O mais difícil em fingir a sua própria morte é a saudade que sentimos daqueles que deixamos paras trás. Agonia de saber como Edward está me mata pouco a pouco. Mas eu tinha um plano e tinha que segui-lo.

Fingir minha própria morte foi a única solução que encontrei para não me casar com Jacob. Para me libertar de minha vida anterior. Eu amo meus pais, mas apesar de gostar de todo conforto que tinha, não dava bola para status social. Eu não queria mais ter que fechar meus olhos para tantas coisas. Então bolei um plano meio doido e a Bah me ajudou.

A Bah conseguiu um filho de um amigo que estava disposto a nos ajudar em tudo. Ele iria ser o motorista que me levaria até a igreja. Como ele era bom com algumas coisas ilegais, foi ele que conseguiu armar tudo e até explodir o carro para parecer que eu estava morta. Como ele fez isso, eu não faço a menor ideia, e nem quero saber. Tem coisas que são melhores não sabermos como foram feitas.

Eu sinto pelos meus pais, que sei que irão sofrer, mas não sinto tanto assim. Afinal eles não me deram escolha. Mas o que me dói o coração é pensar no Edward e em toda dor que sei que ele está sentindo. Eu o amo demais e estar longe dele me mata. Mas sei que isso é pro nosso bem, então sigo em frente.

Pela primeira vez na vida estou trabalhando e descobri que adoro trabalhar. Cuido de crianças em uma creche e descobri que tenho o dom para isso. Eu não consigo me sustentar somente com o dinheiro da labuta, por mais modesta que seja a casa onde viva. Mas graça a deus sou uma pessoa bem organizada e consegui retirar dinheiro de minha conta antiga e transferir para uma nova, na qual ninguém tem conhecimento. Assim vou vivendo da renda dos juros.

Minha vida é muito simples e modesta, mas eu a adoro. Pois agora posso ser eu mesma sem ficar me preocupando. Sou livre para fazer o que quiser. Só me falta o Edward.

Para matar a saudade eu visito discretamente o nosso jardim à noite e cada vez que venho me arrepio mais e mais com as mudanças que ele está fazendo. O jardim está cada vez mais extraordinário. Posso sentir seu amor por mim e pelo lugar.

Às vezes eu o encontro lá, sentado no nosso banco pensando. Ver sua carinha tão tristinha me rompe o coração, me corrói a alma. Luto contra todos os meus instintos e fico apenas quietinha o observando enquanto lágrimas caem pelo meu rosto. Ainda não era o momento de nosso reencontro. Muitas coisas ainda tinham que acontecer.