Um chá para dois escrita por Arisusagi, Nat King


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Nat King: E AÍ, GENTE BONITA! ♥
Coração tropeça, quase para (dsclp) providenciando essa história :') Dessa vez nós esquecemos a atualização dessa fanfic no churrasco - ou no chá :v -, pedimos desculpa por isso xD
Primeiro encontro dos pombinhos, todos estão ansiosos! Certo, Tadokoro? haha
Aguardamos seu feedback! Boa leitura!



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Tadokoro observava o encontro de Aoyagi como se estivesse assistindo um filme de terror, esperando para o a cena jump scare necessária para sua intervenção. Felizmente - ou não -, o clímax nunca chegava e Jin já estava ficando preocupado com a falta de problemas naquele encontro. Não desejava a decepção de Keiko, de forma alguma, mas preferia que isso acontecesse na frente de seus olhos à descobrir o sofrimento dela depois, quando não poderia fazer mais nada.

Tentando dividir aquele peso da dúvida com a namorada, Tadokoro mandou uma mensagem para ela. Ou ela concordaria com seus medos, ou o condenaria como a mãe silenciosamente estava fazendo no balcão ao lado.

“Eles estão conversando ainda.”

Julgando a mensagem boa o bastante, ele a enviou sem mais nenhum complemento.

“Olá Tadokorocchi, eu estou bem sim, obrigada por perguntar, e você?”

Conseguindo perceber a chateação da namorada mesmo com a distância, ele tentou consertar o pequeno estrago.

“Desculpe, Maki.”

Apenas um pedido de desculpas simples, sem tentativas de justificar seu posicionamento. Tadokoro sabia que, quando não tinha por onde se defender, o melhor mesmo era aceitar o erro.

“Tudo bem.” a aparente calma de Maki o deixou mais relaxado. “Se eles estão conversando é um bom sinal.”

“Na verdade só ele está falando.”

Maki enviou uma série de emoticons rindo, antes de escrever outra mensagem.

“Normal, não?”

Pensando melhor, sim, era normal. De poucas - pouquíssimas - palavras, Aoyagi não era do tipo que protagonizava longas conversas, mas era uma boa ouvinte e companhia agradável. Ao contrário do que poderia parecer por sua reserva, Keiko também tinha ótimas e completas opiniões sobre diversos assuntos, evidenciando sua inteligência. Era uma garota ótima e merecia alguém tão bom quanto, Tadokoro só tinha medo que ela não conhecesse alguém a altura, ou pior, que chegasse a conhecer e gostar de uma pessoa que não valesse seu emocional.

“Você fica parecendo um irmão superprotetor, ela é adulta, sabe se virar.”

“As pessoas podem se enganar quando estão apaixonadas.”

“E como tem tanta certeza de que ela está apaixonada, Tadokorocchi?”

Jin deixou de olhar o celular para olhar Keiko. Ela sorria e concordava com cada palavra dita pelo companheiro de mesa, incentivando-o a continuar a conversa. O rapaz também parecia animado com a recepção da garota e, desde sua chegada, já tinha pedido três tipos de bolos diferentes, apenas para estender o tempo deles no estabelecimento - o tempo e o contato com Aoyagi.

Olhando com cuidado, Teshima Junta não parecia uma pessoa ruim. Não poderia opinar muito, já que não o conhecia e sua página do facebook estava trancada para análises mais específicas. Precisaria confiar, por enquanto, antes de Aoyagi dar a ele sinal verde para puxar Teshima para uma conversa.

“Deixe eles conversarem sossegados, você não tem trabalho a fazer?”

“Eu estou trabalhando.” resmungou enquanto escrevia a mensagem. Ela não poderia contestar, afinal o que os olhos não veem, o coração não sente. “Como pode desconfiar do meu comprometimento?”

Fechou a janela do chat e guardou o telefone no bolso, deixando que Maki refletisse suas insinuações e lhe pedisse desculpas quando percebesse a injustiça cometida contra ele.

Pouco tempo depois, o celular começou a vibrar, indicando a ligação da namorada. Rindo para o sucesso de seu plano, ele deixou que o aparelho continuasse incomodando, até que Maki pareceu desistir de ligar e enviou outra mensagem. Tadokoro chegou a pensar em demorar na resposta, mas sua curiosidade não deixava que concluísse nenhum de seus planos. Acabou pegando o aparelho, abrindo novamente a conversa para se deparar com uma única frase que o deixou bem desconfortável:

“Olhe para a vitrine.”

Estando ao seu lado verificando o caixa, a mãe de Jin deu uma risada baixa, discreta cúmplice da nora. O receio fez Tadokoro demorar um pouco para levar os olhos miúdos até a vitrine, percebendo Maki parada do lado de fora com um olhar nada acolhedor.

Jogando os cabelos para trás, Maki desfilou até a porta de entrada, passando por ela com tamanha presença que todos reservaram um momento para observá-la caminhar até o balcão. Não somente Aoyagi - que usara o cardápio como escudo - se escondeu, como também Tadokoro, que usou da mesma façanha ao tentar se ocultar atrás de um cesto de pães.

— Boa tarde. — desejou, com um sorriso dizendo o contrário. — Dois pedaços de bolo Castella, por favor. É para levar.

— Claro. — assentiu, sentindo-se encolher sob o olhar condenador. — Mãe, pode me pegar uma embalagem para viagem?

Aos risos vexatórios, a senhora Tadokoro pegou uma das embalagens plásticas transparentes, resolvendo puxar algum assunto aleatório com Makishima quando tomou a iniciativa de entregar o pedido junto com a guia indicando o valor.

— A senhorita está comprando um pedaço para você e seu namorado? — ofereceu uma piscadela, aguardando a resposta.

— Não, não, esses são para mim. Se meu namorado aparecer em casa, hoje, ele dorme no sofá.

Despedindo-se da mulher, Maki acertou o pagamento no caixa e saiu, evitando cumprimentar Keiko e assim provocar o desespero na garota, que estava aliviada por Junta não ter notado a pequena troca de farpas de antes.

Já Tadokoro não ousou tocar no celular o resto da noite.

.:.

Estava indo tudo bem, não estava?

Ele estava falando, o que era bom, e estava bem animado, o que era melhor ainda.

Mas Aoyagi não deixava de se sentir insegura.

Para falar a verdade, a insegurança a assombrava todo santo dia nos últimos anos. Já era parte de sua rotina sentir que o mundo estava rindo de sua cara a cada passo que ela dava.

Será que minha maquiagem ficou muito esquisita? Chamativa demais? E as roupas? Estavam escondendo o que deviam esconder? Ou estavam deixando tudo mais evidente ainda?

— Ei… Tá tudo bem? — Ela só percebeu que havia engrenado naquele ciclo vicioso quando ele parou o que estava falando para perguntar.

— Ah… Sim… — Keiko botou uma mecha do cabelo atrás da orelha, envergonhada.

— Desculpa, eu falo demais, né? — Ele deu uma risada um tanto forçada.

— Não, não! — Ela balançou a cabeça freneticamente.

Se Teshima não estivesse falando, aquele encontro seria apenas um longo silêncio desconfortável, e essa era a última coisa que Aoyagi queria.

Quando os dois se sentaram e ele desatou a falar sobre os mais variados assuntos, ela sentiu um alívio indescritível. Keiko era um desastre em puxar assunto e manter uma conversa, e ela não sabia o que faria se ele simplesmente ficasse quieto, esperando que dissesse alguma coisa.

Além disso, Teshima parecia não se incomodar com suas respostas curtas demais. Keiko ouviu de várias de suas colegas de trabalho que teria que deixar aquela sua mania de só responder com uma palavra ou duas de lado se quisesse que aquele encontro desse certo.

Mas estava tudo indo bem, aparentemente. Ele falava naturalmente, fazia algumas perguntas a ela e estava até demorando para tomar sua xícara de chá. Apesar de estar um pouco insegura, Aoyagi tinha certeza de que ele estava gostando da conversa.

— Então… Você está no segundo ano do curso, né? — Ele deu uma garfada na fatia de rocambole de matcha.

— Isso

— Eu também. São quantos anos de duração?

— Quatro.

— O meu curso são cinco, mas acho que vou ficar um pouco mais, sabe como é, né. — Ele riu, e comeu outra garfada do bolo. — Mas enfim, e sua família, o que achou do curso?

Aoyagi simplesmente travou.

Será que ela deveria contar para ele que havia perdido o contato com todos os seus parentes a uns dois anos e que seus pais não queriam vê-la nem se fosse pintada de ouro?

Pensar em seus pais nunca era algo legal. Aoyagi não gostava de se lembrar de todas as palavras horríveis que eles falaram para ela no dia em que ela se assumiu. Às vezes, ela imaginava se eles sequer ainda pensavam nela. Keiko já havia pensado diversas vezes em voltar a falar com sua família, mas o medo de ser atacada com palavras horríveis de novo era mais forte.

(E também tinha o pequeno orgulho de estar perfeitamente bem sem eles ao longo desse tempo todo, apesar de ela não admitir.)

Percebendo o desconforto visível dela, Teshima deu uma risada nervosa e se apressou para mudar de assunto.

— É que, sabe como é né, eles acham que sabem mais que a gente e acabam não concordando com as nossas escolhas. — Ele tomou um gole do chá. — Minha mãe, por exemplo, sempre quis que eu fosse médico, ela ficou louca quando soube que eu tinha me inscrito pra engenharia.

Feliz com a mudança do foco da conversa, Aoyagi se forçou a sorrir, por mais que ainda estivesse pensando em seus pais.

— Mas medicina não era mesmo pra mim, eu seria um péssimo médico. O meu negócio mesmo é fazer conta. Enfim, você gosta do seu curso?

— Gosto.

— Acho que ele deve ser bem interessante, não é?

— É sim. — reforçou a afirmação com um sorriso. Se com a escassez de palavras ela não se fazia entender, precisava reafirmar o interesse em alguns gestos.

O entusiasmo de Teshima em engatar a continuação da conversa foi cortado por um trovão inconveniente, responsável por atrair a atenção dos dois para o lado de fora. Depois de estar aproveitando tanto o encontro, Junta conseguia se imaginar indo para casa reproduzindo a coreografia de Cantando na Chuva.

Voltando a olhar para Keiko, percebeu o olhar nada entusiasmado com o tempo molhado.

— Não gosta de chuva?

— Só não trouxe nenhuma sombrinha. — respondeu em voz baixa. Não era nada a se preocupar, poderia pedir uma emprestada a Tadokoro, quem sabe até aceitar a carona que seria oferecida a exaustão, ela sabia.

— Quer que eu te leve?

Aoyagi deixou de olhar para a janela, direcionando sua atenção a Teshima. Mostrando o guarda-chuva escuro, ele reforçava o convite, ansioso pela resposta. Não era bem esse seu plano, mas ele não estava com dinheiro sobrando para pedir um táxi e a decisão de acompanhá-la foi expulsa por seus lábios graças ao chute certeiro de sua imprudência. Aquele era seu primeiro encontro com Aoyagi, mas Junta já conseguia prevê-lo como último depois daquele aparente desespero em mantê-la por perto.

— Não vai te incomodar?

Percebendo ainda estar com o guarda-chuva erguido, Teshima sentiu a vergonha tomar seu rosto.

— Não, claro que não! — riu alto, atraindo atenção de Tadokoro do outro lado do balcão. — Além disso, nós dois vamos embora de trem, não tem problema dividir cobertura até lá, caso não se importe.

Terminou a observação com um risinho baixo, sua tentativa de amenizar o flerte. Keiko era discreta e delicada, não queria parecer muito agressivo em suas sugestões de acompanhamento, tampouco ser invasivo. Precisava ficar de olho nos limites impostos por ela para não ser inconveniente e se assemelhar ao tipo babaca que sempre via em sua turma.

— Pode ser, então… — Keiko concordou, cutucando o pedaço de torta.

— Certo. — sufocando a empolgação, Teshima deu um gole generoso em sua bebida, já fria. — Quando quiser ir é só me falar.

— Tudo bem.

Em silêncio eles continuaram a provar dos chás e doces, sem perceber o entusiasmo brilhante no interior de cada um deles.

.:.

 No instante em que o rapaz veio ao caixa pagar a conta (a parte de Aoyagi, inclusive), Tadokoro já ficou a postos.

É lógico que ele não ia deixar ela sair sozinha em uma rua escura debaixo de uma chuva daquelas com aquele cara que ele nem conhecia.

Se sua namorada ficasse sabendo daquilo, ele levaria um senhor de um puxão de orelha, mas ele seria bem cuidadoso para que nenhum dos dois notasse sua presença.

Tadokoro saiu da padaria alguns minutos depois dos dois, ignorando os protestos de sua mãe, que pedia para que ele levasse um guarda-chuva. Não precisava de guarda-chuva, ele estava usando um casaco, coisa mais do que suficiente para protegê-lo da chuva.

Os dois estavam a poucos metros dele, andando lentamente debaixo do guarda-chuva preto, com os ombros se encostando. Não dava para ouvir o que eles falavam, ou melhor dizendo, o que o moço falava.

A chuva estava mais forte do que ele esperava, e seu casaco estava encharcado. Se ele pegasse um resfriado, além da bronca da namorada também viria uma de sua mãe. Já dava até para imaginá-la dizendo “Eu falei para levar o guarda-chuva, mas você é teimoso que nem seu pai!”

Mas se fosse pela segurança de Aoyagi, valia a pena.

Faltava só alguns metros para os dois chegarem à estação e o rapaz não havia sequer tentado encostar nela, muito bom. Tadokoro observou de longe, meio escondido atrás de um poste, os dois passando pela catraca. Aoyagi estava sã e salva na estação e nenhum dos dois notou sua presença, a missão foi um sucesso.

Enquanto voltava para a padaria, encharcado e com frio, Tadokoro sentiu o celular vibrar no bolso da calça. Era uma mensagem de Makishima.

“E aí, como está?”

Ele parou para digitar a resposta.

Bem, a Aoyagi acabou de pegar o trem”

Outra mensagem chegou alguns passos depois.

“Que bom. Você levou ela até a estação?”

Só aí Tadokoro se deu conta de sua falha. O celular voltou para o bolso e ele apertou o passo. Ele teria que explicar muitas coisas para sua namorada.

.:.

Quanto mais estações passavam, mais longe Teshima se via longe de sua casa. Tinha vontade de rir pela graça que estava achando de toda aquela situação, incapaz de maldizer a oferta feita à moça. Perto ou não, a satisfação da noite se fazia nas sutis aberturas dada por Aoyagi. Junta estava tão feliz em não ter sido rechaçado - ainda que a dúvida parecesse observá-lo ao longe -, que dificilmente conseguiria dormir naquela noite.

Pelo horário um pouco avançado e o tempo chuvoso parecendo desencorajar passeios, o trem encontrava-se vazio. A música ambiente era baixa e embalava bem o silêncio não incômodo do casal. Às vezes um olhava para o outro de esguelha, espiando com cuidado a procura de qualquer sinal, uma dica sobre o próximo passo a ser dado, embora aparentemente nada de errado estivesse acontecendo. Na verdade estava tudo dando tão certo que chegava a ser engraçado; quando Keiko pensaria que o encontro daria tão certo?

Alheia à também existente preocupação de Teshima, Aoyagi repassava a noite em sua memória, incrivelmente satisfeita com o andamento dela. Poderia assumir abertamente como estava feliz - sim, feliz! - em ter saído de sua zona de conforto e, não só ter aceitado o convite do chá, como tomado a iniciativa de chamá-lo para um. É claro que até chegar naquele encontro e passar por ele, teve algumas sequelas emocionais, como uma crise de choro e a tentativa quase suicida de voltar atrás assim que entrou na padaria de Tadokoro. Também a presença do amigo refletiram em seu humor, principalmente ao perceber as cinco tentativas de Jin em pular o balcão e interferir em fosse lá o que ele pensou ser necessário. Precisava agradecer Maki pela intervenção e talvez Deus, por Junta não ter notado nada, nem dentro da padaria, nem quando Tadokoro os seguiu até a estação.

— Chegamos na estação. — Teshima avisou com um sorriso, a pegando de surpresa. Mergulhada em seus pensamentos, sequer percebeu o resto da viagem. — Vamos?

As plataformas estavam vazias e o único som ouvido era o da água contra o asfalto. Aoyagi chegou a pensar por um momento ou dois na pequena corrida que teria de fazer até seu apartamento, mas o som do guarda-chuva sendo aberto a lembrou da gentil oferta feita por Teshima. O sorriso do rapaz apenas confirmou a oferta.

Novamente ao lado dele, ela sentiu as pernas bambearem. Estavam tão próximos que conseguia sentir o calor ameno vindo dele, sentir a respiração quente, incluindo o perfume. Makishima saberia lhe dizer e explicar as tais notas de saída e fundo, se a fragrância tinha óleos amadeirados e toda aquela lista de ingredientes que Aoyagi não sabia ler ou decifrar, apenas definir se ela gostava ou não - e do perfume de Teshima ela gostava.

— Puxa, eu nem vi que estava se molhando! — tão surpresa quanto ele, a garota também não tinha notado. — Aqui, segure o guarda-chuva para mim só um momento.

Por reflexo, assim Aoyagi o fez. Não entendeu e também não chegou a questioná-lo sobre a razão de estar tirando a jaqueta no meio de uma chuva como aquela, até sentir a peça de roupa ser colocada sobre seus ombros. Aoyagi segurou a respiração com o ato de gentileza e Teshima pode jurar que ela havia ficado tão vermelha quanto a cabeça de Naruko.

— Pronto, assim não molha mais. — devolvendo a sombrinha aos cuidados do acompanhante, ela concordou.

— Muito obrigada. — murmurou, incapaz de negar ou inventar alguma desculpa para recusar o casaco.

— Por nada. — e mais uma vez, as frases do estudante de engenharia, vinham acompanhadas de um sorriso.

Continuaram a caminhada enquanto Keiko tentava disfarçar seus olhares tímidos. O guarda-chuva estava tendo sucesso apenas em manter suas cabeças secas, deixando que os respingos molhados encharcassem suas pernas e braços. A jaqueta emprestada de Teshima estava parte ensopada e Aoyagi já começava a se sentir culpada por ter aceitado.

Levaram poucos minutos para chegarem à rua onde a garota vivia e conforme a fachada do prédio, meio manchada pelo tempo, se fazia mais próxima, Keiko sentia as palpitações aumentarem em seu peito, um nervosismo inexplicável em relação ao próximo passo a ser dado naquela noite. O que deveria fazer? Não tinha pensado nisso, tampouco suas colegas de trabalho a orientaram quanto o pós-encontro! Deveria chamá-lo para subir, oferecer algo para ele beber? Mas eles haviam acabado de tomar pelo menos dois litros de chá cada um, a oferta seria ridícula! O que Makishima faria?

— Pronto, está entregue. — Teshima foi o único a tomar a iniciativa e conseguir com isso calar o desespero interno de Keiko. — Obrigado pela companhia de hoje, eu adorei o chá.

Aliviada com o sorriso suave vindo do outro, ela conseguiu fazer o mesmo.

— Eu também gostei. — a simples afirmação de Aoyagi conseguiu fazer Junta sorrir largo. — Ah, o seu casaco! — voltando a si, percebeu o estado do peça de roupa, corando visivelmente. — Está molhado, me desculpe… Você quer de volta? — sugeriu, ainda envergonhada.

— Não, tudo bem, você pode me devolver na próxima. — atirou com precisão e fosse lá o que Deus quisesse.

— Tudo bem. — tímida, ela concordou para o casaco molhado. Só a perspectiva de que teria um próximo encontro fazia seu coração recomeçar a bater acelerado.

— Certo, agora eu vou ou perco o trem. — despediu-se com um aceno. — Até mais, Aoyagi!

A falta de honoríficos em seu nome foi outro golpe pelo qual ela não esperava. Sorrindo, só conseguiu se despedir com outro aceno discreto, ficando parada na frente do prédio até ter certeza de que conseguiria andar sem desfalecer ali mesmo.

Cumprimentou o porteiro, imaginando o olho comprido para cima da jaqueta claramente masculina que ela vestia. Se em breve todos os condôminos fizessem circular algum tipo malicioso de fofoca, ela não estranharia.

Entrou em seu apartamento e respirou fundo, tentando preencher seus pulmões com o alívio de estar protegida. No entanto, o perfume de Teshima pareceu tomar o ar, sobressaltando Keiko. A jaqueta molhada fazia exalar ainda mais a fragrância masculina e, quando se deu conta, todo o ambiente parecia ter o cheiro de Junta.

Levar o punho do casaco escuro ao nariz foi um ato automático, tencionando apenas confirmar a origem do cheiro. No entanto, o perfume tinha um efeito calmante surpreendente na garota. O coração ainda batia rápido, mas sua cabeça estava leve, voando longe enquanto associava o aroma forte às boas lembranças que tinha de Teshima. Aoyagi gostava muito daquelas lembranças e ainda mais daquele perfume. A jaqueta em seu corpo, a fragrância a cercando, era quase como estar sendo abraçada por Junta.

Levou um tempo para se dar conta do que fazia e com a realização veio um salto dramático, uma olhada em volta para dar tempo de certificar não estar sendo espionada por ninguém. Se alguém visse a cena, o que falariam dela! E se Teshima visse, então, ela iria dali para a janela do apartamento, garantindo no asfalto o fim de sua vergonha.

Retirou o casaco e correu colocá-lo na máquina de lavar roupas; quanto antes resolvesse aquilo, antes se livraria do problema.

Infelizmente - ou não -, Aoyagi ainda estava cheirando a Junta.


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Notas finais do capítulo

Alice aqui. Então né, já estamos no quarto capítulo da história, e ela já está bem maior do que eu esperava, waaah.
Agradeço muito a todo mundo que está acompanhando isso aqui, mesmo que sem se manifestar :'3



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