Criminal Contact escrita por Escritor Anônimo


Capítulo 2
"O Caso da Sexta-Feira"




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Uma hora tudo era escuridão. Mas em poucos minutos sirenes e buzinas de carros foram ouvidas. Carros de pequeno porte preto e branco estacionavam em frente à casa. Polícia.

A calma rua que a família Hemmings mora, logo foi tomada por multidões de vizinhos enxeridos que entravam no jardim para observar a menina ruiva morta sendo levada para uma ambulância - que chegara minutos depois da polícia. Alguns policiais cercavam a casa com faixas amarelas de não ultrapassem. Enquanto outros acalmavam a vizinhança e prendiam os menores de vinte e um anos bêbados da festa.

As quatro amigas Julie, Catherine, Emilly e Vanessa estavam sentadas na grama. Ficaram quietas desde que receberam uma mensagem estranha.

—Eu sei o que estão pensando. - disse Vanessa quebrando o silêncio de pelo menos quinze minutos.

As três permaneceram caladas.

—Não fui que fiz isso. - disse Vanessa olhando para cada uma. - Vocês sabem que não fui eu, não sabem?

—Você nos enganou e deu veneno para ela. - disse Catherine. - Não acredito nisso.

—Não. - disse Vanessa levantando a voz. - Aquilo realmente era um comprimido de laxante. Eu juro que era.

—O reinado da vaca realmente acabou. - disse Julie. - Não foi isso que você disse para fazermos?! Acabar com a vadia. Só não achei que você fosse capaz de envenená-la e ainda a pendurar no telhado daquele jeito.

—E aquela mensagem?! Nós quatro somos as únicas que sabemos sobre o Caso da Sexta-Feira. Muito engraçado o que você escreveu para nós. - disse Emilly. - É bem a sua cara querer nos culpar depois disso.

—Eu não fiz nada. Vocês tem que acreditar em mim. - disse Vanessa. - Aquilo era um laxante. Eu juro.

—JULIE. - Henry gritou correndo em direção à sua amada. - Como você está?

Julie levantou-se com lágrimas nos olhos e abraçou Henry.

—Eu só preciso ir pra casa, por favor. - disse Julie.

—Tudo bem. Eu estou com o carro dos meus pais, deixa que eu te levo. - disse Henry.

—Ei, se não for nenhum incômodo. - disse Catherine se levantando da grama. - Pode me levar também? Eu moro do lado da Julie.

—Claro. - disse Henry tirando a chave do carro do bolso.

Emilly levantou-se e pegou seu celular para ligar para seus pais. Eles precisavam buscá-la depressa. Não queria ficar mais tempo ao lado de sua melhor amiga psicopata.

—O que te faz pensar que eu poderia matar uma pessoa? - perguntou Vanessa levantando-se.

Emilly não respondeu.

—Eu não a matei. - disse Vanessa contraindo a sobrancelha. 

Emilly discou o número de seu pai em seu celular.

—Ela se suicidou. Ou alguém a matou. - disse Vanessa. - Aquilo era só um laxante...uma brincadeira...que vocês toparam.

—Depois que a Julie entregou a bebida para Hannah, você sumiu. - disse Emilly cancelando a ligação. - Ficamos lá sozinhas com a Hannah desmaiada. E então ela também sumiu e apareceu morta lá fora. Justamente na hora em que você chegou. Muita coincidência, não é mesmo?

—Emilly, eu... - disse Vanessa antes de ser interrompida.

—Ai meu Deus, filha! - uma mulher loira de olhos azuis com a pele bem clara gritou enquanto corria até Emilly.

As duas se abraçaram.

—Eu estava ligando para você, mãe. - disse Emilly.

—Calma. - disse Elise, a mãe de Emilly. - Todos os jornais da cidade já estão vindo para cá. Nós vimos tudo na televisão e viemos correndo te buscar.

Emilly continuou abraçada à sua mãe.

—Mas o que aconteceu? - Elise perguntou. - Não consegui entender direito. Quem morreu?

—Hannah Johnson. - disse um policial chegando por trás das duas. - Prazer, sou Aiden. Estou encarregado desse caso.

—Olá. - disse Elise apertando a mão de Aiden. - A menina morreu mesmo?

—Infelizmente sim. - disse Aiden. - Mas o que queremos saber agora é o que aconteceu nessa festa. Hannah foi encontrada pendurada em uma corda no telhado da casa, como se vítima de um suicídio. Mas as marcas pelo corpo da menina indicam que ela foi brutalmente assassinada.

—Vocês precisam pegar o assassino rápido. - disse Elise. - Não posso deixar minha filha andar pela cidade com um assassino à solta.

Emilly olhou para Vanessa, que desviou o olhar.

—Faremos o possível. - disse Aiden. - Agora se me der licença.

O policial virou-se e voltou até a cena do crime. Elise ficou tão assustada com a situação que pegou Emilly e logo foi embora sem nem ao menos perguntar se Vanessa queria uma carona já que as duas eram vizinhas. Emilly agradeceu por isso. Não queria dividir o carro com uma das maiores suspeitas num caso de homicídio. As palavras brutalmente assassinada se repetiam na mente de Emilly. Sua amiga podia até ser ignorante algumas vezes, talvez um pouco estressada. Mas seria ela capaz de matar uma pessoa? Os pensamentos da menina se embolaram no instante em que apoiou sua cabeça na janela do carro e olhou para Vanessa que observava a casa de Alex. À medida que o carro se afastava, sua amiga ia se tornando apenas um pontinho no meio da multidão no jardim.

Nenhuma das quatro meninas conseguira dormir ao chegarem em casa. Todas passaram o restante da madrugada revirando-se na cama. À cada cinco minutos relendo a mensagem que receberam. Aos poucos o sol foi entrando pela janela, passando por suas cortinas e iluminando seus rostos. Os olhos fechados de cada uma se abriram revelando fortes olheiras e veias avermelhadas na área esclerótica dos olhos. Domingo não era bem o dia favorito das meninas. Elas até saíam de vez em quando mas hoje estavam assustadas demais para saírem. Naquela manhã a cidade acordara em luto. Os jornais já haviam noticiado o assassinato da jovem de dezesseis anos, Hannah Johnson e todos os moradores de East Lake andavam com medo. Pela primeira vez em muito tempo, os comerciantes não se preocuparam em organizar as prateleiras de suas lojas e nem de limpá-la para os visitantes. Tudo parecia tão sombrio e o ar frio contribuía para isso.

Catherine e sua mãe acordaram mais cedo para irem à igreja. Amelia perdera o marido à dez anos em um acidente de carro e desde então cuida de Catherine sozinha. Sua filha parecia assustada e não queria sair de casa, mas Amelia insistiu para que as duas fossem ao culto daquela manhã. Precisavam pedir proteção. As duas pegaram seu Fiat Uno de cor prateada e foram para a pequena igreja feita de madeira que ficava em uma praça no centro da cidade. Assistiram ao culto que não durou nem cinquenta minutos e saíram pela enorme porta aberta. Catherine olhou para trás e viu a mãe de Hannah chorando enquanto conversava com um pastor. Fazia muito tempo que a menina não via a mãe de Hannah. A senhorita Mary Johnson parecia abalada e com fortes olheiras. Os olhos castanhos pareciam ter perdido a cor. E os fios ruivos estavam presos em um coque. As rugas ao redor do rosto pareciam mais fortes. Antes que Catherine pudesse sentir pena, seu celular apitou. Ela o tirou de sua bolsa preta.

Está na igreja desde aquela sexta-feira. Aquela menina morreu e confessar os seus pecados não vai trazê-la de volta, vadia. Beijos -Fox.

Catherine ficou sem reação. —Fox falara de uma menina morta e ela tinha certeza de que não era sobre Hannah. Aquela mensagem... Vanessa não poderia estar fazendo isso, poderia? Elas eram amigas à tanto tempo, Vanessa não faria aquilo. Sua mente se voltou para aquela sexta-feira à três anos atrás.

As quatro meninas estavam na última semana das férias de verão, antes de entrarem no sétimo ano. Elas combinaram o ano anterior inteiro que iriam fazer um acampamento em Oak City - uma cidade vizinha mais ao sul da Geórgia. Todo ano uma mulher organizava um camping para meninas em uma fazenda que ela era proprietária. Finalmente as meninas puderam conhecer o tão famoso acampamento. Iriam ficar na fazenda de quarta-feira á domingo, mas na sexta-feira à noite tudo deu errado e elas já não queriam mais estar ali. Não depois da morte que presenciaram.

—Filha. - disse Amelia encostando no braço de Catherine. - Você está atrapalhando a passagem.

—Ãhn?! - Catherine notou que estava parada em frente à entrada da igreja. Ela guardou seu celular e entrou no carro com sua mãe.

Julie havia sido convencida por seu namorado à sair. Henry a levou para uma pequena cafeteria no centro da cidade. Os donos de lá eram os pais dele, então era bem mais fácil caso quisesse se encontrar com Julie sem gastar nada.

—Eu estou muito assustada. - disse Julie antes de dar um gole em seu chá gelado.

—Não fique. - disse Henry. Seus olhos azuis brilharam com o reflexo do sol.

—Talvez a gente devesse ir para casa. - disse Julie olhando para os lados.

—Ei, calma. - disse Henry se levantando de sua cadeira e ajoelhando-se ao lado de Julie. Ele passou as mãos nos longos fios de sua amada e acariciou suas bochechas. Seus dedos desceram até seu pescoço.

—Você está segura. - disse Henry. - Não vou deixar nada de ruim acontecer à você.

—Eu te amo. - disse Julie sorrindo e passando a mão nos fios escuros de Henry.

Seus olhares se intensificaram e suas bocas aproximaram-se. Ao tocarem-se era como se conseguissem sentir o sabor de cada um. Aos poucos suas bocas foram se descolando. O olhar ainda fixo. O beijo se completou com um sorriso enquanto encaravam um ao outro.

O celular de Julie apitou.

—Ah, deve ser minha mãe. - disse Julie retirando-o da bolsa. - Ela está tão paranoica quanto eu desde ontem.

—A cidade inteira está. - disse Henry voltando para sua cadeira.

—É incrível como... - disse Julie antes de ler a mensagem e ficar paralisada.

Seu namoradinho sabe porque você o pediu em namoro? Talvez Henry devesse saber que ele não passa de um desafio. Vamos brincar de verdade ou consequência? Faz tanto tempo que você não brinca. Beijos -Fox.

A mente de Julie se voltou para o oitavo ano na vez em que fora com suas amigas dormir na casa de Emilly que estava muito abalada por ter descoberto que seu pai traíra sua mãe. As três meninas foram dar apoio à amiga e fizeram uma festa do pijama para distraí-la. Mas uma festa do pijama não é boa o suficiente se não tiver o jogo Verdade ou Consequência. Após muitos segredos e micos terem sido revelados naquela noite, Julie escolheu consequência e seu desafio seria pedir o garoto mais popular da sala em namoro. No dia seguinte ela cumpriu o desafio e Henry aceitou o pedido. Após uma semana do falso namoro, Julie se apaixonou como nunca antes.

—Julie, está tudo bem? - Henry perguntou. - De quem era a mensagem.

—Minha mãe. - disse Julie dando um falso sorriso. - Ela quer que eu volte pra casa.

—Então tá. - disse Henry. - Deixa que eu te levo.

—Não, não precisa. - disse Julie. - Ela pediu para que eu passasse no banco para sacar um dinheiro.

—Então tá. - disse Henry abraçando Julie. - Eu passo na sua casa mais tarde. A gente pode ver um filme. 

—Claro. - disse Julie indo embora.

Antes de sair da cafeteria ela deu mais uma olhada na mensagem. Julie amava Henry. Tinha certeza disso. Vanessa sabia isso, mas seria ela realmente capaz de mandar essa mensagem? Julie se sentiu culpada por acusar sua amiga.

Emilly estava em sua casa. Descera as escadas ainda vestindo seu pijama e com uma vasilha com cereal nas mãos. Olhou para o sofá na sala e viu seus pais abraçados assistindo à um filme.

—Bom dia dorminhoca. - disse Josh, o pai de Emilly.

—Quem dera eu estivesse dormindo. - disse Emilly. - Quando eu finalmente fechei os olhos, o sol invadiu meu quarto.

—Vejo que você pegou uma vasilha com cereais de madrugada. - disse Elise.

—Eu estava com fome, ué. - disse Emilly pondo a vasilha em cima do balcão da cozinha.

Seus pais riram. Emilly achava bom ver seus pais ali unidos. Mas sempre que os via assim, ela lembrava-se de quando fora ao escritório de seu pai e encontrou ele aos beijos com uma morena. Aquilo a machucou profundamente. Mas pior do que a traição foi o pai dela vindo lhe pedir para que não contasse para sua mãe. Emilly sentiu-se como se traísse sua mãe. Ficou receosa e com medo de esconder aquilo, mas cá estava ela dois anos depois, todos vivendo uma vida feliz como se nada tivesse acontecido. Isso por que ela não ousara contar o que viu para sua mãe. Não por que queria proteger seu pai, mas por que não queria magoar sua mãe. 

Seus pensamentos se dispersaram quando seu celular apitou. Ele estava em cima da mesa de vidro da sala de jantar. Ela o pegou e leu a mensagem que chegara.

O doce sorriso de sua mãe é contagiante. Se ela descobrir o que você esconde, o choro dela também será. Beijos -Fox.

Emilly olhou para seus pais novamente. E virou-se para a enorme janela em sua cozinha. Jurou ter visto alguém passar por ali correndo.

Vanessa estava deitada em seu sofá assistindo à um filme. Estava cansada e triste. Ainda não acreditara que suas amigas a tinham acusado daquele jeito. Os gritos de cada uma ecoavam em sua mente. Os olhares decepcionados. E o corpo de Hannah repleto de sangue e com seus nomes escritos. A polícia pareceu ter ignorado completamente aquilo. Mas Vanessa sabia que isso era só uma questão de tempo até que a casa de cada uma delas estivesse rodeada de policiais tentando ligar as quatro ao assassinato. Ela precisava conversar com suas amigas. Precisava que todas elas estivessem unidas para enfrentar as acusações que começariam a surgir. E mais ainda estarem unidas contra esse tal —Fox. Aquilo poderia ter sido apenas um trote. Mas ainda assim alguém sabia sobre o Caso da Sexta-Feira. Seu celular apitou e ela levantou-se de seu sofá e leu a mensagem.

Suas amigas te acusam de assassinato mas se esquecem daquela noite. Podiam ter parado na raposa, mas tiveram que continuar não é mesmo? Beijos -Fox.

Raposa. Diversos flashbacks vieram à mente de Vanessa. Primeiro viu ela e suas amigas nadando no lago da fazenda à três anos atrás. Logo em seguida ouviu gritos. Começou a se lembrar da raposa que viram na trilha com as meninas e depois de como a espancaram com um galho até a morte.

—Eu não vou fazer isso. - disse Catherine em seu flashback. Ela sempre fora a mais certinha.

—Você quer que descubram a gente? - Vanessa perguntou sendo autoritária.

Sua mente logo se voltou para suas amigas arrastando um corpo para dentro de um galpão.

—NÃO. - Vanessa gritou jogando seu celular no sofá.

Ela sentou-se e chorou. Odiava chorar. Sentia-se fraca, impotente. Ela pegou seu celular novamente e mandou uma mensagem para o grupo de suas amigas.

Vanessa: Por favor, eu preciso falar com vocês. É urgente. Me encontrem na cafeteria dos pais do Henry. Eu imploro, vocês precisam ir.

Vanessa notou que assim que enviou a mensagem, ela foi visualizada por cada uma de suas amigas. Mas nenhuma delas respondeu.

—Por favor. - disse Vanessa para si mesma e correu para fora de casa.

Quando chegou na cafeteria, suas três amigas estavam lá sentadas em alguns puffs de cores diversas.

—Obrigada. - disse Vanessa.

As meninas sorriram e Vanessa sentou-se com elas.

—Sei que vocês ainda acham que eu matei a Hannah e que fui eu que mandei aquela mensagem. - disse Vanessa. - Mas preciso que vocês acreditem em mim. Eu não a matei e nem enviei a mensagem.

—Eu quero acreditar em você, Vanessa. - disse Julie. - Juro que quero.

—Então acredite. Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas. - disse Vanessa.

—Onde você estava? - perguntou Catherine. - Onde você estava quando Hannah desmaiou?

—Eu tranquei as portas dos banheiros da casa e subi as escadas para tentar filmar Hannah no segundo andar. Mas quando a vi subindo eu me escondi no quarto do Alex. - disse Vanessa. - Mas ele estava lá dentro e eu fiquei assustada. Quando saí de lá, a Hannah estava desmaiada. Então eu fui até ela mas vocês voltaram e eu corri de volta para o quarto.

—Ah. - Julie suspirou.

—Eu fiquei tão assustada que me escondi e quando saí, ela já não estava mais lá. Então eu desci as escadas correndo e quando cheguei no jardim, Hannah já estava morta. - disse Vanessa.

As três meninas se olharam aliviadas, como se acabassem de tirar um peso das costas. Concordaram que Vanessa estava falando a verdade. Se olharam mais uma vez.

—Vocês receberam mais alguma mensagem? - perguntou Vanessa. - Alguma mensagem de —Fox.

—Uhum. - as três responderam em uníssono. 

Fox sabe que meu pai traiu minha mãe. - disse Emily.

—Sabe o por que de eu ter começado a namorar o Henry. - disse Julie.

—E pior ainda, sabe sobre aquela sexta-feira. - disse Catherine.

—Coisas que aparentemente só nós quatro sabíamos. - disse Vanessa.

—E então? O que fazemos em relação à isso? Contamos à polícia? - Emilly perguntou.

—Não, de jeito nenhum. - disse Vanessa. - Se contarmos para a polícia sobre as mensagens, teremos que contar sobre o Caso da Sexta-Feira.

—Nós ao menos já chegamos a falar sobre isso? - perguntou Julie. - Entre nós?

—Acho que ficamos assustadas demais e bloqueamos isso de nossas conversas. - disse Catherine.

—Talvez devêssemos conversar melhor sobre. - disse Emilly.

—Éramos tão jovens. - Julie riu. - Era nosso sonho fazer aquele acampamento, lembram?

A conversa foi se desenrolando e pela primeira vez as quatro conseguiram falar sobre aquela noite sem ter nenhum ataque de pânico. Era um verão como qualquer outro. Elas só queriam se divertir no acampamento mas acabaram conhecendo Melanie, uma garota emocionalmente instável e foi aí que tudo começou a dar errado. Ela tinha alguns problemas mentais que a impossibilitava de praticar algumas das atividades do acampamento. No segundo dia de atividades, Julie tentou se aproximar da menina que ao vê-la se aproximar, teve um ataque de raiva e gritou loucamente. As outras três meninas passaram o resto do dia rindo de Melanie e fazendo piadinhas com sua doença. Eram apenas crianças querendo se divertir mesmo que zoando alguém.

Na sexta-feira as meninas brincaram de caça à bandeira. O time que Melanie estava perdeu e as outras meninas se revoltaram e começaram a ofendê-la. Melanie foi levada pela diretora do acampamento para a enorme casa da fazenda. Elas passaram o resto do dia lá dentro. Quando o sinal para a hora de dormir tocou, as quatro amigas resolveram brincar de Verdade ou Consequência. Era o que elas mais gostavam de fazer nas horas vagas. Em uma hora do jogo, Vanessa escolheu consequência e seu desafio foi ir até à floresta ao lado da fazenda. As quatro amigas pegaram um isqueiro para iluminar seus caminhos e saíram de suas barracas no meio da noite. Tudo foi tão rápido. Lembram de estarem andando por entre as árvores quando um animal pulou em Vanessa, que puxou um galho da árvore ao lado e o acertou na cabeça da pobre raposa. Estava tão assustada que bateu no animal até que morresse. Lembram também de terem encontrado um pequeno galpão abandonado. Notaram que Melanie estava no telhado. As quatro subiram e foram falar com a menina de pele morena.

—SAIAM DAQUI. - ela gritou.

—Calma. - disse Vanessa aproximando-se.

—VOCÊS SÓ SABEM ME HUMILHAR. - Melanie gritou. - COMO TODO MUNDO AQUI.

—Ei, não precisa gritar. - disse Julie.

—VOCÊS SÃO COMO TODAS AS OUTRAS VADIAS DESSA MERDA DE CIDADE. - ela gritou mais uma vez.

—CALMA. - Vanessa gritou.

Melanie gritou mais alto e correu até as meninas que gritaram e empurraram a garota. Com o empurrão, Melanie pisou em uma telha avermelhada e escorreu. Caiu do telhado e bateu a cabeça em uma pedra. O sangue escorreu rapidamente.

—Ai meu Deus. - disse Catherine antes de descer do telhado.

Aquela noite era como um enorme vulto na mente delas. Depois disso só lembravam de terem discutido muito e de como Vanessa disse que todas seriam presas por terem matado a Melanie.

—Precisamos queimar qualquer prova que tenham contra nós. - dizia Vanessa.

As quatro arrastaram o corpo para dentro do galpão de madeira. E atearam fogo com o isqueiro que trouxeram. Em poucos minutos o galpão inteiro e as árvores ao redor estavam em chamas.

—Nós prometemos nunca mais falar sobre isso. - disse Julie sentada em seu puff de cor avermelhada.

Fox. Raposa. - disse Emilly. - O nome -Fox é sobre a raposa que Vanessa matou.

—Foi o que eu imaginei também. - disse Vanessa.

—Essa pessoa sabe bem mais sobre aquela noite do que nós imaginávamos. - disse Catherine.

—Precisamos tomar cuidado. - disse Vanessa. - Se a polícia descobrir isso nós podemos ser presas.

As três amigas se olharam tensamente e levantaram de seus puffs. Parece que não estavam tão prontas assim para falar sobre o assunto.

—Está ficando tarde. - disse Julie. - Acho que preciso ir pra casa.

—É, eu vou indo também. - disse Catherine.

—Desculpa ter acusado você. - disse Julie.

—Tudo bem, vocês tinham um motivo. - disse Vanessa saindo da cafeteria sendo seguida por suas amigas.

—A gente se vê amanhã. - disse Emilly.

—Obrigada por terem acreditado em mim. - disse Vanessa.

As quatro amigas se afastaram e entraram cada uma em ruas diferentes, mesmo as que eram vizinhas. Estavam mais assustadas do que antes. Vanessa não era —Fox, então quem era?

Ao virar no sinal de trânsito, o celular de Vanessa apitou e ela o pegou torcendo para não ser quem ela imaginava.

Melanie foi a primeira. Hannah, a segunda.  Se não contar a verdade à suas amigas, serei obrigada a falar. Parece que ao seu redor as vadias sempre caem, cuidado para a próxima não ser você. Beijos -Fox.

Vanessa guardou seu celular e olhou para trás. Imaginou ter visto alguém. Respirou fundo e continuou andando. Uma bela garota caminhando com seus segredos.


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