Logo um Edward esguio e sorridente desceu do carro, seguido pelo filho que parecia ansioso, ali se encontravam vários pais à espera do horário de saída do ônibus, não demorou para avistar Jasper que acenou pra ele.

          Segurou na mão de Yudi e saiu cumprimentando cada pessoa ali, distribuindo simpatia, afinal era um político conhecido, tinha que aparentar humildade e simpatia para conseguir se reeleger e não virar motivo de fofoca.

— Achei que não viesse - Jasper falou ao ver o amigo parar ao seu lado.

— Era capaz do meu casamento acabar se eu não o fizesse - Edward resmungou, vendo Yudi caminhar timidamente até uma turma de garoto que tinham o chamado, ainda conseguiu escutar um deles falando: “Eu vi seu pai na televisão, isso é muito maneiro”.

— Vai ser legal cara, relaxa! — O loiro encorajou.

— Eu espero!

— Já estão chamando para o ônibus, vamos?

— Não vou no ônibus, vou no meu carro!

— Tá brincando né?

— Claro que não!

— Você tá louco? O que todo mundo vai pensar se você não ir no meio deles? Cadê a humildade? Sem contar que o ônibus é uma parte da diversão para as crianças.

   Edward ponderou as palavras do amigo e acabou cedendo, percebendo que ele tinha razão. No minuto seguinte um Yudi ofegante estava ao seu lado.

— Vamos? Já estão chamando, temos que entrar no ônibus! - Ele falou com aquele olhar em expectativa, e se Edward ainda tinha dúvida sobre ir no ônibus, ele acabou de ter sua decisão.

— Vamos garoto! - Chamou incentivando o filho a ir em sua frente.

   O caminho até o acampamento foi mais divertido do que Edward imaginou, os pais pareciam querer incluí-lo nas conversas sempre e em momento algum ele se sentiu deslocado, assim como Yudi que também era incluso nas conversas tanto infantis quanto às adultas, alguns pais eram muito divertidos e a viagem passou rápido e em meio a gargalhadas.

           Assim que chegaram Edward observou seus seguranças estacionarem mais afastados e saírem se posicionando estrategicamente, longe, mas perto suficiente para observarem tudo.

  O lugar era uma espécie de acampamento de verão, com um enorme espaço aberto e rodeado por árvores, podia se ver uma fogueira mais ao longe, algumas barracas e balanços em formatos de pneus.

          Logo um espécie de guia se aproximou deles e cumprimentaram os pais, começando logo a explicar as regras do lugar e as atividades que seriam feitas.

           Minutos depois eles foram levados a uma mesa enorme com uma espécie de café da manhã, onde pães e várias frutas tinham sido distribuídas.

   O café girou em torno de conversas animadas e muitas brincadeiras, Edward admitia que estava gostando do passeio, era algo novo para ele e se lembrou de todas as vezes que desejou ter o mesmo com o seu pai e não podia, quantos passeios suas escolas já fizeram e ele jamais foi para algum, automaticamente olhou para Yudi, o menino parecia radiante enquanto comia um pedaço de pão e escutava algo do colega ao lado.

    Olhou ao redor vendo os homens ali com seu filhos, a forma como eles agiam e falavam, uma intimidade que ele sabia estar longe de ter com o seu, e isso o chateou, talvez Bella tivesse razão quando falasse que ele era igual o Carlisle, mas não era algo que ele controlava, a fase de negação já tinha passado a tempos em relação ao pequeno, era mais uma forma de não saber agir com ele, de não conhecer os gostos, mas tinha que mudar aquilo, precisava mudar.

— Pais e crianças, nosso desjejum acabou, agora iniciaremos nossas atividades, por favor nos acompanhem - A fala da professora tirou Edward de seus pensamentos.

   Foram levados ao início da floresta e lá foram divididos em dois grupos, para o alívio de Edward, Jasper e Miguel ficaram com eles. Ele tinha medo de estragar tudo e sabia que com o amigo perto isso não aconteceria.

          A primeira atividade era uma espécie de caça ao tesouro, havia em algum lugar daquela floresta um baú com um prêmio secreto e com a ajuda de um mapa o grupo teria que encontrá-lo, o primeiro que conseguisse ganharia.

  Após vários minutos e uma longa caminhada eles encontraram o tal baú, tendo que voltar para a sede e entrega-lo à professora. Logo o outro foi avisado que já havia sido encontrado o prêmio e voltaram.

   Yudi pulava de alegria por seu grupo ter achado o prêmio, assim como as outras crianças, Edward ria de seu entusiasmo. No fim o prêmio foi uma ida à sorveteria com todos os pais e filhos do grupo.

   A segunda atividade foi um jogo de futebol entre os pequenos, essa foi a parte em que o Edward mais deu risada, era muito engraçado ver aqueles pequenos de cinco anos jogando futebol, quando na verdade mal conseguiam chutar a bola.

   O jogo durou menos que o tempo tradicional e dessa vez o time do Yudi perdeu, o menino não parecia satisfeito com isso e foi emburrado se sentar ao lado do pai, que estava na mesa com os outros assistindo, Edward sentiu vontade de ri com a cara emburrada da criança, mas ao vê-lo começar a chorar a diversão se transformou em angústia.

— Ei — Edward chamou o pegando no colo, o garotinho encostou o rosto no ombro do pai e o choro piorou — Yudi — Chamou.

— Eu queria ter ganhado. Eu sou um perdedor agora! — Ele disse.

— Perder é normal garoto, todo mundo perde, ninguém pode ganhar sempre, você não pode ficar assim todas as vezes que perder algo — Edward tentou ser o mais claro possível.

— Você nunca perde! — O menino ralhou — Você ficou com raiva porque eu perdi? — Edward prendeu a respiração ao escutar aquela pergunta, o gosto amargo de suas lembranças da infância desceram como ferro junto a saliva, se lembrou de todas as vezes que se sentia em pedaços por agradar Carlisle e como ele nunca estava satisfeito com nada, causando um enorme buraco dentro do filho e a última coisa que ele queria era Yudi se sentindo assim também.

— Olha pra mim! — Yudi o encarou com os olhos arregalados — Eu jamais ficaria com raiva porque você perdeu, eu só quero que seja bom para você, se for bom para você, vai ser pra mim também, tira isso da sua cabecinha, tudo bem? — Edward não podia estar mais convicto de suas palavras.

— Tá bom! — Yudi assentiu e Edward limpou as lágrimas do rosto dele.

— Vamos lanchar — Mandou o colocando sentado ao seu lado e pegando um pedaço de laranja o entregando.

    Houve uma hora livre para os pais e as crianças fazerem o que quiserem, Edward estava à beira de um lago conversando com Jasper enquanto os pequenos brincavam ao redor da árvore, ele podia escutar as gargalhadas dos garotos, assim como escutou um grito “Vai Yudi, você consegue pegar” era a voz de Miguel e instintivamente Edward se virou, seu coração perdeu uma batida quando avistou o filho encima de uma árvore tentando pegar um filhote de gato que parecia assustado.

— Yudi! — Ele chamou alto e grosso o suficiente para o garoto se assustar, desequilibrar e cair. Se Edward já estava nervoso, naquele momento ele achou que seu coração ia parar, parecia que a queda do pequeno tinha sido em câmera lenta, mas ao mesmo tempo tão rápido que ele não conseguiu impedir.

           Ele correu até o filho que estava no chão gritando, com certeza sentindo dor, em sua mente só conseguia imaginar que ele tinha quebrado algo e a culpa era sua. Mas para seu alívio ele estava inteiro, mas chorava muito e segurava o pulso.

— Meu braço tá doendo — Yudi gritou, Edward se abaixou fazendo menção de pegar o garoto.

— É melhor não mexer nele, tem uma enfermaria aqui, alguém vai vim pega-lo — deram palpite.

— Uma ova que o meu filho vai ficar estendido nesse chão sentindo dor, esperando esses enfermeiros chegarem - Ele rosnou irritado e pegou o garoto no colo — Ei garoto, me desculpe - Foi a única frase que o mais velho conseguiu soltar, se sentiu um merda naquele momento, por ter causado tanto sofrimento desnecessário a criança.

— Vamos leva-lo a enfermaria Edward — Jasper chamou se adiantando e o amigo o seguiu.

— Ta doendo muito! Oh meu Deus! — Yudi segurava o pulso esquerdo e Edward sentiu vontade de chorar com o sofrimento do menino, mas ele não podia fazer isso ali, na frente de tantas pessoas e até do próprio filho.

   Ao chegarem a enfermaria descobriram que o pequeno havia deslocado o pulso e concertar aquilo foi a pior parte do processo para os dois, Edward teve que segurar o pequeno para o médico colocar o pulso dele no lugar, e a cada grito do menino era uma tortura para o homem, assim que posto no lugar a mão foi enfaixada e o menino medicado, o choro diminuiu, mas os soluços ainda estavam presentes.

   Suspirou mais aliviado quando saiu da enfermaria com o filho em seu colo, encontrou uns dez pares de olhos preocupados e curiosos o encarando.

— Ele está bem, foi um deslocamento, mas já foi enfaixado e medicado — Explicou causando alívio nos presentes que logo começaram a se espalhar, ficando apenas Jasper.

— Ei cara, como você está?

— Péssimo, vou voltar para casa, isso já deu o que tinha que dar.

— Eu não quero ir embora! Não terminou! - Yudi disse voltando a chorar e fazendo Edward suspirar.

— Relaxa Edward, isso é só mais uma das tarefas de ser pai, essas coisas vão acontecer muitas vezes, não fique se culpando - Jasper aconselhou — Se serve de consolo eu deixei o Miguel cair do berço aos oito meses e por Deus eu nunca fiquei tão louco em minha vida - Edward teve que rir da situação do amigo.

— Meu Deus Jasper!

— É verdade!

— Olha Yudi! - Falando em Miguel o garoto vinha correndo até eles — O meu pai pegou ele - Edward gemeu frustrado quando percebeu que era o tal filhote de gato que o filho tentava pegar na árvore.

— Eu quero segurar — Yudi pediu e Edward o botou no chão, vendo o menino segurar o animal com o outro braço.

— Meu pai disse que eu posso ficar com ele — Miguel falou.

— Não! Eu vou ficar com ele! — Edward arregalou os olhos quando Yudi soltou essa frase.

— Não Yudi! — Miguel retrucou.

— Miguel, deixe Yudi ficar com o gato, ele merece depois de subir na árvore para pega-lo. — Jasper falou ao filho, mas olhando para Edward o provocando.

Merda! A Bella ia matar ele se chegasse com aquele gato! Mas não podia negar isso ao filho, não depois de ter provocado sua queda.

— Nós podemos ficar com ele Edward? — Yudi perguntou e o pai suspirou assentindo, fazendo o garoto sorrir — A Emille vai amar ele - E como vai! Edward pensou.

— Boa sorte cara — Jasper deu dois tapinhas nas costas do amigo que o encarou com os olhos semi cerrados.

— Se a minha mulher me botar pra fora eu vou bater na sua porta!

— Sai fora!

           Para o alívio de Edward, Yudi voltou a brincar com os amiguinhos, no chão dessa vez, e pareceu esquecer a dor no pulso, já que pulava de um lado a outro, ele pensou em Bella e no quanto decepcionada ela ficaria com ele, ela tinha pedido tanto para que ele não estragasse esse dia e ele acabou estragando, praguejou baixinho e apertou o copo.

— Esqueça isso Edward, são coisas que acontecem já disse - Tirou seus olhos do filho e encarou o amigo.

— A Bella vai querer me matar — Ele explicou e Jasper gargalhou.

— Ela não vai não, você tá se saindo bem.

— Bem? Imagine se eu me saísse mal.

Jasper riu balançando a cabeça, desistindo de aconselhar o amigo teimoso.

(...)

           Na casa dos Cullens uma Bella exausta estava jogada no sofá com Kody nos braços e uma Emille de biquíni dançando a sua frente. Renesmee tinha saído com o médico e ela ficou cuidando desses pequenos furacões, passou parte da manhã na piscina vendo uma Emille eufórica pular de um lado a outro, enquanto ela tinha que intercalar a atenção entre a garota na piscina e um Kody andando pra lá e pra cá no jardim.

  Tinha dado o almoço a eles com a ajuda de Sue e agora estava descansando, já que por sorte Kody tinha cochilado.

— Mamãe eu to com saudade do Yudi e do meu papaizinho! - Uma Emille manhosa subiu no sofá a abraçando de lado.

— Meu amor, eles vão chegar logo - A menina vinha repetindo isso o dia inteiro desde que acordou e percebeu que nem o pai e nem o irmão estavam em casa.

— Eles tinham que ter me levado! - Disse emburrada fazendo um bico fofo que Bella teve vontade de morder. Ela botou Kody na cadeirinha de balanço e se ajeitou no sofá puxando a filha para os seus braços.

— Eles não podiam levar você Maria Pirraça - ela riu do apelido que tinha dado a filha, estava andando demais com a irmã — Foi um dia de meninos, a mamãe vai te levar no shopping mais tarde pra gente fazer compras, tudo bem?

— Eu vou poder comprar um batom e um vestido? - A garotinha estava na fase da paixão por batons e Bella estava ficando louca com isso, já que uns três batons cover girl já tinham sido estragados pelas pequenas mãos.

— Vai sim - Afirmou beijando a bochecha gorducha da filha e fazendo cócegas, Emille gargalhou alto e Bella parou antes que Kody acordasse.

— Mamãe, brinca de boneca comigo? - Emille pediu, Bella assentiu a colocando no chão — Eba! eu vou buscar! - A menina correu escada a cima.

            O celular de Bella tocou e enquanto ela observava a filha sumir de suas vistas, ela o pegou, respirou fundo quando viu o nome de Charlie piscar na tela do aparelho e decidiu não atender, não estava afim de aturar mais uma discussão com o homem.

           Logo Emille voltou com os braços cheios de bonecas e as jogou no tapete no chão, Bella suspirou e se sentou no sofá, não podia fugir de suas obrigações como mãe.

            À tarde chegou rápida e como prometido Bella tinha levado Emille e Kody ao shopping, junto à ela estavam Rosalie e Renesmee.

— Mamãe, olha vamos enta aqui — Emille pediu apontando para uma loja infantil que vendia fantasias.

— Vamos — Bella afirmou.

     Depois de provar metade das fantasias infantis Emille escolheu três, exigindo ficar vestida com uma da “Bella” do filme a Bela e a Fera.

— Olha mamãe, to igual você agola — Ela disse rodopiando, associando o nome da mãe ao do personagem.

— Sério que você vai deixar ela sair na rua assim? — Renesmee perguntou.

— Isso não vai dá certo! — Rosalie reforçou.

— Fiquem quietas, deixem minha filha ser criança. — Bella retrucou.

   Emille acabou se tornando a atração do shopping com a fantasia e a simpatia natural da menina. Logo o fim da tarde chegou e elas decidiram retornar, as duas crianças pareciam imensamente cansadas, Kody já dormia e Emille lutava contra o sono.

  Bella olhou seu relógio de pulso e se perguntou quando Edward e Yudi retornariam, mas sabia que seria a noite.

   Renesmee ajudou a irmã a dar banho e botar os pequenos na cama, depois as duas se jogaram no sofá e suspiraram cansadas.

— Que dia! - Renesmee suspirou.

— Nem fale, Emille se superou hoje - Bella afirmou.

— Claro, você estava fazendo tudo o que ela queria.

— Eu posso mimar a minha filha?

— Não! Depois quem vai aturar as consequências sou eu.

— Cala a boca!

             As duas riram, mas logo pararam quando o som da campainha soou no ambiente, fazendo as duas se olharem.

— Você tá esperando alguém? - Bella questionou.

— Eu não!

— Eu atendo Alyssa - A governanta assentiu ao escutar o comando da patroa.

           Bella se levantou e a passos rápidos chegou até a porta, para sua surpresa, ou não, Charlie rompeu sua casa parando no meio da sua sala.

— Ah não! - Ela rosnou irritada.