A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Como estão? Como foi o natal? Comeram muito? Pois eu sim KAKAKAKA. Bem gente, feliz natal atrasado para vocês! E feliz ano novo adiantado também hehe, passarei em casa mesmo.

Queria agradecer MUITO a Gih, Alpha Wolf, Luana Figueiredo e Lady Arsyn. Serio gente, vocês fizeram meu final de ano comentando essas palavras lindas pra mim, obrigada mesmo! Espero continuar merecendo sempre esse carinho e tempo de vocês ♥

Galera, agora eu estou meio parada para escrever por motivos de: The Walking Dead esta me deixando doida. Sério, o que estão fazendo com a série? Vocês viram os últimos eps que saíram? Me contem o que acharam, por favorr! Estou preferindo muito mais permanecer nas temporadas anteriores .



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Pov. Alexa

Medo. Uma palavra tão comum e usada nos dias de hoje, descrevendo perfeitamente nossa situação. Palavra que todos carregam em suas mentes de algum jeito, mas quase nunca falam sobre isso. Era difícil aceitar o fato de que era praticamente impossível viver sem medo. Era ele que nos fazia reagir e lutar pela nossa vida.

No começo de tudo isso, eu tive muito medo, mas muito medo mesmo.  Medo de tudo, dos errantes, do meu pai, do ccd, dos cientistas... da morte.

Mas quando comecei a sobreviver sozinha nesse mundo, dia após dia eu fui perdendo o medo, pois não tinha nada a perder. Era apenas eu e as estradas, vivendo na companhia dos errantes que constantemente queriam um pedaço de mim. E além do mais, eu não precisava viver com o medo de ser mordida ou arranhada, pois sabia que isso não me mataria como mata os outros. 

Porém, agora eu tenho uma família, pessoas que valem a pena lutar e viver. O medo tinha voltado, e pela primeira vez em muito tempo, o medo da mort se tornou algo real. 

—Daryl...- Sussurrei ao ar, sentindo lágrimas tentando ser forçadas para fora, insistentes. Mas não deixei elas sairem.

Era estranho voltar a ter algo a perder na vida, considerando tudo que passei até aqui.  Antes achei que nunca mais teria isso, nunca mais teria um motivo pra viver e acordar todas as manhãs,e olha só eu agora .

O bloco que separamos para os doentes estava ficando cada vez mais cheio de pessoas, e isso era extremamente preocupante, considerando a quantidade quase nula de equipamentos que tínhamos a disposição . Suspirei, secando o suor que se acumulava em meu rosto por conta do calor e do esforço excessivo. 

Eu estava doente a cinco horas.

Faziam cinco horas que eu não parei quieta nenhum minuto para não pensar nesse fato. 

—Ele esta morto. - Doutor Caleb murmurou, chamando minha atenção para o momento presente. Eu e Sasha estávamos fazendo de tudo para conseguir ajuda-los a tratar os doentes, mas a cada morte que tinha, menos esperança conseguíamos sentir em relação a tudo. 

—Eu faço . - Hershel falou, cansado,  sacando uma faca em sua mão. O homem que tinha acabado de morrer era um dos habitantes de Woodburry, e seus olhos e ouvidos estavam totalmente cheios de sangue, por mais que tentamos evitar isso.  Meu pai postiço enfiou a faca na testa do homem, e senti meu queixo tremer , decepcionada. 

Desde que entrei aqui, ja tinha visto 3 pessoas morrerem sufocadas pelo próprio sangue, e uma tranformação. Por sorte , o homem tinha se prendido antes de morrer. 

—Frutos de sabugueiro, minha esposa fazia chá com eles. Remédio natural para resfriado. - Hershell explicou para mim, enquanto eu o seguia em direção a nossa mesa de operações. Assenti.

—Vai dar tudo certo. - Falei a mim mesma, enquanto tremia e bufava ao esmagar as frutas. Eu sentia a doença e seus sintomas por todo o meu corpo, mas estava fazendo de tudo para não demonstrar . 

—Isso esta cada vez mais perigoso, precisamos dos remédios , e rápido. - Hershell murmurrou, enquanto preparávamos mais chás com as coisas que ele pegou da floresta. 

—Daryl e os outros logo irão partir, mas você sabe que é longe . - Sasha falou, e percebi seu corpo ceder ao terminar a frase.  Corri para seu lado, a pegando perto do chão. - Eu estou bem , Alexa, pode me deixar. 

—Não, não esta. E você também nao, Caleb. Descansem um pouco, eu ajudo Hershel. - Falei, encarando o rosto cinza do Doutor S. , que tentava se apoiar na mesa.

Eu vi os dois fazerem face de protesto , mas logo desistiram de tentar. Eles sabem o quanto estão doentes, e finalmente cederam. Coloquei os dois na mesma cela, os obrigando a deitar e ficarem parados. Eles estavam muito piores que eu. 

Depois de algum tempo, Glenn acabou surgindo na quarentena junto a nós, com o rosto com um aspecto cinza e uma expressão de tristeza. Não falamos nada um para o outro, apenas nos abraçamos forte , procurando um apoio na nossa amizade. Eu sabia o que ele estava sentindo, e me preocupei em pensar em como Maggie estaria agora. 

Enquanto eu e Glenn ajudavamos Hershel, observei Carol abrir a porta do bloco utilizando uma máscara, e suspirei ao ver a quantidade de gente doente entrando no bloco. Isso estava avançando mais rápido do que eu previa.

—Eu juro que é só alergia. - Uma das mulheres falou, e eu senti pena dela. Eles estavam com medo. Assenti para Carol, de longe, indo acomodar os doentes.

—Alexa. - Uma voz infantil me chamou enquanto eu me afastava de uma das celas, e logo o rosto de Lizzie surgiu em minha visão. Meu coração quebrou mais um pouco ao ver a expressão preocupada da menina, e percebi o suor em sua testa. 

—Fique tranquila, tudo bem? - Falei, me aproximando dela enquanto Carol nos observava. Pisquei para ela. -Vamos fazer com que você se sinta confortável e aquecida, venha comigo .- Falei, a levando pela mão para os abrigos provisórios, mesmo sabendo que ela já nao era bem uma criança. 

—Vamos ficar bem? - Lizzie perguntou, quando a instalei em uma das camas, no andar de cima. Eu tinha a deitado, e buscado uma xícara de chá para ela. Sorri, passando as mãos em seus cabelos e secando sua testa.

—Sim, Michonne e Daryl voltarão com os remédios logo, e Hershel é especialista em remédios naturais. - Falei, e ela pareceu satisfeita com a resposta. - Tente dormir, qualquer coisa me chame, ok?

Observei a menina fechar os olhos, se apegando a minha resposta . Ela sabia que estávamos em perigo, era uma garota inteligente, mas eu não deixaria que ela morresse.

Não poderia ter mais um Patrick.

....

—Beba. - Forcei uma caneca de chá na direção a Caleb, que me encarava inexpressivamente. Observei enquanto ele erguia fracamente a mão e pegava a caneca, bebendo o líquido. - Vá com calma, doutor.

—Você não deveria estar aqui, Hershel. - O doutor falou, encarando o idoso atrás de mim, que tentava dar chá a Sasha, que tossia fortemente. Hershel não precisava estar aqui mesmo, decidiu arriscar sua vida para ajudar os doentes. 

—Diga que não faria o mesmo. - O homem de cabelos brancos respondeu, enquanto Caleb tossia. Passei as mãos em suas costas, e ele tossiu em meu rosto, acertando Hershel sem querer.

O homem tirou a venda de seu rosto, e limpou o sangue que escorria pela sua testa. Suspirei, agora mesmo que ele estava em perigo que nem a gente.

—Se você ja não estivesse aqui, você viria do mesmo jeito. - Falei, concordando com o Hershel. Caleb assentiu, e se reencostou, pedindo desculpas ao homem mais velho.  

Me reencostei no corredor, me dando algum tempo para respirar e pensar. Minha cabeça latejava , e eu sabia que estava com febre, mas não estava alta. Eu me sentia um pouco fraca, mas ainda capaz. Suspirei. 

É irônico demais. Depois de tudo que passamos, seremos varridos do mundo por um resfriado ? Parecia uma piada sem graça. 

Pov. Daryl Dixon

Alexa estava doente, tossiu sangue na minha frente. Agora ela estava cercada de doentes no bloco A, e eu não podia chegar perto. 

Eu ja estava nervoso com toda a situação, mas nunca imaginei que minha menina poderia de algum modo pegar isso. Na minha cabeça, ela era invencível.

Infelizmente, isso não era verdade . Ninguém é indestrutível.

—Droga. - Bufei, dando um soco no carro em que iríamos usar para procurar os remédios. Não tinham me deixado ver Alexa, e duvido que ela deixaria também. Era teimosa demais. 

—Daryl, ela vai sobreviver. Você sabe. - Michonne falou, se aproximando de mim. A encarei, e assenti. Ela ia. - Então vai ser eu e você, como antigamente?

—E Bob. Ainda acho que poderíamos usar mais uma pessoa para nos ajudar. - Falei, relembrando do pedido de Bob. Eu não queria admitir, mas ele seria útil. Tinha sido encontrado a beira da morte, totalmente bêbado, a alguns meses atrás.

—Quem mais não esta doente? - A mulher morena perguntou, e bufei. A maioria das pessoas estava infectada, e os que não estavam não poderiam sair.

—Nao pediremos ao Rick, ele quer ficar com o Carl e a pequena durona. Mantê-los seguros. E ainda há várias coisas que ele pode fazer aqui, sendo o líder. -  Falei, pensando e falando ao mesmo tempo.

—Quem mais podemos chamar então?


...

—Achei você , demorei um tempão para encontra-lo. O que esta fazendo? - Perguntei a figura alta a minha frente, na entrada do bloco dos doentes .

—Alguem precisa fazer vigia . - Tyreese respondeu, e pressionei meus lábios, quase os machucando.  Pensei em Alexa vulnerável la dentro, mas eu sabia que quem tivesse matado Karen e David nao mataria agora. Ela estava segura , pelo menos por enquanto. 

—Cara, eu também quero encontrá-los, dar uma surra pelo que fizeram . - Comecei, pensando nos assassinos. Ou assasino.  - Essas pessoas estão isoladas, não tem como entrar ou sair sem que muitas pessoas vejam.

—Sasha esta lá, não irei a lugar nenhum.- O homen continuou impassível, me encarando com uma fúria direcionada . Eu não conseguia imaginar a dor que ele deveria estar sentindo, mas realmente isso nao ajudaria em nada. 

—Alexa está la também. - Falei, aumentando o tom , tentando me controlar. - Mas montar guarda não ajudará em nada a menos que voltemos com os remédios.

Tyresse se virou, e respirei fundo, tentando me manter calmo. Eu entendia ele, queria muito ficar aqui e garantir que nada acontecesse com a platinada, mas eu sabia que ela conseguiria se virar. E eu sabia que ela precisava de remédios, e isso eu poderia conseguir pra ela.

—Muito bem, estaremos abastecendo o carro na frente do portão principal, caso mude de ideia- Falei, e finalmente sai, deixando o homem para trás.  Ele que decidisse o que quisesse, não iria perder o tempo precioso que temos mudando a cabeça de alguém .

Não demorou muito, e logo estávamos os quatro reunidos dentro do carro, prontos para ir. Eu estava no volante, e a medida que as ruas mudavam, eu ficava cada vez mais nervoso. Direcionei meu pensamento para outras coisas, e logo meu coração acalmou. 

—Eu sei que você não esta fugindo, o problema é que aquela trilha esfriou. Você sabe disso, certo? - Comecei, olhando para Michonne no local de carona. Todas as semanas a morena sumia, indo atrás de algum indício do paradeiro do governador. Suspirei. - Se fosse diferente, eu iria com você. Tenho certeza que Alexa também , você sabe. - Falei, recebendo um olhar com uma mistura de sentimentos. Não obtive resposta. 

Olhei para o espelho , observando os rostos de Tyreese e Bob. O irmão de Sasha tinha conversado com a irmã por meio de uma janela entre os blocos , e me disse que Alexa esta cuidando de tudo junto a Hershel. Eu sabia que a platinada não ia simplesmente se entregar a doença e ficar parada. A agitação faz parte do seu ser.

—Pode me passar um CD? - Perguntei a Michonne, mudando de assunto. Até que um som inesperado saiu do rádio quando o liguei.

“ Determinados a sobreviver...”

—Isso é uma voz? - Bob perguntou, e o calei rapidamente com a mão, tentando mudar as estações e melhorar a voz. 

“ temos abrigo...”

A voz começou a se perder, e o carro ficou em absoluto silêncio. A estática aumentou, e trinquei os dentes. O que diabos era isso? 

—Cuidado! - Michonne gritou a tempo de eu desviar de varios errantes, que surgiram na curva da estrada. O barulho dos pneus do carro preenchiam o ar, e mais deles surgiam na nossa frente. 

—Merda. - Murmurrei, e finalmente parei o carro, com a adrenalina a mil. Encarei a nossa frente, temendo o que iria encontrar. 

A rua estava totalmente tomada e cheia de errantes. Ficamos todos estáticos enquanto observávamos eles se acumularem ao redor do carro, sedentos por um pouco de carne. Batiam nos vidros e se empurravam, não mostrando nenhum indício de que um dia foram humanos. 

—Segurem- se. - Falei, dando ré e tentando voltar pelo caminho que viemos, atropelando os errantes amontoados.  Mas o carro ficou preso e parou de andar. 

—Vá para a esquerda. - Michonne gritou, apontando para o lado, mas o carro não se movia, por mais que eu acelerasse. Eu sentia meu sangue pulsando pelas minhas veias, e xinguei mentalmente esse mundo de merda. 

—Estamos atolados- Bob murmurou, e quase gritei um “ ava “ para ele. Comentário inútil.

—Corram naquela direção, vão pela floresta e não parem por nada, certo? .- Falei, depois de pensar por uns três segundos, apontando para a mata ao nosso lado. - Agora! - Gritei, e todos abriram as portas e começaram a atirar e bater nos errantes com qualquer coisa que tínhamos.  - Andem!

Corremos, e comecei a lutar de qualquer jeito com os errantes ao meu redor, observando Michonne e Bob fazerem o mesmo.

Mas Ty ainda estava parado dentro do carro.

—Ty, vem! - Começamos a gritar, agitados enquanto os mortos se aproximavam mais, e finalmente o homem se mexeu, com uma fúria crescente no olhar . 

Porém, ele não estava andando, e sim parado gritando e batendo nos errantes que se aproximavam ao redor dele. 

—Vão! - Ele gritou, e encarei a cena de olhos arregalados. Ele estava totalmente no modo suicida, não estava pensando. Mas não tinha o que fazer. 

Corremos rapidamente pela floresta, contando com as árvores espalhadas e densas para ajudar a despistar os errantes. Alguns retardatários vagavam por la, mas acabamos com eles rapidamente.

—Esperem. - Falei, parando, ouvindo um leve farfalhar vindo da mata. Ergui a besta, preparado. “ Por favor, que seja ele” . 

Dois errantes surgiram , mas logo Tyresse apareceu atrás dele, totalmente coberto de sangue e tripas. Suspirei aliviado. Esse homem não morreria tão fácil.

Depois de algum tempo correndo, finalmente nos vimos livres de errantes. Paramos a beira de um lago, e logo nos pusemos a tentar nos localizar e respirar . O sol jazia no forte no céu, o que nos cansava mais ainda. 

—Aqui é Turner Creek, então Barnesville deve estar a algumas milhas rio abaixo.

—Parece que essa é a nossa melhor chance de achar um novo carro, já que o nosso provavelmente não vai poder ser recuperado. - Falei, resmungando, pensando na maré de errantes que tivemos que enfrentar. 

—Ty, vamonos. - Bob gritou, chamando a atenção do homem que lavava sua camisa no rio. - Ty. - Chamou de novo. - Deve ter uma cidade a algumas milhas pro sul.

—Perdemos uma noite inteira. Minha irmã, todos os outros, já estão provavelmente mortos. - Tyresse falou, e uma pontada de fúria pulsou na minha cabeça. Eu estava evitando pensar nisso, e me irritada ver o quanto ele estava subestimando a vontade de viver de todos.

—Relaxe, ele esta fora de si. - Michonne sussurrou para mim, segurando meu pulso. - A platinada e os outros não vão desistir tão facilmente. Se concentra no seu papel. 

Concordei , mas senti algo em mim formigar. Não podíamos perder mais tempo. Eu estava me controlando para não surtar, pois sei que Alexa conta comigo. 

Por sorte, achamos um carro escondido na mata, porém com a bateria arriada. Conseguimos entrar em uma mecânica do lado do carro, e logo nos pusemos na estrada novamente.

—Parece que estamos perto.- Ty falou, logo que descemos do carro para continuar o caminho a pé. Estávamos em uma cidade pequena , mas bem nutrida de construções. 

—O lugar que queremos é logo a frente.

O rosto alegre e ao mesmo tempo maduro de Alexa surgiu na minha mente novamente, e o formigamento aumentou. Estávamos próximos.

O hospital veterinário estava como todas as outras construções: vazio e com aspecto de abandono de anos. Mas por sorte, poucos errantes surgiram no caminho.

—Vamos fazer isso rápido. - Murmurei, abrindo uma das salas que Hershel citou, cheia de aparelhos estranhos e gaiolas.

Fomos pegando tudo que conseguíamos suportar nas bolsas e passamos para as outras salas, na urgência de achar a sala de medicamentos .

—Pegue que acabar com “ cilina” ou “ lina”. Dissolveremos as pílulas na injeção e as colocaremos direto na corrente sanguínea. - Bob falou, enquanto nos movíamos rapidamente pela sala. - A dosagem sera complicada, mas se considerarmos o tempo que perdemos... tudo vale.

—Como estão ai? - Ty perguntou, saindo de outra sala. Não era só de remédios que precisávamos , e sim de muito mais equipamento.  

—Malas, tubos, braçadeiras, conectores... tudo na lista, e vocês?

—Sim, pegamos tudo.

—É, acabamos. - Michonne finalizou, iluminando as prateleiras de medicamentos pela última vez.

—Beleza, vamos nessa .- Falei, batendo as mãos umas nas outras. Conseguimos. 

Ajeitei minha mochila em meus ombros, dividindo o peso com a besta. Encarei a lista em minhas mãos, e a amassei, satisfeito com os achados.

Andamos pelos corredores e avistei a placa “ saída”, mas logo um grupo de errantes presos nas salas nos ouviu, e a perseguição continuou 

—Merda merda merda. - Murmurrei enquanto adentramos a uma sala de gaiolas, fugindo dos errantes. Logo eles batiam incessantemente na porta.

—Estava tudo tranquilo demais pra ser verdade . - Bob murmurrou, e assenti . Nossa sorte nunca durava muito tempo, ja era normal. 

Achamos umas escadas , mas tinha outros errantes la dentro, presos por conta de um cadeado na porta. Estavamos encurralados pelos dois lados. O barulho de gemidos de errantes enchia o ar.

—Quantos?

—Não sei dizer.

—Precisamos acabar com eles.

—Não! Eles estão infectados que nem os da prisão. Se atirarmos neles e tivermos contato com o sangue, ou respirarmos... não viremos aqui para ficarmos doentes.- Bob gritou, e reparei no pânico em sua voz.

—Como sabemos se os de lá não tem a mesma coisa? - Gritou Ty, encarando a escada.

—Não sabemos.

—Bem, algo mudará alguma hora. - Falei, irritado, quebrando a perna de uma cadeira e posicionando no cadeado. - Prontos? - Perguntei, e logo o estourei, liberando os walkers. 

Matamos todos os errantes , por sorte poucos, e logo o caminho ficou livre . Corremos pelas escadas, totalmente tensos e cansados, cada um pensando algo totalmente diferente.

Mas em nenhum momento a imagem de Alexa sumiu de minha mente.

—Não tem saida. - Bob falou, ao ver a porta trancada. Estavamos no final de um corredor do segundo andar, e duas grandes janelas jaziam no final da parede. Estávamos encurralados novamente. 

—Então fazemos uma. - Gritei, dando um chute em uma das janelas, a quebrando. Não nos importamos com os cacos , e logo estavamos pulando para o suporte do lado. 

—Bob! - Ty gritou, ao ver o homem segurando a bolsa , que do outro lado era puxada por errantes. Ele provavelmente caiu na hora de pular. 

—Deixe isso pra trás cara. - Falei, tentando puxar Bob pra realidade.  Mas ele nao soltava. -Apenas solte isso, porra.

Até que ele finalmente conseguiu puxar a mochila para cima, e a jogou para os nossos pés.

Uma garrafa de bebida jazia na bolsa aberta. 

Todos nós passamos a encarar Bob por cima dos gemidos e batidas dos errantes ao redor. Fechei a mão, sentindo o sangue sair dos nós da minha mão. 

—Não há remédio algum na sua mala? Só isso essa porcaria de bebida? - Perguntei, segurando a garrafa na mão. Eu estava com raiva, muita raiva.- Você deveria ter continuado andando aquele dia. Eu não deveria ter te resgatado. - Falei, e fiz menção de jogar a garrafa longe.

—Não. - Bob falou, encostando na arma em seu coldre. Minha raiva aumentou, qual era o problema dele? Me aproximei , ficando cara a cara com o alcoólatra. Segurei seu colarinho .

—Deixe pra la , Daryl. O cara ja fez a decisão dele. Não há nada que você possa fazer a respeito. Apenas deixe pra la. - Ty falou, e eu afrouxei minha mão, tentando ouvir a voz da razão. A culpa jazia nítida no rosto de Bob, o que me deixava mais furioso ainda. 

—Eu não queria machucar ninguem. Era só pra quando as coisas se acalmassem. - Tentou justificar, e bati fortemente a garrafa em seu peito, ainda o encarando. 

—Dê um gole. Quando aqueles remédios chegarem para o nosso grupo, eu vou te encher de porrada. Entendeu? - Falei, e me afastei. Enquanto Alexa e os outros estavam sofrendo, Bob só veio pensando em si mesmo. Ele arriscou sua vida e a de outras pessoas por uma mísera garrafa de bebida. 

Mas eu não podia esquecer que um dia eu fui assim, e talvez agisse que nem ele. Isso que me da mais nojo.

Porém, agora as circunstancias eram outras. Eu não era mais aquela pessoa, e tinha definido muito bem minhas prioridades. E nunca mais voltaria a ser a pessoa que já fui.

—É onde eu estava viajando, rodovia 100.- Uma voz me tirou do transe, após alguns minhtos. Os três estavam reunidos a um metro de mim, e eu permanecia parado perto do carro que nos trouxe até parte do caminho. Saímos facilmente do hospital depois que pulamos a janela, e agora planejávamos os nossos próximos passos. 

—Logo , levara sete horas pra chegar lá. Precisaremos de mais gasolina. - Ouvi Michonne falar, enquanto eles se aproximavam do nosso carro. 

—Pela rodovia 100. - Ty me falou, e eu assenti. Michonne iria dirigindo dessa vez.

—Você esta certo sobre o que disse antes, sobre o rastro se perder. Eu não preciso sair mais.- Michonne falou, respondendo minhas falas de horas antes. A encarei, e assenti. 

—Bom. - Respondi, satisfeito, fechando minha porta. Pelo menos alguma coisa tinha que ter dado certo. 

E finalmente começamos o caminho de volta, abastecidos e prontos para salvar quem quer que tenha sobrado. Esse pensamento me deixou mais tenso ainda, então tratei de espanta-lo. 

Ja faziam 15 horas que estávamos fora, e a cada minuto a mais eu ficava mais nervoso e preocupado. Estava evitando pensar que a vida da platinada estava em jogo , mas isso estava se tornando cada vez mais impossível.

Eu não podia mais negar, aquela mulher tinha me fisgado completamente sem mal tentar, e eu não iria nunca mais tentar apagar isso. 


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Eu sei, foi meio parado, cheio de diálogo e talz, mas essa parte terá de ser meio assim mesmo. Logo logo terá partes em que não são partes da serie, e sim da vida de Alexa. Algum palpite ou ideia? Hehe.

Comentem amores! Desculpem por algum erro ou pela falta de ação.

Desejo tudo de bom pra vocês nesse ano que virá, e quero que saibam que meu mp esta sempre aberto pra vocês, seja pra qualquer coisa! Obrigada por esse ano maravilhoso ♥



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