Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta
— Está fazendo errado, Asriel. O extrato de flor branca vem depois da essência de hortelã;
Asriel franziu o focinho para Chara, voltando sua atenção para a Poção de Cura que estava preparando.
— Eu sei – choramingou o monstrinho – eu faço tudo errado!
Frisk ergueu uma sobrancelha penalizada para Asriel, sem parar de picar as folhas de hortelã em seu pires.
A expressão de Chara suavizou-se impressionantemente. A garota segurou o pulso do amigo, guiando a mão de Asriel até o pote negro ao seu lado.
— Não faz não – disse em tom baixo – você só se distraiu. O extrato de flor branca é muito parecido com o de hortelã, por causa da cor. Não foi culpa sua.
O cabrito baixou a cabeça, observando Chara misturar um dos ingredientes em uma tigela. Parecia estranhamente intrigado.
— Você é incrível, sabia?
O rosto de Chara ficou avermelhadíssimo.
— Obrigada – guinchou.
A garota sufocou uma risadinha, vendo os dois amigos ficarem absolutamente envergonhados, evitando se olharem outra vez.
— Sabe de uma coisa? - Frisk falou depois de algum tempo, tentando tirar Asriel e Chara de seus torpores constrangidos – aquele amalgamo não deve estar no terceiro andar à toa – ela franziu o cenho – eu tive a impressão… de que ele guardava alguma coisa.
Chara e Asriel ergueram os olhos na direção de Frisk.
— Você acha… - sussurrou Chara – que há algo naquele alçapão? - sua voz baixou meio tom – quer dizer… algo escondido?
— Não qualquer coisa – Frisk a corrigiu – lembram-se do que Asgore disse? Sobre… o dispositivo do vórtice? - o coração da criança começou a bater rápido – e se ele estiver aqui… dentro do castelo… embaixo daquela passagem?
— Estão dizendo que Gerson pode ter escondido o artefato mais poderoso do subterrâneo dentro da nossa escola? - esganiçou-se Asriel – não é possível. Teriam nos contado… papai saberia disso.
— Essa é a minha suspeita, Asriel – suspirou Frisk – eu acho que ele sabe. E está escondendo alguma coisa de nós.
— Esperem só um segundo – Chara girou a colher dentro do caldeirão, com a expressão pensativa – se o dispositivo está aqui em Hogwarts… e alguém tentou invadir o Caixa de Snowdin… - sacudiu os ombros – supondo que o dispositivo estava de fato na caixa, e que era isto que o ladrão buscava – engoliu em seco – quer dizer que alguém quer roubá-lo de dentro do castelo? - sacudiu a cabeça – quem seria tão louco a ponto de querer algo protegido pelo próprio Gerson?
Só havia uma possibilidade que passava-se pela mente de Frisk. O único ser que desejaria ter para si todo o poder do vórtice, utilizando-o para alterar seu passado, e obter domínio irredutível sobre todos os universos e linhas temporais. O único que faria de tudo para obter o dispositivo, mesmo que tivesse que destruir tudo que estivesse em seu caminho.
— Gaster.
Antes que Chara e Asriel reagissem alardeadamente ao que Frisk dissera. Riverman aproximou-se, baixando o olhar soturno na direção dos garotos.
— Espero que tenham terminado a poção – sibilou – para estarem tendo uma conversa tão ociosa durante a aula.
Os três se encolheram.
— C-claro, professor – esganiçou-se Chara, jogando a última mistura dentro do caldeirão – só estava orientando Asriel sobre a ordem dos ingredientes. Nós já acabamos.
Riverman retraiu o focinho.
— Não quero mais mexericos, senhorita Chara.
— Sim, senhor.
Assim que o professor deixou a mesa, Asriel suspirou de alívio.
— Ufa. Essa foi por pouco.
Os meninos mantiveram-se em silêncio até o fim da aula, altura em que deixaram a amostra de sua poção na mesa de Riverman, finalmente deixando as masmorras.
— Sério, Frisk? - Chara estava incrédula – acha mesmo que… que ele ainda esteja vivo? E querendo o dispositivo do vórtice?
Frisk assentiu, a expressão contraindo-se de extensa preocupação;
— Ele não pode estar vivo – contestou Asriel, que caminhava ao lado das duas na direção do pátio – desapareceu quando tentou matar Frisk. Não se lembra?
— Talvez não tenha morrido – a menina suspirou – Undyne disse apenas que ele desapareceu sem deixar vestígios. Talvez… - ofegou – ainda esteja por aí.
Uma sensação de medo tomou conta do corpo da menina. Se Gaster, o assassino de seus pais, estava rondando a escola à procura do dispositivo…
Ele tentaria encontrá-la… e terminar o que havia começado.
— Ei, ei, ei! - sentiu Chara sacudir seu ombro – não podemos ter certeza disso! Não podemos entrar em pânico sem necessidade!
— Céus, Chara – Asriel bateu o pé – não pode ser coincidência. Frisk tem razão. Ele… deve estar por trás de tudo isso. Provavelmente, tentando arranjar um jeito de entrar na escola agora mesmo!
— Ok – a menina revirou os olhos – supondo que seja verdade… como ele entraria aqui? Não poderia fazer nada disso embaixo do nariz de Gerson, sem esperar ser dizimado pela Guarda Monstra, certo?
— Talvez haja um informante. Um espião – sugeriu Asriel – mas quem seria?
Nenhum suspeito surgia dentro da cabeça de Frisk.
— Riverman?
— Ah. Para, Chara.
— Não, é sério! - a menina disse – não percebem o quanto ele vive espreitando ao redor, observando tudo o que acontece, vigiando os alunos e professores? Aposto que deve ser ele.
Chara tinha certa razão. Embora parecesse remotamente afável, Riverman era o mais misterioso e reservado dos professores. Se fosse verdade, o suposto plano de Gerson correria um grande perigo. Tinham que avisar o corpo docente daquela ameaça.
— Precisamos avisar alguém – disse com urgência.
— Não temos provas contra ele, Frisk – começou Asriel.
— Eu sei – concordou – mas não custa tentar. Podemos prevenir os demais professores… sugerir que tomem cuidado com ele… ou qualquer outra pessoa suspeita.
— Bancando a detetive, Frisk?
O trio virou-se para frente, visualizando a silhueta pequena, atarracada e sorridente de Sans.
As mãos de Frisk fecharam-se em punhos. A garota não respondeu, dando as costas para Sans, e meneando a cabeça, em incentivo para os amigos fazerem o mesmo.
— Que mal-educada – desdenhou o jovem esqueleto – isso não são modos de tratar alguém superior, invulgar.
Chara riu, ainda sem olhar para Sans.
— Não deve estar falando de você, certo?
Ouviu-se um rosnado baixo, vindo detrás dos garotos.
— Ninguém pediu sua opinião, genocida imunda.
Em câmera lenta, de cabeça baixa, Chara voltou-se na direção de Sans. Uma gargalhada alta e arrepiante saiu da garganta da garota, cuja mão esmagava a varinha em seus dedos.
— Você não disse isso.
Chara ergueu a cabeça, expondo um sorriso sinistro de lado a lado.
Sans apenas continuou a sorrir.
— Me enfrente, então – uma das órbitas do revenant brilhou diabolicamente – se você puder.
E, antes que Frisk pudesse impedi-la, Chara o atacou.
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