Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 27
O Medalhão Dourado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727065/chapter/27

 

 

Asgore pareceu absolutamente espantado quando viu as crianças adentrarem em sua caverna.

— Frisk, Chara – cumprimentou-os – oi, filho… não sabia que viriam para o jardim hoje – ergueu uma caneca de chá na direção das crianças – estão servidos?

Antes que Asriel aceitasse a oferta da bebida, porém, Frisk adiantou-se, sentando-se no banco de madeira que ladeava o grande monstro.

— Sinto muito, Asgore – disse, taxativa – não temos tempo…. viemos tratar de um assunto importante.

Pego de surpresa, Asgore assentiu, convidando-os a se sentarem diante da mesa com um aceno da mão.

Os meninos se acomodaram nas demais banquetas, ansiosos.

— Bem… - Asriel viu o pai suspirar, largando o chá que fervia e também sentando-se com eles na mesa – pode me dizer, Frisk. O que é tão importante?

A menina inspirou profundamente.

— Nós sabemos que Gerson está escondendo o dispositivo no castelo.

— E`- Chara se pronunciou – e Riverman está tentando roubá-lo!

A expressão de Asgore se contraiu.

— Como vocês…? Riverman? Tentando roubar…? - gaguejou, indignado – ora, isso é ridículo! Ele é um professor da escola – Frisk percebeu que Asgore estava avermelhando por baixo de sua densa pelagem – mesmo que houvesse algo para ser roubado…

— Pare, papai. Descobrimos tudo! - ralhou Asriel.

— Ele está tentando levá-lo – Frisk disse, taxativo – e temos quase certeza de que ele é comparsa do Gaster!

O bode fechou a cara para Frisk. Sua expressão se retraiu.

— Não digam bobagens – sibilou – escutem… o dispositivo está em segurança. Ninguém seria louco o bastante de tentar retirá-lo do castelo com Gerson por aqui – abalançou a cabeça – e Gaster, Frisk? Que ideia absurda é essa?

— Eu… - a menina espalmou a mão sobre a marca em sua pele, angustiada – eu tenho sentindo… sei que ele está por aqui. Algo muito ruim vai acontecer, Asgore. Nós temos que impedir!

— Parem com isso! - titubeou o monstro, zangado – olhem, Riverman é uma das pessoas que estão auxiliando na proteção do dispositivo. Ele nunca quereria roubá-lo.

Os três abriram a boca, mas fecharam na mesma hora.

A reação de Asgore não era um bom presságio – se contassem a outros adultos, a atitude deles não seria diferente da do amável jardineiro. Talvez – estremeceram – acabassem numa enrascada tão grande, que teriam que deixar o castelo para sempre.

De qualquer forma, caso continuassem, os três estariam absolutamente sozinhos naquela empreitada. E as consequências – boas ou ruins – seriam inevitáveis e certas.

Desanimada, Frisk baixou a cabeça. O movimento não passou despercebido por Asgore, que reparou no brilho discreto do medalhão que a garota usava.

Seus olhos se arregalaram.

— Onde arranjou isso, Frisk?

A garota o encarou.

— Ganhei no Natal – respondeu, tensa – por que?

Ela o viu inclinar a pata, segurando o delicado pingente do adorno. Asgore piscou, como se não estivesse acreditando no que via.

— Era da sua mãe. Fraya – ofegou.

— Sim. O remetente… anônimo…. mandou um bilhete para mim – franziu o cenho, confusa – mas eu ainda não entendi exatamente… como usá-lo.

— Usar/ - Asgore parecia confuso – eu sei que Fraya o usava o tempo todo, desde que havia o ganhado de seus avós, assim que ela terminou os estudos. Mas, até onde sei, por mais belo que seja, não tem nenhuma utilidade mágica.

— Eu o ouvi tocar – lembrou-se Chara – uma música suave… não foi, Asriel?

— Foi sim! - o cabritinho parecia extasiado – foi incrível… nunca tinha ouvido anda parecido em toda a minha vida, papai!

— Imagino – o monstro lhes sorriu – Fraya era uma pessoa extraordinária, muito além de seu tempo, e das costumeiras mentes limitadas de sua aldeia natal. Naturalmente, tudo que lhe pertencia não poderia deixar de ser. Não me admira que todos os lobos de nossa época…

Asgore arregalou o olhar, engasgando agoniadamente, parecendo se dar conta de que quase havia deixado escapar alguma coisa importante.

Porém, a mente de Frisk estava vagando para longe desse detalhe. A jovem humana estava cabisbaixa, sentindo todo o peso daquilo desabar sobre seus pequeninos ombros.

— Minha mãe… meu pai…. - fungou, vendo os demais a encararem – eu… não me lembro muito deles… - Frisk soluçou baixinho – mas eu sinto tanta falta….

Distraída, sobrepôs a mão em cima do pingente, de encontro ao próprio peito, pensativa.

Sentiu, perplexa, o medalhão esquentar de encontro à sua pele. O minúsculo coração dourado pulsou contra ela, fazendo o ambiente ao seu redor girar num insano turbilhão de cores vivas e psicodélicas.

— O que…? - arquejou, aturdida.

Sua cabeça girou, e sentiu seu corpo sendo engolfado repentinamente, como que arrastado para outro espaço desconhecido.

Ela percebeu o pingente acelerar cada vez mais, puxando-a para algum lugar, mesmo que a menina sentisse que ainda tinha os pés firmemente fincados no chão..

Quando o cenário estagnou-se, já não se encontrava mais no jardim das flores douradas. Em vez disso, identificou o inconfundível ambiente arbóreo e nevado da cidadezinha de Snowdin.

Frisk começou a andar, intrigada, vendo várias pessoas irem e virem pelas vielas frias do vilarejo. Um monstrinho passou por ela – e a garota quase deu um guincho de susto, quando a criança atravessou seu braço como um fantasma

Olhou ao redor, deduzindo que aquilo não era real, e que, de alguma forma, fora transportada para uma bizarra memória do subsolo. Conseguia notar facilmente as diferenças entre a Snowdin que havia conhecido e a desta nova réplica.

Percebeu, diante da biblioteca, um casal de jovens que conversava animadamente, segurando as mãos um do outro, com olhares extremamente carinhoso. Eles se destacavam notavelmente na multidão apressada, tal como um par de joias finas entre as bijuterias.

A criança engasgou, vendo a garota humana, de cabelos curtos e castanhos, sorrindo gentilmente na direção do rapaz que a encarava. O jovem, um bonito lobo de pelagem creme, também sorria-lhe o tempo todo, acariciando com carinho o rosto pardo da moça.

Ela tinha os mesmos cabelos. E ele possuía o mesmo olhar estreito e agradável.

Fraya e Thread, os pais de Frisk, estavam a poucos passos da garota, jovens e vivos.







Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pottertale - O Encontro de Dois Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.