hesitante

Todos os alunos e professores de Hogwarts observavam Sirius Black no Salão Principal no primeiro jantar do seu segundo ano de Hogwarts. O Black rebelde atravessava o Salão, com o olhar perdido, e todos se perguntavam o que tinha acontecido com ele. Todos esperavam que o pior aluno de Hogwarts dos últimos tempos chegasse atrasado no primeiro jantar do ano, fazendo algazarra e piadas com o resto dos Marotos.

Mas lá estava Sirius, com o seu uniforme completo, andando elegantemente, encarando o chão e com os cabelos longos surpreendentemente penteados, fazendo-o parecer um vampiro dos clichês trouxas.

Seu olhar estava fixo nos alunos que iniciariam os estudos em Hogwarts naquele ano, e apenas James sabia o motivo do seu olhar estar preso ali.

— Sirius, todos estão estranhando seu comportamento essa noite. – diz James. – Por que não fazemos algo para descontrair?

— Depois da Seleção, James. – responde Sirius, sem ao menos olhar para o amigo ao seu lado. A cabeça de Sirius rodava. Regulus Arcturus Black, seu irmão mais novo, seria selecionado para uma das casas de Hogwarts naquela noite, naquele Salão, e Sirius não conseguia ao menos pensar em uma coisa traiçoeira para fazer ali, porque o irmão mais novo, de cabelos compridos e olhos escuros fundos, seria selecionado para uma das casas de Hogwarts.

Aquelas palavras estavam presas na cabeça do Black mais velho como se fossem prisioneiros em Askaban.

Sirius consegue ver o irmão seguir a multidão de alunos novos, sendo o último da fila, e a sombra de um sorriso aparece em seus lábios. Era bem típico do seu irmão ficar sempre no último lugar, tentando não ser notado – sempre o último da fila, sempre sentado na última cadeira, sempre no canto da sala nas festas de família.

Todos os novos alunos observavam o céu estrelado do Salão Principal, admirados, enquanto Regulus parecia estar entediado ou, até mesmo, amedrontado. Sirius tentava se controlar para não caminhar até o irmão e ajudá-lo, dizer que estava tudo bem, e que ele deveria se soltar.

A voz de Dumbledore ecoou pelo Salão Principal, fazendo com que Sirius se sobressaltasse. Regulus continuava com o olhar perdido pelo Salão, encarando aquele teto sobre o qual ele tanto tinha falado. Durante horas, Sirius escutou o irmão falar sobre o céu do Salão Principal, que era o reflexo do que acontecia lá fora. Aparentemente, Regulus lia Hogwarts, Uma História para se divertir.

Sirius suspira, lembrando das horas que tinha passado com o irmão antes do primeiro ano de Hogwarts.

Dumbledore tinha terminado seu discurso, e a professora McGonagall já tinha começado a chamar os nomes dos alunos novos, aos quais Sirius absorvia, para se lembrar, caso o irmão quisesse lhe contar alguma coisa sobre algum dos seus colegas.

— Black, Regulus. – chama McGonagall, encarando os alunos do primeiro ano por cima dos óculos.

Regulus parecia ter acabado de acordar de um sonho ao ouvir seu nome pronunciado por McGonagall, e Sirius sabia que, se a situação fosse outra, ele riria da falta de atenção do irmão. Regulus anda vagarosamente até o palco, enquanto todos os alunos o encaravam.

Tímido. Para alguém tímido como Regulus, era extremamente complicado ser o centro das atenções, como naquele momento. Sirius tinha vontade de caminhar até o irmão, abraçá-lo, ou dar uma batidinha no ombro dele e dizer que tudo ficaria bem.

Mas Sirius não podia fazer isso. Ele era um dos alunos mais populares de Hogwarts, mesmo ainda estando no segundo ano, e tudo que Regulus menos precisava era mais atenção voltada para ele.

Regulus senta no banco de madeira no palco, e seu olhar continua amedrontado quando McGonagall coloca o Chapéu Seletor em sua cabeça. As dobras que representavam os olhos do Chapéu pareceram se abrir, e parecia pensativo.

Vários segundos se passam, e todos os alunos encaravam Regulus com expectativa. Nunca o Chapéu tinha ficado tanto tempo calado durante a Seleção de um aluno.

— Sonserina! – exclama o Chapéu, e Regulus se levanta do pequeno banco de madeira que estava no palco. McGonagall continuava chamando outras pessoas para o palco, todos caminhavam e saíam dali felizes, por se sentirem encaixados em algum lugar.

Mas James encarava Sirius, com dúvida. Por Merlin, por que seu amigo estava sorrindo?! Ele não esperava que Regulus fosse sido selecionado para a Grifinória?

— Sirius? – chama James.

— O que é, James?

— Por que você está sorrindo, se seu irmão foi selecionado para a Sonserina?

O olhar de Sirius está fixo no chão, mas o sorriso continua em seu rosto.

— O Chapéu. Ele hesitou.