Entre elfos e vampiros escrita por neko chan


Capítulo 24
Eu sou apenas um monstro




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— Nada....... nada...... nada.......... nada........ - reclamava enquanto batia com a testa na parede perto de minha cama

— Meu amor.... - Meren fala esperando que eu termine de bater minha cabeça, o que não acontece - Foi apenas o primeiro mês, não é o fim do mundo

— Eu nunca vou conseguir, é inútil

— Você vai sim, minha querida

— Se eu não conseguir até o fim do quarto mês eu não poderei passar para a próxima parte e terei que repetir esses 4 meses, não pareço estar fazendo progresso algum. - me jogo de cara na cama

— Querida, é nosso primeiro fim de semana livre, quer mesmo estragar nosso dia de viagem de mau humor?

— Nossos pais estão tão animados que vão fazer um jantar em família

— Nossas duas famílias juntas pela primeira vez em séculos, vai mesmo querer encontra-los com essa cara?

— Não......

— Ótimo, então pegue sua mochila e se despeça da Hana

— Temos mesmo que deixa-la? Ela é tão pequena. - digo encostando meu nariz no focinho de Hana, que coloca a língua para fora e encosta gentilmente na ponta do meu nariz

— Apenas por 2 dias, não esqueça de trazer roupas o suficiente para encontrarmos Safira e Madeleine amanhã

— Certo, certo

Terminei de colocar as coisas na mochila e nos preparamos para ir, a maioria dos outros soldados também estava indo fazer uma pequena visita às suas casas, mas um numero considerável também optou por não sair, entre eles estavam Maya, Serafina e Francine. Não me atrevi a perguntar à Maya o motivo de querer ficar, e ao perguntar à Sefi e Fran elas mudaram de assunto rapidamente, no caso apenas Serafina o fez, nos desejando uma boa viagem e dizendo que precisavam se apressar para trabalharem, Maxine, por outro lado, parecia extremamente empolgada em visitar sua casa.

Optamos por voltar para casa de pegasus, Meren estava com saudades de viajar assim. A viajem não foi tão longa, mas a parte ruim de viajar de pegasus era não poder cochilar, eles não se responsabilizavam por quedas, descemos na parada e fomos caminhando até em casa, era tão estranho pensar que tanto tempo tinha passado, agora mesmo eu estava andando de mãos dadas pela calçada com minha melhor amiga e uma sombrinha sob minha cabeça, pois eu havia esquecido de passar a poção de manhã e apenas havia a colocado na mochila, parecia que em 1600 anos continuávamos fazendo o mesmo que fazíamos quando havíamos acabado de nos conhecer.

Meren parou na frente de sua porta e bateu por um tempo sem receber resposta, fiz o mesmo em minha porta, mas os pais de Meren atenderam.

— Meren, minha pequena! - disse tio Arlo correndo para abraçar Meren

— É bom ver você de novo, minha querida. - diz tia Lizz sorridente - Você deveria nos escrever com mais frequência - ela a abraça também

— Ok, mãe, pai, eu também amo vocês, mas vocês estão me sufocando, eu vou morrer. - Meren diz se debatendo tentando escapar dos braços deles

— Emma, querida, como vai no exercito? - tio Arlo pergunta ainda segurando Meren

— Vai bem, tio, mas é realmente mais complicado do que qualquer coisa que eu já tenha feito

— Tenho certeza que as duas irão se sair bem! E a estadia? Pegaram quartos bons?

— Sim, os quartos são bons

— Pegamos o mesmo quarto de novo! Agora eu posso continuar dormindo com a Emma a noite toda. - Meren completa

— D-dormirem? - tio Arlo dá um riso meio congelado e solta Meren, se aproxima um pouco de mim para que ela não escutasse - Vocês não fizeram nada, certo?

— N-não senhor

— Minha garotinha ainda é tão pequena, se fosse outra pessoa eu certamente estaria preocupado, mas confio em você, querida, apenas vá com calma com ela. - ela sorri

"Ela quem precisa ir com calma comigo, senhor", penso sorrindo de volta para ele, que volta a falar com Meren, tia Lizz se aproxima sorrateiramente para mim com os braços cruzados e me entrega um pedaço de plástico entre seus dedos, eu o pego e leio o que estava escrito por fora da embalagem, "flor de lótus".

— T-tia...... isso é...... afrodisíaco? - pergunto nervosa

Ela apenas olha para mim de canto de olho, sorri e pisca para mim.

— Talvez Meren precise disse outra hora, divirta-se

"Ela certamente não precisa disso!", mais uma vez penso rindo nervosamente.

— Seus pais estão lá dentro, dormiram a noite toda apenas para estarem acordados quando você chegasse, eles vão ficar felizes em te ver. - diz se afastando para ir até Meren e conversar com ela também

Entro em casa, tudo parecia tão igual a antes, uma grande nostalgia crescia em mim, deixei a sombrinha de lado e corri para o quarto deles abrindo a porta apressadamente, os dois estavam ali com um bolo e uma velas iluminando o quarto escuro, acendo as luzes e corro para abraça-los assim que eles deixam o bolo de lado.

— Eu senti tanta saudade de vocês. - digo

— Nós também sentimos, morceguinha. - dizem em conjunto

— E pra quê esse bolo? - rio

— Lizz e Arlo nos falaram que bolos são ótimos para comemorações. - meu pai fala

— Mas não comemos bolo

— É apenas representativo, provavelmente Meren irá comer a maior parte dele

— Acho que tem razão

— E como vai com ela, querida? - minha mãe pergunta

— Vai tudo...... bem, eu acho

— Não está tendo nenhum problema? - pergunta meu pai

— Não, não, de forma alguma, ela é ótima

— Não é com ela que eu me preocupo, mas..... com as outras pessoas

— Eu sei disso, papai

— Escute, querida, o mundo é cruel as vezes, então mesmo que sempre existam pessoas que gostam isso, vão existir as que odeiam isso, mas não se preocupe, princesinha. - ele bagunça meu cabelo

— Sabemos que é forte o suficiente pra cuidar disso, confiamos em você. - completa minha mãe

— Obrigada. - eu os abraço

— Na verdade é um alivio saber que você não está com um garoto, isso nos deixou tão preocupados quando você saiu de casa pra ir na academia. - ela continua

— Não posso nem imaginar minha filhinha nas mãos de algum muleque vampiro que gosta de sair de noite para roubar sangue, oh minha mestra, isso seria simplesmente abominável!

— Ok, ok, já entendi

Depois de conversar com meus pais eu os falo um pouco da poção que Sefi fez, eu havia levado muitas comigo e não teria problema dividir com eles, e, pela primeira vez, tivemos um bom almoço com as duas famílias do lado de fora, nunca vi meus pais tão felizes de poderem sentir a brisa da manhã, minha mãe não parou de tirar foto das flores e meu pai ficara perseguindo as borboletas dizendo o quão fofas elas eram, eles realmente não saiam muito de casa, muito menos de dia.

O resto da tarde apenas passeamos com nossas famílias pela cidade, passamos pelo parque, a feira, estava tendo um festival ali no fim de tarde e acabamos voltando para casa mais tarde do que planejávamos, nossos pais estavam cansados e foram dormir primeiro, nos dissemos que iriamos dar mais uma volta a eles disseram para tomarmos cuidado. Decidimos visitar a praia onde brincávamos quando menores.

— Lembra de quando achamos uma tartaruga-leão aqui? - ela me pergunta

— Viemos aqui por 3 semanas todos os dias para tentarmos encontra-la de novo e ela nunca mais apareceu

— Ela deve estar vivendo feliz por ai. - ela senta na areia e contempla o horizonte, faço o mesmo sentando perto dela

— O tempo parece que não mudou nada, não é?

— Mas parece tudo diferente ao mesmo tempo. - ela ri e segura minha mão

— Eu espero que pelo menos o que temos dure para sempre

— Sem mudar nada?

— Só se mudar para melhor

Ela me beija suavemente, suas mãos macias acariciam meus braços, sinto sua respiração no meu rosto enquanto escuto as ondar batendo na areia.

— O quanto vai me fazer esperar? - ela pergunta

— Esperar?

— O momento certo

— Meren... eu não posso fazer isso agora... é o melhor para nós duas

— Por que?

— Porque eu sou uma vampira e você é uma elfa, não somos exatamente biologicamente preparadas para fazer isso uma com a outra

— Não precisamos estar biologicamente preparadas, apenas emocionalmente

— Desculpe, Meren, mas eu já me decidi

— Certo. - ela se levanta - Está ficando frio, melhor voltarmos

— Tudo bem

Caminhamos para casa em silencio, nenhuma de nós disse uma única palavra. Quando chegamos na frente das casas ela foi em direção a dela.

— Não vamos dormir juntas hoje? - pergunto quebrando o silencio

— Hoje não, eu quero dormir no meu velho quarto

— Eu.... posso dormir ai se quiser

— Não precisa. - ela se vira, entra em casa e fecha a porta

Eu queria que ela pudesse entender, queria mesmo, e queria mais ainda poder dar a ela o que ela quer, mas esse maldito corpo me impedia, em horas assim, até mesmo eu pensava que era um monstro, afinal, não poderia nem estar com a garota que eu amo sem colocar a vida dela em risco.


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Notas finais do capítulo

No próximo capitulo eu finalmente vou poder escrever sobre Safira e Madeleine de novo, provavelmente elas vão aparecer apenas essa e mais 1 ou 2 vezes



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