Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 26
Medos e Temores




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— Frisk, querida… um minutinho, por favor?

A garota piscou, vendo seus demais colegas retirando-se da sala de Dramaturgia. Confusa, aproximou-se da mesa do professor, enquanto Mettaton se erguia, sentando-se na ponta de sua escrivaninha.

— Sim, professor?

O robô suspirou, apoiando a mão sobre o ombro de Frisk.

— Você parece… perturbada, queridinha – Mettaton vincou as sobrancelhas, preocupado – mal prestou atenção em minha demonstração de dramatismo cênico!

A garota sentiu-se corar.

— Desculpe – desconversou, tensa – não tenho dormido direito, professor.

A verdade era que tudo que vinha acontecendo andava perturbando a garota. Suas inseguranças e medos, que pensava ter enterrado desde o momento em que pisara dentro do subsolo, aparentavam querer retornar com força total desde que as festas haviam terminado. Frisk já não se sentia mais tão segura de si mesma, e o peso de tudo aquilo parecia querer desabar sobre seus ombros.

— É só isso?

A criança se impressionou com a inesperada sagacidade de Mettaton. Pelo visto, o professor não era tão narcisista e avoado quanto havia julgado ser.

Frisk inspirou profundamente.

— Não – admitiu – eu sei que nunca aconteceu com o senhor, mas… - disse, enfim – estou me sentindo… insegura.

Para sua surpresa, Mettaton soltou uma sonora e estridente risada.

— Ah, queridinha… acha mesmo? Até mesmo nós, as grandes estrelas, também nos sentimos inseguras de vez em quando!

— Sério? - replicou Frisk, numa incredulidade humorada.

— Claro! Acha que nós também não sentimos medo uma vez ou outra? Que nós também não temos nossas preocupações? Se eu não tivesse medo de desagradar meus alunos e fãs, como manteria essa minha perfeição? Ter medo nem sempre é um defeito, doçura!

Por mais que achasse a lábia do professor extremamente engraçada, Frisk tinha que admitir que Mettaton estava certo. Talvez os temores que a acossavam apenas estavam preparando-a para o que estava por vir, forçando-a a trabalhá-los com urgência, para que não a dominassem no futuro próximo.

— E se eu… quer dizer… e se nós falhamos, professor? - a menina verbalizou seu maior receio – e arriscamos prejudicar outras pessoas com esse erro?

— Ah. Espere um pouco – num movimento hilário, Mettaton jogou-se atrás da escrivaninha, fazendo Frisk rir. Atirou alguns livros pelos ombros robóticos, murmurando consigo mesmo, até se levantar com um exemplar em mãos – ah, achei. Da minha coleção de livros humanos – folheou algumas páginas – aqui – começou a ler - “o maior erro que você pode cometer é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum” - disse solenemente – do humano Elbert Hubbard.

Mettaton fechou o livro, jogando-o na mesa de qualquer jeito, e olhando em expectativa para sua jovem aluna.

— Então… - a menina disse, intrigada – meu maior medo deveria ser… ficar o tempo todo com medo?

O professor ajeitou o cabelo elegantemente, sacudindo a cabeça.

— Não é bem a interpretação que eu esperava… - Mettaton piscou, pigarreando - mas também serve, querida – sorriu para a aluna – nunca vai poder explorar seu potencial de ser uma estrela se temer os holofotes e a fama, Frisk! Arrisque-se! Mostre ao mundo do que o glamour é capaz! E quem sabe, um dia, você chegue perto de meu brilho, queridinha! Não será maravilhoso?

Embora tivesse sido um aconselhamento peculiar, as palavras de Mettaton haviam sido todo o incentivo que Frisk estivera precisando. A menina sentia-se bem mais confiante depois da conversa com o professor.

— Sim – deu uma risadinha – ahn… obrigada, professor.

— Me chame apenas de Mettaton, lindinha – ele lhe lançou uma piscadela – agora vá. Não quero que se atrase para a próxima aula da Undyne. Deus sabe o como ela já não suporta a principal estrela do subterrâneo. Não quero dar mais motivos para ela me invejar…

Segurando o riso, Frisk deixou a sala de Dramaturgia, acenando ao longe para Mettaton, e desaparecendo corredor afora.




Na hora do intervalo, Frisk juntou-se à Chara e Asriel, que cumprimentaram-na com um aceno da cabeça, mergulhados em livros e pergaminhos.

— Fala sério… acabamos de voltar das férias – bufou Asriel, debruçado sobre um livro de Poções – e já nos passam uma tonelada de lições para a próxima aula.

— Fala menos e escreve mais – Chara ralhou, deslizando febrilmente a pena sobre seu dever de Estudo das Almas – droga. Eu acho que confundi. Jurava que Reshid Tamor descobriu as propriedades da alma rosa. Mas aí lembrei que a alma rosa não existe. Só a vermelha clara.

— Quer parar de ser nerd uma vez na vida, Chara? - o monstrinho resfolegou – eu ainda nem decorei as propriedades da alma da Integridade! Pare de humilhar nossa inteligência por um mísero segundo, está bem?

Ambos pararam de falar repentinamente quando Riverman passou perto de onde encontravam-se sentados. Não pareceu se dar conta da presença dos alunos no pátio, atravessando afobadamente o local.

Espantando-se, Frisk percebeu que o professor mancava levemente.

A perna que capengava, arrastada desengonçadamente contra o chão, deixava para trás um rastro esverdeado e pútrido, que fez os garotos contraírem as narinas de repulsa.

Encapuzado, como se não quisesse ser visto por ninguém, Riverman desapareceu furtivamente pátio afora.

— Chara… Frisk… olhem – disse Asriel.

Apontou na direção das pegadas de Riverman, que tinham mais marcas do muco gosmento que haviam visto.

— Parece… - Chara piscou – aquela gosma do amálgamo! - disse, atordoada – será que…

O trio se entreolhou, perplexo.

— Claro! - Asriel bateu a mão na própria testa – Riverman deve estar tentando entrar por aquele alçapão! Quer roubar o dispositivo! - a menina vincou a testa – estávamos certos, Frisk!

— Mas se isso for verdade… - Chara falou – então temos que avisar os professores! Não podemos mais esperar que Riverman consiga entrar lá dentro!

Frisk contraiu as mãos em punho.

Num movimento ágil, apanhou sua mochila, levantando-se do chão do pátio. Chara e Asriel o encararam, os rostos contraídos de confusão.

— Quando terminarem, me encontrem no corredor do Núcleo – a garota avisou, vincando a testa – Asriel… - sussurrou, num tom de voz sério – está na hora de fazermos mais algumas perguntas ao seu pai.









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