Aprendendo escrita por Laila


Capítulo 22
Capitulo 22




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— Porque você não me atendeu? — Charlie questionou.

— Talvez porque eu não quero falar com você — Bella ironizou.

— Eu vim ver meus netos — Charlie falou revirando os olhos e a filha abriu a boca indignada.

— Seus netos? Eu quero você bem longe dos meus filhos — Impôs.

— Você não pode me afastar deles, principalmente da Emille, quando você decidiu se desfazer dela, eu quem cuidei dela, mesmo de longe, mas fui eu! — Bella balançou a cabeça confusa.

— De que merda você está falando Charlie?

— Como assim do que eu estou falando Isabella? Da Emille, sua filha com esse palhaço do seu marido, a criança que você teve na prisão, vai fingir agora que não se lembra!? — Bella abriu a boca assustada e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Você veio aqui para me fazer sofrer? Para me deixar mal? Você gosta de mexer nessa ferida! É impressionante!

— Eu não vim aqui para nada disso, só não quero me afastar dela, você foi pega-la e nem ao menos teve a decência de me avisar, eu te ajudei desde o início da gravidez, eu merecia pelo menos um pouco de consideração.

— PARA COM ISSO! DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO? A EMILLE NÃO É A FILHA QUE EU TIVE, VOCÊ PIROU?

— QUEM PIROU FOI VOCÊ! CLARO QUE ELA É!

— Parem de gritar! As crianças estão lá encima dormindo — Renesmee reclamou vendo tudo aquilo muito confusa.

— Bella! — Bella se virou soluçando quando ouviu Sue chama-la — É melhor vocês conversarem sobre isso no escritório, a casa está cheia de funcionários — A mais velha aconselhou e Bella saiu a passos duros sendo seguida por Charlie.

— Me explica essa história direito Charlie, antes que eu mate você por essas mentiras todas.

— Você é que tem que me explicar! Como assim a Emille não é a sua filha? Eu a levei até o orfanato, eu sei exatamente quem ela é, você disse que ia busca-la, esse foi o nosso acordo e você demorou três anos para isso.

— Meu Deus que loucura é essa? — Bella se sentou na poltrona não aguentando se manter em pé — Eu fui buscar a criança Charlie, assim que sair da prisão, foi a primeira coisa que eu fiz, quando cheguei lá o orfanato tinha sido destruído e as crianças se espalharam, eu passei um ano tentando encontrar a  minha filha, quando finalmente encontrei o orfanato para onde ela foi levada, me disseram que ela tinha morrido, ME FALARAM QUE ELA ESTAVA MORTA QUE TINHA MORRIDO COM TRÊS MESES POR CAUSA DE UMA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA E AGORA VOCÊ VEM ME DIZER QUE ELA ESTÁ VIVA E MORANDO COMIGO? QUE ESPÉCIE DE BRINCADEIRA DE MAL GOSTO É ESSA CHARLIE?!

— Não é uma brincadeira merda! Eu achei que você soubesse, por Deus Isabella, o orfanato foi sim destruído, mas eu me encarreguei de transferi-la para um orfanato tão bom quanto, ela não morreu, não sei como essa informação chegou a você, mas é uma mentira — Charlie franziu o cenho se lembrando de algo específico do passado — Eu me lembro de ter outro bebê lá com problemas de saúde, um bebê nascido no mesmo dia que ela, uma menina também, com certeza elas trocaram as fichas e te passaram as informações erradas, mas se você não fosse tão orgulhosa teria ido até mim e descoberto isso, eu achei que você não iria mais procura-la.

— Eu não estou acreditando nisso! — Bella passou as mãos no rosto e no cabelo transtornada — SAI DA MINHA CASA! — Charlie respirava rápido, mas apenas assentiu e se retirou.

          Bella chorava e soluçava, se levantou da cadeira e a passos apressados praticamente correu até o quarto da filha, se jogou aos pés da cama e sem conseguir pensar direito pegou a menina no colo, que acordou assustada. Se encostou na cama com Emille em seu colo, ela abraçava a garota a ponto de aperta-la, a menina só a olhava a assustada.

— Você me ama? Você ama a mamãe Emille?! — Perguntava em meio ao desespero, ela passava as mãos no rosto da pequena tentando enxergar seus olhos entre os fios de cabelo.

— Eu to com medo - Emille respondeu chorosa ao ver o estado da mãe, e logo foi arrancada do colo dela pela tia.

           Renesmee olhava o estado da irmã completamente assustada e confusa, pegou Emille no colo e a botou de volta na cama, mesmo assustada a pequena não demorou a voltar a dormir, enquanto Bella permanecia no mesmo estado de choro e desespero, Renesmee vendo que ela não iria se mexer, a segurou pelas mãos e suspendeu tirando ela do quarto.

— Bella - ela chamou, mas a irmã só sabia soluçar, entraram no quarto da mais velha e a mesma se jogou em sua cama — Eu preciso que você fale comigo, pelo amor de Deus, o que aquele homem falou a você?

— Ela é minha filha Nessie, a minha bebê, você não sabe o quanto foi difícil perde-la, duas vezes — Renesme tentava entender o que a irmã falava, mas só se sentia mais confusa.

— Bella, beba isso — Elas se assustaram com a entrada de Sue.

— Sue — Bella se sentou na cama, pronta para contar o que tinha acabado de descobrir, já que a senhora sabia de tudo.

— Eu já entendi meu bem, agora toma essa água e se acalma, logo o senhor Cullen e o pequeno chegaram e você não quer que eles a encontrem assim não é? — Bella obedeceu a mulher, a última coisa que queria era que o marido soubesse o que tinha acontecido naquele dia.

— Alguém pode por favor me explicar o que está acontecendo? — Renesme questionou ao ver a irmã mais calma.

— Senta aqui — Bella pediu batendo a mão ao seu lado na cama.

— O que ele fez pra te deixa assim? — Renesme se sentou, ao mesmo tempo que via Sue se retirar do quarto.

— Meu casamento com o Kakashi era uma farsa Renesme — A mais nova a olhou confusa.

— Como assim Bella?

— Nós nos casamos sim, houve um casamento, mas não vivíamos como marido e mulher, ele sempre me viu como uma filha. Um certo dia quando ele já estava doente aconteceu uma festa da alta sociedade, eu tive que ir só, ele não tinha forças para sair da cama, mas era uma festa importante e alguém tinha que representa-lo, eu acabei bebendo um pouco mais que o normal, não estava bêbada, mas o suficiente para ficar alegre, eu precisava de um alívio, foi então que acabei dormindo com o Edward.

— Uou!

— Ele vivia dando em cima de mim em todas as oportunidades que tinha, eu admito que me sentia atraída por ele, nós tínhamos aquela química, mas nunca me deixei levar, até aquele dia. Ao acordar do lado dele eu fui embora, o deixando dormindo ainda, pelo mês seguinte ele tentou de todas as formas entrar em contato comigo e eu o evitava, estava focada no Kakashi, que piorava mais a cada dia que passava, até vim a notícia. Kakashi havia falecido. Eu fiquei muito triste, ele era a única pessoa que eu tinha na vida e ele tinha ido embora, eu comecei a passar mal na semana seguinte e achava que era por causa da minha má alimentação, até desmaiar e ir ao médico, lá eu descobrir que estava grávida.

— Meu Deus Bella! — Renesme exclamou de boca aberta.

— Eu sabia que era do Edward, eu só havia transado com ele desde que me casei com o Kakashi, mas eu estava vivendo um inferno, a investigação sobre a morte do Kakashi estava indicando envenenamento e eu era a maior suspeita, os irmãos dele estavam me acusando, eu seria presa e se fosse comprovado o adultério eu perderia tudo, tudo o que o Kakashi construiu durante a sua vida, os irmãos deles iriam destruir seu patrimônio.

— Você abortou?

— Não, não daquela vez, eu não podia, eu queria aquela criança, eu não era mais a prostituta desestruturara, eu já era uma mulher e tinha condições para cria-la. Ela era minha — Bella falou a última frases em um sussurro junto com as lágrimas que desceram de seus olhos — Com isso eu sumi, mais quando completei seis meses de gravidez eu acabei sendo presa, os irmãos do Kakashi conseguiram fazer com que eu tivesse sido acusada de fuga, mas eu só fugir por causa da gravidez, eu não queria que descobrissem o meu paradeiro, mas foi inevitável.

— Você foi presa grávida?

— Sim, e foram os piores quatro meses da minha vida, eles mandaram gente para me matar, duas vezes, eu vivi o inferno lá dentro e se eu não tivesse grávida eu teria morrido, nem que eu mesma tivesse que acabar com a minha vida. Eu resisti até completar os nove meses, entrei em trabalho de parto dentro da cadeia, no meio do pátio.

— Isso é muito horrível, como conseguiu passar por tudo isso sozinha?

— Eu não estava só, Charlie me ajudava, apesar de tudo, ele foi minha base naquele pior ano, ele era melhor amigo de Kakashi. Voltando a história, eu tive a minha filha dentro da enfermaria daquele inferno, eu não tinha dilatação para ter normal, fiquei sofrendo por quinze horas seguidas, até decidirem fazer uma cesárea, com todos aqueles materiais podres e mal esterilizados, até hoje tenho a marca da cesárea, mesmo fazendo vários tratamentos ela não some, mas eu consegui, eles a tiraram com vida de dentro de mim e até hoje eu não senti uma felicidade maior do que olhar para o seu rostinho e vê-la bem depois de tudo o que passamos. No outro dia eu recebi a visita de Charlie, eu não sei como não desconfiei que ele era meu pai naquele dia, porque estava clara a devoção no olhar dele quando viu a minha filha, ele estava encantado. E Nessie, ela era a criança mais linda que eu já tinha visto.

— Ela ainda é — Nessie a abraçou de lado encostando sua cabeça no braço da irmã.

— Eu sabia que se ela ficasse ali eu estaria mais vulnerável, as pessoas que queriam me matar iam machuca-la, então pedi até pelo amor de Deus que o Charlie me ajudasse mais uma vez. Pedi a ele que mandasse minha filha para um orfanato, me lembro de termos discutido naquele dia, ele dizia que eu não poderia abandona-la, mas a minha intenção era ir pega-la assim que saísse de lá, eu sumiria com ela e deixaria toda aquele merda para trás, até mesmo a fortuna do Kakashi, eu só queria paz com a filha. Pedi que ele fizesse o que eu estava pedindo, e foi o que ele fez. A colocou no melhor orfanato do país, foi mais um mês naquele lugar infernal, um mês que parecia um ano, a saudade da minha bebê me matava mais do que tudo, até Charlie chegar lá um dia com o advogado e dizer que conseguiu provar a minha inocência e eu estava livre. A primeira coisa que fiz no dia seguinte à ficar livre foi ir até o orfanato, para minha infelicidade ele estava destruído, tinha ocorrido um incêndio uma semana antes e todas as crianças tinham sido espalhadas.

— Porque você não procurou o Charlie? Ele deveria saber onde ela estava.

— Eu nunca poderia imaginar que ele saberia, por Deus, eu era só a mulher do melhor amigo morto dele, nós nem éramos próximos, eu pensava que ele estava me ajudando em consideração ao Kakashi, ele até mesmo sabia que a minha filha não era do Kakashi, e sim do Edward.

— E o Edward? Ele não sabia nada disso?

— Não, eu pretendia contar a ele só quando eu estivesse livre, quando minha filha estivesse comigo e nós estivéssemos em paz, mas isso nunca aconteceu. Eu procurei durante mais um ano o lugar onde poderiam ter transferido a minha bebê, e encontrei, mas lá me informaram que ela havia morrido por insuficiência respiratória, Charlie hoje me disse que tinha uma criança nascida no mesmo dia dela com problemas de saúde, eles as confundiram, eu cai de joelho no passeio do orfanato e chorei até o gerente me expulsar dizendo que eu estava assustando as crianças. Depois eu decidi que queria tudo o que era meu, tudo o que era do Kakashi, aquilo tinha sido culpa dos irmãos dele e eu não iria deixá-los com um tostão mais, eu queria vingança e consegui, entrei novamente na justiça e peguei tudo, a empresa, o dinheiro e os imóveis. Herdei tudo.

— E como você e o Edward se reencontraram?

— Ele continuou no meu pé — Renesme riu ao ver a irmã revirar os olhos — Até descobrir meu passado e me ameaçar, nos casamos sob ameaça e estamos aí até hoje.

— Que história! Mas como você adotou a Emile? É muita coincidência.

— O Edward quem escolheu o orfanato, nós fomos na intenção de adotar um menino, um bebê, mas eu a vi — Bella riu fraco limpando as lágrimas — Ela estava entre várias meninas correndo, mas é como se eu só visse ela, agora eu entendo que era o meu coração me dizendo que ela era a minha filha, eu fiquei encantada e disse que só sairia dali com uma menina também, o Edward me chamou de louca e nós acabamos discutindo na frente da diretora — Renesme gargalhou levando a sua irmã junto — Eu tenho certeza que se o Edward não fosse o primeiro ministro nós não teríamos levado nem um, imagine dois. Enfim ele me mandou “escolher” uma menina e foi o que eu fiz, fui até ela e a chamei, quando entrei eu vi ele sorrir aprovando minha escolha.

— Você nunca desconfiou? Que ela poderia ser a sua filha?

— Não, era impossível, a minha filha estava morta, não tinha condições, e o nome que eu escolhi não foi Emile, era Júlia, mas ao que parece ela tinha sido adotada e tinham mudado o nome.

— E pode? Mudar o nome assim?

— Sei lá, mas o nome é o mínimo agora.

— Você vai falar ao Edward?

— Eu tenho que falar, mas estou com medo da reação dele.

...   

           Bella já começava a ficar preocupada com a demora do marido e do filho, já estava tarde e nada dos dois. Pulou da cama assim que escutou a porta principal ser aberta, viu seu reflexo através do vidro que separava dois cômodos e percebeu que tinha melhorado, não estava mais com cara de choro.

          Desceu as escadas e avistou o marido entrar com o filho no colo que aparentava está dormindo, mas seus olhos correram diretamente para a faixa e seus passos se apressaram tirando o pequeno dos braços do marido.

— O que foi isso?

— Mamãe.

— Ele caiu de uma árvore.

— Olha mamãe.

           Bella tirou os olhos do filho e olhou para os braços do motorista que entrava com a bola de pelo.

— Um gato? — Bella questionou olhando para o marido.

— É uma longa história — Edward disse cansado.

— Estou pronta para ouvir, vocês saem para um dia de diversão da escolinha, me voltam uma hora dessa, com um pulso quebrado e um gato de rua.

— Ele não é de rua, é nosso agora! — Yudi ralhou.

— Aí meu Deus Edward, o que você fez? — Edward suspirou passando as mãos do rosto cansado.

— Ele subiu em uma árvore para pegar essa bola de pelo fedida...

— Ele não é fedido! — Yudi interrompeu bravo.

— Yudi seu pai está falando, não o interrompa — Bella repreendeu e o menino fez bico enterrando o rosto em seu pescoço.

— Eu me assustei gritei para que ele descesse, ele se assustou e acabou caindo e torcendo o pulso, que foi enfaixado lá na enfermaria, e nós demoramos porque alguns pais decidiram parar em uma pizzaria para comermos.

— Você poderia ter avisado, eu estava preocupada.

— Meu celular descarregou.

— Tudo bem, vou dar um banho nesse porquinho.

— E o bob mamãe?

— Bob? — Bella questionou.

— O gato — Edward gritou do topo da escada.

— Ah, o gato — Bella repetiu sem saber o que fazer com aquele animal não braços do motorista. Por Deus nunca tinha tido um animal na vida. — Aí meu Deus. Que tal a gente botar o bob no quarto de brinquedo?

— Não, mamãe, ele tem que ficar com a gente, se não ele vai ficar com medo e chorar.

— Aí Cristo — Bella disse a si mesma — Tudo bem, vamos levar o bob para o quarto — Ela se aproximou do motorista e pegou o bicho, o analisou e chegou à conclusão que ele até que não era feio, tinha uma pelagem meio cinza e os olhos de um azul céu, nem queria imaginar quando Emile colocasse os olhos naquele pequeno inocente.


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