A Vampira e o Tenor escrita por Nívea Raimundo


Capítulo 3
Tratando de Esquecer




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—Piero, sempre reservado, com paixonite platônica por uma doida que desapareceu da mesma forma que apareceu. – zombou Ignazio, quando os três estavam no quarto de Piero.

Passaram alguns dias após aparição de Jane.  O Il Volo saíra de Nova York e após alguns shows em demais cidades, chegaram a São Francisco para os últimos shows do Tour We Are Love nos Estados Unidos. Ainda iriam para o Canadá e depois voltariam para a Itália, descansar cerca de um mês até o início do show pela América Latina. Piero não conseguia parar de pensar na estranha garota, enquanto para todos era só um episódio maluco na América, a qual estava proibida de ser comentada em qualquer lugar que fosse. Não demorou muito para todos perceberem Piero com o olhar longe, e colocando mais intensidade de sentimento nas apresentações. Mesmo após a visita de Maria, amiga do Piero e cuja as fãs assumiam ser a paixão não correspondida do italiano, Piero só conseguia ter uma pessoa em mente.

—Não é paixonite platônica nada, cala a boca! – reclamou Piero, andando até a janela, olhando a rua e a movimentação de fãs.

—É impossível toparmos com ela de novo, logo você tira isso da sua cabeça! – disse Gianluca, sendo o mais compreensivo com o amigo - Olhe para as fãs, sempre tem uma mais cativante!

Piero balançou a cabeça em afirmativo para Gian, mas não conseguiu responder em palavras. “Olhar as fãs... quem sabe”, pensou.

*****

—Jane! Acorda! – chamou Nádia – Para onde você foi agora? Escutou o que eu disse?

—São Francisco. – respondeu Jane, se espreguiçando e olhando com irritação para Nádia, sua mentora e criadora. – Escutei, não sou surda! Por que não vamos logo para a tal Mystic Falls, você reencontra sua mãezinha querida e então viramos uma família feliz? Ah, é mesmo! Você ainda não sabe como dizer isso a ela! Que tal chegar “Oi, Katherine, eu sou sua maldita filha arrancada de seus bra..” Arhg!

Antes que pudesse terminasse suas ironias, Jane foi atacada por Nádia, que grosseiramente enfiou o braço através de seu tórax para esmagar seu coração. Sem conseguir se conter, Jane começou a rir entre gemidos de dor. “Doente!”, exclamou Nádia, retirando o braço do tórax de Jane

Retirando a blusa estragada e empada de sangue, Jane correu para o banheiro, olhar sua ferida cicatrizar rapidamente. Ouviu Nádia limpar o braço na pia de outro banheiro. Ainda se olhando no espelho, Jane repassou a única coisa no que vinha pensando nos últimos dias, “Piero, se você soubesse, se me visse...”.

—Quem é Piero? – perguntou Nádia, surgindo atrás de Jane, e recebendo um olhar de indignação. – É um daqueles rapazes que você me contou, do ônibus que você se escondeu?

—Você entrou na minha mente! Que saco, Nádia! Você está invadindo demais o meu espaço, começando pelo meu tórax recém curado!

—Jane... Você baixou a sua guarda! – observou Nádia, olhando para sua cria com preocupação, pegando a vampira pelo ombro e a virando para ficassem de frente uma a outra – Você deixou que esse rapaz quebrasse seu muro, isso é...

—Horrível? Incrivelmente estúpido da minha parte? – completou Jane, se desvencilhando de Nádia e andando até seu quarto da casa que ocupavam temporariamente em alguma cidade da região do Texas, longe suficiente para não ser descoberta por Christopher e seu clã. No quarto, pegara uma muda de roupas limpas e uma toalha – Vou tomar um banho, você me estragou!

Nádia saiu do banheiro para Jane passar e resolveu fazer umas pesquisas enquanto a vampira tomava banho. Pesquisou por “Il Volo”, “Piero Barone” e descobriu que eles fariam show em São Francisco naquela noite e na seguinte. “Com certeza incrivelmente estúpida...” concordou Nádia em pensamento, olhando as fotos do trio italiano, e principalmente do integrante que pela primeira vez em quase 400 anos trouxera uma centelha de humanidade à  Jane. Nádia não sabia dizer se ficava aliviada por Jane, por aquela centelha existir, ou preocupada pelo menino famoso, um alvo fácil para os inimigos de Jane que descobrissem a vulnerabilidade recém adquirida.

Ficou observando Jane sair do banheiro, já vestida e com os cabelos presos num coque no alto da cabeça, e passar para a cozinha, indo até o refrigerador pegar três bolsas de sangue. Quando seus olhares se cruzaram, repreendeu Jane pela quantidade de bolsas, e recebeu um palavrão em resposta. Nádia se lembrou de quando transformou a garota. A própria era uma vampira jovem para os padrões, havia sido transformada pouco menos de 20 anos quando encontrou Jane e lhe ofereceu ajuda e oferta de vingança aos que a machucaram. Lembrou-se de ver a si mesma quando encontrou a frágil menina que não deveria ter mais que 18 anos, abandonada e provavelmente abusada, largada nas ruas para morrer com a epidemia da peste negra. As duas eram parecidas na fisicamente, cabelos e olhos castanhos, mas Jane, apesar de mal tratada, era mais voluptuosa, enquanto Nádia mantinha o corpo que há anos era o padrão de beleza mundial.

Jane não hesitou ao aceitar a oferta e não teve medo quando Nádia contara que era vampira. Era como se a menina tivesse nascido para ser vampira desde o começo.

—Desde quando você ficou nostálgica? Vejo seus pensamentos até de longe! – reclamou Jane, voltando para a sala e se irritando ao ver a imagem de Piero na tela do notebook de Nádia. – Mas o que...

—Calma! Eu fiquei curiosa, só isso! – se defendeu Nádia, olhando de Jane para a imagem de Piero – Vocês formariam um casal até que bonitinho!

—Vai se ferrar! – exclamou Jane, fechando o notebook – Não vou ser estúpida, Ok? Não se preocupe! Em dias eu nem vou lembrar que ele existe.

—E você o compeliu para o mesmo? – perguntou Nádia, já adivinhando a resposta ao olhar para a expressão de Jane – Parabéns, Jane! Você acha mesmo que Christopher não te rastreou até eles? Você colocou esse rapaz e todos desse grupo em perigo! Já temos problemas demais para lidar com um que pode se tornar notícia mundial!

—Eu não achei que pudesse ser necessário! Ele provavelmente não vai se lembrar da louca que invadiu o ônibus! – retrucou Jane, não acreditando nas próprias palavras e se irritando com o olhar de repreensão de Nádia – Eu não posso voltar lá e compelir eles! Se o Christopher chegou até Nova York, também não vai ser estúpido de envolver algo maior do que a comunidade pode lidar, Klaus e os irmãos patrulha dele o mataria antes.

—Nesse ponto você tem razão... – ponderou Nádia – Christopher não seria burro a esse ponto.

—E outra, eu cheguei de manhã em Nova York, até ele chegar lá à noite sem um anel protetor, os próprios já teriam partido para show em outro lugar.

Nádia e Jane se olharam e sem precisarem de palavras, arrumaram as malas. Nádia daria um tempo em seus planos, os quais Jane quase sempre seguia fielmente, para dar atenção à única preocupação que brotara em Jane há anos. Decidiram ir de avião, para dar tempo de pegar ainda o primeiro show do Il Volo em São Francisco.

*****

O Il Volo começara mais um show e finalizara com sucesso. Após o show atenderam algumas fãs no camarim, foram para um restaurante jantar com a banda e amigos e logo após voltaram para o hotel, onde ainda havia algumas fãs de plantão. Como sempre, eles atenderam as fãs com muita simpatia. Piero estava tentando seguir o conselho que Gian dera mais cedo, olhar as fãs, mas não conseguia desvencilhar o pensamento de Jane. Sentiu o coração quase sair pela boca quando de relance achou tê-la visto, mas num piscar ela desaparecera de novo. “Não vou te esperar, Jane, mas se você aparecer... “ ponderou Piero em pensamento, ao se deitar, não sabendo que fora observado e protegido pela própria do momento que Jane e Nádia chegaram à São Francisco, até o momento que elas se certificaram que Piero e o todos ao seu redor não corriam perigo.

“Eu não vou arriscar minha única parcela de humanidade te colocando em perigo, Piero.”, pensou Jane, ao vê-lo pelo que acreditara ser a última vez, e então desaparecer com sua mentora.


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