Criminal Contact escrita por Escritor Anônimo


Capítulo 1
"Acabem com a Vadia"




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A noite havia chegado. Escura. Silenciosa. Aos poucos os comerciantes de East Lake iam fechando suas lojas e guardando suas mercadorias. As ruas estavam quase que todas vazias e o ar parecia frio. Talvez o inverno estivesse se aproximando e fosse hora dos pequenos agricultores da região voltarem às suas fazendas afastadas do centro para cuidarem de suas plantações. E os comerciantes deveriam começar à divulgar uma linha de roupas de inverno. Casacos de cashmere ficariam ótimos expostos nos manequins magrelos nas vitrines das lojas.

Um poste de luz velho iluminava uma antiga placa de madeira. Haviam pedaços faltando em suas laterais e sua tinta estava desbotada.

Bem vindos à East Lake, sul da Geórgia

6.753 habitantes

Apenas mais uma cidade pequena e sossegada. Que teria uma noite como qualquer outra se não fosse por Alex Hemmings, um adolescente de dezessete anos que mora numa casa no final de uma rua escura. Seus pais haviam ido viajar, talvez à trabalho, ou até mesmo à uma segunda lua de mel. Alex viu isso como a oportunidade de dar uma festa em casa para seus amigos. Ele só não esperava que fosse lotar tanto.

A música alta vinda da casa começara a incomodar os vizinhos. Muitos estavam pensando seriamente em chamar a polícia - coisa que raramente faziam. Em uma cidade calma e pequena como East Lake, a polícia só era acionada em pequenos casos, como quando um gato ficava preso nos galhos de uma árvore e não conseguia mais descer.

Residência dos Hemmings

Era o que havia escrito em uma caixa de correio no meio de um enorme jardim. Estava escuro demais para se ter certeza, mas pareciam ter garrafas de cerveja caídas na grama e alguns casais aproveitando-se do escuro para namorarem.

O estado da casa por dentro não era melhor. Copos de cerveja estavam sendo levantados para todos os lados. Haviam garrafas de uísque caídas pelo carpete. Manchas de salgadinhos pelo sofá de cor escura. E o relógio que antes ficava na parede em cima de uma bela lareira, agora estava caído no chão com seus cacos de vidro espalhados.

—Eu precisava mesmo ter vindo? - perguntou Julie com os braços cruzados.

A pele clara de Julie estava sendo iluminada pelas fortes luzes coloridas de néon. Seus olhos de cor escura brilhavam na noite e seu cabelo preto um pouco abaixo dos ombros a tornava mais bela.

—Sim, você precisava. - disse Emilly enquanto dançava. - Aproveita um pouco a festa.

Sua pele era tão clara quanto a de Julie e parecia tão iluminada por néon quanto qualquer parte da casa. Seus belos olhos azuis se assemelhavam ao céu e seus longos fios loiros eram radiantes como o sol.

—Concordo com a Julie. Isso aqui não é lugar pra gente. - disse Catherine.

Sua pele morena brilhava de forma contrastante com os tons claros de néon em seu rosto. Seus olhos esverdeados pareciam esmeraldas, com um aspecto doce e suave. Seus longos fios eram de cor castanha e composto por cachos estonteantes. 

—Gente, para. Vamos simplesmente curtir essa noite. - disse Vanessa segurando uma taça de vidro. - Desde que entramos no primeiro ano do ensino médio, nós não saímos mais para nos divertir. Só nós quatro. Como amigas. Curtindo uma festinha.

A pele de Vanessa era levemente mais clara que a de Julie e Emilly. E seus olhos eram escuros como a noite. Um olhar mui belo porém um tanto obscuro como se carregasse maldade sobre as pálpebras. O batom preto em sua boca a tornava tão mais bela quanto assustadora. Seu longo cabelo castanho e liso balançava enquanto a menina dançava.

—Amigas precisam passar um tempo juntas de vez em quando. - disse levantando sua taça de vidro como se fosse comemorar algo.

A grande porta de madeira da casa foi aberta provocando um alto barulho. Dois garotos correram para segurar a maçaneta e uma menina entrou na casa.

Aquele salto alto branco com pedras brilhantes.

Aquela pele clara.

Aquele vestido azul. 

Aquele decote enorme mostrando mais do que deveria.

Aquelas jóias.

Aquele cabelo ruivo na altura do ombro.

Aquele batom avermelhado.

Aqueles olhos escuros e maléficos.

—Não sabia que Alex tinha convidado ela. - disse Emilly.

—Eu não sabia nem que eles eram amigos. - disse Catherine.

—Eu não perderia essa festa por nada. - disse Hannah enquanto um dos garotos fechava a porta de madeira. - E que bom vê-las aqui.

Dito isso, saiu desfilando em seu vestido curtíssimo. Alguns meninos aproveitaram para olhar.

—Por favor vamos embora. - disse Julie.

Emilly pôs as mãos em um copo de vidro por perto e deu um gole da bebida. 

—Não podemos demonstrar fraqueza. 

—Aquela garota é perigosa. - retrucou Catherine arrancando o copo das mãos de sua amiga. - Por favor, não beba.

—Calem a boca. - disse Vanessa. - Alex me disse que ela viria.

—Ai meu Deus e por que nós viemos? - surtou Julie.

—O reinado daquela vaca acaba hoje. - disse Vanessa mexendo sua bebida com o dedo indicador.

—O que quer dizer com isso? - perguntou Emilly.

—Ela vai pagar por tudo que nos fez passar. 

As três amigas encararam Vanessa e olharam-se preocupadas.

—Convenci vocês a virem à essa festa pois achei que fossem querer me ajudar. - disse Vanessa. - Ou já se esqueceram do que Hannah fez a nós quatro?!

As três permaneceram caladas.

—Posso recordá-las. - disse Vanessa.

—Não acho que precisemos nos lembrar dos últimos anos. - disse Emilly.

—Ótimo. - disse Vanessa virando-se e dando o último gole em sua bebida. - Vou pegar mais disso. É muito bom.

—O que ela vai fazer? - perguntou Julie.

—Você acha que eu sei? - retrucou Emilly.

—Temos que impedi-la. - disse Catherine balançando os braços tensamente.

Emilly olhou Hannah conversando com suas duas amigas, Maya e Shenna e sua mente foi transportada para os anos anteriores.

—Talvez nós devêssemos ajudar a Vanessa. - disse a garota. - Hannah merece um troco.

Emilly odiava se lembrar dos últimos quatro anos de sua vida. Classificava-os como pensamento proibido. Todas as humilhações que Hannah provocara. Todas as vezes que a ofendera. A vez que cortara os longos fios de Emilly na aula de educação física. Ou então a vez que roubara suas roupas no vestiário e a obrigara a sair de toalha pela escola. Hannah merecia um troco, não merecia?!

—Eu realmente acho isso perigoso. - disse Catherine. - Já temos outro caso com a qual nos preocupar.

—Não toque nesse assunto. - disse Julie.

Pensar nos últimos anos era proibido mas não tanto quanto pensar no que elas chamavam de Caso da Sexta-Feira. Aquilo sim poderia ferrá-las. Revidar os quatro anos de ofensas de Hannah, não. O Caso da Sexta-Feira acontecera à três anos mas se descoberto por mais alguém poderia lhes trazer sérias consequências. 

—Vocês não estão pensando direito. - disse Catherine.

Julie olhou para os olhos verdes de Catherine, parecia assustada. Ela sempre fora a mais "certinha" entre o quarteto. A que nunca faltava às aulas. A que todas as outras três copiavam os deveres de casa. Catherine é o que os professores chamavam de Aluna Exemplar.

Olhar para a garota assustada fez Julie pensar melhor na situação mas todos os seus pensamentos se voltaram para os últimos quatro anos. Hannah sempre fora a aluna mais popular, talvez da escola inteira. A menina que aos onze anos de idade já saía com os garotos do último ano escolar. A garota que frequentava à todas as festas do bairro, desde as mais simples de aniversário até as que os formandos do colégio organizavam. Lá rolava de tudo, drogas, sexo e bebidas, todas sem restrição, e Hannah sempre era a atração principal.

—E então meninas? - perguntou Vanessa voltando com sua taça de vidro cheia de um líquido esverdeado. 

Ela olhou para Catherine que desviou o olhar.

—Não precisam fazer isso. Eu só achei que... - dizia Vanessa antes de ser interrompida por Julie.

—Qual o seu plano? - perguntou. - O que seria a vingança perfeita para Hannah?

—Sabia que não iam me decepcionar. Vamos lá fora e eu explico tudo à vocês. - disse Vanessa abrindo caminho pelos adolescentes bêbados na festa.

—Vem Cath. - disse Julie segurando a mão da amiga.

[...]

Próximo à escada estava Hannah ao lado de suas amigas e fiéis seguidoras, Maya a morena e Shenna a loira. As três seguravam taças de vidro e observavam o movimento na festa.

—Olha só quem acabou de chegar. - disse Maya olhando para a enorme porta de madeira.

—Ai meu Deus. - disse Shenna. 

Hannah olhou para a entrada e viu um homem de cabelo preto e olhos castanhos. Barba rala e músculos definidos.

—Michael Campbell. - disse Hannah passando os dedos sobre a boca.

—Não consigo acreditar que ele seja irmão daquela sem sal da Julie. - disse Maya.

—E então, Hannah? - perguntou Shenna dando uma risadinha. - Não vai nem falar com seu ficante?

—Não falar com ele seria falta de educação, não seria?! - disse Hannah colocando seu copo em um dos degraus da escada e indo em direção à Michael.

[...]

O lado de fora da casa parecia menos lotado que o de dentro mas tão grotesco quanto. Os casais se beijando pelo enorme jardim rondavam a casa. E o forte cheiro de cerveja incomodava tanto quanto o de maconha.

—Antes de vir eu passei na farmácia e comprei um laxante. - disse Vanessa. - Vamos colocar na bebida dela. - fez uma pausa. - Mas seria muito ruim se todos os banheiros da casa estivessem trancados, não seria?!

Deu uma risadinha enquanto retirava do bolso uma cartela com quatro comprimidos marrons.

—Como vamos fazer para trancar os banheiros?- perguntou Julie.

—Alex está ocupado demais bebendo por aí para perceber que as chaves da casa sumiram. - disse Vanessa retirando do outro bolso um punhado de chaves.

—Não sei se isso compensa tudo o que ela fez com a gente mas adorei a ideia. - disse Emilly.

—Pra ela pagar mesmo só se morresse. - disse Julie dando risada como as outras.

—Ei amor, te procurei a festa inteira. - disse um homem de cabelo preto e olhos azuis se aproximando das meninas.

—Henry! - exclamou Julie correndo para abraçá-lo.

Os dois deram um selinho e sorriram.

—E aí meninas. - disse o garoto acenando.

—Oi. - disseram em uníssono.

Julie e Henry namoravam desde o oitavo ano. Tinham uma história de amor razoavelmente grande para adolescentes de quinze, dezesseis anos.

—O que estão fazendo aqui fora? - perguntou Henry. - Não deveriam estar curtindo a festa lá dentro?

—Essa é mais uma daquelas reuniões de meninas. Vai indo lá pra dentro que depois eu te encontro. - disse Julie.

—Okay então. Divirtam-se nessa...an...err...reunião de meninas. - disse Henry dando um beijo na testa de Julie e indo em direção à porta de madeira da casa.

—Odeio mentir pra ele. - disse Julie.

—Você não mentiu. Realmente é uma reunião...e nós somos garotas, logo, reunião de garotas. - disse Vanessa.

—Não acho que garotas discutam sobre qual o melhor laxante para usar em suas inimigas. - disse Julie.

Todas riram.

—Voltando ao assunto. - disse Vanessa. - Acho que o troco seria bem maior se uma de vocês filmasse tudo para postarmos em todas as redes sociais possíveis.

Emilly levantou seu celular e piscou com o olho esquerdo.

—Então vamos lá. Acabem com a vadia. - disse Vanessa indo para a porta de entrada da casa.

Vanessa foi com as meninas para a cozinha da casa onde iriam pegar alguma bebida e misturá-la com o laxante. Dissolver um comprimido era fácil se comparado ao fato de que elas precisariam colocá-lo em uma bebida e convencer Hannah a bebê-la. As quatro amigas estavam em frente à pia da cozinha com uma enorme janela atrás que dava vista para o jardim escuro.

—A Hannah bebe algo alcoólico? - perguntou Vanessa.

—Acho que beber antes dos vinte e um anos é a coisa mais correta que a Hannah faz. - disse Julie.

—Então vamos colocar nosso laxante num belo copo com vodka. - disse Vanessa pegando uma taça e colocando a bebida. Logo em seguida retirou um comprimido da cartela.

—AAH MEU DEUS. - alguém na sala gritou.

—BRIGA.

—BRIGA.

—BRIGA.

—O que está acontecendo? - perguntou Julie.

Antes que pudessem se mexer, o corpo de Andrew fora arremessado contra um balcão na cozinha. Andrew estuda no Instituto East Lake como a maioria dos outros moradores da cidade. Ficou famoso por ter repetido o segundo ano do ensino médio duas vezes e por ter agredido um professor. O garoto já fora até mesmo levado para um internato mas voltou para cursar seu último ano.

—O que é isso?! - perguntou Emilly.

Assustada, Vanessa pôs o comprimido em cima da pia ao lado da taça com vodka. 

Uma multidão vinda da sala logo entrou na cozinha seguindo um garoto moreno, provavelmente o que empurrara Andrew contra o balcão.

—Vai aprender à não mexer com a minha garota. - disse o garoto.

—Vai se ferrar. - disse Andrew levantando-se com o olho inchado e sangue na boca.

Os dois começaram a se socar. A briga provocou uma grande quantidade de sangue no chão e uma porta do armário da cozinha quebrada.

—Alguém faz alguma coisa. - gritou Catherine.

Andrew levou um soco no olho. O garoto, um chute na canela. Havia um rasgo em cima da sobrancelha de Andrew e pela quantidade de sangue, o nariz do garoto havia quebrado.

—POR FAVOR PAREM. - uma garota gritou entrando na cozinha.

—FICA LONGE DISSO. - o garoto gritou.

—PAREM COM ISSO. - a garota gritou mais uma vez.

—PAREM COM ESSA MERDA. - disse Alex entrando no meio da briga e afastando os garotos. 

—Vocês são o que?! Duas crianças brigando pelo giz de cera amarelo? - perguntou Alex. - Ajam feito homens.

Andrew limpou o sangue da boca.

—Saiam da festa. - gritou Alex. - AGORA!

A multidão de adolescentes bêbados saiu da cozinha e voltou a dançar na sala.

—Que horror. - balbuciou Catherine.

—Vamos logo terminar isso e ir para casa. - disse Julie.

Vanessa olhou para a pia e lá estava o comprimido marrom. Ela o pegou e jogou na taça de vidro com vodka. 

—Agora é só esperar dissolver. - disse.

As quatro esperaram por alguns minutos até que o comprimido tivesse desaparecido na bebida.

—Quem vai levar pra ela? - perguntou Vanessa.

—Ela nos odeia. - disse Emilly. - Acho que é capaz dela pegar isso e jogar na nossa cara se formos lá.

Julie olhou para a sala e viu seu irmão mais velho - Michael - conversando com Hannah.

—O que ele está fazendo aqui? - Julie se perguntou.

Michael havia terminado os estudos no Instituto East Lake à dois anos. Por que ele estaria em uma festa de alunos que ele nem sequer conhece?! E pior ainda, por que estaria conversando com Hannah?!

—Eu levo. - disse Julie.

—Tem certeza? - perguntou Vanessa. - Você corre o risco de voltar suja de vodka.

—Eu vou fazer aquela vaca tomar até a última gota desse copo. - disse Julie pegando a taça.

—Vou trancar os banheiros. - disse Vanessa.

—Vem Cath, vamos filmar isso. - disse Emilly pegando seu celular.

Cada uma das meninas foram para um lugar da casa. Vanessa subiu as escadas e trancou os banheiros de cima, então desceu e trancou até mesmo o pequeno lavabo no quarto da empregada. Emilly e Catherine foram para o sofá onde teriam uma ótima visão de Hannah correndo para o banheiro provavelmente toda suja. 

[...]

—Oi Mike. - disse Julie. - Não esperava te ver aqui.

—E aí, mana?! - cumprimentou Michael. - Recebi o convite de última hora.

—Alex te convidou? - a garota perguntou. 

—Pois é.

—E você ein, Hannah? - disse Julie virando-se para a ruiva. - Tudo bem?

—Estou ótima. - respondeu. 

Michael olhou estranho para sua irmã.

—Não sabia que você bebia. - disse Hannah.

—E não bebo. - disse Julie. - Peguei essa bebida especialmente pra você.

—Quanta gentileza. - disse Hannah pegando a taça da mão de Julie.

—Ela aceitou. - disse Emilly sentada no sofá. - Agora é torcer para que beba.

—Com licença, vou procurar o Henry. - disse Julie afastando-se.

—Ele passou por aqui agora a pouco. Estava procurando por você. - disse Hannah dando um gole na bebida.

Julie sorriu e virou-se. Deu mais um sorriso, dessa vez malicioso. Ela caminhou até o sofá e juntou-se à suas amigas. As três riram.

Poucos segundos depois, Hannah começara a dançar de forma mais travada. Até o ponto de se retirar para ir ao banheiro "lavar o rosto".

—Quer alguma ajuda? - perguntou Michael.

—Não, estou bem. É só uma dor de cabeça.

—Começa a filmar. - disse Julie para Emilly.

—Cadê a Vanessa? - Catherine perguntou.

Hannah subiu as escadas da casa e sem perceber fora seguida pelas três meninas que filmavam tudo. Ao chegar em um corredor, logo após subir as escadas, Hannah encostou em uma parede e respirou fundo. A garota suava descontroladamente.

—Isso é alguma reação? - cochichou Emilly para Julie.

—Quem está aí? - perguntou Hannah olhando para a escada.

Antes que pudesse se levantar para verificar, Hannah desmaiou. Caiu no chão e bateu sua cabeça que por sorte fora amortecida pelo carpete vermelho.

—Ai meu Deus. - disse Julie.

—Isso devia ter acontecido? - perguntou Emilly.

—Está se repetindo. - surtou Catherine. - Como naquela sexta-feira.

—Não, nem pense nisso. - disse Emilly.

—Precisamos fazer algo. - gritou Julie.

—Não podemos levá-la para baixo. - disse Catherine.

—Não vamos fazer nada. - disse Emilly. - Vamos sair daqui.

—O que?! Não, sem chance. - disse Catherine.

—Ei meninas. Viram a Hannah aí em cima? - perguntou Michael subindo as escadas.

—Não. Não vimos. - disse Emilly.

—Michael. - Julie assustou-se.

—Vamos voltar para a festa. - disse Emilly.- Vem com a gente, Mike. 

As três garotas desceram as escadas e levaram Michael para o outro lado da sala.

—Sério mesmo?! - disse Catherine irritada. - Isso é tão errado.

—O que é errado? - Michael perguntou.

—Nada, você sabe que as vezes a Cath é louquinha. - disse Julie.

—Não acredito nisso. - disse Catherine virando-se e indo até as escadas. Ela as subiu para ajudar Hannah mas ao chegar no corredor não havia mais ninguém. O lugar estava vazio e Catherine não teve um bom pressentimento.

—AAAAAAH. - alguém lá embaixo gritou. Provavelmente alguém fora da casa pois o grito parecia abafado.

Catherine desceu as escadas correndo e se deparou com a multidão de adolescentes abrindo a porta de madeira e saindo da casa.

—O que está acontecendo? - perguntou ao se encontrar com Julie, Emilly e Michael.

—Uma garota gritou lá fora. - disse Julie.

Os quatro correram para fora de casa. As pessoas olhavam para cima chocadas. Algumas com lágrimas nos olhos. Tudo parecia estar mais lento. Emilly jurou ter ouvido a respiração ofegante das pessoas. Os quatro olharam para o telhado da casa onde todos contemplavam Hannah. A menina estava nua e pendurada pelo pescoço com uma corda. Seus olhos estavam fechados e suas veias nas pálpebras demarcadas. Haviam manchas de sangue e alguns arranhões pelo corpo. O rosto estava inchado e com a boca e nariz levemente deformados e ensaguentados, como se tivesse sido espancada. Mas nenhuma daquelas marcas eram tão horripilantes quanto outras quatro de cor preta espalhadas pelo corpo. Palavras. Todas escritas com carvão.

Emilly escrito na coxa esquerda de Hannah.

Vanessa escrito na barriga.

Julie na perna direita.

Catherine escrito no braço, pegando uma parte do ombro esquerdo.

—Meninas. - disse Vanessa chegando por trás e colocando a mão no ombro de Catherine.

Por um momento todas ficaram sem palavras. Apenas observando o corpo pendurado. Algumas pessoas ao redor ficaram nauseadas e sentaram-se na grama. Outras tiraram fotos da garota. Haviam também outras chorando.

O celular das quatro meninas vibrou. Elas não sabiam o que era mais assustador: a notificação em conjunto ou o corpo de Hannah pendurado no telhado da casa. Cada uma pegou seu celular em suas bolsas e olharam-se assustadas. Em uníssono leram:

—Da última vez foi numa sexta-feira, hoje num sábado. Dias diferentes, casos parecidos. O tempo de confidência acabou. Estou aqui e vou revelar todos os seus segredos sujos, vadias. Beijos, -Fox.

As quatro se olharam novamente. Dessa vez com mais medo. Alguém mais sabia sobre o Caso da Sexta-Feira e parecia não ter medo de contá-lo. 


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