Eu ia para casa de Isabella quase todos os dias. Saía do trabalho e quando via já estava em sua casa, tomando-a entre meus braços e beijando seus lábios. Eu estava no paraíso e não iria desperdiçar nenhum segundo. Sentia que ali já era meu novo lar, pois passava mais tempo ali, que na minha própria casa. Inclusive compartilhava a divisão de tarefas domésticas com a Isa, afinal se eu morava ali, também tinha que trabalhar. Só falta eu levar minhas coisas para lá.

Nossa vida estava maravilhosa, mas faltava uma coisa para ser completa: Perdão. Eu acredito que para seguirmos em frente e começarmos uma vida nova devemos nos libertar de nosso passado e deixar ele para trás. Porque construir alguma coisa em cima de mentiras e fuga é como construir um castelo de areia. Onde a base é totalmente fraca e pode desmoronar a qualquer momento.

Eu sabia que nosso amor era forte e que eu já havia a perdoado e me libertado do que aconteceu. Mas eu sentia que ela estava presa. Não comigo, mas com seus pais. Toda vez que eu tentava conversar com ela sobre isso, ela não me escutava e se fazia de tonta. Até que eu cansava de falar e ela me beijava até eu esquecer o que estava pensando. Mas o que ela não sabia é que eu estava decidido e que eu ia ajudá-la a ficar inteira e completa, estando totalmente libertada do seu passado.

Ela não conviveu com seus pais durante esses dois anos. Quem conviveu fui eu. Fui eu que vi a dor deles, que acompanhei de perto o desespero, a angústia, a raiva, a solidão, a injustiça. Porque todos os sentimentos deles, eram os meus. Eu consigo entender que talvez eles não tivessem nos aceitado. Hoje eu não tenho mais totalmente certeza disso, pois penso que talvez se tivéssemos tentado poderia ter dado certo. Mas o que sei é que eu vi eles sofrerem e vi a dor corroê-los por dentro e aquilo os transformarem. Isabella não faz ideia do quanto foi amada por seus pais, que ela era seu tesouro inestimável, e que nenhum dinheiro ou posição social seria capaz de ser comparado com o amor que seus pais sentiam por ela.

Eu a amo e a perdoei, mas ela foi egoísta. Eu consigo entender que não foi por mal, que ela sempre foi superprotegida e que nunca passou pela sua cabeça o quanto ela destruiria as pessoas. Sei que ela não fez por mal, mas o estrago foi feito e pessoas foram atingidas. E não adianta fingir que não aconteceu e muito menos fugir. A gente deve enfrentar as coisas de frente, com a cabeça erguida e reconhecer que errou. Recomeçar. Ou então dar um ponto final, mas as coisas às claras e não desse jeito. Isso não é solução.

Sei que vou ter trabalho em relação a isso, mas não vou desistir eu a amo demais e sei que ela precisa disso. Sei que vai ser libertador. Ela merece isso e seus pais também.

Quero construir um futuro sem nenhuma mentira, sem meias verdades, com tudo limpo e resolvido. E sei que pode demorar um pouco, mas vou conseguir. Afinal todo mundo merece uma segunda chance.

Então preparem-se, os tempos não serão tão fáceis, algumas discussões virão pelo caminhos, muitas lágrimas também. Mas no final o sol sempre é mais forte e vence a tempestade.