Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 36
O Poder da Alma




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Dor.

Por um longo tempo, tudo se resumiu em uma dor latente e angustiante. Um estado de inexistência. Frisk era uma presenta inerte em meio à escuridão.

Tudo parecia ter sido arrancado dela. Nunca havia sentido nada igual. A sensação de ter se partido em milhares de pedaços, embora seu corpo ainda estivesse virtualmente intacto.

Frisk? O que está fazendo, meu amor?

Reconhecia aquela voz doce e melodiosa, embora só a tivesse ouvido em suas lembranças mais profundas.

Você tem que voltar.

Agora, o tom era mais impetuoso e revigorante. Igualmente familiar.

Flutuando, em meio ao imenso vazio, Frisk tentou reagir.

Papai...? Mamãe…?

Queria voltar, mas não sabia como. Ela uma consciência sem corpo, ainda insistindo em existir em meio às trevas da própria mente.

Frisk… acorde. Você é a esperança de todos os monstros e humanos. Precisa voltar. A guerra acabou, criança… mas a batalha ainda é longa.

Ela precisava saber se seus amigos estavam a salvo.

Não… não… eu não posso simplesmente morrer. Eu não posso desistir… tenho que permanecer… determinada.

O caos lutava para convencer sua alma a sucumbir.

Morra de uma vez por todas. Entregue sua alma… e toda esta dor, todo este sofrimento… finalmente findarão. Não é o que você quer?

Sim. Era o que sua alma queria.

Mas ela se recusou.





Acordou sobressaltada, cegada pelo ambiente claro da enfermaria.

Guinchou alto, apalpando o próprio corpo, certificando-se de que estava viva e ilesa. Sacudiu a cabeça, confusa e assustada, olhando ao redor.

Deparou-se, novamente, com a expressão amável e cheia de rugas de Gerson.

— Professor Gerson! - ofegou, exaltada.

Antes que pudesse saltar para fora da cama, agitada, a bengala nodosa do diretor pousou sobre seu ombro, imobilizando-a no mesmo lugar.

— Por favor, minha menina. Se acalme – ele sorriu – está segura agora.

— Mas minha alma… Gaster… - balbuciou.

— Por favor, querida. Está tudo bem – insistiu o monstro, afagando-lhe as costas – vocês realmente foram muito corajosos tentando proteger o dispositivo, mesmo sem saber o que poderiam enfrentar... ou o que encontrariam.

— Chara! Asriel! - desesperou-se, erguendo o corpo, deixando os cobertores se resvalarem ao seu redor – eles estão bem?

— Sim, estão – tranquilizou-a, enrugando os olhos idosos – e loucos para te ver, diga-se de passagem. Mas pedi para termos um momento a sós para conversar, antes que finalmente pudessem se reencontrar de fato.

Ela ainda estava incrédula.

Jurava que sua morte havia sido certa. E agora, do nada, se via sã e salva, de volta ao castelo, como se nada tivesse acontecido.

— O que… aconteceu?

Gerson suspirou. Parecia pensar no que deveria ou não contar à garota.

— Chegamos a tempo de evitar o pior, graças a uma engenhosa mensagem da jovem Chara. Quando Gaster atingiu seu corpo com o Blaster da Morte… - sussurrou – sua vida… não se rompeu. Assim como no passado, ela… manteve-se intacta – vincou a testa – eu, Asgore e Undyne tentamos estudar este efeito por anos à fio, tentando entender o que realmente ocorreu. Mas agora… - a tartaruga sacudiu a cabeça – vendo o que voltou a acontecer… acho que finalmente temos a resposta.

A menina arquejou.

— O que…? Sabem… por que não… morri?

— Em parte, sim. Apenas uma teoria, para ser exato – declarou Gerson – entenda, Frisk… Gaster… foi novamente repelido, novamente ricocheteado pela magia do próprio Blaster. Ele é um monstro com uma alma tão negra, tão cheia de ódio… não me admira que não tenha sido párea contra o traço da sua. Determinação… o poder imensurável da persistência, seja humana ou monstra, recoberta pelo sacrifício de seus pais, pelo amor de sua família e amigos, e por sua própria força de vontade… - o velho monstro riu-se – que poder, seja sobre a terra ou abaixo dela, poderia contra uma alma tão extraordinária?

— Mas eu não fiz nada – lamuriou-se Frisk – ele poderia muito bem ter coletado minha alma… e a usado para destruir nosso mundo… e a culpa teria sido toda minha!

— Não, não seria – insistiu o diretor – você, mais do que qualquer monstro, impediu uma enorme tragédia de acontecer. Conseguiu manter, mais uma vez, o único dispositivo que pode alterar este mundo a salvo das mãos erradas. E isto, mais do que qualquer outra coisa – tocou gentilmente o queixo da criança – é o que representa quem você é de verdade, jovem Frisk, Você nos surpreendeu… e sei que continuará a fazer o mesmo por um longo tempo.

A menina ainda tinha várias perguntas em mente. Várias delas sobre as dúvidas que ainda restavam sobre seu passado, e sobre o próprio Wing Ding Gaster.

Mas estava tão aliviada e exausta, que preferiu não discutir aquelas questões agora.

Havia conseguido impedir a destruição daquele universo, e aquilo não podia ser estragado por suas aflitas inseguranças em relação a eventos passados.

— Obrigada… professor.

— Muito bem… - ele se ergueu, dando as costas para ela – agora deixarei seus amigos te visitarem. Acho que já os privamos de sua presença por um bom tempo.

Assim que Gerson saiu, Chara e Asriel dispararam enfermaria adentro, jogando-se sobre a amiga convalescente.

— FRISK!

— Ei! - riu-se, retribuindo o abraço dos dois amigos – vocês estão bem!

— E você também… - Chara parecia à beira das lágrimas – ah, Frisk… achei que você tinha… e eu nem…

— Ei… se acalme, Chara – falou Asriel, afagando as costas dela – não foi culpa sua.

— Não foi mesmo – Frisk fechou a cara – você chamou reforços – brincou - praticamente é a heroína da história toda.

— AH, VAI SE FERRAR, FRISK! - praguejou Chara, voltando a chorar.

Asriel e Frisk riram em conjunto. Contagiada pelos amigos, Chara desmanchou o choramingo desolado, revirando o olhar e sorrindo também.

Ainda haviam coisas que Frisk queria esclarecer sobre o que realmente tinha se desenrolado no subterrâneo do castelo.

Mas naquele momento, sabendo que seus dois mundos estavam finalmente seguros, ao lado de seus dois melhores amigos, a garota decidiu apenas aproveitar o momento, agora sentindo-se bem mais confiante em relação ao futuro.

Ela só precisava se manter determinada.

















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