Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 34
O Quarto Teste




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Frisk leu e releu o pergaminho que Chara havia lhe inclinado, sem compreender nada.

 

 

“Para passar pelas chamas, ingira o quitute correto

Dois destes ajudarão no que procura,

Um destes sete lhe abrirá o caminho,

A outra fará com que possa retornar

Dois lanches terão Resíduos Caninos

Três deles, envenenados, irão te exterminar

Faça a escolha certa, ou nunca mais daqui sairá

E quatro dicas irão te ajudar:

Primeira, por pior que o quitute envenenado pareça

Haverá sempre um esquerdeando o recheado de Resíduos

Segunda, os quitutes das pontas não são semelhantes

E se quiser prosseguir, a este propósito não servirão

Terceira, percebe que há tamanhos divergentes

Nem o maior nem o menor destruirão sua alma

Quarta, o segundo consecutivo de cada lado

Tem o mesmo sabor, embora não o mesmo formato”

 

— Espera aí… Frisk sacudiu a cabeça… é uma… charada?

Chara estava pensativa, observando os biscoitos recheados.

— É bem a cara da professora Muffet… dramático. Criativo, sim. Mas desnecessariamente dramático – Chara se aproximou da mesa, pensativa – me dê um minuto.

Frisk franziu o cenho.

— Eu não… entendi. Quer dizer que um deles deixará que passemos pelas chamas?

— Dois – corrigiu Chara – um para ir – acrescentou, tensa – outra… para voltar.

O estômago de Frisk gelou.

— Quer dizer que…

— Sim – ela suspirou, pesarosa – apenas uma de nós poderá continuar.

— Eu vou – disse prontamente.

— Frisk…

— Não, é sério, Chara! - a menina fechou as mãos em punhos – eu coloquei vocês em risco. E é a mim que Gaster quer, não é? Não vou deixar que se arrisque. Se ele quer uma luta – disse, decidida – é isso que irei lhe dar.

Por um segundo, viu o olhar rubro de Chara lacrimejar.

E então, espantada, ofegou quando a amiga a abraçou.

— Você é mesmo a maior invulgar que eu conheci, Frisk!

— O que? - disse, sem graça, retribuindo o abraço – claro que não… você é bem melhor do que eu….

Chara deu uma risada fraca.

— Eu? Inteligência? Impulsividade? Sou só a pequena demônia que ninguém esperava conhecer – sacudiu a cabeça, sorrindo – você é… a esperança do nosso mundo, Frisk… - seu sorriso sumiu – tudo bem… eu… vou voltar. Mas por favor… - segurou as mãos dela, aflita – tome cuidado. E volte… logo.

Frisk assentiu, ao que Chara respirou fundo, mais aliviada, voltando a organizar os doces.

A verdade era que Frisk não sabia se retornaria.

Porém, jamais faria com que sua melhor amiga sofresse por saber daquilo. Consolou-se com o fato de que sua pequena mentira a pouparia da tristeza por algum tempo.

— A lógica é a seguinte – disse Chara, organizando a ordem dos biscoitos -  existem dois biscoitos que protegerão nós duas do efeito das chamas. São sete quitutes… além destas, dois com Resíduos Caninos e três envenenados.

— Os envenenados sempre estão ao lado dos com Resíduos Caninos – disse Frisk, relembrando a charada – os biscoitos da ponta não vão nos ajudar.

Chara afastou-os para longe, mantendo os demais na ordem.

— Nem o maior e nem o menor vão nos matar – separou-os para o lado -  o segundo a esquerda e o segundo a direita continham a mesma coisa. E a poção de retorno estava em um dos biscoitos da ponta. O quitute pequeno era o terceiro da esquerda para a direita. O segundo biscoito de cada lado tem Resíduo Canino. E como o veneno estava sempre ao lado esquerdo do Resíduo, o terceiro biscoito da direita para a esquerda era o envenenado.

Chara organizou os biscoitos na terrina, com a testa vincada de concentração. Sabia que o resultado do enigma dependeria exclusivamente de sua atenção à todos os detalhes.

— Sobraram três biscoitos. Como o menor não vai nos matar… - declarou a garota – os outros dois estão envenenados – apontou para o menor quitute – então… este é o seu.

— Tem certeza?

— Absoluta – Chara apanhou o outro biscoito – e este… é o meu

Hesitante, Frisk apanhou o biscoito que a amiga havia lhe indicado, respirando fundo.

— Pronta?

— Pronta.

Ambas mordiscaram os doces ao mesmo tempo, mastigando e engolindo rapidamente. Frisk levantou-se, terminando de ingerir o biscoito, sentindo um arrepio gelado percorrer ao longo de todo o seu corpo.

— Tudo bem? - ofegou Chara, piscando.

— Sim – a menina acenou positivamente – e você?

— Também.

As garotas se entreolharam por um momento, até que Chara baixou o olhar, insegura.

— Eu… vou chamar por ajuda. Prometo.

— Faça isso… - concordou a menina - pegue Asriel…  e tentem voltar para o castelo. Avise Gerson que estou aqui – Frisk mordeu o lábio – eu vou… tentar atrasar Riverman.

— Ok. Pode deixar – Chara lançou um último olhar preocupado à amiga, antes de virar-se na direção da câmara anterior – fique viva, Frisk.

Frisk acenou, observando Chara retornar, passando ilesa pelas labaredas coloridas, e finalmente desaparecendo de vista.

Sentindo o coração saltando dentro do peito, a criança deu meia-volta, dirigindo-se adiante, e preparando-se para atravessar o mar de chamas que havia adiante.

Respirou fundo, jogando-se contra o caminho incendiário.

Porém, conforme andava, ainda que sentisse o fogo resvalando-se furiosamente por seu corpo, Frisk não estava se queimando. Assim como o enigma havia garantido, o efeito da poção de Riverman a estava protegendo de qualquer lesão causada pelo fogo.

Soltando um arquejo de alívio, ela continuou, finalmente alcançando o outro lado do corredor, onde a porta da última câmara se encontrava. Sentiu o pingente do medalhão sem eu pescoço pulsar de modo surpreendente, como se o pequeno artefato já soubesse o que aguardava a jovem do outro lado.

A menina apanhou sua varinha, resfolegando baixo, inclinando a mão para a maçaneta da porta.

Por fim, a abriu, adentrando no local.

Assim que se viu dentro da câmara – quase não percebendo a porta que se trancava magicamente atrás de si – Frisk olhou ao redor, identificando um novo tipo de sala circular.
Estava totalmente vazia.

Exceto por uma pessoa, que sorria serenamente na direção de Frisk, trajada com um longo capuz negro, encarando-a com seu olhar feroz e ameaçador.

Mas não era Riverman.

— Finalmente, jovem Frisk.

Era Garlic.

 

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