar que você falou que um dia faria isso pra mim, então chegou o momento. 

— Tudo bem então, eu faço, mas por você Bella, isso me lembra uma fase bem complicada da minha vida, e não estava preparado hoje. Mas só uma música - Disse meio tenso.

— Vou avisar o Carlos. - Disse Alice correndo pelo pub.

— Tudo bem,só uma música. - Repeti e sorri para ele, se isso trazia más lembranças, era uma boa hora para exorcizá-las.

  Alice voltou até nossa mesa e o levou até o palco, e o vi se preparar para cantar, ele estava maravilhoso ali em cima, parecendo uma estrela, todos no pub o olhavam embasbacados, afinal ele era mesmo lindo, ainda mais com um violão na mão, extremamente sexy. Sorri sozinha imaginando que pelos últimos dias, eu era dona de sua atenção e seus beijos. Já que tudo ia terminar, decidi aproveitar o momento.

  Vi que ele estava concentrado, imagino que nervoso com toda essa atenção. Parou por um momento e começou a cantar, logo percebi que era “Um minuto para o fim do mundo” do CPM 22, meu coração começou a pular no meu peito.

  A letra dessa música me lembrava muito nossa situação, eu tinha medo que esse fosse meu último minuto com ele, a falta que ele me faria e principalmente a perspectiva de perdê-lo, seria mesmo o fim do mundo pra mim.

  Ele cantava de olhos fechados, sua voz era grave e um pouco rouca, no decorrer da música percebi que ele ficou a vontade com a apresentação e cantava com tanta emoção e um sorriso nos lábios que a cada refrão eu me arrepiava, olhei ao redor e vi que todos sem exceção estavam olhando para ele, ele realmente estava perfeito em cima daquele palco, senti uma revolta enorme passar por mim, por saber que vou perdê-lo, me odiei por ter me aproximado dele, eu poderia ter evitado tudo isso. Mas no refrão seus olhos se abriram e ele focou em mim, congelei e percebi que ele estava cantando diretamente para mim aquela letra. Passou o resto da música me olhando, como se quisesse transmitir alguma coisa através do olhar e eu retribui.
  E quando a música chegou ao fim, ele simplesmente disse.

— Bella, você quer namorar comigo?

  Meu mundo parou naquele momento, eu não estava preparada para esse pedido, afinal havia dias que nos conhecemos, jamais pensei que ele fosse querer algo sério comigo, muito menos em tão pouco tempo, entrei em pânico. 

  Vi que todos intercalaram olhares entre Edward e eu, ansiosos por uma resposta, e o rosto ansioso de Edward fez meu coração se quebrar não sabia o que fazer, minha vontade era correr até ele e beijá-lo e dizer sim, mas a realidade de que eu jamais poderia fazer isso, que ele merecia uma pessoa melhor que eu, que pudesse correr para os seus braços e o beijar apaixonadamente enquanto aceitava ser sua namorada, fez com que eu só ficasse ali olhando  sem reação enquanto um silêncio sepulcral tomava conta do pub.

  Vi que após perceber que eu não teria nenhuma reação, ele se virou derrotado enquanto arrumava o violão no suporte. Alice chegou correndo até mim.

— Bella, pelo amor de deus, fala alguma coisa. Fala pra ele agora sua situação. - Disse Alice e saiu, nesse momento eu quase comecei a chorar. Mas ainda estava entorpecida.

  Quando ele se aproximou, seu rosto era de pura raiva. Eu o havia magoado, a última coisa que eu queria fazer, eu tinha estragado tudo com minha insegurança, deixei essa história ir longe demais, e agora a única coisa que eu teria do Edward seria seu ódio por tê-lo enganado, por tê-lo humilhado na frente de todos.

— Bella você ouviu o que eu falei? - Perguntou em tom de indignação.

— Edward, calma precisamos conversar.- Eu precisava consertar isso, e se eu pudesse, até de joelhos eu ficaria por ele para pedir perdão.

— Bella você me deixou igual um idiota no palco, o que está acontecendo? - Perguntou nervoso exigindo uma resposta.

— Edward, calma, senta, vamos conversar. - Ele precisava se acalmar e me deixar falar.

— Se você quer conversar, ok mas não aqui, vamos para outro lugar, levanta, vamos. - Senti meus olhos se enchendo de lágrimas nesse momento, eu não poderia levantar,  nem para ir brigar com ele em outro lugar. E a cada palavra que saía de sua boca, cada atitude perfeita dele comigo, cada sentimento que ele despertava em mim, fazia com que eu quisesse chorar, por tudo que eu não poderia ter.

— Edward… por favor. - Disse suplicando a ponto de chorar.

— Bella, eu já te disse quero ir embora, se você não vier comigo, ok, você fica. - Ele estava totalmente descontrolado de raiva. O vi virando para ir embora, mas seu celular tocando fez com que parasse em seco para atender.

— Olá. - Disse rudemente no telefone.

— O quê, o que aconteceu?  - Vi que perguntou aflito para a pessoa do outro lado da linha e me preocupei.

— Mas ela está onde?.

— Que horas foi isso? - Fiquei preocupada que fosse algo na empresa.

— Tá tudo bem, estou indo. - Finalizou a chamada e abaixou a cabeça e percebi que ele tentava segurar as lágrimas. Algo grave aconteceu, e eu só queria poder me levantar e consolá-lo.

— O que aconteceu Edward? - perguntei ansiosa.

Se virou e me contou.

— Minha mãe está internada na UTI no hospital do Sirio Libanes, ela teve um AVC. - Ele disse e mais uma vez minha única reação foi ficar parada olhando para ele sem esboçar nada, afinal eu não podia sequer acompanhá-lo no hospital, não podia me oferecer de apoio agora enquanto não tivesse contado tudo para ele.

  Vi que sua paciência comigo se esgotou e ele se virou e foi embora. Meu coração se apertou, e eu tive medo que ele tivesse ido embora para sempre.

— Bella, Bella. Olha pra mim. - Me pediu Alice balançando meus ombros, eu estava em choque, não conseguia ter reação nenhuma, eu fui uma idiota, uma egoísta, eu estraguei tudo e magoei a última pessoa que merecia isso.

— Alice, por favor, me tira daqui. - Disse tentando conter as lágrimas que ameaçavam explodir. Peguei meu presente e o abracei contra o peito.

— Vamos, vou te levar até o carro e volto para pedir pro Carlos me liberar, ele vai entender. - Disse enquanto voltava correndo com minha cadeira e em seguida me ajudava a sair do pub.

  Assim que cheguei na parte de fora não aguentei mais e desabei em lágrimas. Tudo estava acabado, eu tinha perdido a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos anos, e por burrice e medo.

  Chorei desesperadamente por todo o caminho de casa, e enquanto Alice me levava para dentro, tentando me acalmar em vão. Eu só queria poder voltar no tempo e não ter sido uma covarde.

  Só tive forças de ir até a cama e me deitar. Deixei meu presente em cima do criado mudo, se eu abrisse agora iria sofrer mais ainda, de pensar que ele se lembrou de mim em algum momento do seu dia, e agora talvez nunca mais fosse querer me ver. Chorei por horas e horas seguidas, tentei inúmeras vezes ligar para o Edward, e ele ignorou todas as minhas ligações. Eu precisava implorar seu perdão, implorar que ele me aceitasse, implorar para que ele não me achasse uma louca e egoísta, e principalmente para que ele não tivesse nojo de mim e me deixasse por eu ser aleijada. Chorei pelos meus medos e chorei por ele, ele merecia alguém muito melhor do que eu, eu estava sofrendo, e nada seria comparado ao meu sofrimento caso ele não me quisesse mais, mas do fundo do meu coração eu só queria que ele fosse feliz, e eu sabia que eu não seria capaz de fazê-lo feliz como ele merecia.