POV MAJO

Aquela situação estava me matando. Vitor me desafiou a ficar sentada o lado dele pelo restante do jogo. Ainda bem que durou pouco. Já era 1:03 da manhã quando fui dormir. Claro que o resto da turma estranhou um pouco o porquê do desafio, mais outra hora eu conto, por enquanto só contei pro Cirilo óbvio e pra Bibi.

Na noite anterior, todos estavam muito cansados devido a prova por isso não fizemos nada a noite. Nossa equipe, a roxa, ganhou na prova de corrida. Jantamos todos juntos e comemos um delicioso estrogonofe feito pela Laura. Jogamos conversa fora e fomos dormir cedo por volta das 23:50.

Então, era isso. Nosso último dia no acampamento. Passamos a tarde conversando e cantando. Pra encerrar, cantamos a música do Panápaná. A Fernanda ainda dá em cima do Paulo, e muito. Sempre quando posso, dou umas indiretas pra ela se tocar e cair fora. Já estava me irritando.

Antes de irmos embora, pegamos cada um, um pedaço de papel e escrevemos sobre o que havia acontecido ali. Também pegamos algumas fotos instantâneas que haviam sido tiradas. Pegamos tudo isso e colocamos dentro de uma caixa. Enterramos logo abaixo da árvore perto do lago. Nos despedimos (depois de muitos abraços) do Senhor Campos que o mesmo deixou escorrer algumas lágrimas.

A volta pra cidade foi rápida, todos ainda agitados conversavam alto e alguns gritavam o que fazia minha cabeça quase explodir. Chegando lá, todos se despediram e seguiram para suas casas exceto eu e Cirilo que fomos a sorveteria. Pedi um de morango e ele de chocolate. Nos sentamos em uma mesinha fora da sorveteria.

Cirilo- Então, como acha que vai ser?

Majo- Ser o que?

Cirilo- Ué, esse nosso último ano né?

Agora que fui me tocar. Esse era o último ano que estudamos juntos. E depois disso? Depois vem a vida adulta, com dificuldades, problemas...

Cirilo- Majo, Majo tá me ouvindo?- ele diz me despertando.

Majo- Sim sim, tô ouvindo. Bem, eu acho que não vai ser diferente, nós vamos continuar os mesmos, todos nós, só que vamos ter mais responsabilidades.

Cirilo- Também acho...

Ficamos ali conversando até terminarmos nossos sorvetes. Fui pra casa e ele foi pra dele. Poisé, amanhã começa um novo ano. Quer dizer, não um ano completo né? Como passamos um pouco mais de tempo no Panápaná, vamos ter só seis meses de aula. Seis meses mais puxados, é claro, por conta dos dois meses perdidos no acampamento. Chego em casa e vejo que meus pais não estão. Subo e tomo um banho demorado pra tirar aquele suor do corpo. Me deito na cama e fico mexendo no celular até adormecer.

POV LAURA

Enfim começaram. As aulas voltaram. Me despeço da minha mãe, pego minhas coisas e passo na casa da Carmem para irmos juntas pra escola. Chegamos lá e a maioria já estava lá. Menos Majo e Cirilo, que devem ter se atrasado por conta de Majo que demora a se arrumar. Depois que ela e o Cirilo chegaram, fomos todos ver em quais quartos ficaríamos agora que a escola era um internato que só se podia sair nas férias e finais de semana. Fomos até um grande mural para vermos nossos quartos:

QUARTO 92

Alicia, Marce e eu.

QUARTO 93

Paulo, Jorge e Jaime.

QUARTO 94

Marga, Bibi e Cleme.

QUARTO 95

Davi, Adriano e Koki.

QUARTO 96

Carmem, Majo e Valéria.

QUARTO 97

Cirilo, Mário e Paulo.

Os quartos ficavam lado a lado. Fomos então cada um para seus respectivos quartos.

POV ALICIA

No quarto, escolho a cama do lado direito da janela que dava uma vista da grande cidade.

Marce- Aiai, o Mário ficou longe do nosso quarto...-ela diz deitando na cama dela

Alicia- Calma baixinha, ele não vai morrer e você não vai perder um braço só porque não estão em quartos próximos. E tem mais, eu ia me sentir muito desconfortável se ele ficasse no nosso quarto.

Laura- Imagina, segurar vela 24 horas por dia!

Eu e Laura rimos.

Laura- Gente, qual é o horário da primeira aula hoje?

Olho no relógio do celular.

Aly- Na verdade, só temos vinte minutos até começar a aula!

Começamos a nos apressar e nos arrumarmos. Corremos pra sala e só faltavam dois minutos para o horário.

POV CARMEM

A aula de matemática passou rápido. Logo depois veio a aula de educação física. Pronto! No primeiro dia de aula já começo mal. Eu sou péssima em educação física, uma abnegação em esportes.

A professora se apresentou, ela até que parecia legal, uma pessoa normal sabe? Não igual os outros professores que pareciam estar ali só pelo dinheiro. Hoje iríamos jogar vôlei. Como previsto, fui a última a ser escolhida, não era novidade. Mais até que em vôlei, eu sou até boa!

Depois dos cinco primeiros minutos eu estava um pouco nervosa, até que olhei pra arquibancada e o Dan estava lá me olhando. Vai ver ele havia tido um descanso na aula e resolveu vir me visitar. Como eu estava olhando pra ele, nem percebi uma bola vir direto no meu rosto, rápida e forte. Não tive tempo de fazer nada então a bola pegou em cheio a minha cara. Cai no chão e só conseguia ouvir algumas vozes.

POV CLEME

Era aula de educação física. Fui colocar meu traje de esportes e quando volto, vejo um tumulto no meio da quadra. Vou até lá para ver o que estava acontecendo. Por cima da multidão, consigo ver Daniel ajoelhado no chão e logo depois vejo Carmem caída.

Aline- Professora olha me desculpa, eu juro que não vi que iria acertar nela!

A professora só concordava. Consigo atravessar a multidão e ir até o Dan.

Cleme- Dan, o que aconteceu?!-falo me ajoelhando do lado da Carmem

Dan- A Aline acertou ela.- ele disse frio

Aline- Eu já pedi desculpas...

Prof- Sim sim Aline, você já pediu desculpas. E vocês, não se preocupem. Eu já liguei pra enfermaria da escola.

Depois de um tempo, os enfermeiros chegaram e levaram Carmem pra enfermaria. Eu e o Dan fomos junto com ela e avisamos a todos. Chegando lá, eles colocam ela em uma cama, ainda sem conseguir ver direito. Por alguns segundos, ela abre os olhos e nos vê logo dando um sorriso.

Carmem- Obrigada por terem me ajudado...

Dan- Que isso, sempre vamos estar aqui linda. – ele diz dando um selinho nela e segurando sua mão. O rosto dela tava meio inchado. Não sei ao certo quanto tempo ela vai ter que ficar ali.