Kandor: as chamas da magia escrita por Sílvia Costa


Capítulo 10
Capítulo IX - Luz e Trevas


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Como prometido, aí vai mais um capítulo.
O próximo devo postar na semana que vem e será grande rs



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O corredor estava silencioso aquela hora da madrugada. Todos já estavam em seus quartos tentando dormir ou esquecer o show de mais cedo. Esgueirando-se​ por ele, uma figura alta percorreu rapidamente o espaço que o separava do quarto da Imperatriz; aproveitando-se do curto período de tempo da troca de guardas e da presença de seus aliados no próximo turno. Solano também tinha deixado furtivamente o palácio, quebrando assim mais uma linha de defesa e como, provavelmente, Diana passaria a noite ao lado da tia ou no quarto dos pais; era o momento perfeito para agir.

Lentamente ele abriu a porta e entrou no cômodo, um dos maiores e mobiliado com muito bom gosto. Havia uma mesa de madeira próximo a porta com flores e um castiçal com cinco velas, e mais a frente, a penteadeira, dourada e branca e com detalhes entalhados na madeira. Sobre ela havia duas caixas de joias, alguns pequenos adornos e em sua gaveta, dentro de uma caixa almofadada, estava a tiara usada na sua coroação. O guarda-roupa e a cama com dossel e tecidos finos estavam posicionados na direção da janela.

Para aproveitar a luz do sol, a escrivaninha ficava próxima a janela, e já haviam folhas repletas de anotações além de um cântaro com água, recém trocado pelas serviçais. Ele se aproximou e retirou um frasco pequeno com um líquido verde da túnica, do qual deixou cair algumas gotas sobre a límpida bebida.

— Veremos qual efeito este terá em você.

*********************  

 

 

Ela descia mais uma vez para seu novo refúgio em busca de respostas, compreender como o poder funcionava; já que dormir seria impossível. Já estava se acostumando com os pequenos degraus e a escuridão gélida que tomava conta de tudo naquele espaço que, curiosamente, ocupava o mesmo lugar que as outras instalações do palácio. Mas não é humanamente impossível que duas coisas ocupem o mesmo lugar? Ela já tinha deixado de lado a ideia de compreender isso.

Ela estava lá: reluzente tal como um diamante, aguardando silenciosa pela escolhida. Curioso como uma simples pedra era capaz de mudar sua vida. Agora que a surpresa já passou, ela percebeu que na base onde ela se apoiava havia também uma gargantilha, onde ela poderia se encaixar, e um pequeno livro. Cada vez que se aproximava suas mãos formigavam e as vezes era insuportável se manter ali pois exigia dela mais do que poderia oferecer no momento.

— Preciso aprender logo.

Tomando a fonte do poder nas mãos, fechou os olhos e esperou acontecer. Sentia a energia correr por seu corpo como se fosse invadida por algo incontrolável percorrendo suas veias e as enchendo de vida. Resolveu que usaria a gargantilha  e com as mãos livres, tentou manejar a magia para criar alguma coisa. Como tanto poder podia caber em algo tão pequeno? Cada vez que ela deixava a magia fluir, uma luz azul quase como uma neblina se espalhava ao redor de seu corpo e pelo ambiente. 

— Concentração…

Sua respiração irregular deu lugar a outra, compassada e lenta. As mãos que estavam cerradas se abriram e uma luz se formou nelas. Diana abriu os olhos surpresa com a sensação e viu duas chamas, uma em cada mão. Assustada recuou, perdendo a concentração e elas se desfizeram.

— Não pode ser. Eram ondas, agora são chamas. O que eu estou criando?

Não havia queimaduras mas geralmente, dois sintomas apareciam após usar magia: ou ficava exausta ou totalmente descansada, tal como se estivesse acordado após uma boa noite de sono.

— Vamos de novo.

Estendendo a mão direita ela se concentrou e uma nova chama surgiu, maior e mais brilhante. Concentrou o poder ali até não ser mais capaz de segurar e depois o dividiu em algumas menores, que flutuaram no ar de acordo com o movimento de seus braços. Os elevou e elas ganharam mais espaço e iluminaram além da parte visível das paredes negras. Depois ela as extinguiu, se sentindo cansada.

— O que eu não daria por uma cadeira agora.

Seu pedido era uma ordem. Respondendo às suas palavras, parte do piso começou a se iluminar e vibrava como se a própria terra estivesse viva. Um conjunto de rochas negras pontiagudas se erguia lentamente próximo a uma das paredes, se unindo e criando aos poucos o que ela desejava.

— Não peço mais nada — ela conseguiu dizer após um momento de surpresa.

*********************** 

 

Era quase dia em Kandor quando uma estranha criatura surgia em uma das casas na área central. De penas negras e bico afiado, o corvo de olhar vazio se esgueirou pela janela aberta e entrou no quarto principal. Qualquer um que visse uma ave como aquela ainda no breu da noite se assustaria, principalmente porque no reino não haviam corvos.

O quarto estava bagunçado pois vários livros tomavam o chão e a escrivaninha. Sobre a cama uma jovem se deixou cair de exaustão, a pele alva em contraste com os cabelos negros desarrumados. O corvo se aproximou de seus ouvidos e reclamava por comida mas ela parecia não ouvir. Ele procurou pelo lugar algo que pudesse devorar com seu bico afiado, mas sem sucesso. Voltou novamente para a cama e puxava impaciente a barra do vestido dela.

Uma luz negra surgiu como num passe de mágica das mãos da mulher e seus olhos refletiam raiva. O corvo  se assustou e foi se refugiar do outro lado, atrás da cômoda.

— Pensei que ia continuar a me importunar. Não vê que estou cansada? Logo vou superar o poder dela. Vou conquistar o trono e destruir todos que estiverem no meu caminho. — Seu rosto se levantou levemente e o pássaro se encolheu ainda mais. — Tirarei tudo dela. Tudo!

Sua risada ecoava pelo quarto enquanto dos telhados um bando de corvos levantava voo, cobrindo o céu. Do bico de um deles, um pedaço do uniforme de uma empregada do palácio caía.


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Notas finais do capítulo

Alguém com curiosidade para saber o que tem no livro?
E então: vocês imaginam quem são os vilões?