A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E ai amoress, como estão? Gostaram do fato de eu estar postando um capítulo a cada dois dias? Juro que estou tentando fazer capítulos maiores, mas a pressão de passar no vestibular não ajuda no meu tempo KKKKKK.
Muito obrigada a Victória, Valarie, Signora( ♥) , Bianca e Satsuki. Vocês não sabem o quanto é satisfatório receber os comentários de vocês, mesmo que seja um simples "continua"

Enfimm, boa leituraa!

E feliz dia das mulheres mermãs! Somos maravilhosas ne nom? ♥



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Pov Alexa Lee

A vida é estranhamente uma certeza inconstante, no qual você nunca sabe o que te aguarda. Não importa o quanto você seja cuidadoso e meticuloso, as coisas nunca vão sair do jeito que você espera, e sempre vai ser assim. O apocalipse apenas provou mais ainda a veracidade dessa teoria . 

Minha cabeça latejava , meu corpo inteiro doía , e tudo estava completamente escuro e solitário, como se apenas eu e minha mente convivêssemos em uma grande caixa de água turva. Sentia como se eu tivesse sofrido um acidente de carro, e não que estava em um apocalipse. Não sabia que horas eram, muito menos que dia estávamos. Onde eu estou?

Vi o rosto da minha mãe, do meu pai, até mesmo do meu fiel cachorro. Eu estava em casa? Tinha sido tudo um sonho? Sempre torci para ser tudo um longo pesadelo, mas as memórias não me enganam. Infelizmente não iria me livrar do apocalipse tão cedo, considerando que ele faz parte de mim.

Consigo ouvir vozes ao longe, como se eu estivesse flutuando em um grande lago, abaixo das pessoas, mas não posso entender o que elas falam. Não são vozes conhecidas, e quanto mais esforço eu faço, mais minha cabeça dói e mais as vozes se tornam estranhas. Desisti de lutar contra meu próprio cérebro, afundando novamente na escuridão que me abraçava como uma velha amiga, que sorria para mim. Ela ja tinha me acolhido tantas vezes que era como se eu estivesse indo pra casa.

Algum tempo depois, comecei a ficar mais consciente em relação a tudo a minha volta, e o som de pássaros junto a passos e outros tipos de sons chegaram aos meus ouvidos . A sensação de estar flutuando passou, e por algum motivo um sentimento de tristeza se apoderou de mim, e eu percebi que estava de volta. Agora estava totalmente consciente. Permaneci com os olhos ainda fechados, e uma única pergunta insistente na cabeça: o que tinha acontecido? Até que finalmente lembrei . Tinha uma vaga memória do mercado, da mulher, umas vozes e errantes. Acho que acabei desmaiando de cansaço no final de tudo. Ótimo. Agora não sabia onde estava nem com quem estava. E nem sei direito se estava realmente viva.

Fiquei de olhos fechados por mais uns cinco minutos, apenas escutando o ambiente ao meu redor, analisando tudo que podia superficialmente com meus sentidos ainda muito danificados. Soltei um suspiro e comecei a mover meus dedos, sentindo que estava em uma cama macia e confortável , e que tinha uma coisa pontuda enfiada no braço. Soro? Sangue? Eu estava tão ruim assim? Realmente quase tinha morrido por causa de um galho? 

Sentia um tecido macio em minhas pernas, e percebi que estava provavelmente coberta. Eu tinha dormido aqui? Quanto tempo? Estava tão confortável... foi complicado resistir a tentação de fechar os olhos novamente e fingir que nada tinha acontecido. Mas infelizmente a vida não é tão facil assim. 

Abri os olhos , tendo uma extrema dificuldade de me acostumar com a luz que reluzia pelo quarto, me fazendo cerrar os cílios . O que indicava mais ainda que fiquei inconsciente por algum tempo. Por um aterrorizante momento, a imagem de meu quarto no laboratório me veio a mente, o que fez com que eu abrisse meus olhos completamente, sendo cegada por alguns momentos com a luz intensa.

Quando finalmente me acostumei ,movi o olhar pelo quarto, tentando conseguir a maior quantidade de informações possíveis sobre o meu paradeiro. O teto acima de mim era totalmente branco, e as paredes pintadas em tons claros de azul com alguns detalhes delicados, como se fosse pintado a mão. A cama na qual eu estava era de casal, comprida e larga, e avistei o suporte do soro do lado de uma pequena cômoda escura. Tinha também um grande armário do lado de uma bancada, no qual estava repleta de fotos. Estreitei os olhos, tentando obervsar melhoras as fotos, mas acabei desistindo prla dificildade. Ainda tinha a visão meio turva, mas pelo menos estava passando.

A porta marrom permanecia fechada, e me recostei novamente, tentando manter a calma. Eu estava sozinha no local, o que me fez soltar um suspiro de alívio, pois teria ao menos um tempo melhor para pensar. Olhei para a janela, e pela claridade deduzi ja ser de manhã, mas não consegui perceber mais do que isso. Permaneci mais algum tempo deitada, tentando lembrar de todos os detalhes do dia anterior, ou dos dias atrás, evitando uma crise de pânico. Onde estavam minhas armas? E minha mochila? 

Olhei para minha blusa, e percebi que pelo menos estava usando as mesmas roupas de antes, apenas mais manchadas. Por algum motivo isso me deixou mais aliviada.

Quando tentei sentar, uma dor muito intensa me impediu de levantar, me fazendo soltar um resmungo, e lembrei de todos os ferimentos que proporcionaram meu provável desmaio no mercado. Pelo jeito eu era uma pior médica do que achava. Lembrei da mordida, e o pânico me tomou novamente. Levantei a coberta que me cobria, temendo o pior. Soltei um suspiro aliviada quando vi que ainda tinha perna, eles não tinham se precipitado.

— Bem vinda a vida. - Uma voz grossa chegou aos meus ouvidos, no mesmo momento que um barulho fraco de trinco, e um homem vestido de xerife apareceu na porta sorrateiramente, me assustando. Seu aparecimento me fez entrar em posição de ataque, mas permaneci quieta. Seu rosto indicava curiosidade e surpresa, e ele me focava imóvel, como se tivesse medo de prosseguir. Não tinha percebido ele se aproximando do quarto, e me xinguei mentalmente por isso. Mas...por que diabos ele estava usando essa roupa? O encarei de olhos arregalados, evitando movimentos. Fixei minhas mãos na cama, o observando .

Ele se aproximou lentamente , me encarando profundamente, como se me analisasse, de olhos ainda arregalados .Tinha as orbes parecidos com os meus, azuis e claros, junto com cabelos levemente loiros e encaracolados na ponta , como se tivessem secado com a brisa do dia. Observei seus movimentos atentamente, precavida, e quando ele estava a um metro de mim avancei em sua direção, mas algo me segurou e me puxou de volta para a cama com tudo, me fazendo bater a cabeça no apoio, e tudo girou. Tentei puxar meu braço para tocar a minha cabeça, mas ele não se moveu. O que foi isso?

Olhei para meu braço, que ardia pelo puxão, e logo senti o metal frio ao redor dos meus pulsos, os envolvendo firmemente. Estava tão pensativa em analisar tudo que nem prestei atenção. Puta merda, eu estava algemada. Soltei um arquejo sentindo dor.

— Tome cuida...- O homem começou a falar, erguendo os braços , e virei meu olhar para ele rapidamente, com uma careta. Mas antes que terminasse a frase desferi um chute com minha perna boa em seu rosto , me apoiando com a ruim, mas estava tão fraca que acabei caindo na cama novamente, sentindo uma dor forte nos pés . Desisti de lutar, frustrada, puxando as algemas. Pulei em cima da cama, prestes a puxar elas do suporte. 

— O que está acontecendo aqui?- Outra voz perguntou, interrompendo o combate. Ouvi passos se aproximando da porta, e logo uma careca apareceu, olhando para dentro. Ótimo, mais pessoas para lidar. E era outro homem. Comecei a ficar mais nervosa.

— Nossa paciente acordou. - O xerife falou, esfregando o rosto, e eu rosnei para ele, furiosa. Mas eu sabia que eles sabiam que eu estava inofensiva no momento, mesmo deixando uma marca vermelha no nariz do homem. Sorri satisfeita com o feito. Se querem algo de mim, vao ter que saber com quem estão lidando. Desisti de quebrar as algemas, e me sentei novamente. Não pareciam perigosos. 

— Bem, seja muito bem vinda, saiba que não pretendo te machucar, e preferiria que você também fizesse o mesmo mocinha. Me chamo Hershel, e você se encontra em minha fazenda.- O homem idoso com uma aparência carinhosa falou, entrando no quarto. Mocinha? Fazenda? Eu deveria estar longe do local que fui achada, pois não lembro de ter passado por fazendas. Ele segurava uma maleta médica, e deduzi que vinha dar uma olhada em mim. Fez sinal para que o xerife saísse, o que me deixou mais tranquila momentaneamente. Me olhava de maneira curiosa e satisfeita.

Ignorei o que ele falava e olhei para minha perna, analisando melhor o local. Minha coxa e meu tornozelo estavam enfaixados por faixas que não eram minhas, e deduzi que tinham me costurado. Meus pés estavam cheios de curativos também, e reparei que realmente tinha abusado muito deles. Nesse momento, o pânico me tomou. Ele tinha visto as mordidas. Obvio que tinha visto, como poderia não ter?

O homem de cabelos brancos me analisava profundamente, como se tentasse conhecer minha história pela minha aparência. E pelo meu estado, não seria tão difícil. Mesmo com receio do que ele poderia fazer com essa descoberta, não senti medo. Algo nele me acalmou, como se eu soubesse que ele nao queria me fazer mal.

Pensei em ataca-lo também, mas ele estava me tratando tão bem que era melhor não arriscar. Não gostaria de ser ingrata, ainda mais que ele não me matou quando viu a mordida. Será que mais gente sabia? Quantas pessoas tinham aqui?

— A...a menina que ajudei...?- Perguntei, lembrando de como tinha vindo parar aqui para começo de conversa. Torcia para que tudo tenha dado certo para ela, mesmo querendo fugir logo daqui e não fazendo a mínima ideia de quem exatamente ela era.

— A menina que você ajudou é minha filha. - Hershel falou, sorrindo sincero e aliviado. Agora mesmo que ele não iria me fazer mal.  - Ela está muito bem, graças a você. Você nos deu um baita susto.

Abri um sorriso mínimo com a notícia, mas ainda sim nervosa. Estar algemada não é uma sensação tão boa, e quando você aparece toda ferida e cheia de mordidas, é foda pensar em algo positivo saindo do grupo que te resgatou. Virei a cabeça levemente para o lado, buscando alguma saída

A janela estava a menos de um metro de minha cama, eu conseguiria ir até lá bem tranquilamente. Estávamos em uma casa pelo que percebi, e julgava que não era muito alta . Agora, o que fazer com as algemas? Minha cabeça trabalhava furiosamente quando a voz do médico interrompeu-as.

— Descanse mais um pouco antes de tentar fugir, vai abrir os pontos e acabar desmaiando de novo. Você estava totalmente desidratada quando chegou aqui, ainda não está em condições de se mover muito.- Continuou, se aproximando cautelosamente. Ele pediu permissão com o olhar e apontou para a agulha do soro, que tinha caído em meu chute no xerife. Assenti com a cabeça, cedendo.

Já que estava aqui, por que iria negar tratamento? Afinal, fazia muito tempo que não via humanos vivos, ainda mais preocupados. Não iriam gastar medicamentos com uma pessoa que iriam matar. A preocupação de Hershel me deixou até comovida, mas aprendi a não confiar em primeiras impressões. Deixei que ele visse meus machucados, e vi que demorou mais tempo na mordida, como se ainda não acreditasse em algo. Tremi, mas não falei nada.

Pensei novamente no fato de estar em uma fazenda, e a curiosidade se abateu sobre mim. Antes de tudo, eu morava em um apartamento grande, sem muito verde nem animais, o que eu considero até um pouco triste. Íamos para uma fazenda uma vez por mês, que pertencia a meu tio, mas quase nunca dava para aproveitar, mesmo assim eu amava o local. Meu cachorro adorava. 

— Vão me deixar algemada? - Perguntei, afastando meus pensamentos, receosa, enquanto ele finalizava os curativos. Não gostava da sensação de estar presa novamente, e nem do fato de estar em um local desconhecido. E ainda era muito estranho dirigir minha voz a alguém que não fosse eu mesma.

— Ah , pretendíamos libera-la até você dar um chute em Rick . - Falou, soltando uma risada. Então o xerife se chama Rick, interessante. Abri um sorriso, e ele continuou.- Você estava mordida, mas Maggie não permitiu que alguém te matasse. E no final ela estava certa, não é mesmo? .- Falou, pesadamente, me encarando como se esperasse algo de mim. Fiquei gelada, eles realmente sabiam da mordida afinal das contas. Da mordida não, das várias mordidas, eles não eram burros. Fechei a expressão. - Não vamos te machucar, só queremos uma mera explicação. - Falou, e achei a proposta compreensível. E aliás, queria ver Maggie, que fez esforço para mim não levar um tiro de misericórdia.

Deixei que meus pensamentos que levassem para longe, nos tempos em que eu voltava da faculdade feliz e ia passear com meu pasto alemão, Marley. Eu praticamente vivia sozinha, pela quantidade de trabalho que meus pais tinham, mas lembrava muito bem dos poucos momentos que tive com eles.

Sempre fui o tipo de pessoa que prefere se virar sozinha do que depender dos outros, então os dias não eram tão tristes. Eles nunca me deixaram faltar nada, e sempre tentavam compensar o tempo afastados, mas eu nunca cobrei nada deles a mais do que deveria. Eu sabia como era o trabalho deles.

E eu sabia da quantidade de mortes que tinham acontecido por conta deles, e mesmo assim ainda os amava, depois de tudo.

Soltei um suspiro pesado, relembrando muitos momentos rapidamente em minha mente. O laboratório, o ataque, meu pai, meu irmão, sangue... tudo. Conto a verdade ou não? Deveria confiar em pessoas que nem ao menos conheço?

Será que finalmente poderia parar de seguir esse caminho sozinha? Ou era isso, ou eu estava caminhando direto para minha morte.

Pov Rick.

Deixei o quarto da platinada apressado, com o intuito de Hershel conseguir fazer o trabalho dele sem pressa. Acabei ficando tão surpreso quando vi ela se mexer que nem pensei em como eu poderia a assustar aparecendo do nada, ou até mesmo acabar morto se ela não tivesse algemada.

Eu realmente achei que ela iria acordar como errante, e não como se a mordida não fosse nada. O cientista do CCD tinha falado que nada tinha sobrado, que não tinha cura... sera que ela teria tomado alguma vacina? Ou é algo em seu próprio corpo? Decidi deixar esses pensamentos para trás pelo menos por enquanto, e esperar por Hershel. 

Daryl ainda estava fora, e eu sabia que não precisava me preocupar , pois ele se virava muito bem. Só quero ver a reação dele quando ver ela acordada. O problema são os outros, que ficaram contra ela. Senti um arrepiu na espinha.

Me apoiei na pia do banheiro , no primeiro andar da casa, encarando meu próprio rosto no espelho claro. Minha barba ja tinha crescido , junto com o meu cabelo, mas ainda sim eu não tinha abandonado minha roupa de policial que tanto amo. Meu nariz tinha uma marca vermelha na parte de cima, e me permiti soltar um sorriso por pouco tempo, lembrando da pequena menina me dando um chute certeiro. Quer dizer, não sei se é nova, não sei nada no momento.

Soltei um suspiro, apertando com força a lateral da pia na qual me apoiava. Eu estava cansado, muito cansado, no limite. Sou muito grato por eles terem salvado Carl, grato como a minha vida, mas sinto que a cada momento um problema a mais aparecia.

Quase fomos expulsos dessa fazenda por conta do ataque de nervos de Shane, e o chilique dele em relação a menina piorou mais ainda a situação com Hershel. E por algum motivo, o meu antigo parceiro e melhor amigo já não era o mesmo.

E ainda tinha Lori. Ah, Lori. Fechei ainda mais minhas mãos e os olhos, e os nós de meus dedos chegaram a ficar brancos. Ela estava grávida, e não fazia a mínima ideia de quem era o pai. Ela dizia que era meu, mas dava para ver muito bem em seu rosto a dúvida, o que me deixa mais irritado ainda.

Além do mais, a culpa em relação a Sophia ia me perseguir para sempre, pois não importa o quanto as pessoas falem que não foi minha culpa, o seu sorriso cheio de medo sempre voltava em minha mente.

Soltei a pia, dando um soco nervoso na parede, aliviando a tensão que passava em meu corpo. Esse grupo via em mim um líder, e eu vou ser o que eles querem, mesmo que tenha que fazer coisas desagradáveis.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Fiz um povzinho do Rick só para expressar os pensamentos dele. E o que acharam dela acordando? Foi o que esperavam?
Até logoo, podem falar tudo que acharam a vontade, amo críticas construtivas.
Ps: O capítulo que vem tem mais de 3.000 palavras amém .



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