Heart By Heart escrita por Lizzie Fyts


Capítulo 19
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Queria pedir mil desculpas pela demora, mas é aquilo gente, vida adulta é uma parada puxada demais, fora a vida pessoal que também temos que administrar. Mas como eu disse antes, por mais que demore, eu NUNCA vou abandonar a história (a não ser que a autora aqui morra hahaha) então fiquem tranquilos e por favorrrr não abandonem essa universitária desesperada aqui!!!
(e perdão também pela capa meio bosta, mas tive que fazer com pressa e sem minhas imagens de base já que meu hd antigo pifou)
Fiquem com o cap



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               (Pov Jasper)

    A caçada foi mais rápida do que eu gostaria que fosse e tive que enrolar o que pareceu uma eternidade pela mata. Parecia que os animais apenas se jogavam na minha frente, facilitando todo o trabalho. Apesar de passar confiança e tranquilidade, eu estava nervoso demais. Era estranho perceber o quanto eu me importava com a opinião de Carlisle e Esme; eu não ligava para Edward, não mais. Tentei ser sincero, tentei me colocar em seu lugar, tentei entender a sua dor... mas nada disso justificava machuca-la pela segunda vez. As marcas dos seus dedos estavam impressas levemente no fino e delicado pescoço da Bella, embora a própria não tenha percebido.
     Assim que me aproximei da mansão pude sentir o ódio tremulando no ar, mas apenas Edward, Alice e Emmett estavam lá. Estranho.
— Jazzy! – Gritou Alice, descendo as escadas. Seu sorriso logo desmoronou quando ela parou em minha frente.
— O que foi, Alice?
— Preciso te pedir desculpas...
— Pelo o que?
— Ontem eu não consegui esconder a tempo... uma visão... de vocês... – O rosnado de Edward a interrompeu, ecoando pela floresta atrás de mim. Um sorriso debochado se espalhou em meus lábios.
— Não precisa me pedir desculpas, não tenho nada para esconder... Bella é minha agora. – Mais um rosnado explodiu e, junto com ele, a porta da sala se partiu ao meio.
— Porra, Jasper! Assim fica difícil! – Gritou Emmett. Ele estava amontoado nas costas de Edward, segurando seus braços para trás.
— Sabe que não precisa segura-lo, não é?
— Não quero que ninguém se machuque. – Respondeu Alice. – Carlisle está no hospital e Esme e Rose foram caçar. Eles não imaginam o que está acontecendo. Emmett foi perfeito em esconder isso, o que é um milagre.
— Minha mulher vai me matar. – Murmurou Emmett, balançando a cabeça.
— Preciso conversar com Carlisle e Esme. Eles precisam entender e Edward precisa se comportar. – Respirei fundo. – Sabia que ele deixou mais um hematoma na Bella ontem? – Alice se virou chocada para ele; aquele par de olhos dourados julgadores podem pesar mais do que mil palavras.
— Não foi de propósito... só fiquei muito nervoso e tentei segura-la. – Disse Edward, mudando um pouco de ódio para remorso. Ele não gostava de decepcionar sua irmãzinha.
— Não está satisfeito em perder a Bella como mulher, quer perde-la como amiga também? Ela nunca irá te perdoar se continuar agindo assim! – Gritou Alice.
— Nunca irei conseguir ser apenas amigo dela, Alice. Você sabe. Eu a amo. – Pude sentir a dor em suas palavras e suspirei; apesar de tudo, não desejava aquele tipo de perda para ninguém.
— Posso ir embora com ela, Alice. Se ela quiser, claro. Não quero causar sofrimento a ninguém e podemos visita-los eventualmente.
— Não! Minha família não vai se separar. – Exclamou Alice. Acho que nunca a vi tão decidida e isso significa muito vindo da baixinha mais cheia de decisões do mundo. – Edward, prefere perde-la para sempre?
— Isso não vai acontecer... – ele pausou, respirando fundo. – Se ela não tiver ninguém, vai acabar voltando para mim em algum momento.
— Talvez Edward, mas ela tem a mim e sempre terá. Sinto muito.
— Não se... – E, sem terminar, ele se soltou inesperadamente de Emmett, pulando em cima de mim. Não tive tempo de revidar e voei alguns metros, colidindo em alguma árvore; suas mãos me alcançaram mais rápido do que eu imaginava ser possível e novamente eu estava batendo em algo; essa doeu. Na terceira investida consegui me mover centímetros para o lado, o suficiente para torcer seu pulso direito. Emmett e Alice tentavam intervir, mas Edward precipitava todos os movimentos, se tornando um borrão até para nós.
— Não precisa ser assim! – Gritei. Ele gargalhou, se posicionando e atacando mais uma vez. Me agachei pronto para o impacto, mas um carro na estrada me chamou atenção, assim como o cheiro; era Bella. – Alice! – Grunhi. Meu desespero em tê-la por perto no meio dessa situação foi a deixa perfeita para Edward penetrar minha concentração, chegando até mim com facilidade. Suas mãos envolveram meu pescoço e, por incrível que pareça, eu não conseguia afasta-lo; o ódio havia triplicado a sua força.
— Jasper? JASPER! – Ouvi Bella gritar. Edward não desviava os olhos do meu rosto enquanto seu aperto crescia e eu sentia minha pele ceder cada vez mais. – Edward pare, por favor! Eu te imploro! Eu... eu te amo! – E então seu aperto parou abruptamente e ele olhou para cima; em um movimento rápido o joguei de lado, me recuperando. Bella estava parada do lado da caminhonete, ladeada por Alice e Emmett. Eu nunca a vi tão pálida quanto naquele momento, nem mesmo depois de perder quase todo o sangue do seu corpo no encontro desastroso com James. Mesmo no problema eu consegui me sentir feliz; estava estampado na sua cara o quanto ela me amava e se preocupava comigo.

 

                                               (Pov Bella)
    
Ao descer as escadas pude notar Charlie extremamente animado; a pesca havia sido produtiva. Provavelmente teríamos frutos do mar para as próximas gerações.
— Oi pai. – Eu disse, tentando conter o nervosismo. Jasper me jogou uma missão suicida no colo. Conhecendo o meu pai, tradicional e conservador, ele não iria gostar nada dessa “troca de irmãos”.
— Oi Bells! Ficou bem dormindo sozinha? – Ele perguntou. Me virei, esgueirando para a cozinha. O que ele iria pensar se me visse corando?
— Sim. Foi uma noite normal. – Murmurei. A noite passada foi tudo, menos normal. Pensar naquilo ainda me trazia arrepios por todo o corpo. Eu não sabia muito sobre sexo ou alma gêmea, mas não conseguia imaginar algo melhor para um humano. – Pai?
— Sim?
— Precisamos conversar uma coisa séria. – Charlie largou o saco cheio com sua pesca em cima da mesa, ficando branco de imediato. – Sente-se. – Ele sentou, lentamente. De repente me vi curiosa para poder ler seus pensamentos. Provavelmente Edward estaria roubando nesse momento.
— Por favor, Bells... não me diz que é o que eu estou pensando. Você é uma menina tão inteligente, tão cheia de futuro, de possibilidades... não faça que nem eu e sua mãe fizemos. Quer dizer, não nos arrependemos de ter escolhido você, claro que não, nós te amamos, é só que...
— Pai! Do que você está falando? – Interrompi-o, assustada. Gotas enormes de suor escorregavam pelas curvas de sua testa franzida.
— Não me diz que você e Edward não... tomaram cuidado com... você sabe. São muito novos para serem pais.
— O que? – Gritei, engasgando. – Não! Eu e Edward terminamos! – Cuspi. A ideia de Edward me tocando desse jeito havia se tornando repugnante, mas não é algo absurdo de se imaginar. Charlie não faz ideia dessa confusão toda.
— Terminaram? – Ele sorriu abertamente, fechando o sorriso depois. – Quero dizer, puxa... que pena, filha. – Sua tentativa de fingir que estava chateado pela notícia foi ridícula e eu não me contive, caindo na gargalhada; alguns segundos depois ele me acompanhou.
— Sim, terminamos já tem um tempo na verdade, embora pareça recente. – Menti. Se eu falasse a verdade toda ele provavelmente teria um treco. – Mas não é exatamente sobre isso que eu queria falar.
— Pode falar, Bells. – Respirei fundo algumas vezes e me levantei, enchendo um copo com água vagarosamente para não ter que olhar em seus olhos.
— Lembra do Jasper?
— É claro. O que tem ele?
— Então... – Beberiquei a água, enrolando o máximo possível. Eu teria que reduzir a história e cortar alguns pontos e sou péssima nisso. – Há mais de 6 meses atrás eu e Jasper nos aproximamos. Não teve um motivo específico, só ficamos muito amigos. Junto com isso o meu namoro com Edward foi decaindo e eu não sei explicar exatamente o porquê. E então Jasper terminou com Alice meio que por minha causa... eu não sabia, soube bem depois e acabei percebendo que eu me sentia sobre ele exatamente como ele se sentia sobre mim. E bem... estamos juntos agora.
— Hm... – Murmurou Charlie, enrolando o bigode. Sua expressão estava indecifrável e eu gelei.
— Não acha isso errado? Estranho? – Perguntei, encolhendo os ombros.
— Por que eu acharia? Vocês são jovens e cometem enganos. Estou aliviado de você ter percebido o seu erro cedo, Bells. – Ele sorriu ternamente. – Tem minha total aprovação. Gosto mais dele e sei que ele será melhor para você, mas imagino que Edward tenha ficado chateado, talvez os pais deles também... isso é um problema, querida. Isso tudo pode causar uma enorme briga entre irmãos. Está preparada para ser o pivô de uma coisa assim? – Pela primeira vez na vida eu tive vontade de me jogar nos braços do meu pai e abraça-lo apertado; e assim o fiz. Ele retribuiu meio desajeitado, mas pude sentir seu sorriso. Era engraçado perceber que aparentemente eu tive uma ideia errada do meu pai a vida toda. Apesar de sua aparência antiga e firme, ele era uma manteiga derretida com uma intuição muito boa.
— Obrigada, pai. Sua aprovação é muito importante para mim. – Eu disse, me assustando com a sinceridade de minhas palavras. – E quanto aos pais deles... bom, eu não faço ideia. Jasper iria conversar com eles hoje. – Assim que proferi a frase, meu coração doeu como se fosse ser esmagado e eu me senti com falta de ar automaticamente. Pulei do colo de Charlie, levando as mãos a garganta.
— Está tudo bem, Bella? – Ouvi sua voz distante enquanto todos os meus sentidos gritavam “Jasper”.
— Está! – Gritei por cima do ombro, correndo para pegar a chave da minha caminhonete; eu precisava vê-lo. – Lembrei que tenho que encontrar com ele. Não me espere acordado! – Bati a porta da frente com força e liguei o motor com tudo. A idosa caminhonete rugiu furiosa, mas me obedeceu. Eu nunca havia sentido isso antes em toda minha vida, mas era como se eu fosse morrer ou enlouquecer se não o visse imediatamente.
                                                      (...)
    Naquela altura eu diria qualquer coisa para impedir que Jasper se machucasse de verdade.
— Edward pare, por favor! Eu te imploro! Eu... eu te amo! – Gritei, tentando manter a voz minimamente controlada. Ele levantou a cabeça e me olhou; seu olhar era pura loucura. Antes que eu pudesse continuar encenando para atrair sua atenção, ele voou e Jasper se recompôs, correndo ao meu encontro.
— Bella, o que faz aqui? – Ele perguntou. Alice e Emmett sumiram do meu lado e eu não me preocupei para onde estavam indo. Vê-lo parado aqui na minha frente, completamente inteiro, encheu meu coração de alívio. Era como mergulhar em uma piscina gelada pós um dia extremamente quente.
— Eu... eu... eu senti que tinha algo errado com você. Era sufocante. Eu precisava ter certeza que estava tudo bem, precisava tocar em você. – Eu disse, esticando a mão e tocando-lhe o rosto. – Charlie não ligou. Na verdade, ele ficou feliz por nós estarmos juntos. – Jasper sorriu e eu me joguei em seus braços, inalando aquele cheiro maravilhoso que me dava toda a paz e segurança de que eu precisava. Mesmo ouvindo Edward rosnar ao fundo, sentia que no final estava tudo bem.
— O que está acontecendo aqui? – A voz de Carlisle me pegou de surpresa e eu estremeci. Ele não olhava surpreso para nós e sim para Edward, assim como Esme. A expressão de Rosalie emanava nojo.
— Carlisle, eu posso explicar. – Se adiantou Jasper, me colocando protetoramente atrás dele.
— Jasper, você e Bella não tem que explicar nada. Eu já notei isso há muito tempo atrás e havia comentado com Esme.
— Isso o que? - Perguntei.
— Notei que vocês estavam se apaixonando um pelo outro involuntariamente e que não havia nada a ser feito para impedir. Meu medo sempre foi a reação do Edward, mas ele ultrapassou minhas expectativas. – Disse Carlisle, se virando para Edward com olhar de reprovação.
— Eu sou traído e você me julga como se o erro fosse minha culpa? – Gritou Edward, se debatendo no aperto de Emmett e Alice. Jasper me soltou, andando alguns passos em direção a sua família. Rosalie se movimentou junto com ele, parando estranhamente perto de mim.
— Ninguém disse isso, filho, mas a sua reação passou dos limites. Machucar Bella? Tentar matar o seu irmão? Cadê o altruísmo nisso tudo? Cadê o seu verdadeiro amor por ela?
— Ele não é meu irmão! – Urrou Edward, fazendo o som ecoar pela floresta. Rosalie se aproximou mais três passos, quase roçando seu braço no meu. Algo dentro de mim queria que eu pulasse para longe, mas toda aquela situação estava me prendendo no lugar.
— Não fale assim, Edward! Criamos vocês como irmãos, como uma família. Somos uma família, não a destrua. – Pediu Esme no que parecia um choro sem lágrimas.
— Jasper já a destruiu.
— Eu não destruí nada, Edward! Eu não escolhi isso, aconteceu! E tenho certeza que Bella também não escolheu. Tem coisas que vão além...
— Feliz? – Sussurrou Rosalie bem próximo ao meu ouvido, me fazendo desconectar da conversa.
— O que quer dizer? – Sussurrei de volta, me sentindo estúpida pois todos ali poderiam ouvir perfeitamente, apesar de estarem absortos em outra coisa.
— Está feliz em destruir a família?
— E-eu não destruí nada.
— Você é uma intrusa e sempre será. Não pertence a nós, é só uma humana fraca e estúpida.
— M-mas... – As lágrimas se formaram quase que imediatamente em meus olhos; no fundo Rosalie estava certa.
— Vai embora daqui. Deixe que a minha família resolva o grande problema que você causou. Juro que um dia ainda vou entender qual o seu feitiço nos meus irmãos.
— Rosalie! – Gritou Esme e todos se viraram para nós. Corri o mais rápido para minha caminhonete, enxugando de má vontade as lágrimas que rolavam.
— Deixe-a ir, Jasper. Depois vocês conversam. – Ouvi Carlisle gritar e acelerei, ignorando toda e qualquer movimentação atrás de mim.
     A noite estava sombria sendo iluminada apenas pela lua, me fazendo lembrar da experiência maravilhosa com Jasper a menos de 24 horas atrás. Minha cabeça girava dolorosamente e as lágrimas embaçavam a minha visão. Por mais que meu coração dissesse que era o certo estar com Jasper, eu ignorei todo mundo a minha volta. Não pensei direito no quanto isso iria ferir Edward ou no quanto isso poderia prejudicar os Cullen que sempre foram tão unidos. Sequer conversei direito com Alice! Quanto tempo essa reunião duraria? Eu não iria aguentar muito tempo sem saber o que estava acontecendo.
Abaixei a cabeça para pegar o meu celular e digitei a mensagem para Jasper.
Bella: Por favor, não me deixe sem notícias.
Eu te amo.

Ao levantar a cabeça, três veados atravessavam a floresta vagarosamente; dois adultos e um filhote. Freei bruscamente na intenção de dar meia volta, mas a caminhonete perdeu o controle e acabou deslizando sob a pequena camada de gelo. Puxei o freio de mão em uma tentativa desesperada de parar, mas ele estava rápido demais e viramos no acostamento, capotando.
Tudo virou um borrão e eu pude sentir o sangue escorrendo pelo meu rosto. A escuridão não doía; era doce, tranquila e me deixei levar por ela.


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Notas finais do capítulo

Música tema: https://www.youtube.com/watch?v=yZIummTz9mM (Linkin Park - Leave Out All The Rest)

Gostaram do capítulo? Estou perdoada pela demora ou vocês vão me matar porque deixei todo mundo curioso para o que vai acontecer? hahahaha
Qual o palpite de vocês para esse acidente? Me contem aqui embaixo!!

Sei que não estou merecendo, mas por favor, não esqueçam o feedback. Vocês me dão força para continuar nessa loucura que é escrever uma história e conciliar isso com uma vida adulta e corrida. Tia Lizzie ama vocês. ♥