Meu nome é Uzumaki Kushina.

Minha história começa feliz. Uma família grande, cabelos vermelhos por todos os lados, sorrisos também.

Mas tudo mudou.

Massacre, sangue, morte, fios vermelhos espalhados no chão.

Solidão.

Uma estrangeira, uma terra sem ninguém por mim, sem família.

Minha família russa morta em solo estadunidense. Aliados na segunda guerra, inimigos na guerra fria.

Não me jogaram para os orfanatos. Minha família tinha dinheiro e isso sempre move os homens. Um guardião me foi designado e eu aprendi que não seria ninguém ali se quisesse viver.

Só havia um erro. Eu não tinha motivos para viver. Então eu me tornei alguém.

Lutas na rua, armações contra soldados, lutei por mim mesma e não por um ideal.

Naquele momento, eu havia me definido como uma mulher que iria lutar contra aqueles que a fizeram sofrer.

Até que conheci o perfeito estereótipo estadunidense. Um loiro de olhos azuis. Eu o odiei quando o vi de uniforme militar com um sorriso doce nos lábios. Como alguém poderia ser bom segurando a merda que acabou com a minha família? Não podia. E quando ataquei o local onde ficavam os soldados daquela região me vi bastante feliz por saber que o mataria, mas as coisas não foram assim. Um dos nossos aliados trocou a lealdade por dinheiro, aquilo que sempre move os homens. O fogo que deveria matar nossos inimigos se tornou o presságio do nosso fim e os olhos azuis me salvaram.

Minato. Um órfão, como eu, que seguiu o único caminho que poderia haver para um jovem rapaz como ele: o exército. Apesar dos meus gritos de ódio, ele cuidou das minhas feridas com o mesmo sorriso doce no rosto. Em uma noite me decidi por matá-lo, mas bastou um de seus olhares transmitindo paz para que mudasse de ideia.

Minha mãe me ensinou que nascer mulher é uma desgraça. Sempre seremos subjugadas ao poder masculino. Casar, ter filhos, aceitar o que lhe for imposto. Esse era o destino que me aguardava por ter nascido com um sexo que ninguém me perguntou se queria, mas a natureza escolheu. Eu aceitei esse destino até me cansar e decidir lutar. Sem perceber, me impus outro destino. Que para ser mulher eu precisava exalar força e confiança. E como poderia algo imposto a todas as mulheres servir para me fortalecer? Eu não queria um homem ao meu lado. Eu era forte sem ele. Eu não queria filhos, família. Isso era apenas uma obrigação que impunham as mulheres e eu não iria ceder.

Esses pensamentos me fizeram fugir de Minato. Continuei fazendo o que tinha escolhido fazer até ver mais uma família ser morta. A mãe implorando por seus filhos, o pai implorando por sua mulher. Eu vi o homem se jogar na frente de seus carrascos, a mulher lutar com seus braços mesmo com uma arma de fogo apontada para si, eu vi o sorriso em seus lábios cheios de sangue quando viu os filhos fugirem para longe. E eu entendi.

Após aquela noite voltei para Minato. Ele estava sentado em um banco qualquer olhando as estrelas e me presenteou com seu sorriso que dizia que tudo ficaria bem. Eu não era fraca por ter ele ao meu lado. Não era fraca por querer ter um filho com ele. Eu não era fraca por trocar a arma por afazeres domésticos. Eu não era fraca por me sentir bem com coisas tão banais.

Eu era forte por fazer minhas escolhas e lutar por elas.

Serão esses pensamentos que me guiarão mesmo quando os soldados vierem me levar como fizeram com a minha família. O sorriso em meus lábios pela certeza de que Naruto está bem não irá sair mesmo quando meu coração parar de bater.

Meu nome é Uzumaki Kushina.

Eu amei e fui amada.

Eu escolhi dar a luz.

Eu escolhi dar a vida por essa luz.

Eu vivi as minhas escolhas.

E não me arrependo delas.

Por Mirys