Kandor: as chamas da magia escrita por Sílvia Costa


Capítulo 20
Capítulo XIX - Torneio III


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao final da primeira parte da competição. Aqui vocês vão saber quem vai para as lutas.

Fizeram suas apostas?
Não revisei o capítulo então erros, frases sem sentido... por favor me digam nos comentários.



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Com dificuldade todos chegaram ao fim de mais um desafio com o coração acelerado e mais a tarefa de acalmar os cavalos. Foi sorte a corda se partir no momento certo pois Robert não era tão bom assim no arco e flecha. Quando se livraram daquele obstáculo, o cavalo de Leon seguiu como um raio para frente, deixando seu dono livre mas só parando bons metros distante do perigo.

— Essa foi por pouco mesmo.

— Qual será a próxima? Eu já estou cansado.

— Pelo menos passou, Mikhail. Podemos respirar um pouco e seguir. Estamos muito perto do nosso destino. — Ryan parecia otimista, mas um zumbido fez seu sorriso se desvanecer e mais ainda quando olhou para cima.

— O que são...

— Abelhas!

Uma casa de abelhas foi atingida enquanto passavam pelos troncos. Eram venenosas e muitas picadas podiam levar a morte. Os cavalos ficaram aliviados por poderem correr e eles mais ainda por poder sair daquele lugar. Não tardaria muito para chegarem às cavernas e encontrar o objeto mas nem todos chegariam bem.

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Assim que os competidores tomaram seus cavalos e partiram, anunciaram algumas diversões para passar o tempo. Montaram espaços para quem desejasse mostrar suas habilidades no arco e flecha e outros para quem gostava das espadas. Músicos vieram cantar e tocar próximo a família da Imperatriz e outras pessoas trouxeram comes e bebes.

— Fiquei tão animada com essa competição! Mas é difícil escolher um campeão entre tantos homens habilidosos. — Martha demonstrava grande interesse no torneio, algo divertido para quebrar a rotina.

— Mas eu queria mesmo saber quem é o campeão da Imperatriz. — Ailla comentou como quem não quer nada.

— É mesmo Ailla. Podemos saber quem é o seu campeão, minha filha? — Martha questionou, se movendo na cadeira.

Diana permaneceu calada. Quando não aceitou ouvir a indicação de seu tio ou falar para os súditos que encontrou para quem torcia, tinha o objetivo de evitar que dissessem que seu escolhido foi favorecido no certame, e permaneceria assim até para a própria família.

— Creio que todos tem grandes chances. Não tenho um campeão mas quero ter a certeza de que quando fizer a nomeação, será de quem for merecedor.

— Temos certeza que sim. — Clermon se virou para Aurora com um sorriso. — Espero que nosso filho esteja entre os finalistas.

Ela respondeu com grande sorriso e apoiou a cabeça no ombro do marido ao mesmo tempo em que Ailla revirou os olhos em reprovação a ideia deles. O Conselho começou a conversar com Diana sobre os competidores e suas habilidades mas ela desconversou para sair.

— Lamento não poder acompanhá-los na conversa mas tenho um assunto muito importante pendente com Ariana. — A jovem se surpreendeu pois não havia nada urgente para tratarem. — Por favor, me acompanhe até sala do trono.

Elas desceram e caminharam pela relva em direção ao palácio, acompanhadas de alguns guardas. Permaneceram caladas por um tempo, aquele silêncio perturbador e sem graça, diria Diana, até que por fim resolveu quebrá-lo.

— Obrigada por não desmentir na frente deles. Eu não quero falar sobre os competidores. Só espero encontrar o melhor para o reino.

— Não precisa agradecer. Se ficasse mais tempo, os súditos começariam a pedir para falar sobre a estranha disputa que você criou. Eles não estão acostumados. Você sabe.

Ela sabia e a sensação de que se deixasse acontecer como nos outros anos e não chegasse a uma resposta satisfatória, era muito pior do que lidar com a opinião dos súditos. Era a sensação de cometer um erro. O escolhido do Conselho talvez não fosse a melhor opção e agora só dependia deles vencer ou não.

 

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Marcon seguia por outra parte do bosque com seus companheiros. Ivan o observava de perto pensando em como sairiam quatro pessoas dessa fase, se a maior parte do local já era conhecido por eles e encontrar um objeto com a ajuda de um mapa era tão fácil. Com certeza haveria alguma armadilha pelo caminho e ele precisava passar por todas elas para retornar a Imperatriz e vencer as lutas. Coiotes, ele pensou. Ótimo nome para eles. Não importa o que fariam. Tinham de vencer a equipe Águia.

— Vamos com cautela. Deve haver alguma armadilha por aqui.

Marcon observava o mapa e depois analisava o caminho. Os demais estavam atentos e prontos para se defender se algo surgisse por entre as árvores. Augustus, Fernando e Marcel se entreolharam quando ele mencionou as possíveis armadilhas enquanto Andrei e Oliver seguiam por último.

— Vamos por aqui. Temos algumas águias para abater. — Ele completou com uma pequena risada.

O mapa os levou até uma parte desconhecida do bosque mas pelo menos já sabiam onde terminariam a busca. Assim que achassem o objeto, estariam na próxima etapa do desafio e dela para a fase de lutas e nenhum queria perder. No percurso chegaram a uma trilha limpa e bem demarcada, algo não muito comum de se encontrar.

— Fiquem atentos. Estamos em lugar aberto. — Oliver comentou.

A trilha se tornou larga deixando-os expostos sendo os galhos das grandes árvores era possível se esconder muito bem, o lugar perfeito para uma emboscada. O silêncio dominava o ambiente e Marcon deixou que alguns deles avançassem. Se há alguma coisa aqui, que sejam eles os primeiros a ver, pensava. Sem perceber, Fernando passou com o cavalo por uma corda rasteira, encoberta pela folhagem e parou, o que acabou deixando os outros em alerta. Em segundos um primeiro aviso cortou o ar em forma de flecha e cravou numa árvore passando bem ao lado de Marcel. Todos se entreolharam e Augustus levou a mão ao cabo da espada, esperando a hora para usá-la mas o que veio do alto não demandaria tanto o uso dela.

— Flechas! Se protejam!

Rapidamente eles se espalharam para as laterais tentando sair da armadilha, os cavalos saltando os arbustos em meio ao ataque. Elas vieram dos dois lados da trilha para lançar fora da competição quem fosse lento a ponto de se deixar acertar. Os que estavam no meio dela tiveram vantagem e fugiram ilesos mas os demais não tiveram o mesmo sucesso.

Marcel e Oliver foram os primeiros a enfrentar o perigo e acabaram feridos. Enquanto instigavam os cavalos para fugir, duas flechas certeiras os atingiram; o primeiro na perna, o outro no braço. Augustus e Fernando escaparam por pouco.

— Droga! — Oliver reclamou descendo do cavalo para socorrer Marcel.

— Esses arqueiros desgraçados! Dói muito.

Marcel teve a panturrilha ferida e embora a flecha não tenha cravado nela, o ferimento era profundo e sangrou consideravelmente. Quando o ataque cessou os demais se aproximaram.

— Acertaram vocês. — Ivan olhava com repulsa para os ferimentos.

— O ferimento é fundo. — Comentou Augustus ao examiná-lo também. — Me consigam dois pedaços de tecido. Precisamos fechar isso.

— Eu estou bem. O problema é com Marcel.

— Oliver acha que consegue seguir com esse braço? — Andrei questionou.

— Sem problemas. Me acertaram só o esquerdo e foi de raspão.

Augustus rasgou um pedaço de sua capa e envolveu a panturrilha do jovem que reclamava de dor e batia o punho no chão com raiva. Com certeza ele ficaria algum tempo afastado do palácio.

— Estão nos testando perigosamente. Temos que ficar mais atentos. — Ivan comentou e se virando para Marcon, completou com raiva. — Você devia ter ficado mais atento Marcon. Você é o líder do grupo.

— O que disse? Agora é minha culpa se esses dois não foram espertos o suficiente para sair da frente do ataque?

A discórdia era evidente e todos começaram a discutir, questionando a atitude de Marcon ou a forma como se desenvolveu o desafio. Augustus terminou o curativo como pôde e tentou levantar o amigo, que não conseguiu sair do lugar e se sentou apoiado em uma árvore.

— Vamos parar com isso. Não vamos chegar a lugar nenhum assim.

— Augustus, Marcel será socorrido logo já que temos companhia. — Marcon falou olhando para cima. — Quem estiver em condições, me siga. — Ele se moveu despreocupado e passou próximo a Ivan dando-lhe um olhar soberbo. — Quando eu for General, você não ficará mais na Guarda.

— Isso é o que nós veremos.

Não era o fim das provações naquele dia. Após deixarem Marcel aguardando por ajuda, percorreram a maior parte da distância até as cavernas, uns insatisfeitos, outros só pensando em eliminar os demais. Todos buscavam uma forma de conseguir o título e o viam como merecido, após anos de dedicação ao reino.

— Logo a frente temos um pequeno rio. Vamos descer e pegar um pouco de água?

— Se formos rápido. Não podemos perder tempo, Augustus.

Marcon pensava no quanto foi atrasado pelos outros enquanto levava o cavalo até o rio. Seria muito melhor se estivesse sozinho. Ivan tinha a mesma opinião e Augustus se imaginava como um líder melhor. Ao chegarem ao rio, um odor diferente chamou a atenção deles. Havia uma substância negra por cima da superfície mais próxima da margem mas nenhum sinal de quem a despejou alí.

— O que é isso? Parece óleo.

— É um tipo de laxante. Mas quem colocaria isto aqui? — Fernando respondeu após analisar melhor a substância pastosa e brilhante. Era o óleo da semente de uma planta encontrada nas florestas. — Não podemos beber dessa água se quisermos terminar a competição. Parece que foi colocada agora pois se diluiu pouco.

Eles miravam o rio pensando na sede que começava a tomar conta e nos cavalos também sedentos e cansados. Se continuassem assim, poderiam terminar prejudicados. Ainda pensativos, um barulho chamou a atenção de todos nas árvores logo atrás deles: alguém partiu a galope após observá-los.

— Podem ser nossos adversários. — Andrei comentou.

— Ou outra armadilha.

— Não vamos ficar aqui sem saber, Oliver. De qualquer forma teríamos que passar por aquele caminho.

— Olhem isso. Um pergaminho. — Augustus o recolheu próximo a margem. — Para os perdedores Coiotes. — E com uma pausa de virou para os demais. — É a letra de Ryan.

— Vamos atrás deles!

Marcon partiu na mesma direção seguido de perto pelos demais. A raiva daquela brincadeira se juntou a da emboscada e fustigaram os cavalos para alcançar o espião, um deles, provavelmente, que ficou para ver suas caras e rir depois. Aproveitaram a cavalgada para descarregar um pouco de suas frustrações até perderem a direção para a qual o outro fugiu.

— Onde ele se escondeu? — Eles pararam quando o caminho se estreitou um pouco.

— O perdemos! Ryan vai nos pagar.

— Temos outros problemas. Olhem para cima!

Em pouco tempo se arrependeram de tê-lo seguido, pois do alto desceram troncos bem sustentados por fortes cordas e quem fosse acertado com certeza estaria fora. Eles se agitaram e tentaram sair da mira, obrigando os cavalos a correr no sentido contrário rapidamente, porém os troncos estavam muito próximos e o impulso que obtiveram na descida os deu mais velocidade. Mesmo instigando os animais para seguirem, foram obrigados a pular e deixá-los ir mais depressa sem eles. Quase todos saltaram e se jogaram no chão, rastejando para fora do caminho. Oliver entrou na frente de Fernando assim que ele saltou para impedir que levasse o golpe e acabou recebendo o impacto da madeira em suas costas, caindo um pouco a frente, desacordado.

— Peguem os cavalos depressa!

Augustus se levantou e com a espada cortou uma das cordas, deixando o tronco cair por terra. Aos poucos se livrou dos outros enquanto seus companheiros buscavam os cavalos.

— Você vai nos pagar, Ryan!

 

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A tarde seguia calma para quem somente aguardava o retorno dos que fossem capazes de chegar ao fim da primeira etapa. As diversões continuavam e a música ainda não tinha parado.

Diana voltou para fora após algum tempo e conversou com várias pessoas, recebendo o carinho dos súditos e ouvindo suas apostas sobre o resultado da competição. Alguns diziam que Marcon venceria, outros apostavam em Ivan e mais alguns em Henry. Ela não deu palpites mas secretamente tinha sim um favorito.

Logo foi apresentada também a Bartolomeu Bonneville, pretendente de Ailla e embora parecesse muito feliz em vê-lo, internamente sentiu grande tristeza em saber que ele fazia parte dos que disputariam a mão da prima nos próximos meses. Ela detestava a ideia de ter de se unir a quem não tivesse escolhido, quase como uma ordem a qual não pudesse recusar e, infelizmente, Ailla não tinha essa opção. Outros dois também apareceram: Richard Constâncio, filho do joalheiro da família, e Dimitri Ângelus, ex-integrante da Guarda que assumiu os negócios de seu pai. Por mais que fossem mais jovens e talvez a prima gostasse de algum deles, ainda assim Bonneville tinha mais vantagens. Ela pensava também em Ryan, o rapaz apaixonado que fatalmente perderia sua musa.

— Estou preocupada. — Ela dizia depois ao Conselho já de volta ao seu lugar de mais cedo. — Eles já deveriam ter voltado. Está ficando tarde.

— Creio que seu tio tornou as coisas complicadas para eles. — Solano argumentava. — Jamais escolheria desafios simples.

— Espero que sobre alguém, não é? — Andreas comentava. — Já que vamos mesmo ter outro General, espero que algum desses fracotes sobreviva.

Como resposta às suas palavras, as trombetas soaram e homens a cavalo vieram escoltando quem seguiria para a próxima etapa. Um reboliço tomou conta de quem esperava pois a ansiedade era grande e tomaram um lugar com pressa para poder acompanhar tudo. Em primeiro plano estava Marcon, praticamente impecável e segurando um objeto de formato oval na cor azul com detalhes dourados. Tinha um palmo de altura e o interior oco, podendo ser suporte para guardar pequenas coisas. Poderia ser considerado uma joia pois era cravejado de pedras preciosas. O povo vibrou com a sua aparição, gritavam e davam sua vitória como certa.

Em segundo plano estava Andrei, cavalgando com pressa e um sorriso estampado no rosto. Não parecia machucado e comemorava com gritos, provavelmente em resposta à sua família que também festejava sua presença entre os finalistas.

Por fim, seguindo os demais estava Henry e muitos corações bateram mais aliviados e felizes ao vê-lo. Trazia um corte no braço direito e a roupa empoeirada mas o vigor e a vontade de vencer ainda faziam seus olhos brilharem. Órion estava cansado e fazia um último esforço para chegar ao lugar onde poderia por fim ser bajulado. Ryan estava na garupa do cavalo, com o rosto encostado nas costas de Henry, como se estivesse desacordado. Trazia na mão um objeto semelhante ao primeiro mas na cor vermelha.

— Temos nessa tarde quatro competidores dispostos ainda a lutar: Marcon Wood, Andrei Sulivan, Henry Zumach e Ryan Muscat.

Gonzalo fez a multidão vibrar ainda mais e permaneceram assim enquanto outros homens traziam água para eles e levavam os quatro animais para o estábulo. Ryan estava ardendo em febre, devido as picadas das abelhas, e logo se fartou da água ao passo que Marcon e Andrei gritavam e comemoravam a conquista. Clermon e Aurora aplaudiam todos pelo desempenho mas em especial seu filho e o Conselho se alegrou e felicitavam os rapazes. Agenon sorria sem parar olhando Henry.

Ryan se levantou e andou um pouco para frente, segurando nas mãos o que poderia ser chamado de ovo pelo seu formato, estendendo-o em direção a Imperatriz e fazendo uma leve reverência.

— É um presente. Aquele que o encontrou pode ficar com ele. — Diana respondeu com um sorriso. Depois olhou para cada um deles, se demorando mais em Henry, que trazia uma expressão muito séria, e prosseguiu. — Meus parabéns a vocês por terem chegado até aqui. Não foi fácil mas agora precisam descansar um pouco para podermos continuar. Decidiremos quem serão os oponentes e logo começaremos.


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Notas finais do capítulo

E então: quem vocês acreditam que vença?
Que educado esse Ryan em devolver o objeto encontrado. E bem, é claro que a surpresa no rio é somente um chamariz/provocação rsrs
Mais tarde contarei como ficaram só quatro rsrs



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