(Pov Jasper)
      Era ridículo estar me sentindo daquele jeito por causa de uma rejeição. Como pude cogitar que isso daria certo? Ela era do meu irmão e eles eram o casal de novela. Edward era perfeito, diferente de mim. Eu era egoísta, descontrolado, mal-humorado e tinha uma péssima personalidade, mas era incrível como tudo isso caia por terra quando eu estava com ela. Seria extremamente difícil esconder meus pensamentos dele. 
Acelerei ao máximo no caminho para o colégio, com a intenção de chegar bem antes de Bella; Alice me esperava no estacionamento. 
— O que houve? – Perguntei, assim que ela se sentou ao meu lado. 
— Você está com o cheiro da Bella. Trouxe outro casaco limpo para disfarçar um pouco. De nada. – Ela disse, sorrindo. 
— Como eu iria viver sem você? – Murmurei, enquanto trocava a roupa e jogava a ‘suja’ no banco de trás. Seu sorriso aumentou e murchou na mesma rapidez. – Alice, eu nunca poderei me desculpar o suficiente. Por favor...
— Para. – Ela me interrompeu, colocando um dedo em meus lábios. – O que mais me machuca nisso tudo é não saber como essa história irá terminar. 
— Como assim? 
— Não consigo ver, Jasper. Ela não sabe o que quer, logo, não consigo visualizar um futuro claro. Mas... 
— Mas? – Insisti. Seus olhos ficaram vagos por um momento; esperei. 
— Ela ficou balançada com a sua declaração. O futuro dela com Edward está...
— Está...? – Indaguei, quase desesperado. 
— Nada. Não posso interferir. – Disse ela, fechando a cara. Preferi não perguntar mais. Não queria me iludir nem por um segundo que ela poderia preferir a mim do que a ele, não depois de hoje. As possibilidades de isso acontecer eram menores que zero.

                                     (Pov Bella)

Ao estacionar, vi Edward encostado despreocupadamente em seu carro. Ele e Emmett pareciam conversar. Olhei em volta nervosamente, mas nada de Jasper ou Alice. Será que ele foi embora? Uma bola se formou em minha garganta e me movi para fora da caminhonete com muita dificuldade. Não precisava olhar para saber que Edward estava atrás de mim. 
— Olá. – Eu disse, ainda de costas. 
— Bella, se importa de matar o primeiro tempo? Precisamos conversar. – Sua voz parecia dolorida. Me virei bruscamente e vi o meu pavor refletido em seus olhos. Ele lera a mente de Jasper? A de Alice? 
— Edward, por favor, me desculpa. Eu...
— Por que está se desculpando? – Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo confuso. Soltei o ar exasperadamente, me sentindo estúpida. 
— Pela nossa briga. Sei que falei demais. – Torci os dedos no pano da mochila, torcendo para o meu rubor não me entregar. 
— Você é absurda. – Seu tom estava leve. Ele não parecia desconfiar de nada. – Vamos dar uma volta na floresta? – Assenti com a cabeça. Embora ele não pudesse ler minha mente, sempre pareceu muito fácil adivinhar minha expressão. 
— Jasper veio a aula? – Perguntei baixinho, não aguentando a angustia que comprimia meu coração. 
— Sim. Por quê? – Uma onda de calor navegou por meu corpo, enviando alívio aos músculos tensos. Sentia o olhar de Edward em meu rosto, mas não me importei.
— Só curiosidade. Não vi Alice. – Ele me fitou por mais alguns segundos e deu de ombros, olhando para frente. Fomos alguns metros na floresta a dentro, perto da escola, mas longe o suficiente para que nos ouvissem. Ele parou, olhando para o chão e parecendo envergonhado. 
— Estou me sentindo péssimo. Foi um dos piores finais de semana que já tive. – Ele murmurou. – O meu comportamento foi inadmissível e imperdoável, Bella. Eu realmente não tenho desculpas ou motivos para isso, mas mesmo assim, gostaria de pedir o seu perdão. E entenderei perfeitamente se não quiser me dá-lo. – Sua expressão era de pura dor e arrependimento. Pulei em seus braços e agarrei seu pescoço, deixando toda a minha culpa vazar pelos olhos em um choro compulsivo, doído e nada silencioso. 
— Me desculpa, me desculpa, por favor. – Implorei. Ele me puxou, tirando-me do chão. 
— Não tem motivo para isso, Bella. 
— Não! – Gritei. - Por favor, diz que me perdoa. Diz! 
— Eu te perdoo, meu amor. Pelo o que quer que seja, eu te perdoo. – Meu peito explodiu em mais um choro desesperado e ele me levou para uma árvore, sentando-me em seu colo. – O que houve, anjo? Nunca te vi assim. Está tudo bem? 
— Eu te perdoo, Edward. – Eu disse, desviando do assunto. Não tinha certeza se algum dia eu estaria bem novamente. Ele suspirou, aliviado, e pegou meu rosto entre as mãos. 
— Você é a coisa mais importante da minha existência. – Disse ele, reforçando ainda mais a minha decisão. Não, eu não poderia fazer isso. Eu não poderia levar isso a diante, por mais que o que eu sentisse por Jasper fosse mágico e diferente. Eu tinha que honrar o meu namoro, custe o que custar. Não posso magoar Esme ou Alice... Eu tinha que fazer isso pelo bem de todos. Edward não merece sofrer com tamanha decepção. Eu o amo e seremos felizes para sempre. Tem que ser assim, Isabella.
— Eu amo você. – Murmurei. Ele sorriu e se inclinou, me beijando. E eu desabei. 
    Não sei quanto tempo se passou, mas ao abrir os olhos estava na enfermaria do colégio. Antes que eu pudesse me mexer, duas cabeças apareceram em minha visão periférica; Edward e Jasper. 
— Graças a Deus, Bella! Você me assustou! – Disse Edward, apertando minha mão. 
— O que aconteceu? – Perguntei.
— Eu te beijei e você desmaiou. – Ele respondeu, rindo baixinho. Olhei para Jasper e ele encarava o chão. – Achei mais rápido te trazer para cá do que te levar a Carlisle no hospital. 
— Fez bem. – Eu disse, levantando-me da maca. – Temos que ir para a aula. 
— Na verdade, já está quase na hora do almoço. – Olhei-o assustada. – Você apagou por muitas horas. Parecia exausta. 
— Vocês perderam quase todas as aulas por minha causa? 
— Como se um monte de matéria repetida fosse mais importante que você. – Disse Jasper, quebrando o silêncio. Ele forçou um sorriso, mas eu o conhecia bem melhor do que isso para acreditar.
— Meu irmão tem razão. – Disse Edward, sorrindo ternamente. – E agora é hora da humana comer. 
Os dois me acompanharam para fora da enfermaria até o refeitório onde o resto dos Cullen estavam. Espiei de rabo de olho e notei Jasper ao nosso lado com o olhar ainda no chão e as mãos nos bolsos. Seus ombros pareciam caídos, como se algo bem pesado estivesse neles. Ele percebeu o meu olhar e levantou a cabeça, forçando outro sorriso e depois olhando para Edward. Virei a cabeça rapidamente, olhando para frente. Apenas meus pensamentos eram seguros ali e eu não poderia pressiona-lo, mas ele parecia estar com muita dor. E então eu percebi que, provavelmente, ele havia escutado tudo. 
— Olha quem voltou dos mortos! – Gritou Emmett, aparecendo ao meu lado e me abraçando. 
— Vaso ruim não quebra, maninho. – Respondi, piscando para ele. Seu sorriso aumentou ainda mais. Edward sentou ao meu lado e Jasper circulou a mesa, sentando ao lado de Alice. Eles trocaram um sorriso carinhoso e aquilo repercutiu na boca do meu estômago, me fazendo contrair todos os músculos involuntariamente. Jasper virou a cabeça e nos encaramos intensamente por alguns segundos, antes de Alice me chamar. 
— Hum? – Perguntei, completamente alheia ao que ela havia falado. 
— Sábado. Formatura. Festa. Você. Vestido. É tudo o que precisa saber. 
— Alice...
— Não tem escapatória, irmãzinha. – Olhei-a melhor, esperando encontrar qualquer rachadura em sua máscara, mas ela realmente parecia feliz e pareceu ser sincera ao me chamar de irmã. Em algum momento terei que pedir desculpas a ela. – Sem desculpas. – Ela disse, piscando. Será que ela havia me visto fazendo isso?
     Angela e Jéssica se juntaram a nós, ocupando a parte vazia da minha mente com conversas bobas.

                (Pov Jasper)

Foi o dia mais torturante da minha existência e só tinha a piorar. Pude ver de longe Bella chegando e escutei cada palavra da conversa deles. Se não fosse por Alice, eu já teria ido lá e estragado tudo. 
— O que há com você? – Perguntou Emmett, me cutucando. Um rosnado baixo e ameaçador borbulhou em minha garganta, fazendo-o se afastar. Por um breve momento de distração, me perdi na conversa e sai do prédio a tempo de vê-lo carregando-a desacordada. Não me dei ao trabalho de agir como humano e estava ao seu lado em um milésimo de segundo. 
— O que aconteceu? Bella! – Gritei. Seus olhos estavam inchados; ela realmente havia chorado muito. – O que você fez? – Indaguei, sentindo outro rosnado vibrar em meu peito. 
— Não fiz nada, Jasper. Eu a beijei e ela desmaiou. – Disse ele. Tropecei abruptamente no asfalto e Alice estava ali no mesmo momento, me lançando um olhar de aviso. Fechei os olhos, tentando me concentrar em fazer a dor passar, mas era impossível. 
— Vou esperar com ele. – Murmurei, sem olhar para trás. Entrei na pequena sala da enfermaria e Bella já estava deitada na maca, extremamente branca. 
— Não fiz nada. 
— Eu sei. – Sussurrei. – Ela vai ficar bem? 
— A enfermeira disse que foi apenas uma queda de pressão com princípio de exaustão. Ela irá ficar bem. – Disse ele, sentando-se ao lado esquerdo da maca. Sentei-me do lado direito, de frente para ele. 
       Ficamos a manhã toda ali, imóveis e tensos enquanto ela parecia serena. Um pequeno pedaço de nossa cavalgada no Texas passou por minha mente e Edward virou a cabeça no mesmo momento que pensei, franzindo o cenho. Sai da minha cabeça. Pedi. Antes que ele pudesse responder, Bella começou a se remexer. Seus olhos se abriram lentamente.
— Graças a Deus, Bella! Você me assustou! – Disse Edward, se levantando.
— O que aconteceu? – Ela perguntou, correndo os olhos por nós dois. 
— Eu te beijei e você desmaiou. Achei mais rápido te trazer para cá do que te levar a Carlisle no hospital. – Edward respondeu. Enquanto ele falava, não pude evitar baixar o meu olhar. Era muito estranho olha-la sem lembrar de nada. 
— Fez bem. Temos que ir para a aula. – Disse ela, se levantando da maca.
— Na verdade, já está quase na hora do almoço. Você apagou por muitas horas. Parecia exausta. 
— Vocês perderam quase todas as aulas por minha causa? 
— Como se um monte de matéria repetida fosse mais importante que você. – Cuspi, automaticamente. Seus olhos se voltaram para mim e eu forcei um sorriso. Estava surrealmente cansativo condicionar meus pensamentos. 
— Meu irmão tem razão. E agora é hora da humana comer. – Ela assentiu e caminhamos para o refeitório.
Enquanto andávamos, senti seu olhar me analisando e levantei a cabeça. Eu sabia que ela percebera a minha tristeza, mas mesmo assim forcei um sorriso e olhei para Edward; ela entendeu o recado e virou para frente. 
Ignorei o diálogo ao meu redor e me sentei ao lado de Alice. Trocamos um sorriso fraternal e, novamente, Bella me fitava, mas dessa vez havia uma emoção latente: ciúmes. Ficamos presos no olhar um do outro por alguns segundos, até Alice chamar sua atenção. Me desliguei do burburinho, concentrando toda a minha força em minha dor.
    A semana passou inacreditavelmente lenta. Eu e Bella não nos falamos diretamente, mas pela sua distância, ela havia deixado clara a sua decisão e eu teria que respeitar. 
Assim que peguei o diploma, corri para casa. Não queria os cumprimentos e nem toda aquela farsa já decorada. 
— Você vai à festa de formatura hoje, não vai? – Perguntou Emmett, me alcançando no topo de uma árvore. Eu havia passado mais tempo aqui nos últimos dias do que em qualquer outro lugar. 
— Não tenho escolha. 
— É, cara. Não temos. – Ele disse, rindo. – Por quanto tempo pretende morar na floresta, Tarzan? 
— Não faço a menor ideia. – Ficamos em silêncio por um tempo e era até bom tê-lo ali. Eu odiava saber que magoava Esme e Carlisle por passar tanto tempo fora, mas não poderia explicar a eles o real motivo. Nunca. 
— Você gosta mesmo dela, não é?
— Que? – Perguntei, virando-me abruptamente para ele. 
— Ah, qual foi, cara. Acha que sou idiota? 
— Na verdade, sim. – Ele riu e me deu um soco no ombro. Acabei rindo junto com ele. 
— Pois bem, não sou. Eu sei que você gosta da Bella. Não tente negar. – Suspirei. Negar isso estava cada vez mais impossível. 
— Alice...
— Alice não me contou nada. Ela nem sabe que eu sei. 
— E como você sabe? 
— Não sou idiota. Primeiro todas aquelas mensagens quase vinte e quatro horas por dia, depois vocês passando finais de semanas juntinhos e aí você e Alice terminam inexplicavelmente; sim, eu sei que vocês não estão mais juntos. Não precisa ser muito perspicaz para notar o jeito com que você olha para a Bella, como... como se fosse um cego enxergando pela primeira vez. E eu arriscaria dizer que ela sente o mesmo. Não sei como Edward ainda não percebeu tudo isso. Você deve estar se esforçando bastante. – Disse Emmett, encarando a escuridão. Meu queixo caiu por alguns segundos. Apesar de toda essa personalidade desbocada e de todas as brincadeiras, ele era bastante observador. 
— Admito que estou chocado.
— Eu sou foda, cara. Apenas disfarço isso sendo modesto. – Gargalhamos alto, nos balançando no galho. 
— Infelizmente você está errado em uma parte... Bella não sente o mesmo. Quero dizer, ela sente algo, mas talvez seja só desejo, atração, sei lá. Não é um terço do que eu sinto. 
— Eu duvido. 
— O que acha que tenho que fazer?
— Você realmente gosta dela, né?
— Sim.
— A ama?
— Como nunca amei alguém. – Sussurrei. 
— Então lute por sua garota. 
— Você não se importa com o fato de isso acabar com Edward? Ou Alice?
— Sei que Alice está ok com tudo isso. E Edward? Bom, ele merece um pouco de competição saudável. O que tiver que ser, será e ele precisa encarar com maturidade, do mesmo jeito que você está encarando. Eu tenho certeza que ela sente mais do que aparenta, Jas. Confia em mim. Não desista sem lutar, irmão. Você pode se arrepender para sempre e isso é muita coisa para nós. – Assim que ele terminou de falar, o abracei. Pela primeira vez desde que cheguei aos Cullen nós conversamos sobre sentimentos com seriedade. Era reconfortante saber que eu poderia contar mesmo com ele.
— Obrigada, Emmett. De verdade. 
— Que nada! É o meu papel de irmão. Falando nisso, temos que ir antes que Rosalie e Alice nos matem. Party! – Ele gritou, se jogando do galho e despencando bons dezoito metros. Com o passar dos anos nós vampiros superamos o êxtase de todas as nossas novas habilidades e a quantidade de coisas insanas que podemos fazer; isso nunca aconteceu com Emmett. 
Ele não imaginava que eu e Bella já havíamos passado da parte de apenas ‘suposições’, mas eu manteria assim. Por outro lado, ele havia me dado força e esperança; eu poderia lutar por ela honestamente, o que significaria contar tudo a Edward. Pulei do galho, atingindo o chão suavemente com apenas uma certeza: Eu não iria desistir tão facilmente do amor da minha vida.