Heart By Heart escrita por Lizzie Fyts


Capítulo 14
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa!
Queria pedir desculpa pela demora para postar... agora eu vou ficar um pouco mais com tempo e vou me esforçar para produzir. Obrigada por não me abandonarem!!
Vamos ao capítulo. Boa leitura :)



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                                     (Pov Jasper)
    Eu era fraco. Insuportavelmente fraco. Todos os anos na guerra não me prepararam em nada para encontrar o mais poderoso dos adversários: a garota que eu amava. Por mais que eu soubesse que ficar com os Cullen e vê-la sendo a mulher do meu irmão me machucaria, cogitar a possibilidade de me afastar agora era três vezes pior. Eu não conseguiria negar nada a ela.
    Resolvemos adiantar a viagem de volta, para o bem de nossa sanidade. Bella dormiu a maior parte do caminho e quase não nos falamos. O clima ainda estava estranho entre nós. Havíamos decidido que nossos beijos seriam abafados e jamais repetidos; ela temia que Edward tentasse me matar. Tão boba... eu acabaria com ele com uma mão nas costas.
— Obrigada pela viagem, Jasper. Foi maravilhosa, apesar de tudo. – Disse ela, enquanto eu a deixava na porta de casa.
— De nada, Bella. A viagem foi maravilhosa, por tudo. Peter e Lole exigiram que voltássemos. – Ela riu nervosamente e deixou a chave escorregar por seus dedos. Me abaixei no mesmo momento para pega-la e, infelizmente, ela teve a mesma ideia; nossas testas se colidiram audivelmente.
—Ai!
— Bella? Você está bem? – Perguntei, segurando-a pelos cotovelos.
— Acho que você afundou o meu crânio. Ai! – Ela murmurou, apalpando a cabeça. Me aproximei e deixei um beijo onde o possível hematoma estaria. Seu coração acelerou enquanto ela agarrava o pano de minha camisa. Minhas mãos deslizaram para sua cintura, segurando-a possessivamente enquanto eu me curvava para beija-la. Uma parte de mim notou que iríamos quebrar a promessa que fizemos há menos de vinte e quatro horas sobre não repetir o ‘erro’, mas a ignorei. Nossos lábios se tocaram avidamente e todo o meu corpo se acendeu. Antes que eu pudesse levanta-la e deita-la na superfície plana mais próxima, ouvi o carro de Charlie virar na rua.
— Charlie. – Murmurei. Ela se afastou, piscando algumas vezes, como se tentasse se orientar. Ele estacionou em seu lugar habitual e franziu o cenho ao nos ver na entrada. Seus sentimentos estavam curiosos e seu olhar era avaliativo.
— Oi Bella. Achei que só te veria na segunda. – Ele disse, olhando para mim. – Algum problema?
— Boa tarde chefe Swan. – Cumprimentei, educadamente.
— Oi pai. Lembrei que tenho trabalho para entregar.
— Eu ofereci carona para Bella, já que todos estavam ocupados.
— E onde está Edward? – Eu e Bella trocamos olhares ansiosos, mas fui mais rápido.
— Ele está visitando uma faculdade de última hora. – Charlie respirou fundo, parecendo acreditar e olhou para baixo. Reparei que eu ainda envolvia Bella pela cintura com um dos braços; ele sorriu.
— Gostaria de entrar, garoto?
— É claro. – Ele se virou e abriu a porta, enquanto Bella me encarava de olhos arregalados. Todo tempo que eu pudesse passar com ela seria bem-vindo. Segui Charlie pelo pequeno corredor e sentei no sofá de frente para ele. Bella ficou parada nos observando, ainda nervosa.
— Então, filho... o que você pretende cursar?
— No momento estou pensando em entrar no exército. – Bella engasgou e eu tive que segurar a risada.
— Puxa, que bacana. O que seus pais acham disso?
— Eles me apoiam em qualquer decisão que eu tome, senhor. Minha mãe está um pouco nervosa, mas sabe que é o meu desejo. – Um lampejo de meus verdadeiros pais passou por minha mente. A lembrança era borrada, mas era exatamente assim que eles se comportaram quando anunciei meus planos.
— Imagino que sim. É uma grande responsabilidade.
— Sei que é e nada me traria mais honra do que servir aos meus, senhor. – Charlie abriu um enorme sorriso, enrugando toda a pele de seu rosto.
— Bella? – Ele chamou.
— Sim?
— Se importa de ver alguma coisa para comermos? – Ela negou com a cabeça e se encaminhou para a cozinha. – Gosta de basebol, Jasper?
— Adoro, senhor. – Ele sorriu novamente e ligou a TV em um jogo do New York Yankees. Parecia ser fácil conviver com Charlie.

                                                  (Pov Bella)
    Enquanto eu remexia impacientemente o macarrão na panela, conseguia ouvir as risadas e os comentários de Charlie e Jasper na sala. Não sabia o porquê, mas aquilo estava me irritando. Meu pai nunca foi tão aberto com ninguém que não fosse seu amigo há mais de vinte anos. Toda vez que Edward estava aqui ele fechava a cara, deixando claro o seu descontentamento.
— O jantar está pronto. – Anunciei. Eles caminharam lentamente para a cozinha, ainda conversando animadamente. Charlie havia pousado a mão ternamente no ombro de Jasper e eu me virei, tentando esconder o choque.
— Está cheirando bem, Bells. – Comentou Charlie.
— Jasper tem que ir agora. – Eu disse, friamente. Os dois olharam para mim surpresos.
— Que falta de educação, Bella. Jasper adoraria jantar conosco.
— Adoraria? – Minha voz saiu bem mais alta que o normal e eu tossi, tentando disfarçar.
— Se não for incômodo. – Respondeu Jasper. Ele piscou assim que Charlie se virou para sentar na cadeira.
— Não é incômodo nenhum, filho. Você e Alice são sempre bem-vindos aqui. Como está o relacionamento de vocês?
— Pai! Isso não é coisa que se pergunte! – Ralhei. Ele deu de ombros e se virou para Jasper, esperando por uma resposta.
— Nós terminamos, senhor, mas Alice continua sendo uma grande amiga.
— Que chato. – Respondeu Charlie, não parecendo nem um pouco chateado. Na verdade, podia jurar que ele escondeu um sorriso. – E Bella e Edward?
— Pai! Está na hora de comer. – Servi-o de qualquer jeito e eles riram. Quando foi que me tornei a piada? Me sentei na cabeceira da mesa e me servi. Jasper esticou a mão, pegando a panela e se servindo.
— Você vai mesmo comer? – Perguntei. Ele me olhou com impaciência e deu uma garfada, mastigando e engolindo.
— Está ótimo, Bella. – Pisquei algumas vezes, incapaz de acreditar no que eu estava vendo.
— Aquele menino nunca come. – Murmurou Charlie, mas o ignorei.
     O jantar se seguiu silencioso, mas minha cabeça estava confusa e cheia de pensamentos. Mais cedo eu e Jasper quebramos a promessa que mal tínhamos feito. Eu poderia dizer que tentei parar, mas não o fiz. Quando ele se aproxima de mim eu sinto como se perdesse todo o controle do meu corpo. Isso seria mais difícil do que eu imaginava.
— Quer assistir mais uma partida, Jasper? – Perguntou meu pai, se levantando da mesa.
— Acho que devo ajudar Bella com a louça. Se o senhor não se importar, é claro. – Charlie pareceu pensar por um momento e depois sorriu.
— É claro. Passem um tempo juntos. – Ele se virou e caminhou até a sala, nos deixando sozinhos.
— Qual é a sua? – Perguntei, dando um tapa em seu peito. É claro que apenas eu senti o impacto.
— O que?
— Esse teatro todo. Desde quando você pode comer? – Jasper segurou uma gargalhada e se aproximou; dei um passo para trás automaticamente.
— Nunca disse que não poderia comer. Meu estômago não irá digerir, então eu vomitarei mais tarde.
— Por que se prestou a isso?
— Não queria que seu pai suspeitasse de nada.
— Acho que você tem que ir. – Murmurei. Ele suspirou e se aproximou. Dei mais um passo para atrás e encostei na pia. Não dava para fugir.  – Jasper... – Seus braços ágeis se esticaram, me puxando para um abraço comportado.
— Como iremos ficar, meu bem? – Sua voz soou dolorida. Suspirei alto e o abracei com toda a força que eu tinha.
— Me prometa que não irá embora. – Pedi. Meu estômago se retorceu. Eu sabia que estava sendo egoísta, mas a ideia de não tê-lo por perto era dolorosa demais. Edward sempre fora o altruísta, não eu.
— Queria ter te conhecido antes, Bella. Bem antes, quando eu ainda era humano. Ou, pelo menos, antes de você se apaixonar por meu irmão, antes de conhecer o amor. Queria ter sido o motivo do seu coração acelerar pela primeira vez e de sua primeira insônia, ou do primeiro encontro do seu corpo com o desejo. Queria ter te encontrado em uma vida diferente, onde não precisássemos temer o nosso futuro e nem esconder nossos sentimentos. – As lágrimas rolaram livremente por meu rosto, empapando sua blusa. Algo dentro de mim queria muito que isso fosse possível. Ele plantou um beijo em minha cabeça e se afastou, gritando um ‘até logo’ para Charlie e saindo pela porta da frente. Precisei me apoiar para não cair; a força da gravidade parecia ter aumentado. Ouvi os passos de Charlie e me virei, fingindo lavar a louça.
— Dele, eu gosto. Com certeza um partido bem melhor para você, filha. Responsável, educado e... algo nele me traz confiança.
— Pai, por favor, agora não. – Sussurrei. – Pode lavar a louça? Preciso subir.
— Claro. – Ele disse, desconfiando. Ignorei seus olhares persistentes e corri para o meu quarto, me jogando na cama e libertando tudo o que eu havia segurado pelas últimas horas. Fiz isso pelo o que pareceu uma eternidade, até cair no sono.

                                              (Pov Jasper)
     Não sentia a menor vontade de ir para a mansão. Sabia que ao ver Edward toda a minha vergonha e o meu remorso, misturados com meu ódio, iriam explodir e eu não iria conseguir segurar meus pensamentos.
Dirigi para uma rota alternativa e pouco usada para a casa e me embrenhei na floresta. Após expelir o jantar, deitei na relva úmida e pensei em Alice. Não demorou muito para ela aparecer.
— Precisava de mim. – Ela sabia. É claro.
— 
Como eu vou olhar para ele, Alice? – Perguntei, ainda de olhos fechados. Seus passos se aproximaram e ela se sentou a minha direita.
— Jasper, lembre-se que, no contexto geral, ele não fez nada de errado. Foi você quem a beijou. – Apesar da tentativa de manter a voz controlada, eu conseguia ouvir sua mágoa. Ela não estava tão bem como fingia estar.
— Sei disso, mas não posso evitar todos esses sentimentos.
— Acha que não conseguirá esconder os pensamentos dele?
— Não tenho certeza e por isso estou com medo.
— Você não pode viver na floresta para sempre. Edward irá desconfiar e Esme ficará profundamente magoada. Foi difícil para mim também esconder todas as visões, mas eu consegui. – Suspirei. Ela tinha razão, como sempre. – Vamos para lá agora. Ele não está.
— Onde ele está? – Perguntei, sentando-me e abrindo os olhos.
— Ele foi zelar o sono da Bella. – Era algo bobo, mas doeu muito o fato de ele poder fazer isso e eu não. Doeu muito o fato de saber que eu viraria um espectador fantasma para sempre. – Jas... não consigo ver se você vai embora. – Afirmou Alice.
— Não. Como eu poderia com ela me pedindo para ficar? – Murmurei, angustiado. Coloquei as mãos sobre o peito e apertei, em uma tentativa falha de segurar a dor que parecia vazar. – Eu a amo tanto.
— Me desculpe, Jas. – Ela pediu, me abraçando por trás.
— Pelo o que?
— Por não ter sido uma boa esposa. Se eu tivesse prestado mais atenção em você, confiado mais, escutado mais... talvez você não tivesse se apaixonado por ela e não estaria sofrendo tanto.
— Não seja absurda, Alice. Isso não tem nada a ver. Eu é que estou te magoando nessa história toda. Eu que tenho que pedir desculpas.
— Eu te perdoo. Espero que você possa me perdoar também.
— É claro que sim. – A abracei de volta, fortemente. Era bom sentir, no meio de tanta dor, que tinha alguém para contar ainda. Mas as perspectivas para mim eram cada vez piores.

                                        (Pov Bella)
    Por causa da exaustão, acabei tendo mais uma noite sem sonhos.
Pela manhã levantei relutantemente, me encaminhando ao banheiro. Hoje seria ainda pior, conseguia sentir. Teria que ver Jasper, Alice e Edward e agir como se nada tivesse acontecido. Eu nunca fui uma boa atriz, então as chances de tudo dar errado eram muito grandes.
Voltei para o quarto e encarei a cama, considerando a ideia de matar aula. Só mais um dia. E, como se não tivesse acontecido, Jasper estava em meu quarto, recostado na janela.
— Bom dia. – Ele disse, me sobressaltando.
— O que faz aqui? – Eu perguntei, irritada. Ele não estava facilitando as coisas.
— Esperei Edward sair. Queria conversar rapidamente antes da escola.
— Edward esteve aqui?
— Te observando dormir, como sempre. – Ele revirou os olhos, bufando um pouco. Meu coração se contraiu e a culpa reapareceu.
— Pode falar. – Eu disse, tentando esconder minha reação. Em vão, é claro. Seu rosto se retorceu, transformando-se em uma careta de tristeza. Era fácil perceber que ele também se sentia culpado.
— Sei que é óbvio, mas você precisa se comportar normalmente. Edward não desconfia de nada. Por favor.
— Não posso garantir. Como vou olhar para Alice?
— Eu não estou mais com Alice e... ela sabe de tudo.
— O que?! – Gritei, histericamente. Parte da minha mente estava agradecida que Charlie já estivesse no trabalho.
— Ela entende tudo isso muito bem, Bella. Ela sabe que não é minha culpa ou sua, apenas... aconteceu.
— O quanto ela sabe? – Ele apenas baixou os olhos, em uma resposta silenciosa. As lágrimas traidoras saltaram dos meus olhos e ele me abraçou. Era impossível negar a sensação de alívio que me inundava quando Jasper me abraçava, e eu sabia que isso não tinha nada a ver com seu poder, mas ainda assim eu me sentia nervosa.
— Se você quiser desistir e contar a Edward, irei te apoiar. Não me importo com as consequências. O que fizemos foi impulsivo, mas eu não me arrependo.
— Isso tudo... que aconteceu... não muda nada. – Sussurrei, encarando o chão.
— É claro que muda! Bella, eu me importo com meu irmão e jamais quis magoa-lo, mas é só você dizer que me quer. Só preciso disso e sei que podemos enfrentar todo o resto.
— Não posso fazer isso. – Afirmei, fechando as mãos em punho. Eu não poderia me permitir cogitar essa hipótese.
— Tem certeza que é a ele que você quer? – Eu não tinha resposta para essa pergunta. Me afastei de seu abraço e peguei minha mochila, evitando olha-lo nos olhos.
— Vamos para a maldita escola. – Disparei para a porta, sem dar tempo de ouvir sua resposta; o dia seria agonizantemente longo. 


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Notas finais do capítulo

Música tema: https://www.youtube.com/watch?v=RqcjBLMaWCg (David Guetta ft Justin Bieber - 2U)

Charlie melhor pessoa: Sim ou Claro? HAHAHAHA
Não sei vocês, mas eu não consigo imaginar Bella Swan escondendo um segredo com sucesso.

Espero que tenham gostado como eu estou gostando de escrever. O feedback que eu peço é muito mais do que apenas elogios. Se vocês tiverem críticas – construtivas, não hate – eu vou amar ler, pois essa história é muito mais para vocês do que para mim. Claro que não dá pra aguardar a todos, mas a gente tenta.
Beijos e até o próximo! ❤