Love Is a Losing Game escrita por msnakegawa


Capítulo 8
Sofa


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, eu demorei um pouco para atualizar e é por um motivo que provavelmente todos devem estar passando: final de semestre.
Por isso, eu não sei se vou conseguir atualizar regularmente até essa loucura passar. Eu vou escrever o máximo que conseguir, mas espero que vocês entendam os atrasos.
Chega de falar, agora vamos para um capítulo um pouco mais alegre, depois de um tão triste :(



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We can go where you want

Say the word and I'll take ya

But I'd rather stay on the sofa

On the sofa, with you

Nós podemos ir onde quisermos

Diga onde, e eu te levarei

Mas eu preferia ficar no sofá

No sofá com você

Sofa - Ed Sheeran

Tonks segurou no braço de Lupin e girou para aparatar, surgindo num lugar bem diferente do Largo Grimmauld.

— Onde estamos? — Remus perguntou, com os olhos embaçados demais para conseguir distinguir o lugar. A noite escura estava pacífica como se o céu não soubesse tudo o que havia acontecido.

— Na minha casa. — Tonks, não soltando o braço de Remus desde que aparataram, começou a andar na direção de uma casinha pequena e simples. — Simplesmente não podíamos voltar para lá hoje.

A casa era pequena e se misturava em meio a tantas outras. Quando entraram, Remus percebeu que a personalidade de Ninfadora estava ali assim como no quarto de hóspedes na Sede da Ordem, vendo uma vitrola empoeirada num canto da sala onde muitos discos estavam empilhados.

Eles seguiram até a cozinha em silêncio e Tonks foi o mais cuidadosa possível enquanto preparava o chá, tentando não quebrar nada ou causar algum acidente. Procurou algumas torradas no fundo do armário e colocou-as na mesa, próximas ao bule de chá e as duas xícaras.

— Eu não voltei muito para cá esses dias. — Ela se defendeu, quando Remus olhou feio para a torrada que estava com um aspecto estranho e uma cor meio esverdeada. Tonks estava tão presa em seus pensamentos que não viu o mofo. Ela só conseguia pensar em Sirius. Ele tinha simplesmente partido, não tinham nem mesmo um corpo para fazê-la acreditar no que tinha acontecido. Seu primo, o único membro descente da família Black, que tinha sofrido o mesmo que sua mãe sofrera ao ser queimada da tapeçaria da família, fora embora e nunca mais voltaria.

— Tudo bem. — Remus respondeu, os olhos margeados e confusos. Ele sabia que Tonks estava tentando se manter forte para ele e que ela estava sofrendo tanto quanto ele. Ambos perderam um amigo naquela noite.

Sirius era um amigo que tinha acabado de voltar para a vida dele, que sofreu uma injustiça terrível vivendo grande parte de sua vida num lugar terrível como Azkaban. Não era justo ele partir daquele jeito, tão rápido: num momento estava lá com Harry e no outro, havia sumido. As lágrimas voltaram a correr por suas bochechas, quase que incontrolavelmente.

— Oh Remus. — Ninfadora se aproximou dele e sentou-se em seu colo, mais por precisar estar nos braços dele do que por outros motivos. Passou os braços pelo pescoço dele e voltou a afagar os cabelos cor de areia como fizera mais cedo, deixando-o chorar em seu ombro e desmoronando junto com Lupin.

— Ei, o chá vai esfriar. — Ele falou, depois do que pareceram horas em silêncio. Os dois tinham marcas de lágrimas no rosto e os olhos vermelhos, mas ela sorriu para ele e lançou um feitiço no bule, aquecendo o chá novamente. Ele olhou fixamente para ela, ainda em seu colo e sorriu fracamente. — Moody deve estar começando a suspeitar de nós. Você viu como ele olhou para a gente no elevador. — Remus tentou mudar de assunto, não conseguia mais pensar em tudo o que tinha acontecido.

— Ele sempre tem aquele olhar meio sinistro. — Ela deu de ombros e sorriu. Levou sua xícara de chá até a boca e depois de um gole que a aqueceu por inteiro, ela respirou fundo e passou as mãos pelo rosto de Remus, retirando as marcas de lágrimas que escorreram entre suas cicatrizes. — Sinto muito, Remmy.

— É só que... — Remus olhou para cima para tentar evitar chorar novamente. — Foi tão rápido. Eu não devia ter duvidado dele quando James morreu, deixei ele ficar todos aqueles anos preso. — Tonks acariciava a bochecha dele, ouvindo atentamente.

— Você não tinha como saber que aquele Pettigrew idiota tinha um plano. — Ela passou a mão pelos cabelos de Remus enquanto ele fungava, não conseguiria se segurar por muito tempo. — Nada disso foi sua culpa. — Ela deu um beijo na testa dele. — Vamos, você precisa descansar um pouco.

Ela levantou do colo dele e pegou sua mão, o incentivando a levantar. Ela o direcionou para o quarto cheio de posters, livros e discos espalhados, assim como o quarto dela na Sede, com as paredes cheias de fotos trouxas e mágicas. A cama de Tonks era grande, tinha uma manta felpuda e dois travesseiros sobre ela. "Por que ela tem dois travesseiros?", Remus franzindo a testa, tentando impedir sua vontade de deitar com ela.

— Eu deveria dormir na sala. — Ele pensou alto.

— Você tem certeza? — Ela mordeu o lábio, sabendo que seria uma noite difícil para os dois e que eles não conseguiriam pegar no sono. Não queria dormir sozinha, mas preferiu não forçar, era um momento muito delicado para falar algo de errado. Quando ele assentiu, ela virou-se para pegar um cobertor no armário e levou até a sala. — O sofá não é muito confortável. — Tonks colocou um cobertor sobre o sofá, ajeitou o travesseiro e deixou outro cobertor dobrado sob o braço do móvel.

— Obrigado, Tonks. Eu não conseguiria voltar pra lá hoje. — Remus agradeceu, pensando como ia ser difícil ir para a Sede e não encontrar Sirius lá. — Boa noite.

Ninfadora assentiu para Remus e foi para o seu quarto, tropeçando em seu próprio pé no corredor, quando olhou para trás para ver Remus antes de entrar no quarto. Colocou uma camisola e se deitou, tentando achar uma forma de não pensar em tudo o que havia acontecido, mas lembranças daquela noite se misturaram num sonho terrível.

Eles estavam na mesma sala daquela noite, ela tentava se desvencilhar de um Comensal para ajudar Harry e Neville, os dois eram novos demais para estarem numa batalha como aquela e seus olhares assustados partiam o coração de Ninfadora. Ela estuporou o homem e foi até os garotos, levando-os para perto das escadas para que saíssem daquela confusão. Quando deu as costas para as escadas e voltou a olhar pelo salão, viu o corpo de Sirius passando pelo arco.

Chocada, ela correu para o estrado no centro do poço e foi impedida de atravessar o véu por Remus, que a segurou num abraço firme. Ele a soltou para tentar impedir um feitiço, mas foi lento demais e acabou sendo atingido. Antes que Ninfadora pudesse entender o que estava acontecendo, Belatrix lançou um raio esverdeado na sua direção tudo ficou escuro.

Ela acordou desesperada, sentindo as gotas de suor escorrerem em sua testa, a respiração ofegante e o coração descompassado. Sentou-se na cama, sabendo que não ia conseguir voltar a dormir. "Talvez um copo d'água me acalme um pouco", ela se levantou e seguiu pelo corredor até a cozinha, mas antes de voltar para o quarto, parou por um momento na sala.

Lupin se debatia no sofá, o suor fazendo seu cabelo colar na testa e a respiração cansada indicavam que ele também estava tendo pesadelos. Num impulso, ela deixou o copo de água na mesa de centro e sentou na ponta do sofá, passando os dedos finos pelo cabelo molhado de Remus.

— Dora? — Ele entreabriu os olhos, embargado com sono.

— Pesadelo? — Ela perguntou levemente e ele assentiu. — Eu também tive.

O braço de Remus passou pela cintura de Ninfadora e quando ela percebeu, estava deitada nos braços dele.

—x-

Um raio de sol insistente aproveitou uma fresta na janela para entrar na casa, brilhando sobre o rosto de Tonks. Ela abriu os olhos e franziu a testa, se perguntando por um momento como tinha ido parar na sala de estar. Olhou para a frente e viu o copo d'água ainda cheio largado na mesinha de centro, lembrando de ter ido até a cozinha e parado para ver Remus.

O homem se remexeu atrás dela e a abraçou, trazendo-a para mais perto dele. Suas feições estavam tão relaxadas que ele parecia ser bem mais novo do que era, Ninfadora observou tentando olhar para ele. Afinal, como ela pensou que poderia passar a noite sozinha depois de tudo o que tinha acontecido? Nos braços de Remus ela se sentiu mais segura, mesmo que o sofá desconfortável não tenha colaborado muito.

— Bom dia. — A voz dele estava rouca de sono, o cabelo levemente amassado pelo travesseiro. Ele soltou a garota, que se levantou apenas para sentar no outro lado do sofá pequeno. — Eu acho que você estava certa sobre esse sofá não ser dos mais confortáveis. — Remus passou a mão pela nuca, que estava doendo pela tensão e pela posição desconfortável em que dormira.

— Eu disse. E também não foi feito para servir de cama para duas pessoas. — Os cabelos rosa chiclete dela brilhavam com o sol e a bochecha dela estava marcada com o tecido do travesseiro, era uma visão estonteante para Remus.

— Eu presumo que não tenha nada comestível aqui... Eu quase comi uma torrada verde ontem a noite. — Ele se sentou ao lado dela, tentando acordar mais depressa.

— Não tem, mas acho que sei onde podemos encontrar. — Ela levantou e começou a caminhar em direção a porta.

— Tonks... — Lupin olhou para a camisola azul claro que ela usava. — Acho que vai querer trocar de roupa primeiro. — Ele lembrou.

— Ah, é... Claro. — Ela revirou os olhos e riu, voltando logo do quarto com um vestido roxo, uma jaqueta jeans, meias até os joelhos e suas botas de sempre. "Um tanto excêntrica para alguns, mas é perfeita", Remus sorriu ao vê-la caminhando alegremente pela rua até o vilarejo trouxa.

Ele a seguiu até ela virar e entrar no jardim cercado de uma das casas que estavam na beira da estrada. As flores do jardim estavam muito bem cuidadas e a cerca branca dava ainda mais charme para o lugar. Ela apontou a varinha para a maçaneta da porta e logo os dois estavam entrando.

— Você pode simplesmente ir entrando na casa das pessoas? — Ele perguntou, tentando se lembrar se ela já tinha dito onde seus pais moravam.

— Dora? — Uma voz feminina veio da cozinha, assim como o cheiro de panquecas que fez o estômago de Lupin roncar. — Ah, olá! — Uma mulher com o mesmo sorriso de Ninfadora apareceu no corredor enxugando suas mãos no avental. Ela tinha uma estranha semelhança com Belatrix, mas seus cachos negros estavam presos num coque em vez de  espalhados para todos os lados como os de Lestrange. Remus percebeu também que ela tinha os mesmo olhos azuis de Sirius. "Oh, Sirius... Ela ainda não deve saber do acontecido".

— Você conhece Remus, não é mãe? — Tonks sorriu, um pouco envergonhada.

— Ah, é claro! Ninfadora fala muito de você... — Ela sorriu, provocando a filha que lançou a frase de sempre: "Não me chame de Ninfadora!". — Sirius também falava, na época da escola.

— Mãe, o Sirius... — Tonks começou a contar, mas Andrômeda a interrompeu.

— Dumbledore me mandou um patrono. Eu ainda não consigo acreditar que seja verdade. — Ela adquiriu um ar sombrio por um segundo, lembrando as feições sérias de Narcisa Malfoy, mas logo se recompôs, tentando ficar alegre de sempre. — Venham, acabei de fazer panquecas. Ted está no trabalho, mas eu imaginei que você passaria aqui. — Colocou uma pilha de panquecas na mesa, falando para Tonks.

Ainda que Andrômeda e Ninfadora estivessem tentando manter o clima alegre, nenhuma das duas conseguia esconder o que estavam pensando. Andrômeda e Tonks perderam o único membro da família Black que era como elas, que as aceitava independente das escolhas que fizessem e que sentiu como foi crescer com aquela família terrível.

Já Remus, estava tendo os mesmos dilemas que tivera antes de pegar no sono na noite anterior. Quando James e Lily se foram, Remus ficou inconsolável. Havia perdido tantos amigos naquela guerra e achar que um de seus melhores amigos tinha sido responsável pela morte de James, Lily e Peter acabou com ele. Por anos, todo o ressentimento sobre a morte dos Potter caiu sobre as costas de Sirius, enquanto ele era inocente. Lupin sofreu muito durante as transformações, mas não conseguia imaginar como era estar em Azkaban com todos aqueles dementadores, por um crime que nem era culpado. Era injusto que Sirius tivesse partido antes mesmo de ser inocentado.

— Muito obrigado, Senhora Tonks. — Remus agradeceu, após se satisfazer com as panquecas deliciosas.

— Ah, pare com isso, Remus. É só Andy para você. — Ela balançou a cabeça em negação a formalidade, nunca tirando o sorriso do rosto.

Remus e Tonks se despediram e voltaram a caminhar. O dia estava ensolarado e quente, com uma brisa refrescante batendo vez ou outra. Era irônico que o clima estivesse tão bom, depois de tudo aquilo, quase como se não fosse verdade.

— O que quer fazer agora? — Tonks perguntou. Eles teriam que voltar para o Largo Grimmauld em algum momento, mas enquanto pudessem evitar, certamente fariam.

— Tenho uma ideia. — Remus pegou na mão de Dora e girou aparatando. Num momento estavam em frente a casa de Tonks e no outro, próximos a Honeydukes. — Chocolates sempre nos fazem sentir melhor. — Ele deu de ombros quando ela lançou um olhar que praticamente dizia "Que diabos estamos fazendo aqui?". Ele normalmente não sairia por aí de mãos dadas com Ninfadora, sabendo que todos pensariam como um homem velho e sem graça estava com uma garota tão radiante, mas ele não conseguia soltá-la. Não podia perdê-la também.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e, se estiverem gostando, comentem aqui embaixo o que querem que aconteça agora! Toda ideia é bem vinda... Até logo e boa sorte para quem estiver cheio de provas que nem eu!