— Espera, vamos com calma... - digo um pouco paralisada olhando pra aliança a minha frente - Casa? Com você? Por que?

— Isso doeu de certa forma. - ela leva uma mão ao peito

— Não é o que eu quis dizer, é que.... - tento pensar do que dizer por alguns segundos - Não acha que isso é ir rápido demais?

— Emma, nós namoramos a uns 1200 anos

— Eu sei, mas...

— Você não quer? - ela fecha a caixa

— Não é que eu não queira, mas isso foi muito de repente, eu estou surtando aqui!

— Ok, então vamos fazer desse jeito. - ela se levanta e deixa a caixinha encima da mesa - Vocês duas, podem nos deixar sozinhas um momento?

— Agora que tava ficando interessante. - Serafina murmura

— Eu nunca mais faço doces pra vocês. - Meren a ameaça

— Muito trabalho a fazer, não é, Fran? Acho que vamos ter que ficar no laboratório a noite inteira. - ela pega Francine no colo e as duas vão para o andar de baixo

— Vamos dar uma volta? - ela pergunta me olhando

— Está realmente frio lá fora, tem certeza?

— Não vai demorar

— Se eu pegar um resfriado eu vou fazer você dormir na sala

— Isso é uma forma de dizer que não quer que eu fique doente?

— Pode ser. - rio

Colocamos nossos casacos e fomos para fora, Meren caminhou comigo pela cidade segurando minha mão, o frio do lado de fora era terrível, então sua mão quentinha parecia bem mais reconfortante do que de costume. Andamos conversando por bastante tempo, ela não tocou no assunto "casamente" durante toda a caminhada, apenas conversas normais que tínhamos desde pequenas, riamos juntas e sempre que ela falava conseguia ver a fumaça saindo se sua boca por conta do frio.

— Chegamos. - ela para quando chegamos perto de uma árvore grande que ficava no meio de uma floresta, uma densa floresta, o local era muito escuro, sempre evitávamos ir por ali, mas dessa vez ela resolveu me levar, e estava tão calma que eu nem mesmo conseguia sentir medo de toda aquela escuridão a nossa volta

— O que viemos fazer aqui?

— Eu vim te mostrar que me contaram que é bonito

— Serafina?

— Quem mais? Aquela garota conhece o mundo

— Provavelmente ela trazia Fran aqui

— Também acho possível, ela mima muito aquela baixinha. - ela ri

— Acho que as duas precisam muito uma da outra. - me lembro do que conversei com Fran - Afinal, não consigo imaginar uma vivendo sem a outra

— Isso te lembra outras duas pessoas? Talvez que estejam aqui conversando agora? - ela se afasta e passa a mão pelo tronco da árvore dando duas batidinhas com o punho, como se estivesse batendo numa porta

A árvore pareceu ficar mais iluminada, como se vários vagalumes estivessem acordando e brilhando no meio das folhas. Pequenas fadas começaram a sair dos galhos e voar em volta de nós, a escuridão da floresta parecia ter sumido, a lua começou a brilhar em um tom azul muito bonito que atravessava as altas árvores, ninfas saindo das águas e chamando os sátiros para as rodearem e tocarem suas flautas de bambu para elas.

— Acho que entendo o motivo de Francine e Serafina não brigarem com frequência. - digo - Elas vivem passando por momentos assim juntas

— Devem ter viajado bastante para encontrar lugares assim, espero que possamos fazer isso um dia, sabe, se formos nos aposentar do exercito

— Elas se aposentam rapidamente de qualquer coisa que perdem o interesse, nunca mais colocaram o pé no quartel. - me sento no chão e fico cutucando os cogumelos coloridos onde algumas fadinhas sentavam para fazerem tranças umas nas outras

— O que você quer fazer? - ela pergunta se sentando ao meu lado

— Como assim?

— Com o resto de vida que temos, não vamos ficar no exercito pra sempre, a maioria se aposenta com 4000 anos mais ou menos, o que você gostaria de fazer se tivesse todo o tempo do mundo?

— O que eu gostaria de fazer.... - paro pra pensar um pouco - Poderíamos viajar pelo mundo, não? Parece divertido, conheceríamos lugares novos, paisagens bonitas, seriamos uma versão não ilegal da Serafina e da Francine

— Eu te pergunto o que você gostaria de fazer e você me inclui nos seus planos de vida. - ela ri e se deita na grama - Que adorável

— Por que não? O que eu faria sem você?

— Por isso te perguntei se você queria se casar comigo. - ela me puxa pra deitar perto dela - Sabe, Emma, estamos juntas a muito tempo, tempo demais na verdade, acho que as melhores partes da minha vida foram junto com você. Passamos anos brincando juntas, crescendo juntas, rindo, arrumando confusões, lutando e tendo momentos como esse.... eu quero que isso continue, continue pelo resto do tempo que tivermos, eu não gostaria de fazer esse pedido para mais ninguém

— Você sempre usa essas palavras pra me convencer emocionalmente. - rio

— Então eu gostaria que existissem palavras que expressassem mais ainda o que eu sinto por você, palavras que nunca foram ditas antes e que seriam exclusivamente suas

— As vezes você é tão gay que me surpreende. - rio e a beijo

— Eu quero pedir de novo. - ela se senta - Eu quero te pedir pra ficar comigo pra sempre mais uma vez

— Então me peça. - fico de pé e ela se ajoelha tirando a caixinha de seu bolso

— Emma. - abre a caixa - Eu quero ficar com você pelo resto da minha vida, quero que possamos estar juntas por anos, rindo e fazendo coisas idiotas, quero que formemos uma família mesmo que possa ser biologicamente impossível por diferença de espécie, quero ver você envelhecendo.... quer dizer, realmente quero, nunca vi um vampiro velho da vida. - ela ri e eu deixo escapar um "idiota" com uma risada, a deixando mais sorridente ainda - Você quer se casar comigo?

— Com uma idiota como você? - rio - Eu não tenho duvidas

Pego sua mão e a puxo para cima e beijando e abraçando sua cintura.

— Podia ter dito isso dentro de casa, está congelando aqui fora. - ela diz

— Foi sua ideia

— Eu queria que fosse especial

— Acho que conseguiu

— Ok, agora menos conversa e mais pegação, eu preciso me aquecer