A Sombra do Morcego escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 1
Capítulo I - Um Morcego incomoda muita gente


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que acompanharam e demonstraram seu apoio para com "Batman - Alvorecer", a antecessora desta história, disponível aqui no Nyah!Fanfiction.
Vocês fizeram com que fosse um prazer escrever cada um dos capítulos.

Esta, pode ser inclusive acessada através do link:
https://fanfiction.com.br/historia/714346/Batman_-_Alvorecer/

Espero que gostem desta sequência.
Boa leitura e fiquem bem!



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Eram os rostos de Jack Ryder e Vicki Vale que através de um grande painel eletrônico saudavam o gothamita que pelas ruas do Distrito Diamante, em Gotham City, à noite passava.

Um destes parara subitamente, provavelmente pausando seu retorno para casa após um longo expediente no trabalho, notando que o jornal noturno estava em exibição e era Ryder quem dava início ao anúncio das notícias do dia.

O mesmo fora escolhido há pouco tempo como Âncora provisório para o noticiário devido o acidente que seu antecessor sofrera. Este possuía cabelo castanho cuidadosamente penteado para trás. Podia não ser dos mais simpáticos, todavia, seu esmero em permanecer com aparência impecável era admirável. Utilizava óculos de negra armação que pouco deixava notar o preto dos olhos. Trajava um terno preto de linho que fortemente contrastava com a camisa branca e gravata azul que igualmente usava.

— Boa noite Gotham, eu sou Jack Ryder.

— E eu sou Vicki Vale. – complementou a bela mulher que ao lado do Âncora sentava-se. Seu curto cabelo ruivo brilhava de acordo com a incidência de luz do estúdio, alternando com o loiro. Os olhos azuis eram de um encanto só, e se destacavam tanto quanto a boca, de um vermelho vivo. Utilizava um terninho branco. Era mais uma que, por obra do destino, naquela noite atuava em posição tão importante no jornal. A verdadeira âncora estava de férias, e por sua competência e eloquência como repórter de campo, fora chamada.

— É preocupante a situação de nossa cidade. – introduzia Jack.

— O índice de criminalidade aumenta a cada dia. Todavia, o Comissário Loeb afirma que o D.P.G.C. está fazendo tudo o que está ao seu alcance para amenizar a situação. – continua Vicki.

— O mesmo ainda teve tempo para falar sobre alguns rumores. Em suas próprias palavras... – a imagem no painel subitamente muda para uma entrevista em que o Comissário Loeb, um senhor atarracado de grande papada, cabelo preto ausentando-se no topo da cabeça em função de sua calvície e os olhos de mesma cor que não passavam qualquer confiança para quem os encarava, aparece - “Posso assegurar os cidadãos de Gotham que não existe nenhum suposto maluco vestido de morcego. A única lei nesta cidade ainda é e sempre será a empreendida por nossos bravos homens e mulheres do Departamento de Polícia”.  – voltando a Ryder - Assim ele se refere ao...

— Batman. – Vale com um sorriso de canto de boca interrompe a fala de Ryder que peca em esconder sua insatisfação com a atitude da colega. Não é a primeira vez em que nas transmissões se nota a antipatia que um sente pelo outro.

“Batman”. É assim como a mídia tem me chamado. Apesar de todo o meu esforço em permanecer no sigilo, comumente boatos são espalhados pelas ruas, ainda mais com o moderado sucesso que tenho obtido em impedir determinados crimes. Dia após dia o número de pessoas que acredita em minha existência tem crescido. No entanto, suas opiniões são diversas, em sua maioria, repreensivas. Pouco me importo com o que dizem, todavia, caso isto se agrave, as consequências podem ser severas.

Já se passaram onze meses desde meu retorno a Gotham City. Após os nove anos em que estive aperfeiçoando tanto meu corpo quanto mente, finalmente sinto que posso estar pronto para dar início a minha missão. Neste período avaliei o local que chamo de lar através da ótica de minha mais recentemente assumida persona.

Minha cidade está decadente. O crime possui suas raízes profundamente fincadas, estendendo-se até pontos em que, até o momento, é difícil saber. Por exemplo, Gillian B. Loeb, o homem a aparecer na entrevista e atual comissário de polícia é um dos inúmeros responsáveis pela podridão que se alastra. Este possui tantos acordos com os chefes da máfia que é até mesmo difícil que não tenha negócios com o Diabo em pessoa. Comandando todo o departamento de homens da lei, é quase impossível que por agora possa contar com os bravos e destemidos de Gotham.

Carmine Falcone é outro que está em minha lista. Há registros da família Falcone desde a fundação de Gotham. Estão tão emaranhados aqui quantos os Wayne ou Cobblepot poderiam estar. Possui diversos negócios de fachada para mascarar suas atividades ilegais.

Suspiro profundamente. Apesar de todo o tempo em que estive fora, jamais deixara de sentir saudade das noites em meu lar. O céu possui um leve tom avermelhado mesmo agora na escuridão. A lua brilha soberana, jamais ofuscada por suas companheiras, as estrelas. Tímidos pingos de chuva caem acompanhados de uma fria brisa.

É do topo do prédio da companhia farmacêutica “Cale Anderson”, que vigio. Utilizo o traje que há tantos meses desenvolvia na companhia de Lucius Fox, um velho amigo e diretor da Divisão de Ciências das Empresas Wayne. Admito que fomos capazes de nos superar, a roupa conta com tudo o que tem direito.

É revestida por uma camada especial de kevlar interligada por um gel que mantém as placas fixas e ao mesmo tempo maleáveis, permitindo que não me sinta preso ou sequer perceba o peso da mesma.

O capuz é revestido de chumbo e possui orelhas que utilizo para manter contato com a rede de comunicações que estabeleci no subsolo de minha propriedade. O mesmo ainda é armado com tecnologias infravermelhas acionadas através de lentes brancas que recobrem meus olhos.

Luvas e botas possuem reforço extra em tecnologia ante balística, assim como munidas de imãs acionados por pulsos elétricos. O torso, onde um grande morcego preto se encontra, um perfeito alvo, é a região mais bem protegida.

Levo ainda comigo um cinto de médio porte no qual alojei diversos utensílios. Desde um arpéu modificado, passando por shurikens em formato de morcego. Alfred fez questão de apelida-los de batrangues assim como boa parte de meu equipamento com o prefixo “bat”. Conto igualmente com bombas de fumaça, resumido estoque de primeiros socorros, minúsculas cápsulas de gás e um respiradouro. Conteúdo este que varia de acordo com o que acredito que possa vir a precisar. Pelo menos, até que consiga elaborar uma forma de tudo ser capaz de levar.

As cores do uniforme são revezadas em preto (capuz, capa, luvas e botas), cinza (torso, braços e pernas) e amarelo (cinto). Tudo perfeitamente pensado para meu horário de atuação, a noite. Em outras palavras, o resultado de um gênio bilionário playboy desocupado, como Alfred e Lucius apreciam chamar. Possuo certo orgulho do que fizemos.

Todavia, sou retirado de meus devaneios pelo alto som das sirenes de polícia que se aproximam. Busco com os olhos a fonte. Ao longe finalmente encontro. Ao todo, cinco viaturas perseguem uma van em alta velocidade. Os pedestres abrem caminho o mais rápido que são capazes, contudo, para um deles, que está distraído com o painel que o jornal exibe, não haverá tempo para desviar. Sem pensar duas vezes salto em seu encalço. Faço uso de minha capa para planar em sua direção. Quando próximo, lanço-me neste tirando-o do caminho por centímetros. Os veículos passam zumbindo por meus ouvidos. O civil parece bem, apenas assustado.

Rapidamente sou cercado pelos olhares curiosos dos cidadãos. Um ou outro pega o celular para tirar uma foto ou fazer uma filmagem. Não me demoro em sacar o arpéu e dali sair o mais veloz possível. O mesmo arranca-me do chão em direção ao topo de um edifício de onde corro o mais rápido que posso para alcançar o automóvel em fuga.

Por mais esforço que faça minhas pernas jamais me possibilitarão alcançar as viaturas, sequer os fugitivos.

— Penny-Um, na escuta? – busco ofegantemente contatar meu fiel mordomo que se encontra na rede de cavernas abaixo da Mansão Wayne.

— Penny-Um na escuta. – responde-me ele.

— Preciso que acesse a frequência da polícia. Estou em perseguição e necessito saber com o que lido!

— Agora mesmo Mestre Bruce.

Prossigo na corrida. Faço uso do mecanismo de estilingue que implantei no arpéu. Este se baseia em lançar-me mais a frente toda vez em que a corda é totalmente recolhida ao ponto que alcanço o local de lançamento inicial.

— O Banco Central de Gotham foi assaltado. Cinco homens armados com artilharia pesada levaram cerca de dois minutos para saquear uma quantia equivalente a 85 milhões. Estão fugindo em uma van preta a qual a placa é DTC – 27 – 39 – informa-me cuidadosamente Pennyworth.

— Obrigado Penny-Um. A comunicação pode sofrer certa interferência agora. Em breve entrarei em contato. – respondo avaliando os riscos de uma ideia que logo me ocorre.

— Tome cuidado Patrão Wayne.

Locomovo-me para a borda do topo de um dos edifícios pelo qual corria e mantendo minha velocidade, salto. Abro os braços e mantenho as pernas unidas como em um mergulho. Em seguida uno os braços ao corpo e me deixo cair em velocidade na acolhedora escuridão da noite.

A realidade é um turbilhão perante minha visão. Os sons pouco se distinguem em meus ouvidos. Os pingos de chuva atingem a parte exposta de meu rosto como chicotadas. Meus olhos lacrimejam e quando o chão é tudo o que vejo, aciono um pulso elétrico através de minhas luvas na capa. A mesma infla e prende-se aos imãs em meus punhos e botas alçando-me no ar. Como um verdadeiro morcego plano perfeitamente. Agora sou capaz de acompanhar a caçada.

— Visão. – pronuncio conscientemente ativando um estado infravermelho em minhas lentes. Este me permite, entre suas diversas funções, observar através de superfícies sólidas. Descubro então como os bandidos estão distribuídos no interior do automóvel.

 Dois homens munidos de fuzis localizam-se na parte de trás da van com as maletas de dinheiro. Três outros, igualmente armados, reúnem-se na frente. Pelo que é possível observar, todos trajam as mesmas vestimentas. Máscaras de esqui recobrem o rosto, utilizam jaquetas de couro pretas, luvas de cor homônima, calças jeans e sapatos de bico fino.

Um acossamento deste porte seria capaz de causar demasiado estrago. Deter os fugitivos tornava-se de suma importância. Uma forma de cuidar da situação seria abater os que na traseira estão e de dentro tentar parar o veículo.

Lentamente, movo meus membros superiores para perto do corpo. O pulso de eletricidade se intensifica forçando a capa a dar-me velocidade. Como uma bala alcanço as portas traseiras da van e me seguro. Contudo, não contava que naquele exato instante um dos criminosos chutaria a exata porta em que me apoiava para afastar as viaturas de polícia a base de neles descarregar suas balas.

Pendendo precariamente no veículo busco forçar o peso de meu corpo para desviar dos outros automóveis que pelo lado passavam. Apoio minhas pernas na porta e chuto. É o suficiente para fazê-la quase fechar. Posso sentir o impacto da pancada que atinge o bandido que despistava os policiais. Ele tomba para trás dentro da própria van. Ainda firme segurando, giro e igualmente entro.

A reação deles é imediata. O primeiro busca fuzilar-me. Com um golpe lateral retiro sua mira de posição em seguida acertando um chute que por certeza parte uma de suas costelas. O segundo não possui tempo de levantar de sua pancada anterior. Levanto a perna e acerto seu queixo fazendo dentes voarem.

Ao olhar para o chão do veículo noto o tipo de armamento que os criminosos estavam fazendo uso. Tratavam-se de fuzis de assalto. Mais precisamente, exemplares HK416. Armas unicamente autorizadas para uso militar. O que estariam fazendo ali?

O que a van dirigia finalmente nota minha presença e executa movimentos de ziguezague desequilibrando-me. Abro os braços fazendo a capa inflar impulsionando-me para trás. Atitude não pensada e que me condena a com toda força acertar o para-brisa da viatura que liderava a perseguição. O vidro racha às minhas costas.

Ouço de dentro do carro:

— Meu Deus! Esse é... – um dos policiais tenta falar.

— Impossível! – o outro retruca – Ele não... Ele não existe!

Saco o arpéu e com dificuldade miro na van. Meu corpo por inteiro ainda sente o choque da pancada. Atiro uma vez. Falho. Meu braço treme. Respiro e atiro uma vez mais. Acerto e o impulso logo vem.

Com o máximo de força que reúno, seguro o teto do veículo. Subo e logo estou em seu topo. Jogo-me para frente. Está na hora de encerrar esta perseguição. Firme no para-brisa utilizo a capa para tapar a visão dos criminosos. Como esperado, desesperam-se. Em uma manobra ousada a van guina para o lado pronta para capotar. O máximo que posso fazer é utilizar o arpéu. Sem sucesso, este prende-se e unicamente me retira do automóvel. Mas logo caio no asfalto enquanto a van desliza lateralmente por alguns metros já tombada.

Ergo-me do chão. Todo o meu corpo dói. Sem o traje, poderia nem sequer mais estar ali. Tive sorte. Sorte de principiante.

Corro para averiguar o estado dos criminosos. As sirenes de polícia se aproximam. A porta do motorista, já danificada, é fácil de arrancar, embora ainda pesada. Retiro os bandidos do interior da van. Apesar das escoriações e possíveis fraturas, ainda estão vivos. O automóvel não corre risco de explodir.

Toda a preocupação manteve-me alheio a presença dos homens da lei. Recordo-me apenas quando um destes já está com a arma posicionada em minha cabeça enquanto ergue voz de prisão. Não há tempo para sutilezas. Giro segurando sua mão. Aplico leve pressão em seu cotovelo forçando-o a soltar o revólver. Ele grita. Lanço uma bomba de fumaça ao solo no exato instante em que seus companheiros, que logo chegavam, abrem fogo. Na confusão, escapo com o arpéu em direção a agora hostil escuridão noturna.

...

Momentaneamente emito grunhidos enquanto manejo a agulha através de minha carne executando os pontos. O traje protegera-me de grande parte dos impactos, todavia, não impossibilitara ferimentos. Um ou outro pedaço de vidro perfurara minha pele.

Alfred se aproxima com o resto dos suprimentos que precisarei para os curativos. Estamos na Caverna. Há onze meses encontrei uma rede de cavernas e túneis que se estendia por toda a propriedade dos Wayne ligando-se aos esgotos de Gotham. Gastei certo tempo mapeando caminho por caminho.

A porção que localizava-se logo abaixo da Mansão mantinha-se de pé graças aos antigos alicerces ali instalados pelos trabalhadores a serviço de meu antepassado, Alan Wayne. Porém, a umidade do local os estava destruindo. Com ajuda, fui capaz de substituí-las por versões de aço. Deveriam ser o suficiente para os próximos anos. Com escadarias naturais, a única ação que devia ser feita fora a implantação de metais antiderrapantes facilitando a locomoção do local que poderia muito bem ser dividido em três pisos. O riacho que circundava, passava naturalmente entre as mais recentes construções e adições. Com o auxílio de Lucius, uma rede eletrônica foi introduzida, era através desta que em campo era capaz de comunicar-me com Alfred, recebendo as informações necessárias. Um espaço para o arsenal do traje igualmente fazia presença no subterrâneo. Bombas de fumaça, arpéus, “batrangues”, cápsulas de gás entre outros. Uma redoma de vidro resguardava a roupa. Próximo a uma das saídas, uma modificada motocicleta encontrava-se. Como não poderia depender unicamente da habilidade de planar que a armadura proporcionava-me, investira certo tempo em um protótipo de transporte único. Não havia sido testada em campo, porém, logo chegaria a hora.

— Desculpe não ter te esperado Alfred. – digo finalizando os pontos ao tempo em que meu amigo posicionava panos e desinfetantes próximos a mim.

— Com todo respeito Mestre Bruce, mas gostaria de ter evitado a carnificina. Afinal, o senhor está sujando de sangue o chão que a pouco limpei. – retrucou Pennyworth.

— Com todo o guano, é o meu sangue que lhe preocupa? – ouço vindo de cima o guincho das centenas de morcegos que na caverna ainda moravam e a nós exerciam sua companhia.

— Em abundância, sim.

Ergo-me da bancada montada no segundo piso da Caverna, onde se localizava uma ala médica. Presos a alguns armários onde os medicamentos eram guardados, raios-x de diferentes fraturas obtidas em meu passado serviam de enfeite. Uma pia mantinha-se ao lado da única cama no lugar presente. Logo ao lado um monitor de batimentos cardíacos.

Alfred estava certo em reclamar da sujeira. É apenas quando me levanto que noto toda a bagunça que fiz. Apesar de minha prática com cuidados médicos, jamais fora uma de minhas habilidades de destaque. Não como meu pai ou Alfred. Meu amigo já se punha a limpar. Busco vestir uma camisa e subo ao primeiro piso onde a rede eletrônica ficava. Havia algumas atualizações a serem feitas no códice.

— A caçada foi próspera, acredito. – diz-me o mordomo.

— De certa forma. Foi um assalto isolado. Aparentemente nenhuma ligação com os chefes da máfia. Contudo, o fato de simples criminosos estarem munidos com armamento de tal potência me intriga. Averiguarei isto com calma em breve. – respondo.

— Bem, enquanto isto, que tal uma olhada nos noticiários? Tenho certeza de que o senhor estará interessado em saber sobre o que estão falando. – Alfred liga uma televisão a meu lado.

— Como assim?

Redireciono o sinal da televisão para o computador abrindo diversos canais simultaneamente. Meu amigo tinha razão. Tudo o que os noticiários falavam era sobre a perseguição através do Distrito Diamante e de como uma misteriosa figura fora vista em participação da mesma. Vídeos amadores eram igualmente mostrados, contudo, nenhum deles fora capaz de captar com clareza ao Batman.

— O Senhor tem mantido esta “persona” em segredo com sucesso... Até agora. – diz Alfred.

— Muitos olhares direcionados. – aumento o volume de um dos jornais.

— Uma noite movimentada em Gotham. O que antes era rumor, agora é uma certeza. Aquele que pelo nome de “Batman” atende, foi avistado por diversos gothamitas. No entanto, os relatos destes se contradizem constantemente. Alguns insistem em afirmar que o misterioso Morcego buscava deter os bandidos em fuga. Já outros dizem que este estava auxiliando a escapada. – comunicava uma repórter próxima ao local onde mais cedo o noticiário era exibido através do imenso painel. O mesmo no qual igualmente fui capaz de salvar o civil do atropelamento.

— Enquanto a maioria ainda busca tirar conclusões, outros já possuem uma opinião formada. – diz o Âncora do jornal quando ao estúdio retornam – Nestas imagens cedidas por um cinegrafista amador, vemos Batman agredindo um oficial da polícia.

A filmagem de fato demonstrava o exato instante em que Batman fazia o desarme do dito oficial da lei que ao mesmo erguia voz de prisão. Ao contemplar Alfred noto seu semblante variar de condescendência à desaprovação.

— O Comissário de Polícia, Gillian B. Loeb organizou uma entrevista coletiva na frente do edifício que abriga o D.P.G.C. É lá que este pretende fazer um comunicado importante. Passamos agora para Bill, o nosso repórter em campo que possui mais informações. Bill. – continuou o jornalista antes de a transição ser feita para o local da entrevista.

— Obrigado Bob. Uma boa noite a todos. O comissário logo estará subindo no palanque para o comunicado assim ouviremos o que ele tem a dizer. Ah, lá está ele. – aponta Bill para o atarracado Loeb que se dirigia ao microfone.

Este aparentava nervosismo. Suas gordas bochechas estavam vermelhas enquanto que a papada sacudia a cada movimento brusco que fazia. Outros policiais o acompanhavam, no entanto, mantinham-se logo atrás. Alguns destes, era capaz de dizer os nomes. Nenhum tinha boa fama.

— Esta noite... - começou Gillian – Presenciamos a que terrível ponto nossa tão bela cidade chegou. O ponto em que um maluco, nada menos, decidiu que se trajaria como um maldito morcego e não só ajudaria criminosos, mas agrediria um oficial da lei.

— Mas Comissário, não fora o senhor que mais cedo afirmara que o Batman não existia. – interrompeu um repórter.

— Jamais disse isso.

— Os criminosos foram pegos? – intervém mais um.

— Sim, foram pegos.  – responde Loeb feliz em mudar de assunto - Mas não com o auxílio deste “Bat-Man”! Um maníaco que não passará nem mais uma noite na ativa.

Gillian B. Loeb ajeita seu quepe sobre a calva cabeça na melhor intenção de demonstrar autoridade.

— É pelo poder investido em mim como Comissário de Polícia de Gotham City... Que o D.P.G.C. estará destacando uma força-tarefa para caçar e, de uma vez por todas, dar um fim a esta ameaça! O responsável por liderar este destacamento será o Sargento James Gordon!

Para surpresa tanto minha quanto de Alfred, é James Gordon quem agora sobe ao palanque. O homem possuía cabelo ruivo bagunçado como se jamais tivesse tempo o suficiente para pentear. Os olhos azuis, envoltos em visíveis olheiras, escondiam-se por trás das lentes de remendados óculos. Conservava uma barba, provavelmente não por vontade própria. Trajava um sobretudo preto por sobre um terno de mesma cor. A roupa conservava amassados resultantes de pressa.

Gordon posicionou-se ao lado de Loeb antes deste prosseguir.

— O D.P.G.C. está contra esta ameaça! Gotham City está contra o Batman!


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Notas finais do capítulo

Torço para que tenham apreciado o capítulo. Até o próximo e fiquem bem.

Bruce Wayne/Batman
Primeira Aparição - Detective Comics #27 (1939)

Thomas Wayne
Primeira Aparição - Detective Comics #33 (1939)

Alfred Pennyworth
Primeira Aparição - Batman #16 (1943)

Lucius Fox
Primeira Aparição - Batman #307 (1979)

James Gordon
Primeira Aparição - Detective Comics #27 (1939)

Gillian B. Loeb
Primeira Aparição - Batman #404 (1987)

Jack Ryder
Primeira Aparição - Showcase #73 (1968)

Vicki Vale
Primeira Aparição - Batman #49 (1948)

Carmine Falcone
Primeira Aparição - Batman #404 (1987)

Os personagens aqui presentes são propriedade intelectual da Editora DC Comics.



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