A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Como estão?

Finalmente consegui algum tempo para escrever, e sinto que vocês vão ficar surpresos com um dos povs!

Obrigada a Biana, Ju e Gihh, que nunca me abandonam ♥ .



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726760/chapter/35

Pov Daryl Dixon

A minha vida toda vi as coisas sendo construídas ao meu redor, e sempre observei enquanto todas elas ruíram . E quando finalmente achei algo que valesse a pena lutar no apocalipse, todo o esforço que tivemos para deixar a prisão segura se resumiu a nada.

Perdemos tudo em míseros segundos, por conta de um lunático com rancor no corção. 

Respirei fundo enquanto focava o esquilo que subia uma árvore apressado, e mirei minha besta em sua direção. O esquilo andava alheio a tudo, e mal sabia ele que eu estava a sua espreita. Soltei o ar, disparando a flecha, que foi certeira onde eu queria. 

—Isso tem que servir. - Falei a mim mesmo, encarando os dois esquilos que eu tinha conseguido em nossa breve caçada. Beth me acompanhava de longe, atenta aos movimentos dos errantes e dos bichos ao nosso redor.

Estávamos a dois dias juntos e perdidos do resto do grupo, e eu não conseguia parar de pensar se eu os encontraria de novo. Torcia para todos estarem bem, mas obvio que a vida não era assim.

A imagem do sorriso espontâneo de Alexa surgiu na minha mente, e senti um aperto muito forte dentro de mim. Não saber o que tinha acontecido com ela e nem onde ela estava era uma dúvida cruel, que parecia me consumir por dentro a todo segundo. Por que eu não tinha ficado junto com ela? Por que deixei ela ir atacar o governador por trás? Por que não fui atrás dela?

Eu deveria ter previsto isso. Não tinha como amar uma pessoa e pensar que tudo ocorreria bem, a vida não é assim. Eu nunca deveria ter deixado ela tomar meu coração.

Mas eu sabia que ela tinha me feito uma pessoa melhor.

—Daryl? - A voz de Beth soou fraca e suave até mim, e por um momento eu tinha esquecido de sua presença. A garota tinha presenciado seu pai ser morto com uma katana, e não sabia onde estava a irmã. Ela estava sofrendo tanto quanto eu. - Você esta bem?

Assenti com a cabeça, parando um pouco em um espaço entre as ávores, onde o sol atravessava as folhas de maneira cálida. Beth estava com olheiras fundas e os olhos vermelhos, mas com uma expressão determinada no rosto. Ela tinha mudado muito desde que a conheci na fazenda, estava virando uma guerreira. 

—Vamos encontrar eles de novo. - Ela disse, e apertei os olhos, suspirando. Ela percebeu minha reação, e cruzou os braços. - Essa sua falta de esperança não ajuda em nada, você sabe.

—A vida não são só flores, Beth. - Falei, encarando os olhos cansados da menina. Ela continuou com a mesma expressão , ofendida.

—Daryl, eles não são flores também. São sobreviventes, todos eles, que estão vivos até agora. Eu SEI que eles estão vivos. - Clamou, e abaixei a cabeça. Suas palavras faziam muito sentido, e fiquei ate envergonhado de esquecer desse fato. Só que infelizmente eu sabia que até os mais fortes falhavam. Merle foi um exemplo disso.

—Espero que sim. - Respondi, e essa resposta pareceu a contentar. Decidi esquecer esse assunto por hora, me focando em nossa sobrevivência. 

—Ah, e Daryl, você pode me ensinar a rastrear? - Perguntou, e me virei surpreso para ela, achando que ela estava de brincadeira. Mas ela não estava brincando.

....

—Olhe para o chão. - Pedi, andando do lado de Beth, que agora segurava minha besta. Ensinei alguns padrões de passos , mas o que importava mais era a prática. - O que você vê?

—Passos . - Falou, e olhei para ela, indicando que continuasse. - Bagunçados e arrastados, como se estivesse morto... errantes! - Disse, e me encarou. Dei um sorriso de canto e assenti, fazendo ela ficar animada. 

—E esses rastros do lado são de esquilos, pontos pouco espaçados e bem leves. - Indiquei, mostrando o caminho seguido por ele e onde ele estava. Ela seguiu minha mão, parando ao avistar o esquilo parado na árvore. 

Coloquei minha mão na boca, indicando silêncio, e fiz um sinal com minha cabeça. A menina me encarou nervosa, mas mesmo assim ergueu a besta, pronto para atira-la.

—Respira, não tensione os ombros. - Falei, observando sua postura receosa. Não pude deixar de lembrar da postura firme de Alexa, quando ela usou minha besta. Afastei esses pensamentos .

Ela respirou fundo e soltou, errando o esquilo, mas chegando bem perto. Soltou um bufo irritado, me encarando. Dei de ombros.

 

—É uma coisa que vem com a prática, pode ficar tranquila. É sua primeira vez. - Falei, arrancando a flecha da árvore. Não poderiamos nos dar ao luxo de perder qualquer uma delas , ainda mais nesse momento em que os recursos eram praticamente inexistentes. 

O som de mato se mexendo e árvores sendo esmagadas  chegou até nós, e encaramos a fonte do som. O barulho de gemidos e grunhidos barulhentos logo pode ser ouvido, e peguei minha faca, me preparando. 

—Você mata. - Exclamei para ela, que me encarou assustada, mas assentiu. Era um único errante , e esperei logo atrás dela, enquanto ela se aproximava dele.

Mas quando percebi, ela soltou um grito assustado, caindo no chão logo em seguida. Isso atraiu o errante, que estava quase em cima dela.

—Merda. - Grunhi, me aproximando da cena e chutando o errante para longe, logo quando surgiu mais um. Beth continuava no chão , atônita. 

Cravei a faca no errante que eu tinha chutado, para depois me focar no outro, que tinha se aproximado muito rápido. Peguei uma de minhas flechas, pois a faca tinha ficado presa no crânio decomposto do errante, e a usei para matar o outro. 

Depois disso corri ao lado de Beth, que continuava com a besta na mão, se contorcendo. 

—O que aconteceu? - Perguntei, me ajoelhando ao seu lado. - Ah, que merda. - Murmurei, ao ver seu tornozelo preso em uma armadilha antiga de ursos. Não tinha cortado, mas eu tinha certeza de que estava torcido. 

Segurei fortemente os dois lados, tendo que fazer muita força para abrir o objeto de metal, e logo Beth estava me ajudando.

—Daryl...- Ela resmungou, e ouvi o som de mais errantes se aproximando. Eu sentia meu coração batendo forte contra o meu peito, e meu sistema de adrenalina estava a mil.

Mas finalmente conseguimos liberar seu tornozelo, e o peguei, o esticando rapidamente. Ela soltou um rugido de dor, e tentou ficar de pé.

—Você consegue andar? - Perguntei, quando o primeiro errante surgiu da orla. Ela tentou dar um passo, mas logo caiu, e a segurei. Peguei a besta dela, e a encarei. - Suba nas minhas costas . - Indiquei rápido, me virando e abaixando. Logo ela subiu, e fui em disparada para o outro lado, quando mais de 5 errantes nos perseguiam. 

—Desculpa. - Ela murmurou depois de algum tempo, quando eu finalmente parei de correr. O peso dela era mínimo, mas mesmo assim o cansaço e o esforço que eu tinha de fazer era maior, além do fato de eu não poder nos defender se preciso. 

—A culpa não foi sua, em também não tinha visto a armadilha. - Falei, a relaxando. A mata estava agora ficando menos densa, e percebi que estávamos nos aproximando de uma clareira enorme, com algumas construções . Mordi o lábio, torcendo para encontrarmos algo. 

—Pode ter algo de útil para nós. - Ela falou, quando finalmente saimos da sombra da floresta. A clareira era realmente vasta, com um enorme cemitério antigo cercado pelas árvores. Depois dele , algumas casas e uma funerária jaziam no meio do nada, e parecia ser completamente abandonada.

—Vamos ficar por aqui por hoje, não estamos em condições de continuarmos o caminho . - Murmurei, e acelerei o passo, passando por entre os túmulos.

A maioria estava castigada pelo vento, e alguns tinham restos de flores podres e deterioradas em cima . Comecei a imaginar a história dessas pessoas , e na sorte que elas tinham de não ter passado pelo apocalipse. 

—Fique tranquila Beth, logo vamos acha-los. - Murmurei, me aproximando de uma das casas. Alexa surgiu novamente em minha mente, e prometi para mim mesmo que ia acha-la. 

Pov Abraham

Coloquei meu braço para fora de minha caminhonete , sentindo o vento forte por causa do movimento acertar minha mão. O cheiro da floresta invadia minhas narinas mesmo a essa velocidade, e eu preferia bem mais isso do que o cheiro podre do apocalipse.

Mesmo olhando fixo para a estrada a minha frente, eu conseguia sentir a presença imponente de Rosita ao meu lado, com sua fiel arma pousada em seu colo.

Eugene estava na parte de trás da caminhonete, e eu agradecia pelos momentos em que não precisava ouvir a tagarelice incessante dele. As vezes eu pensava seriamente em estourar a cabeça dele, sem problema algum.

Geralmente passávamos as estradas conversando sobre coisas inúteis , seguidas por longos períodos de silêncio. Estávamos em um desses momentos agora.

Ergui minha mão rapidamente para o meu pescoço, segurando o cordão com o “R” entalhado nele, o apertando. Esse R era o símbolo de um dos meus maiores fracassos como militar, e eu o usava justamente para não me esquecer disso. 

Suspirei, pousando minha cabeça na cabeceira do banco atrás de mim. Eu ja estava a mais de 3 meses na estrada com esses três, e tentava ao máximo focar nessa missão atual , afastando meu passado de minha mente. Mas eu lembrava de tudo, e sabia que sempre iria lembrar.

—Abraham, me passa o mapa. - A voz de Rosita me fez voltar a realidade, e a encarei pelo canto dos olhos, tensionando meus músculos . Ela me olhava com seus olhos escuros e penetrantes, com a mão erguida.

—Que tal você mesma pegar? - Falei, batendo em meu bolso. Consegui ver a morena revirando os olhos, e soltei uma gargalhada alta, entregando o mapa para ela.

Eu não podia reclamar de Rosita. Era uma mulher extremamente forte e competente, muito boa em combate e em outros quesitos de sobrevivência. Além de ter um corpo ótimo e ser boa de cama. Eu realmente não podia reclamar.

—Estamos muito longe ainda...- Resmungou a mulher, depois de passarmos por uma placa que anunciava mais uma cidade das muitas que ja tínhamos passado. - Parece que nunca vamos chegar lá . - Bufou, se reenconatando novamente no banco.

Tirei o meu braço da janela e o coloquei no volante, levando o outro para a coza desnuda de Rosita, batendo duas vezes na carne.

—Calma, logo logo a gente chega. Geralmente eu que sou o impaciente. -Murmurei, achando graça da impaciência da morena.

Estávamos realmente a muito tempo na estrada, e em um mundo normal faríamos essa viagem em menos de um dia. O problema era a falta de transportes e gasolina, além dos transtornos por conta das confusões do apocalipse dos errantes.

—Se formos a 100km/h e viajássemos 13 horas por di....- Eugene começou a falar, colocando a cabeça no meio da janelinha que nos separava na caminhonete. Revirei os olhos, bufando.

—Eugene, cala boca. - Falei, erguendo a mão, e o calando de vez. Observei seu topete estranho desaparecer de volta para parte de trás, e sacudi a cabeça.

—O que é isso...- Rosita falou depois de algum tempo, se erguendo um pouco no banco do lado. Eu tinha ficado tão focado na estrada perto, que não tinha observado um pouco afastado de nós.

—Que merda é essa?- Resmunguei, observando a cena que se seguia a nossa frente.

Um homem com roupas de força militares lutava com vários errantes vindo da floresta, e uma mulher o acompanhava.

Parei o carro, observando-os .

O coreano acabou por desmaiar depois de algum tempo, e a mulher correu até ele . No momento que pensei em sair do carro e ajudar, a mulher pegou a arma do cinto do cara, esmagando a cabeça do último errante com o apoio da arma.

E ai que ela nos notou.

—Gostaram do show, babacas? - Ela rugiu, ofegando por conta da atividade intensa. Abri um sorriso de lado, e finalmente saímos do carro. Pulei da porta, colocando minhas botas pesadas em contato com o chão quente do asfalto. Segurei minha arma, prontamente.

—Você tem uma boca suja, gostei disso. O que mais você tem? - Perguntei, ficando em frente a dupla de desconhecidos.

Eles pareciam cansados e traumatizados , mas sobreviventes. Poderiamos usar de uma ajuda.

Eu tinha falhado com Alexa Lee, mas não falharia com Eugene.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Abraham finalmente aparecendo na história! Logo logo eles vão se encontrar ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Cura Entre Nós" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.