Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
O Embarque




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Frisk respirou fundo, virando-se para trás.

Deparou-se com um pequeno monstro, com a fisionomia de um esqueleto, cujas mãos encontravam-se enfiadas nos bolsos de sua jaqueta azul. Embora parecesse sorrir, Frisk havia estudado o suficiente sobre anatomia para saber que, feliz ou não, qualquer ser vivo que possuísse um crânio conseguiria fazer isso.

— Hogwarts também, certo? Meu nome é Sans – o pequeno esqueleto encarou Frisk com suas pequenas pupilas brilhantes – você é uma humana, não é?

— Sou – a menina ergueu uma sobrancelha. Por alguma razão, ao contrário do que acontecera com sua interação com outros monstros, a criança não se sentia á vontade com aquele garoto.

— Hum... – ele sacudiu a cabeça, gracejando de um modo ligeiramente desagradável – qual o seu nome?

— Frisk – murmurou a garota, cruzando os braços.

Pela primeira vez desde sua aparição, Sans pareceu genuinamente surpreso.

— Frisk? Você é a Frisk? Aquela humana que todos ouviram falar? – Sans riu – quem diria...

Neste momento, Asriel voltou á entrada da loja.

— Já a avisei que viemos comprar os uniformes... – o garoto focou os olhos em Sans, analisando a pesada jaqueta que o esqueleto vestia. Uma risada, em forma de fungada, escapou de seu focinho contraído.

Frisk percebeu as pupilas de Sans se estreitarem de modo hostil.

— Acha graça, não é? – rosnou – nem preciso perguntar seu nome. Orelhas grandes, corpo peludo... suéter surrado. Você só pode ser do clã dos Dreemurr – Sans desdenhou, voltando-se para Frisk – você vai descobrir que alguns monstros são bem melhores do que outros, Frisk. Não vai querer fazer amizade com os monstros errados – lançou á Asriel um olhar de puro desprezo, erguendo a mão esquelética para a garota – eu posso te ajudar nisso.

A menina ergueu a cabeça, retraindo a própria mão contra o corpo.

— Não se preocupe – falou em tom irritado – posso ver isso por mim mesma.

Sans inclinou o crânio. Embora ainda sorrisse, suas pupilas haviam desaparecido completamente.

— Cuidado, humana – disse, em tom de séria ameaça – ou você pode acabar passando... por uns maus tempos.

Asriel grunhiu, segurando a mão de Frisk, e puxando-a para o fundo da loja.

— Vamos, Frisk.

Sem olhar outra vez para trás, a menina obedeceu, embora ainda sentisse as órbitas vazias e sombrias de Sans em suas costas.

— Quem era aquele garoto? – exclamou em dado momento, logo depois de saírem da loja, com suas vestes escolares compradas. Já não havia nem sinal do jovem e desagradável monstrinho que os importunara.

— Sans – resmungou o cabrito, zangado – ele vem de um clã que sempre concordou com a ideia idiota de que humanos não merecem ser portadores da magia montra. Extremamente ricos... e preconceituosos – suspirou – já deve adivinhar o que ele acha de monstros como os da minha família.

— Não gostei dele – Frisk afirmou, convicta – vocês são muito legais.

Asriel pareceu comovido e agradecido, apertando gentilmente a mão da garota.

— Tudo pronto? – Toriel apareceu adiante, segurando a gaiola com as corujas dos garotos – acho que está na hora de escolher as varinhas de vocês...

A cabra os guiou adiante, até entrarem em uma nova loja. Frisk admirou o local, onde dezenas de caixas compridas se empilhavam em vários corredores de estantes. Atrás do balcão, sorrindo afavelmente, um velho lagarto as recebeu.

— Toriel – ele cumprimentou-a.

— Bom dia, Hank.

— Primeiro as damas – Asriel brincou, deixando que Frisk escolhesse sua varinha primeiro.

A menina se aproximou, pondo-se diante do vendedor. Toriel esboçou um sorriso, abraçando os ombros do filho.

— Muito bem – Hank apanhou cinco caixas diferentes, abrindo-as diante de Frisk – vamos lá, querida. Teste cada uma delas!

Frisk apanhou a varinha mais próxima, hesitante. Sacudiu-a de modo descoordenado, sem saber exatamente o que esperar.

— Não – o monstro idoso retirou-lhe a varinha da mão, substituindo por outra – tente essa.

Mais uma vez, Frisk tentou sacudi-la em sua mão. Mas Hank a arrancou quase no mesmo instante, colocando outra varinha em seus dedos. Repetiu isso mais duas vezes, deixando a criança cada vez mais desesperada, enquanto Asriel sufocava o riso, quase levando uma bronca da mãe.

Por fim, Hank apanhou a última varinha, franzindo o cenho.

— Quem sabe... – sussurrou, inclinando lentamente a varinha para Frisk.

A menina segurou-a tremulamente.

Para sua surpresa, sentiu uma quentura anormal recobrir cada centímetro de seus dedos. As velas da loja oscilaram, embora não houvesse vento algum. Frisk sentiu um latejar engraçado surgir no ombro, ao redor de sua cicatriz.

Hank guinchou, parecendo tão espantado quanto a criança.

— Interessante... um material bem raro, admito. Isso é muito curioso.

Asriel se aproximou.

— O que é curioso, moço?

O monstro encarou Frisk.

— Eu lembro de todas as varinhas que vendi, meus jovens... e acontece que esta varinha é feita de um material único. Osso de crânio de Blaster. O engraçado é que o material dela é feito do mesmo tipo de osso de Blaster... cuja varinha lhe causou essa cicatriz.

O lagarto pousou o dedo áspero no ombro da menina.

Frisk sentiu um soco na boca do estômago.

Toriel pareceu perceber a tensão que havia surgido, pois se aproximou das crianças, empurrando Asriel para perto do balcão.

— Melhor escolher sua varinha agora, querido.

Hank não discutiu. Notando a evasiva da monstra, voltou sua atenção para Asriel, deixando Frisk com sua varinha nova - e imersa em um mar de dúvidas.

Menos de duas horas depois, com todos os materiais devidamente comprados, as crianças reuniram-se em uma plataforma de gelo ao norte, onde havia, ancorado perto do porto, uma imensa canoa, dividida em vários segmentos, como a versão naval de um gigantesco trem.

— È o Barco de Hogwarts – Asriel sorriu, apontando para a enorme embarcação – vai nos levar direto para o castelo.

O jovem cabrito ajudou Frisk a subir suas bagagens, juntamente de suas corujas. Toriel, assim como os demais pais presentes na plataforma gélida, acenavam para seus filhos, fazendo as últimas despedidas antes da partida.

— Cuidem-se, crianças! – a cabra lhes acenou, sorrindo – se comportem!

— Pode deixar, mamãe!

Frisk acenou uma última vez para a bondosa senhora, acompanhando Asriel para dentro do barco.

Admirou-se ao ver cada compartimento, talhado elegantemente em cada viga de madeira. Asriel a guiou para dentro de um deles, onde haviam dois bancos, grandes o bastante para acomodar três alunos cada.

Da janela, a menina viu o barco começar a se distanciar do porto, fazendo a multidão de monstros começarem a se afastar de sua visão.

Ainda conseguiu ver uma mão peluda lhe acenar, antes de adentrarem por um túnel, fazendo Snowdin desaparecer de vista.

— È isso aí – Asriel arfou, animado – Hogwarts, aí vamos nós!

Frisk sorriu, tão animada quanto seu novo amigo.

Após algum tempo de viagem, ouviram alguém bater na porta deslizante de seu compartimento. Asriel ergueu as orelhas felpudas, aparentando choque.

— Quem será?

Viram uma sombra aparecer do outro lado da janela, distorcida pela vidraça opaca.

— Posso me sentar aí? – uma voz aguda e tensa ecoou do outro lado - o resto do barco está cheio.

Ambos se entreolharam. Frisk deu de ombros.

— Hum... tem sim – o garoto respondeu – pode entrar!

A porta se abriu, dando passagem para uma aluna, que entrou animadamente dentro do compartimento dos meninos.

O queixo de Frisk caiu.

Uma jovem menina - indiscutivelmente humana – fechou a porta atrás de si, balançando os cabelos curtos e castanhos no ar. Tinha uma postura impetuosa, e parecida decididamente satisfeita ao pousar os olhos, vermelhos como rubis, sobre os dois garotos.

— Prazer em conhecê-lo – disse, abrindo um sorriso quase assustador – meu nome é Chara.

 

 


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