Over Game escrita por Kang SoRa


Capítulo 7
Só Um Clichê


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora.
Testes, provas, vida...
Sabem como é...



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—AAAAAAAAAA!!!

—Eita, porra! -ouço Hongbin dizer da sala atrás. Observo-o aproximando-se pelo espelho- Qual é a mer… ?

Pausa.

—HAHAHAHAHAHA… !

—...

—Está parecendo um pombo! HAHAHAHAHA!

Faço uma cara de nojo. Não sei como isso acontece comigo. Na moral, é muita merda.

—Dá para parar de rir como um velho sofrendo de asma e ajudar o ser humano aqui?!

Ele abre uma das portas do armário do banheiro e me entrega uma toalha branca. Começo a me secar, apesar de saber que não adiantará em nada, já que não só um jato foi na minha cara quando girei aquela torneira. Um filhote duma tsunami explica melhor a situação.

—Só espero que essa toalha esteja limpa!

Hongbin desvia o olhar.

—Cê tá brincando, né? Nem isso?

—Não disse nada. -diz. Mal sabe ele que isso só o torna mais suspeito- Enfim, seu diretor ligou avisando que é para aparecermos lá em menos de 10 minutos. Parece que conseguiram livrar o prédio do pessoal.

—Tá, vamos logo. -digo, apesar de ainda olhar para a toalha em mãos.

 

 

 

Sento-me em uma das duas poltronas, de frente para o sofá onde se encontra o diretor -com sua típica expressão pouco amigável, só que, talvez, multiplicada por 5- e um outro homem que não reconheço, mas, por lógica, há de ser o tal do manager. Hongbin senta na poltrona ao meu lado.

O clima está com uma leve tensão, mas resolvo fingir que não notei e pego o meu celular. Não pretendia jogar nem nada assim… na verdade, era o que eu ia fazer mesmo, foda-se. Corri de um bando de mamutes, subi não sei quantos degraus, tomei um banho contra a vontade, e quase fui atacada por um hentai, tudo isso para chegar aqui e ter que ficar com a bunda amassada contra essa poltrona que mais parece uma cadeira, provável resultado de um projeto que preza mais pela pela estética que pelo famigerado conforto? Só uma coisa a alegar: vai se foder.

Acho que o diretor repara na minha intensão e, antes que possa sequer colocar minha senha, ele lança a mão sobre o meu celular, tomando-o para si e completando a ação com um olhar ameaçador de encarnação-do-capeta-na-terra.

—Então… -começa o manager- espero que não se importem…

Reviro os olhos, enquanto brinco com minha pulseira.

—Mas… como demoraram tanto para chegar… -fala, pausadamente, como se lidasse com um assunto delicado.

—OLHA, É O SEGUINTE… -berra o diretor, até se dar conta de que não é o momento adequado. Aposto que não conseguiu aquentar a forma mansa com a qual o homem estava lidando com a situação e resolveu dar o seu toque -grosso- na história- …como demoraram, tivemos de tomar a decisão que mais calhasse.

Silêncio. Por que esse povo não pode ser mais direto? Porra, ficam deixando a coisa no ar.

—Aí… -digo, irritada- dá para falar logo?! O que vocês fizeram para acalmar o rebuliço?! Preciso continuar aqui?! Posso…

—Hyung, dá para explicar melhor as coisas aqui? -pede Hongbin. Como sempre, sou eu a ignorada.

—Parabéns. -diz o diretor sarcasticamente. Isso foi, aliás, muito bizarro. Ele conseguiu ficar infinitamente mais assustador usando da ironia.

—Bom, com isso queremos desejar… felicidades para o mais novo... -fala o manager- casal.

 

 

 

Fico encarando o homem ainda processando o que ele acabou de dizer.

—O que você quer dizer com isso?! -pergunta Hongbin.

—Para uma pessoa que fica julgando os outros de demente, você até que consegue ser bem.. demente. -falo, virando para ele.

—De que lado você está mesmo?

—Hum… isso depende. -bato o dedo no canto da boca, enquanto faço uma expressão pensativa- O que eu ganho com isso?

Silêncio.

—O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FALANDO AGORA?! -o diretor pausa e respira- Como pode perguntar uma coisa DESSAS, sendo que salvar a SUA pele foi mais da metade das razões do porquê tomamos ESSA atitude?! TE ORIENTA, GAROTA!

—Ah…

Juro que posso sentir o Hongbin sorrindo ao meu lado nesse exato momento. Filho da puta.

—Então, quer dizer que essa pergunta é minha? -diz.

—Não exatamente. -começa o manager- Claro que a escolha acaba favorecendo mais a senhorita Morales, entretanto, ela também auxilia em muito a sua segurança. Mais do que se deixarmos de fazer algo e, apenas, relevarmos o problema.

Ele coloca uma folha de papel sobre a mesa, tomando o cuidado de deixar uma caneta bem o lado do mesmo. Logo constato que esse deve ser o contrato.

—Licença, mas não vejo como fingir um namoro vai melhorar a nossa, sobretudo, a minha segurança. -alego- se antes, uma máscara e óculos serviria, agora, acho que terei de começar a andar armada. Num tô cumpriendenu a situation.

—Ah… sim. -fala o manager. Sinto que me lança um olhar de desgosto. Ok. Tudo bem. Nunca pedi para ser amada mesmo Não é exatamente a notícia de que estão juntos que acalmará as coisas. A questão é o que farão como um casal. Vocês têm de comover, apaixonar as pessoas, sobretudo, o fandom, que não será acalmado tão facilmente.

Dou um longo bocejo. Não tenho que ficar me preocupando com as aparências. Ninguém nessa sala gosta de mim.

—Maus aê, tio, mas essa história mal começou e já estou entediada.

O diretor levanta, fazendo um rolinho com uma revista que só deus sabe onde ele arrumou e batendo-o fortemente contra a minha cabeça.

—PORRA! ISSO DOÍ!

—VOCÊ ESTÁ RECLAMANDO?! É BOM AGRADECER O ESFORÇO QUE EU TIVE PARA PRESERVAR ESSE SEU PESCOCINHO DE MERDA!

—...

—ESTÁ ESPERANDO O QUÊ?!

—Quê?

—ASSINA LOGO ESSA PORRA, ANTES QUE EU FAÇA VOCÊ AGRADECER DE JOELHOS!

Olho para o diretor, lançando-lhe um olhar mais inofensivo.

—Diretor, por favor, entenda quando eu digo isso… -falo lentamente- .... há dez minutos, eu poderia jurar que esse tipo de situação só ocorria em doramas com um roteiro de baixo orçamento. Simplesmente, não posso acreditar que essa é a única saída.

Completo o discurso com uma expressão esperançosa e, pela primeira vez, vejo que ele parece considerar a minha colocação.

—DE JOELHOS!

Ou talvez, não.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado~



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