Entre elfos e vampiros escrita por neko chan


Capítulo 31
Verafenda




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— É, é, mesmo sabendo o que acontece não deixa de ser trágico. - diz Serafina limpando seus óculos da poeira que foi levantada a poucos segundos atrás - Nem todos estão mortos, mas muito feridos. - ela se levanta suspirando e Francine faz o mesmo - A próxima vai ser na árvore. - fala somente para Francine

— S-Serafina........ - tento falar ainda em choque observando as chamas subindo - O que aconteceu?

— O quartel explodiu. - diz calmamente como se respondesse um simples "2+2"

— Eu sei que explodiu, estou perguntando por quê você não fez nada

— Eu deveria ter feito alguma coisa? - diz friamente

— É CLARO QUE DEVIA, HAVIAM MUITAS PESSOAS LÁ DENTRO, VOCÊ DECIDIU SALVAR APENAS 6!

— Emma.... - ela segura firmemente meus ombros - Não podemos interferir no futuro, apenas tomar a melhor rota

— O que quer dizer? - pergunto ainda irritada

— Já ouviu falar em "efeito borboleta"?

— Não

— É uma expressão do mundo humano, "o bater de asas de uma borboleta poderia causar um tufão do outro lado do mundo", isso significa, qualquer coisa a mais que eu tivesse tentado fazer para impedir isso - ela aponta para o local em chamas - Causaria uma catástrofe maior ainda no futuro

— Por quê não fez nada antes? Você não sabe de tudo?

— Eu não sei de tudo em tempo favorável para pensar em soluções menos catastróficas

— Ok... - eu me acalmo e respiro fundo - O que vai acontecer agora? - pergunto depois de um tempo

— É uma surpresa, o futuro não é divertido se soubermos de tudo

Nós 6 ficamos em silencio apenas olhando o local desabar bem a frente de nossos olhos, Serafina e Francine olhavam atentamente como se fosse uma lição importante a ser lembrada, Max se encolheu atrás da moita em que estávamos e apenas chorou baixo, Maya sentou-se na grama e observou o céu serenamente, enquanto a mim e a Meren, sofremos em silencio sem saber o que aconteceria agora, a incerteza dominava nosso interior como o mais forte dos venenos, ela chega mais perto e me abraça escondendo a cabeça no meu pescoço e eu a acaricio tentando reconforta-la.

 

Depois de algum tempo alguns dragões de água chegaram para apagar o fogo e elfos vinham para resgatar os que ainda estavam vivos, Serafina achou melhor que não víssemos essa parte, então disse que era melhor irmos andando.

— Para onde? - pergunto para ela

— Em frente, pequena vampira. - ela sorri para mim - Sempre em frente. - ela se vira para falar com Maya - Chame Emily assim que tiver tempo, estamos indo para Verafenda. - pega as malas que havia deixado no chão e todas a seguimos.

A quase 1km de onde era o quartel havia um local abandonado, uma antiga fabrica fora de funcionamento, entramos atrás de Serafina, que puxa um lençol de cima de um grande objeto no meio da sala quase vazia e reverá uma carroça.

— Estamos a caminho de Verafenda por hoje, tenho um lugar para ficarmos. Foi onde estudaram, não? - Serafina pergunta a mim e Meren

— Sim, foi lá

— Ótimo, então agora vão ver a parte escondida da cidade

Entramos na carroça, ela não era muito grande, haviam muitas caixas nela, Safira se desculpou dizendo que antes era apenas ela e Francine, não imaginou que fosse acomodar tantas pessoas nela, mas conseguimos nos encaixar entre as grandes caixas de madeira e as malas que eu imaginava que continham nossas coisas do quarto.

— Ah, por falar nisso. - Serafina tirou uma caixinha de um dos bolsos internos da túnica e me entregou - Sua cobra, eu a encolhi com o viveiro, não achei que conseguiríamos correr e carrega-la ao mesmo tempo

— Se consegue encolher as coisas, porque não encolheu a bagagem? - Meren pergunta

— Nem tudo na vida deve ser resolvido com magia, nós ficamos folgados assim, você acha que usamos magia para abrir potes de vidro duros? Claro que não, Fran constrói robôs gigantes apenas para quebrar a tampa para nós

— Jogar no chão não tem o mesmo efeito?

— Elfa, elfa, elfa, se for simples demais não tem graça nenhum. - ela usa magia para fazer 2 cavalos se sombra aparecerem na frente da carroça de costas para nós - Mas algumas vezes temos que usá-la quando nosso único cavalo fica indisponível. - olha diretamente para Maya

— Não ache que isso muda alguma coisa entre nós. - a garota responde friamente cruzando os braços

— Você não me dá uma brecha. - Serafina ri e assovia para que os cavalos comecem a andar apressadamente a fazendo se desequilibrar e agarrar as cordas presas neles

Estava frio, a lona que antes estava cobrindo a carroça estava sob nossos colos para que pudéssemos nos aquecer e olhar para o céu noturno ao mesmo tempo, os barulhos da cidade foram gradativamente sumindo até sobrar apenas os sons de floresta e os cascos apressados dos cavalos amassando a grama. Depois de quase 1 hora os barulhos de cidade voltam, estávamos entrando em Verafenda, eram barulhos bem menores do que da cidade anterior, era tarde, então muitos estavam dormindo e as feiras estavam fechadas, os barcos atracados e os pescadores em suas casas, mas vez ou outra uma outra carroça ou carruagem passavam por nós. Nos afastamos bastante do centro da cidade, entramos na floresta, passamos por uma ponte e depois de um tempo chegamos a o que parecia uma outra cidade.

— Bem vindas à parte que nunca viram de Verafenda. - diz apontando para a cidade abaixo de nós, estávamos encima de um morro e uma estrada de terra levemente estreita descia até a cidade, que foi toda construída encima da grama e não do concreto, uma grande torre no centro da pequena cidade era o grande destaque, tinha quase 10km de altura e forma cilíndrica com uma triangulo na ponta

Serafina contou que aquela torre servia de abrigo muitas vezes, também para observação, armazém da cidade e para "dar um charme à cidadezinha". As casas eram todas de madeira, uma única construção era feita de concreto, era alto e largo, pensei que era uma escola ou algo do tipo, mas Serafina, como se lesse meus pensamentos, respondeu:

— Esse é nosso novo quartel. - diz com um sorriso - É um pouco menor do que o outro e não tem muitos dormitórios, então, parabéns, vamos morar em casas de verdade, ou... algo parecido, menos... - ela nos encara - Maxine e Maya vão ganhar lugar nos dormitórios, então apenas Meren e Emma vão dividir nossa casa de emergência

— Casa de emergência? - pergunto

— Claro, claro, as levarei para lá agora para passarmos a noite

A casa na verdade mais parecia uma casa na árvore, mas parecia menos por fora do que por dentro. Subimos as escadas que nos levavam até uma parte do meio da copa da grande árvore, uma porta arredondada nos encontrava no fim da escadaria, Serafina tira uma chave dourada de um outro bolso interno da túnica e a destranca, entramos na sala, o chão com as linhas espirais internas da árvore, uma televisão na parede, um tapete redondo azul no chão,  um sofá branco a frente da televisão e uma mesa de jantar com 6 cadeiras ao fundo do 1° cômodo eram iluminados pela luz do luar que entrava pela janela arredondada do outro lado da sala. Da porta podíamos ver 2 entradas, 1 na esquerda e uma na direita, as meninas nos levaram primeiro para a esquerda nos mostrando a cozinha, também com todas as paredes, chão e teto de madeira, mas os balcões, a geladeira, o fogão e os utensílios eram normais. Para a direita havia um armário na parede que era usado de dispensa e mais escada que levavam para o andar de cima, onde havia um corredor bem espaçoso com outra escadaria em seu final e 4 portas nele, 2 de cada lado do corredor, 3 eram quartos e 1 era o banheiro (o ultimo da direita). Os quartos basicamente seguiam o mesmo padrão, uma escrivaninha do lado esquerdo perto de um armário grande, uma janela que ia do chão ao teto que cobria 80% da parede da frente da porta e uma cama encostada no canto direito, o da frente era idêntico, enquanto o do lado funcionava como um espelho, tudo o que estava na esquerda fora para a direita e vice-versa.

O andar de cima era o penúltimo, esse não tinha divisórias, era apenas uma grande sala de recreação praticamente vazia, tirando pelo grande piano no meio dela e as janelas grandes nas 3 paredes de frente pra escada. O próximo andar era revelado puxando a corda do buraco arredondado grande do teto, que descia uma escada e lá encima era uma área aberta, o topo da árvore, onde o chão era redondo e de grande diâmetro com grades em suas beiras para evitar que alguém caísse.

— Ok, então é aqui que passaremos a noite, temos apenas 3 quartos, então espero que alguma de vocês não se importe de dividir, a casa não é muito decorada, mas daqui alguns meses vai aparecer um lar de verdade. - ela sorri para mim e para Meren e eu tive certeza que aconteceria

Serafina e Francine dormiram no mesmo quarto após comermos algumas comidas enlatadas que achamos na cozinha, Maya pegou um só para ela e eu, Meren e Max dormimos juntas, porque Max estava assustada com o que acontecera a poucas horas atrás.

 

Quase 1 mês se passou até que o quartel de Verafenda começasse suas atividades, muitos se recuperaram nesse tempo, inclusive Lucius, que foi um dos sobreviventes da explosão, depois de um tempo fiquei sabendo que os soldados que estavam sendo pegos com as armas ilegais estavam ajudando um garoto terrorista a montar a bomba que explodiu naquele dia, 8 culpados no total, todos acabaram presos. Max conseguiu um quarto no dormitório e agora o divide com Maya, que, de acordo com ela, se tornou menos ranzinza e até conversava mais com ela, até mesmo a viu sorrindo outro dia, me pergunto o quão profundamente ela devia detestar Serafina e Francine para ter ficado seria todo aquele tempo.

Começamos a morar junto com Serafina e Francine naquela casa, Meren e eu ainda dividíamos o quarto, as vezes eu deixava Hana aproveitar o sol em algum galho de árvore lá fora, as meninas ainda passavam o dia enfurnadas no sótão que usavam de oficina, só depois de algum tempo notamos que havia uma passagem para o sótão debaixo do tapete da sala, as duas praticamente não iam mais para o quartel. Francine começou a andar pela casa de óculos escuro por causa da quantidade de janelas que havia nela e Serafina sempre comentava que ela estava "badass", ela costumava usar muitas palavras humanas confusas agora que reencontrara seus velhos livros, entre eles, seus dicionários de línguas de praticamente toda a galáxia.

Eu e Meren começamos a ir bem melhor nos treinos depois que Francine e Serafina começaram a tirar tempo para nos treinar no andar superior da casa. O tempo foi passando e finalmente o dia de nossa primeira missão, que havia sido adiada, chegou.


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