Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 22
Pensamentos Condensados




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— Está fazendo errado, Asriel. O extrato de flor branca vem depois da essência de hortelã;

Asriel franziu o focinho para Chara, voltando sua atenção para a Poção de Cura que estava preparando.

— Eu sei – choramingou o monstrinho – eu faço tudo errado!

Frisk ergueu uma sobrancelha penalizada para Asriel, sem parar de picar as folhas de hortelã em seu pires.

A expressão de Chara suavizou-se impressionantemente. A garota segurou o pulso do amigo, guiando a mão de Asriel até o pote negro ao seu lado.

— Não faz não – disse em tom baixo – você só se distraiu. O extrato de flor branca é muito parecido com o de hortelã, por causa da cor. Não foi culpa sua.

O cabrito baixou a cabeça, observando Chara misturar um dos ingredientes em uma tigela. Parecia estranhamente intrigado.

— Você é incrível, sabia?

O rosto de Chara ficou avermelhadíssimo.

— Obrigada – guinchou.

A garota sufocou uma risadinha, vendo os dois amigos ficarem absolutamente envergonhados, evitando se olharem outra vez.

— Sabe de uma coisa? - Frisk falou depois de algum tempo, tentando tirar Asriel e Chara de seus torpores constrangidos – aquele amalgamo não deve estar no terceiro andar à toa – ela franziu o cenho – eu tive a impressão… de que ele guardava alguma coisa.

Chara e Asriel ergueram os olhos na direção de Frisk.

— Você acha… - sussurrou Chara – que há algo naquele alçapão? - sua voz baixou meio tom – quer dizer… algo escondido?

— Não qualquer coisa – Frisk a corrigiu – lembram-se do que Asgore disse? Sobre… o dispositivo do vórtice? - o coração da criança começou a bater rápido – e se ele estiver aqui… dentro do castelo… embaixo daquela passagem?

— Estão dizendo que Gerson pode ter escondido o artefato mais poderoso do subterrâneo dentro da nossa escola? - esganiçou-se Asriel – não é possível. Teriam nos contado… papai saberia disso.

— Essa é a minha suspeita, Asriel – suspirou Frisk – eu acho que ele sabe. E está escondendo alguma coisa de nós.

— Esperem só um segundo – Chara girou a colher dentro do caldeirão, com a expressão pensativa – se o dispositivo está aqui em Hogwarts… e alguém tentou invadir o Caixa de Snowdin… - sacudiu os ombros – supondo que o dispositivo estava de fato na caixa, e que era isto que o ladrão buscava – engoliu em seco – quer dizer que alguém quer roubá-lo de dentro do castelo? - sacudiu a cabeça – quem seria tão louco a ponto de querer algo protegido pelo próprio Gerson?

Só havia uma possibilidade que passava-se pela mente de Frisk. O único ser que desejaria ter para si todo o poder do vórtice, utilizando-o para alterar seu passado, e obter domínio irredutível sobre todos os universos e linhas temporais. O único que faria de tudo para obter o dispositivo, mesmo que tivesse que destruir tudo que estivesse em seu caminho.

— Gaster.

Antes que Chara e Asriel reagissem alardeadamente ao que Frisk dissera. Riverman aproximou-se, baixando o olhar soturno na direção dos garotos.

— Espero que tenham terminado a poção – sibilou – para estarem tendo uma conversa tão ociosa durante a aula.

Os três se encolheram.

— C-claro, professor – esganiçou-se Chara, jogando a última mistura dentro do caldeirão – só estava orientando Asriel sobre a ordem dos ingredientes. Nós já acabamos.

Riverman retraiu o focinho.

— Não quero mais mexericos, senhorita Chara.

— Sim, senhor.

Assim que o professor deixou a mesa, Asriel suspirou de alívio.

— Ufa. Essa foi por pouco.

Os meninos mantiveram-se em silêncio até o fim da aula, altura em que deixaram a amostra de sua poção na mesa de Riverman, finalmente deixando as masmorras.





— Sério, Frisk? - Chara estava incrédula – acha mesmo que… que ele ainda esteja vivo? E querendo o dispositivo do vórtice?

Frisk assentiu, a expressão contraindo-se de extensa preocupação;

— Ele não pode estar vivo – contestou Asriel, que caminhava ao lado das duas na direção do pátio – desapareceu quando tentou matar Frisk. Não se lembra?

— Talvez não tenha morrido – a menina suspirou – Undyne disse apenas que ele desapareceu sem deixar vestígios. Talvez… - ofegou – ainda esteja por aí.

Uma sensação de medo tomou conta do corpo da menina. Se Gaster, o assassino de seus pais, estava rondando a escola à procura do dispositivo…

Ele tentaria encontrá-la… e terminar o que havia começado.

— Ei, ei, ei! - sentiu Chara sacudir seu ombro – não podemos ter certeza disso! Não podemos entrar em pânico sem necessidade!

— Céus, Chara – Asriel bateu o pé – não pode ser coincidência. Frisk tem razão. Ele… deve estar por trás de tudo isso. Provavelmente, tentando arranjar um jeito de entrar na escola agora mesmo!

— Ok – a menina revirou os olhos – supondo que seja verdade… como ele entraria aqui? Não poderia fazer nada disso embaixo do nariz de Gerson, sem esperar ser dizimado pela Guarda Monstra, certo?

— Talvez haja um informante. Um espião – sugeriu Asriel – mas quem seria?

Nenhum suspeito surgia dentro da cabeça de Frisk.

— Riverman?

— Ah. Para, Chara.

— Não, é sério! - a menina disse – não percebem o quanto ele vive espreitando ao redor, observando tudo o que acontece, vigiando os alunos e professores? Aposto que deve ser ele.

Chara tinha certa razão. Embora parecesse remotamente afável, Riverman era o mais misterioso e reservado dos professores. Se fosse verdade, o suposto plano de Gerson correria um grande perigo. Tinham que avisar o corpo docente daquela ameaça.

— Precisamos avisar alguém – disse com urgência.

— Não temos provas contra ele, Frisk – começou Asriel.

— Eu sei – concordou – mas não custa tentar. Podemos prevenir os demais professores… sugerir que tomem cuidado com ele… ou qualquer outra pessoa suspeita.

— Bancando a detetive, Frisk?

O trio virou-se para frente, visualizando a silhueta pequena, atarracada e sorridente de Sans.

As mãos de Frisk fecharam-se em punhos. A garota não respondeu, dando as costas para Sans, e meneando a cabeça, em incentivo para os amigos fazerem o mesmo.

— Que mal-educada – desdenhou o jovem esqueleto – isso não são modos de tratar alguém superior, invulgar.

Chara riu, ainda sem olhar para Sans.

— Não deve estar falando de você, certo?

Ouviu-se um rosnado baixo, vindo detrás dos garotos.

— Ninguém pediu sua opinião, genocida imunda.

Em câmera lenta, de cabeça baixa, Chara voltou-se na direção de Sans. Uma gargalhada alta e arrepiante saiu da garganta da garota, cuja mão esmagava a varinha em seus dedos.

— Você não disse isso.

Chara ergueu a cabeça, expondo um sorriso sinistro de lado a lado.

Sans apenas continuou a sorrir.

— Me enfrente, então – uma das órbitas do revenant brilhou diabolicamente – se você puder.

E, antes que Frisk pudesse impedi-la, Chara o atacou.












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