A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo gente! Desculpem a demora, vou ter prova todas as semanas até outubro, ou seja: pouco tempo. Mas estou tentando!

Capítulo meio pequeno por conta da pressa e falta de criatividade, mas considerei ele muuito importante.

Fiquei muito feliz em ver dois leitores novos aqui: Walkerlayla e Gugga! Sejam muito bem vindos ao meu mundo doidinho de ser.

Obrigada a Giih e Leo que sempre estão aqui me motivando ♥



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Alexa Lee- Prisão- 7 dias depois do ataque.

A vida realmente adora brincar com a gente, nos botando a prova sempre que pode, nas mais diversas situações. E a cada prova que eu passava, me sentia mais forte e preparada para as outras, como se tudo não passasse de um longo e doloroso teste. Um teste chamado vida.

Lori esta morta.

Respirei profundamente, deixando o ar se impregnar em meu interior, me concentrando. Mesmo depois de uma semana, a surpresa ainda era recente.

Ao mesmo tempo que várias coisas ruins não paravam de acontecer, a gente sempre acha motivos para ficar feliz, e agora não é uma situação diferente dessa.

—Rick perdeu totalmente a cabeça. - Glenn disparou,cruzando os braços e fitando todos os olhares curiosos que caiam sobre ele , pensativos. Suspirei aliviada ao ver que Carl não estava por perto, e olhei irritada para o coreano, que continuava com os braços cruzados. Seus machucados tinham melhorado muito, e seu olho praticamente não estava mais inchado.

Desde o nascimento da filha do Rick e da morte de Lori, o homem tinha se embrenhado totalmente sozinho nos corredores profundos da prisão, gritando com qualquer um que se aproximasse dele, nunca aparecendo mais de cinco minutos no local principal. Ele saia totalmente cheio de sangue, pegava algum tipo de alimento mínimo , e voltava para a escuridão, com apenas uma faca. As vezes ele se limpava e segurava as filhas no colo, dando um abraço em Carl em seus mínimos momentos de lucidez. O que era muito raro.

—E temos como culpa-lo? - Falei, soltando um suspiro e olhando para a criaturinha minúscula nos braços de Beth, enquanto resmungava e fazia barulhos de bebês. O ideal seria ela beber leite materno, mas como não tinha jeito, as fórmulas teriam que servir. Soltei um sorriso ao ver Beth fazer barulhos para tentar anima-la, como se ela entendesse alguma coisa.

A menina ainda não tinha nome, então nos revezávamos em chamar ela de várias maneiras diferentes, um apelido mais carinhoso e único que o outro. Ela parecia estar se divertindo, usando um macaquinho improvisado rosa e uma touquinha que Maggie tinha encontrado a algum tempo atrás.

Começaram uma discussão a respeito da ordem na prisão, passando para Merle e por fim para o governador, que continuava um perigo bem presente. Hershel era sempre o mais sensato nas discussões, e logo ouvi sua voz sendo emitida. Sorri.

Observei a discussão quieta como sempre, analisando as pessoas e o ambiente ao meu redor, preferindo me manter fora de assuntos importantes por enquanto. Eu confiava muito no julgamento deles.

Eu tinha ficado em Woodburry aparentemente morta por umas três ou quatro semanas, praticamente um mês inteiro, e algumas coisas tinham mudado em minha ausência.

Eles tinham encontrado mais prisioneiros, mas acabaram encontrando com uma horda de errantes nos corredores e quase todos acabaram morrendo, com excessão de Oscar e Axel, o primeiro sendo morto no ataque a woodburry. Ele tinha meu respeito, mesmo que eu não tinha o conhecido. Ele tinha se arriscado pela minha família, mesmo sabendo que não tinha obrigação nenhuma de ter que fazer isso. Isso sim era um ser humano decente.

Eles tinham modificado algumas coisas no interior da prisão, mas nada muito brusco. Observei o brinquedo improvisado que Carl fez para a irmãzinha, um dia depois que ela nasceu.

Ah, o Carl. Esse menino passou por tanta coisa, e não teve nenhuma ataque depois do que aconteceu. Ele matou a própria mãe e viu o pai colapsar,obvio que deveria estar perturbado, estávamos todos, mas em nenhum momento reclamou.

Ele estava cara vez maior e pensando bem mais maduramente que todos nós, e isso nos assustava. Ele passou do menino assustado e inocente para um sobrevivente sensato em alguns míseros meses.

—Merle sabe lutar, voto em deixar ele ficar, pelo menos por enquanto . - Maggie falou, recebendo um olhar leve de indignação por parte do coreano , que mesmo depois de tudo continuava contra Merle.Tudo bem que era difícil gostar dele, preciso admitir, mas ele nos ajudou afinal de contas, além de terem deixado ele em um telhado, de acordo com as histórias.

Ele no momento estava em uma cela no fundo do bloco A, e de vez em quando conseguíamos ouvir uns gritos e reclamações.

Por fim acabaram por decidir que deixaríamos Merle ficar, Glenn , Maggie e Daryl sairiam para pegar suprimentos e o resto ajudaria na proteção da prisão, além de Beth ser nomeada babá mor da coisinha fofa.

—Beth vai cuidar muito nem de ti né cuti cuti nenémzinho- Falei , passando a mão pelo rosto minúsculo da menina, enquanto Beth me olhava com uma cara engraçada e visivelmente cômica. -Ah, o que foi? - Perguntei, fingindo estar braba, e ouvi uma serie de risadas atrás de mim, me fazendo virar rapidamente, agora realmente irritada .

—Realmente todos nós mudamos quando vemos bebês. - Maggie disse, soltando uma risada escandalosa enquanto sentava ao lado da irmã. Soltei um suspiro, feliz por ver eles rindo depois de toda a tensão que estávamos tendo.

Acabamos por nos dispersar, e fui em direção ao poleiro, precisando de um pouco de ar e tempo sozinha. Tinha muita coisa acontecendo.

Observei Carol e Axel andando pelo campo la de cima, e sorri ao ver que os dois estavam se dando bem. Todos precisamos de amigos em tempos difíceis.

Avistei Carl andando um pouco mais afastado dos dois, com alguma coisa escondida nos braços. Estreitei os olhos, até que vi o garoto achar um canto em baixo de uma árvore perto da horta e tirar uma revista em quadrinhos do casaco, me fazendo sorrir.

Soltei um suspiro ao pensar novamente em Rick, e fiquei preocupada em o imaginar no escuro matando os errantes, como se fosse imortal. Eu sabia como ele devia estar se sentindo, tentava imaginar pelo menos , mas foi tudo tão rápido e Bem, eu não podia fazer nada.

Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo alto, passando as mãos em minhas madeixas claras, espantando o calor. Levei minha mão até meu bolso, e tirei o pequeno bilhete que eu sempre levava comigo, desde a saída do laboratório.

"1500 207 628 89º - Adam"

Segurei o papel amarelo e puído pelos meus dedos, dizendo os números várias e várias vezes em minha mente, tentando encontrar respostas para as pontas soltas. Mordi meu lábio. Eu sabia que era uma localização, e sabia onde era, só não sabia se era uma boa ideia.

—Por que você anda com isso sempre, Alexa? - Perguntei a mim mesma, como se falar em voz alta fosse trazer alguma resposta

—Você esta pensando em roubar meu lugar mesmo? - A voz de Daryl chegou aos meus ouvidos, me fazendo guardar rapidamente o bilhete de volta em meu bolso, tentando agir naturalmente.

—Ele estava aqui dando sopa, achado não é roubado. - Falei, mostrando a língua pra ele de maneira divertida, enquanto ele soltava a besta de canto e sentava ao meu lado, com as pernas perto da beirada. Estranhei essa atitude. Eu ainda lembrava da nossa última vez aqui.

—Ta bom, nem é mais meu de qualquer jeito. - Disse, apoiando os braços no corrimão e encarando o nada, me deixando com uma bela cara de interrogação.

Ficamos em silêncio por algum tempo, e eu apenas aproveitei o sentimento bom de conseguir me sentir segura de novo, poder relaxar e não se preocupar com tudo sempre.

—Alexa.- Falou, me fazendo abrir os olhos e o encarar, dando de cara com sua bochecha. Geralmente era eu quem não olhava na cara. - O que aconteceu com você lá? - Perguntou diretamente,  finalmente me encarando com suas orbes profundas. Afinal, Daryl não era de enrolar.

—Em Woodburry? Ah! Já contei tudo, tiraram meu sangue todo dia e tentavam tirar informações de mim, mas... - Comecei a falar, mas fui cortada pelo toque de sua mão em minha bochecha, me fazendo corar.

—Não, Alexa. No primeiro laboratório.- Falou, e eu arregalei os olhos, prendendo o ar. Depois de tantos meses eu acabei esquecendo que eles sabiam disso, e que afinal eu não tinha contado nada, absolutamente nada. Sera que ele tinha me visto com o bilhete na mão?

—Por que isso agora? - Perguntei, mexendo minhas mãos incessantemente .

—Quero saber o motivo que te faz ficar alerta quase todas as vezes, além de gritar praticamente toda a noite. - Disse, e eu abaixei os olhos, envergonhada. Eles nunca tinham me falado que eu ainda gritava, eu achava que sonhava no mais pleno silêncio, no fundo da minha memória. 

Mas as memórias nunca ficam em silêncio por muito tempo.

E então finalmente eu contei, contei tudo que aconteceu comigo nesses anos, desde a mordida até a fuga do laboratório, a morte de meu pai e os experimentos que tinham feito em mim.

Eu sabia detalhes deles até hoje.

Enquanto eu contava, observei Daryl fazer força para esconder suas reações, apertando fortemente os punhos em volta das barras que nos protegiam de cair do poleiro.

Eu chorei, obvio que eu chorei. Chorei por cada tortura e cada dor que eu passei por eles, por cada pessoa que eu perdi nesse caminho longo e tortuoso, e por cada decepção de não conseguir os resultados esperados depois de tanta esperança e sacrifício. 

Chorei por cada vez que me botaram junto a um errante terrível, causaram machucados desnecessários e testaram outros tipos de drogas em mim, tentando ativar algo que indicasse como passar a minha imunologia para o resto.

Chorei pela gente, pela minha nova família, chorei por outras pessoas que não tiveram a mesma chance que eu de encontrar essas pessoas maravilhosas que eu tenho orgulho de dizer que protejo sim.

Até que as lágrimas cessaram, e o que pareceram horas de conteúdo se resumiram a uma mísera hora, e por incrível que pareça, era como se uma carga tivesse sido tirada dos meus ombros. Uma pesada e cansativa carga, que me acompanha sempre desde tudo.  Suspirei, fechando os olhos por alguns segundos para pensar, refletindo nas diversas palavras ditas a ele. 

—Mas eu estou viva. - Finalizei, abrindo um dos melhores sorrisos que eu ja abri em anos. Eu não tinha contado tudo a ele, e provavelmente iria demorar para contar, mas até que eu não tivesse certeza de minhas suspeitas, não poderia dar esperanças falsas e nem revelar tudo que eu sabia. Além do mais, parte do que contei ja me aliviou muito, melhor não testar mais a calmaria do homem. 

Daryl apenas concordou com a cabeça, bufando ruidosamente e fechando os olhos, como se contasse até 10 tentando evitar uma explosão. Achei graça de ver o caçador, sempre casca grossa e explosivo, desse jeito. Fiquei feliz pelo controle dele, e apoiei a mão em suas costas, passando de cima pra baixo. 

—Ficamos destruídos ao pensar que você estava morta. - Disse , mudando de assunto, e eu concordei, surpresa com a admissão vinda dele. Ergui uma sobrancelha , mas abri um  meio sorriso com isso. Eu nunca me acostumava com a ideia de ser amada de novo, mesmo sabendo muito bem que era. É confuso explicar, é como se fosse um pote de ouro no meio de uma chuva torturante: você sempre acha que não é real. 

—Fiquei do mesmo jeito ao pensar que nunca mais veria vocês. Bem , estávamos ambos enganados. - Falei, dando de ombros e soltando uma risada leve, ajeitando uns fiozinhos que caiam de meu penteado prático. Ele assentiu, ainda com uma expressão irritada em seu rosto. Suspirei, não eram todos que conseguiam mudar de emoção tão rápido que nem eu, não sei se considero sorte ou azar por ser assim.

Eu conseguia ouvir alguns passarinhos ao fundo, e fiquei alegre ao pensar que ainda existem animais desse tipo, driblando os zumbis na floresta como nós. São esses pensamentos bobos que conseguem me fazer relaxar de vez em quando.

Conversamos sobre alguns outros assuntos, ele me dando algum vislumbre de como deveria ser sua antiga cidade, e eu da minha antiga vida, como de vez em quando a gente fazia. A cada conversa nós nos abriamos mais um para o outro, e eu sentia Daryl ficar mais relaxado a medida que a conversa fluia. Ele não sabia, mas faz bem conversar.

Ficamos algum tempo assim ,apenas olhando a floresta depois de uma longa conversa, ate que eu finalmente me fartei.

—Cara, é sério. - Comecei, encarando para ele e ficando de perna de índio, apoiando a mão no corrimão. - Por que a gente sempre fica nesse hiatus estranho? Porra, somos dois adultos que...- Comecei, dando a cara a tapa, e logo senti seus lábios bruscos me calando, forçando a passagem .

—Concordo. - Resmungou, levantando e me puxando pela cintura, me pegando no colo de maneira apressada. Entramos no poleiro apressados, e soltei uma risada ao ver a cama bagunçada que tinha lá. Maggie e Gleen, obvio.

Acabamos caindo direto no colchão duro por conta dos beijos apressados, e logo ele estava por cima de mim, explorando meu corpo por cima das roupas e me surpreendendo com sua lingua.

 

Não sei como acontecei, mas quando vi, eu e ele estávamos sem blusa, ambos fitando o corpo um do outro. Fiquei nervosa ao senti-lo tocar levemente em minhas cicatrizes na barriga, como se soubesse onde cada uma surgiu.

—Não se preocupa, não é só você. - Exclamou, e se virou lentamente, me mostrando suas tensas costas com varias cicatrizes horizontais e verticais por todo o comprimento. Suspirei.

Me aproximei dele e toquei cada uma delas, sentindo seus músculos fortes relaxando com o passar do tempo, como se deixasse a guarda passar.

—Somos iguais. - Falei, fazendo ele se virar para mim. Eu sabia que era difícil para ele fazer isso, do mesmo jeito que era pra mim. Estavamos juntos nessa.

Voltamos a nos beijar, agora mais lentamente que antes, e ouvi Daryl bufar ao colocar a mão debaixo do travisseiro, exibindo uma camisinha e um bilhete com um sorriso desenhado.

Soltei uma risada maior ainda. Maggie, Maggie, prevê todos os movimentos.

E finalmente mergulhamos um no outro, extravasando todo o desejo e malícia acumulada nesses anos de apocalipse.

Afinal, achei um bom uso para o poleiro.


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Notas finais do capítulo

o que acharam gente? Eu sei que foi parado, mas o próximo vai ser um maior , um flashback da vida dela antes de encontrar eles.

Espero que gostem! Comentem , estou aqui para tudo ♥



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