Mulheres escrita por Mirys, Pan Alban


Capítulo 3
Kurenai


Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER, AMORES!! ❤

Mais um capítulo da nossa coletânea em homenagem ao mês da mulher ;)

Boa leitura!



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Ela dorme.

Calma, serena, transmitindo tanta paz.

Um suspiro sai dos meus lábios. Cansada pelo tanto de trabalho que uma menina tão pequena pode dar, mas feliz de uma maneira que nunca achei que seria simplesmente por velar o sono dela.

Meus olhos correm por seus delicados traços. Sua mão tão pequena e rechonchuda agarrada ao lençol. Um ato tão inocente e impensado que me lembra de outro alguém que velava o meu sono.

O calor do chá em minhas mãos me embala nas lembranças igualmente calorosas que possuo.

Me vejo criança gritando minha independência. Falando com toda coragem para meu pai o quão capaz eu era. Ele nunca me desmotivou ou duvidou de mim, mas nunca me falava abertamente até o dia do ataque da raposa em Konoha. Naquele dia eu ouvi o quanto ele apenas se preocupava com minha segurança. Eu me concentrava tanto em receber o respeito merecido entre tantos colegas homens na tuma, necessitava sempre me dedicar mais do que todos os outros para garantir o meu espaço entre todos aqueles que queriam ser hogake e ainda queriam se exibir sobre as chances menores que eu teria… Tantas cobranças para ser uma ninja forte que não percebi que também poderia ser cuidada. Protegida por aquele que era responsável por eu estar nesse mundo complicado e bonito.

Muita coisa passou até receber o título de jounin. Lembro do orgulho que senti de mim mesma por aquela posição. Lembro de ter bebido mais do que podia pronta para jogar na cara de quem me repreendesse que agora eu era alguém de um nível bem mais elevado. Poderia dizer que, hoje, mais velha, me arrependo dessa atitude, mas não. Por que eu não poderia comemorar fazendo uma das coisas que mais gostava e queria fazer naquele momento? Eu tinha dado tudo de mim para chegar naquela posição. Eu merecia! E todas as pessoas que me apontassem o dedo merecia ouvir o que eu tinha a dizer.

Minha satisfação só não foi maior do que dizer que além de ser jounin, eu, Yūhi Kurenai, seria sensei de uma Hyuga! Aquele trio não faz ideia do quanto mexeu comigo. Foi com aquelas crianças que eu senti algo mudar em mim. Passei a vida inteira concentrada apenas no meu sonho ninja, em ser reconhecida pela vila, em estar no mesmo nível que meus colegas. Mas foi cuidando e ensinando aqueles três pirralhos tão absurdamente diferentes entre si que descobri mais um lado em mim. Ainda estava obscuro, mas sempre dizem que o tempo nos faz amadurecer e entender melhor nosso passado.

Depois dessas brechas surgindo em mim, ele se aproveitou e ocupou todo o espaço. Entrou sutil. Bem mais sutil do que a fumaça do seu irritante cigarro. Vagaroso, quase preguiçoso. Aquele que cresceu ao meu lado, criou problema e com conversas banais ganhou um espaço em mim.

Assuma é meu amor. Mirai é meu amor.

Aqueles que me fizeram descobrir que tudo bem ser uma ninja importante, tudo bem ser alguém de grande responsabilidade e tudo bem em ser esposa e mãe.

O vento entra balançando as flores da sacada e eu lembro de mais.

Lembro do medo que senti em assumir que amava Assuma.

Lembro do medo que me corroeu quando me descobri grávida.

Lembro do pavor de saber que teria que criar sozinha a nossa filha.

Eu o culpei de ter ido antes de mim. Eu o entendi por ter protegido seus alunos até o fim. Eu aceitei apenas amá-lo e dedicar todo o carinho que pudesse a nossa menina.

Ser mãe solteira não foi, não está sendo e nem será fácil. Não dormir, fazer os afazeres domésticos, cuidar de um outro ser totalmente dependente, sentir as mudanças no próprio corpo.

Eu, a orgulhosa jounin, chorei noites por ser incapaz de parar o choro da minha filha. Chorei por me sentir sozinha. Descobri que havia escolhido a missão mais difícil da minha vida.

Mirai.

Hoje um bebê que dorme sem ter nenhuma noção do quanto seu gesto de segurar o lençol é como o do pai.

Uma menina que terá que lutar para garantir seu espaço. Mesmo que muita coisa mude e novas mulheres surjam como referências. Mesmo que os homens falem o quanto nós já avançamos, sempre haverá mais.

Um espaço, uma posição. Para alcançarmos nossos sonhos temos que lutar.  Sempre.

Tanto a aprender…

Ela já não dorme. Agora ela resmunga. Aquela reclamação manhosa querendo atenção. Minha atenção. A pego no colo e sinto o aconchego, o amor.

Ela ainda irá aprender as dificuldades da vida, os momentos felizes, os momentos cruéis. Sei que um dia irá questionar a morte do pai, terá seus momentos de rebeldia. Um dia também irá descobrir que sempre terá meu colo, meu carinho, meu amor. Ela irá aprender que pode ser tudo que quiser e não precisa seguir passos trilhados de alguém. Ela pode escolher o que será. Ela pode não querer ser como eu. Pode escolher não ser mãe ou pode ser. Pode ser tudo!

Mas ela terá tempo e eu a ensinarei.

Comemorarei suas vitórias, cuidarei das suas feridas, contarei das minhas experiências, verei ela vivendo as delas, apoiarei as suas escolhas e a amarei.

Porém agora… Só agora, sem pressa, irei apenas alisar seus cabelos e apertá-la contra meu corpo. E a paz que me inunda é a confirmação que dou ao vento de que não me arrependo de nada. Sou a mulher que escolhi ser e me orgulho de cada etapa passada. Me orgulho de ser quem sou. E sou muito feliz assim.

 

Mesmo quando eu não mais estiver

Lembre que me ouviu dizer

O quanto me importei e o que eu senti

Agora, só agora

Talvez você perceba

Que eu nunca vou deixá-lo ir

Que eu nunca vou deixá-lo ir

Eu não vou deixá-lo ir!

Só agora  -  Pitty

 

Por: Mirys


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Notas finais do capítulo

Esperamos que estejam gostando! Pretendemos fazer de todas as principais de Naruto, tem alguma que gostariam muito de ler??

Logo passaremos respondendo os comentários!! Nós duas estamos passando pelo problema: dividir notebook com outras pessoas... É triste!

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Até a próxima! Beijinhos!



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