A Vampira e o Tenor escrita por Nívea Raimundo


Capítulo 9
Não se Decepcione




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—Entra no carro, Piero! – mandou Jane, sem precisar compelir Piero a sentar no banco do carona. Assumindo o volante, Jane pensou no que poderia fazer. Tinha que compelir Piero para esquecer aquilo.

—Ele... Truzzi? O que deu a festa, você conhece ele? Esse cara, coisa... Você é ? – perguntava Piero, sentindo que podia vomitar a qualquer momento.

—O que eu faço? Eles não vão te deixar em paz agora, eu fui tão estúpida! Inferno! – balbuciava Jane, reclamando com a voz baixa para que só ela escutasse até se virar enfim para Piero, que tateava o bolso a procura de seu Iphone. –Se eu te fizer esquecer tudo não vai adiantar, eles ainda irão atrás de você. Maldito italiano, ele tinha tudo planejado.

—Jane! Chega de mistério ou eu ligo para polícia assim que eu chegar em casa! – ameaçou Piero – Quem é você? O que é você? Você é... como...

—Piero, você se confundiu. Aquele cara era um assaltante, roubou seu celular. – respondeu Jane, enfim se decidindo a compelir Piero a esquecer aquele susto, quando parou no primeiro farol próximo a casa do Tenor – E assim que eu te deixar em casa, você vai esquecer que me viu hoje assim que não me ver mais ao seu lado, e vai com seu pai à delegacia fazer o boletim do roubo.

—Eu fui assaltado, levaram meu celular – repetiu Piero, e olhando confuso para Jane – Você está chorando? Jane, eu te procurei a tarde toda, como de repente você está aqui?

Jane não conseguiu responder Piero, e ao estacionar novamente no mesmo lugar da noite passada, assim que o rapaz saiu do carona para trocar de lugar com Jane, a vampira já havia desaparecido, e Piero esquecido de que estava com ela.

****

—Jane! – exclamou Christopher, que novamente ficara esperando pela vampira em seu quarto.

—Veio se certificar se seu recurso permaneceu fiel a você? – perguntou Jane, com um tom de voz debochado, mas derrotado, ao se sentar na cama, ficando de frente a Christopher, que estava sentado numa poltrona que havia no quarto.

—Não. Eu saí de lá logo depois de você e após aquele maldito... como “punição” ao novo sócio pelo seu comportamento, prender Breat como refém. – contou Chris, bagunçando o cabelo, e deixando Jane preocupada.

—Ele provavelmente quer algo em troca para soltar o Breat, não é? O que ele quer? Iniciar o jogo de quem se torna a minha chave para eu recuperar minha humanidade? – indagou Jane, olhando magoada para Christopher, e recebendo o mesmo olhar de mágoa em troca – Isso nunca te importou antes, Kubo, porque importa agora?

— O jogo é atacar a sua chave. Ele sabe muito bem quem ainda é sua chave, Jane! Eu sei bem quem é... – respondeu Christopher, elevando o tom de voz – Sério, a inabalável vampira Jane, terror do meu clã e de mais outros de Nova York rendida por um humano. E não um humano qualquer, um humano famoso... Tem idéia do quanto soa ridículo isso?

Jane olhava surpresa para Christopher, mas o que ela podia esperar após a noite passada quando permitiu que Truzzi a provocasse e fizesse-a defender Piero? Não conseguindo segurar umas lágrimas teimosas, Jane respirou fundo antes de voltar a falar – É patético até para mim, eu sei. Mas eu não consegui evitar. Acredito que é igual à forma como você se sente com relação a mim, não é?

—Não tente virar esse jogo, Jane. Eu não vou mover um dedo para proteger esse garoto! – exclamou Christopher, se levantando da poltrona e circulando pelo quarto.

—Você não vai protegê-lo, você vai me proteger! Por favor, Christopher! – implorou Jane, ficando em pé e segurando os braços do vampiro, deslizando as mãos pelos músculos até entrelaçar as mãos atrás do pescoço de Christopher e puxando-o para beijá-lo – Com a sua ajuda, eu posso esquecer o Piero de novo, igual esqueci uma vez, assim como ele me esqueceu. Nós temos que voltar para casa, tudo isso recomeçou quando viemos para cá! Vamos recuperar o Breat, matar o Truzzi e voltar!

—E começar uma guerra? O Truzzi é poderoso aqui, você não viu o tanto de vampiros que se posicionaram a favor dele? Você é poderosa Jane, mas não tem poder aqui na Itália! – reclamou Christopher, se soltando e ficando de pé de frente a janela.

—Mas tenho ainda alguns bons contatos pela Europa... Principalmente na Bulgária, você sabe! – respondeu Jane, sentindo-se confiante – Eu posso fazer algumas ligações. E no pior dos casos, nós voltamos para os Estados Unidos, direto para Nova Orleans. Eu soube de uma Original renascida que há algumas centenas de ano está me devendo um favor nunca cobrado.

 -Tudo isso para defender quem? Nós ou o tenorzinho lá? – perguntou Christopher, ficando novamente frente a frente com a vampira.

“O que você acha?”, perguntou Jane, não dando tempo para Christopher responder, já que a vampira começou a despi-lo enquanto o beijava. Na velocidade vampírica, Christopher retribuiu os carinhos de Jane, despindo-a também, e carregando a vampira para cama. Enquanto fazia sexo com Christopher, Jane se animava com a idéia de dar o troco em Truzzi pelo que ele estava tentando fazer. “Vai ser bem ao modo Katherine Bitch Style, já que ele gosta”, riu Jane em pensamento enquanto Christopher e ela atingiam o clímax.

****

—Uma patrulha achou um Iphone quebrado na estrada, pode identificar se é o seu? – pediu o policial, entregando o celular à Piero, que conforme compelido por Jane, havia ido até a delegacia, acompanhado de seu pai Gaetano.

Piero pegou o Iphone, que estava com a tela toda estilhaçada, e ao ligar o celular, constatou que era sim o dele. Ficou chateado por ter que acabar trocando a tela, mas pelo menos o aparelho estava funcionando bem aparentemente. Teria também o trabalho de verificar se nenhuma foto ou informação havia sido vazada.

—Você conseguiria fazer um retrato falado do assaltante, senhor?

—Ele era... – Piero começou a descrever, mas então parou. Ele não se lembrava do rosto do assaltante, apenas da sensação de medo – Eu não me lembro.

—Sem pressão, senhor! O choque pode fazer isso! Se lembrar de algo, estamos à disposição. – exclamou o policial, finalizando o atendimento e liberando Piero e Gaetano.

Os dois voltaram em silencio para casa, mas antes de entraram na sala, Gaetano puxou Piero para caminharem no quintal – Filho, o Gianluca me contou que aquela maluca do ônibus está aqui em nossa cidade? É sério isso?

—Ow boca... – exclamou Piero, olhando para o céu – Sim, é verdade! Ela estava na mesma festa que eu e o pessoal fomos ontem.

—E a amiga que você foi encontrar hoje era ela? – perguntou Gaetano, recebendo o olhar contrariado de Piero – Filho, aposto que seus próprios amigos devem ter dito que ela é problema, certo? Você é uma pessoa pública, não se ilude que tudo pode conciliar! Se ontem a noite houve algo, então que tenha sido uma ótima experiência, mas deixa por isso mesmo! Pensa em você, na sua carreira.

—Eu estou pensando em mim, pai! – exclamou Piero, com o tom de voz amargo – Essa garota não saiu da minha cabeça desde o episódio do ônibus! Eu não consigo me envolver com ninguém, ter um relacionamento normal igual o Gian e o Igna tem com as respectivas namoradas porque eu tenho buscado a Jane nas garotas com quem eu fico! Minha carreira é uma coisa, mas eu não tenho direito de tentar ser feliz com a mulher que ainda vive no meu subconsciente após esses anos?

Gaetano abriu a boca para responder, mas não encontrou palavras para replicar o filho, e apenas pediu para que Piero fosse cuidadoso, não se entregasse num relacionamento sem saber se poderia ter algum futuro ou se poderia já estar fadado ao fracasso. Piero prometeu ao pai que tomaria cuidado, mas se ele não tentasse como ele saberia o que esperar do futuro com Jane?


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