Meus Olhos Enxergam escrita por phmmoura


Capítulo 8
Capítulo 8




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— Isso é sério? — Eliza perguntou para seu pai de novo, ainda sem acreditar. Seu café da manhã continuou intocado enquanto ela encarava o jornal, lendo a manchete pela quarta vez.

— Também não consigo acreditar — disse seu pai com a voz cansada, comendo um pedaço de torrada. Ele esfregou os olhos e piscou algumas vezes. — Meu telefone tá tocado sem parar a manhã toda. Fábio diz que o departamento está lotado. Nunca viu tantos repórteres. Ele disse que estão entrevistando todo mundo. Tão querendo até falar comigo.

A garota abriu o jornal tão rápido que quase o rasgou. Seus olhos conferiram a manchete e a foto de novo antes de irem para o artigo. Chefe de Polícia suspeito de corrupção. Só isso a deixava ardendo de raiva por dentro, mas o que vinha abaixo daquilo quase a fez rasgar o jornal.

O Chefe de Polícia, Djalma dos Santos Silva, é suspeito de aceitar propina para liderar a investigação sobre o prefeito e o conselho municipal e tirar o foco de si próprio. Um informante anônimo informou que as investigações ignoraram qualquer pista que pudesse levar à profunda corrupção dentro do próprio departamento de polícia…

É mentira! Ela tremeu tanto que teve dificuldade para ler o resto. É uma puta de uma mentira! Eliza desistiu e devolveu o jornal ao pai; ela não precisava ler o resto para saber que a deixaria furiosa. Não tem como ele aceitar propina. Aquele prefeito… Eliza lembrou-se dele na festa. Bianca disse que era uma festa de propina… Pensei que ela tava brincando… Bianca…

Com o estômago revirando, a garota correu até o quarto e agarrou seu celular. Assim que escutou o som de chamada, ela virou na direção da casa da Ruiva. Eliza descansou a cabeça na parede e focou os olhos, mas não aconteceu nada. Respirando fundo, ela olhou para a parede. Dessa vez, ela ficou transparente, mas não importa o quanto tentasse usar seus poderes, ela não podia ver mais do que alguns metros adiante.

Não tem como eu me focar agora, percebeu Eliza, estalando a língua. Tudo que conseguia pensar era Bianca e sua família. Vamos lá, atenda… vai, Vermelha, atende… Mas só escutou o som da chamada ecoando.

Ela encerrou a ligação e tentou de novo. Vamos, Bianca, quero ouvir a sua voz… Eliza nunca pensou que odiaria o som da chamada tanto assim.

— Bianca! — gritou ela quando sua namorada finalmente atendeu.

— Oi, Eliza. Bom dia — respondeu Bianca. Embora falasse com a voz normal, Eliza sabia que era forçado. Será que ela conseguiu dormir? — Por mais que eu adore começar o dia escutando a sua voz, não, pera. Esquece isso. É o melhor jeito de começar o dia. Mas sei que você sabe que não sou uma pessoa que acorda cedo.

— É, eu sei muito bem. E também sei várias outras coisas sobre você. Tipo, que você ronca. Bastante — brincou Eliza para melhorar o clima, com um pequeno sorriso fraco.

— Já disse e repito que não sou eu. Talvez suas orelhas tenham evoluído junto com os olhos, por isso fica escutando outra pessoa roncar — respondeu Bianca com seu tom brincalhão de sempre. Eliza podia imaginar a ruiva fazendo cara emburrada, mas sabia que Bianca não estava se divertindo como de costume.

— Isso não faz sentido. De acordo com todos aqueles filmes que você me forçou a ver, só dá pra melhorar os outros sentidos quando você perde um.

— Verdade — disse ela, as duas riram. Logo, pararam e o silêncio reinou. — Creio que tenha visto as notícias?

— Sim — disse Eliza, mas adicionou. — Eu sei que não é verdade! Seu pai nunca faria algo assim!

— Valeu. Não faz ideia do quanto me sinto melhor ouvindo isso. E não só por vir de você.

Eliza escutou um pequeno riso do outro lado. Então uma fungada. Ela esteve chorando, compreendeu com uma dor no coração. A garota abriu a boca, mas depois a fechou, mordendo os lábios. O que posso dizer? Tem algo que eu possa fazer por ela?

— Ei, Eliza, eu não tenho nenhuma habilidade sobrenatural, mas sei o que você está fazendo agora. Está no seu quarto, sentada na cama, mordendo os lábios e tentando pensar em algo pra me confortar. Acertei?

Eliza arregalou os olhos por um segundo e riu, passando a mão no rosto.

— Isso mesmo, acertou como sempre.

— Oba. Quantos pontos eu consegui?

— Hum… — Eliza fingiu pensar. — Já que não estou na cama, sete.

— Ei, como é que você está distribuindo esses pontos? Eu protesto. É minha pior nota no semestre — reclamou Bianca, aborrecida do jeito fofo que Eliza se acostumou a amar. — Então, pra pontos extras, direi que está pensando em gazear aula pra vir me ver.

— Você consegue adivinhar o que estou pensando. Tem certeza de que não tem qualquer poder? Se eu fosse chutar, diria que pode ler mentes.

— Meu segredo foi descoberto. Sim, é verdade que posso ler mentes. Mas só funciona com você — disse Bianca, tirando uma risada fraca de Eliza. — Não sei por que você está rindo. Que tipo de namorada eu seria se não pudesse ler o que está na sua mente?

— Uma normal?

Foi a vez de Bianca rir. Embora mais feliz do que as últimas, não era nem próximo de sua risada cheia de animação e felicidade.

— Eu pediria desculpas pelo fato de você não namorar uma garota normal. Mas, em minha defesa, você tinha ciência disso desde o começo — disse ela. Eliza podia imaginar Bianca sorrindo.

— Pois é, eu sabia. E estou feliz por isso. Duvido que gostaria de namorar qualquer outra garota. — Ambas riram de novo, mas pararam por um momento.

— Ei, Eliza. Obrigada por ligar. Eu realmente precisava ouvir a sua voz. Até uma garota estranha como eu fica feliz ouvindo a voz da namorada após a noite que tive.

Eliza engoliu em seco, mas precisava perguntar:

— Como estão as coisas? — perguntou, abaixando a voz.

— Ruins. Muito ruins. — O tom de Bianca deixava claro que era tudo que ela precisava dizer.

— Eu… — começou Eliza, mas perdeu a voz e pressionou os lábios. — Não posso fazer nada pra ajudar, mas quero ficar do seu lado — admitiu após um tempo, ficando vermelha junto.

— Não tem ideia do quanto isso me deixa feliz. Apenas imaginar você toda vermelhinha agora me faz sorrir — disse Bianca.

Eliza conseguia imaginar. Bianca deitada na cama com o sorriso gentil que tinha, os lábios que Eliza amava beijar mostrando parte dos dentes, seu cabelo vermelho solto… Quero vê-la, pensou a garota com uma dor no coração, segurando as lágrimas. Tudo que posso fazer é estar lá por ela, e até isso eu não consigo.

— Por mais que eu queria vê-la, não quero que se envolva nessa confusão. Minha casa está cercada de repórteres agora. Além do mais, não só estamos presos, como não quero que ninguém vá atrás de você… ou do seu pai.

— Bianca… — Eliza queria gritar e correr até a namorada. Ela pensa em mim até nessa situação… Mas eu quero estar aí com você! Só que ela sabia que se dissesse isso, seria difícil mudar a Ruiva de ideia. Eu tinha que me apaixonar por alguém tão teimosa, pensou, sorrindo, apesar de seus sentimentos. — Como assim, presos?

— Minha mãe está se reunindo com os advogados e contadores da família e do negócio dela pra provar que meu pai não se envolveu em nada. Mas, após isso, ficaremos em casa para evitar o máximo de exposição enquanto meu pai tenta ajeitar a situação — a Ruiva disse e soltou um grande suspiro. — É pior do que parece. Minha mãe consegue cuidar das coisas dela por uma semana, mas eu não suporto ficar tanto tempo longe de você.

— Uma semana? — As palavras escaparam antes que Eliza pudesse parar.

— Sim, eu sei. Muito tempo longe de você — disse Bianca. — Estou feliz que sinta o mesmo, já que só consigo pensar no seu toque em mim agora. Se olhar pro meu quarto nesse instante…

Eliza corou. Mesmo sem ver, sabia que Bianca tinha o sorriso malicioso nos lábios.

— Se consegue falar essas coisas embaraçosas, significa que tá melhor do que pensei.

— Depois de tudo que fez comigo, ainda consegue dizer que é embaraçoso? Pensei que havia mudado minha namorada santinha.

— E eu pensando que você tinha aprendido a ser discreta — reclamou Eliza, com as maçãs do rosto bem vermelhas.

Bianca riu.

— É apenas fingimento. Você não faz ideia do que quanto preciso te ver — disse a ruiva com o tom brincalhão.

Eliza sabia que ela não mentia e mordeu os lábios para se impedir de dizer que sentia o mesmo. Não vai ajudar em nada.

— Quando tudo isso acabar, vamos pra praia de novo.

— Boa ideia — disse Eliza.

— Falei praia, mas já sabe que isso é só pra te enganar. Quero mesmo é passar um dia todinho contigo no quarto. Ir dormir com seus braços em volta de mim, acordar ao seu lado, ver o topo da sua cabeça entre as minhas pernas…

Eliza ficou vermelha e riu.

— Parece ainda melhor — disse, sentindo outra pontada no coração. Parece até que a gente não vai se ver por muito tempo… — Depois disso, vamos contar pros meus pais sobre nós. Ficar às escondidas é legal e tal, mas quero contar sobre você pra eles. Duvido que vão ser tão compreensivos quanto os seus. Na verdade, acho que minha vai mãe vai ficar doida e partir pra religião. Mas, quem sabe com muita sorte, ela vai gostar mais de você do que da namorada do meu irmão.

— Ah, não diga isso. Não coloque mais pressão em mim. Tem alguma ideia do quão nervosa estou por causa disso? Já conheci seus pais, mas me introduzir como sua namorada… Preciso preparar meu coração.

— Nervosa? Você? Essa é nova pra mim — disse Eliza, sorrindo. Quando imaginou Bianca fazendo biquinho, seu sorriso aumentou. — Além do mais, isso é até bom. Eles vão ficar chocados o suficiente ao descobrir que a filha é lésbica. Não precisam aturar… como posso explicar, seu senso de humor único em força total.

— Você fala como se não amasse ele. — Bianca riu.

— É, amo sim — admitiu, sorrindo. — Mas você deu em cima de mim por tanto comigo que me acostumei. Mas se não for dosado, vai ser muito. Descobrir que a filha é lésbica e a namorada dela é a filha do chefe do pai vai ser o suficiente. Não precisam de um choque extra.

A risada da ruiva ainda ecoava nos ouvidos de Eliza após se despedirem. A garota pressionou seus lábios e apertou o celular. Vermelha… embora Bianca tenha brincado e tirado sarro dela para soar o mais normal possível, Eliza sabia que estava mais assustada do que deixava transparecer.

Eliza fechou os olhos e respirou devagar. Quero vê-la, quero vê-la, repetindo isso em seu coração, ela virou na direção da casa de Bianca e se focou. Levou mais tempo que o normal, mas seus poderes funcionaram.

— Isso — murmurou Eliza e quase perdeu a concentração, a parede transparente ficando sólida de novo. Merda! Sou retardada, pensou, se xingando. Com a imagem de Bianca em mente, ela se concentrou outra vez.

Quando as paredes, árvores e tudo mais desapareceu, Eliza usou toda sua força de vontade para manter a concentração. Porém, quando viu a casa de Bianca, ela estremeceu e quase fechou os olhos.

Fotógrafos e repórteres quase bloqueavam a casa. Pelo que Eliza conseguia ver, eles questionavam e tiravam fotos da casa junto a qualquer um que conseguisse passar pela parede humana. Até os carros tinham dificuldade para sair e entrar.

Até daquela distância, os constantes e incontáveis flashes machucavam os olhos de Eliza. Não é de se imaginar que ela não consiga sair de casa… e claro, não tem como eu entrar sem que tirem uma montanha de fotos, pensou. Ela estremeceu, mas se forçou a manter os olhos abertos enquanto dava a volta na casa. Cadê você, Vermelha?

Bianca estava em seu quarto, deitava na cama e passando a mão no rosto e cabelo. Havia um livro ao seu lado. Ela olhou para ele e o pegou, mas mal o abrira quando deixou de lado, passando ambas as mãos no rosto de novo. Ela sentou e olhou em volta. Tirou outro livro da estante, mas antes que o abrisse, deixou de lado também.

Eliza assistiu, sentindo uma dor no peito enquanto sua namorada dava voltas no quarto com os braços cruzados até que ela ergueu a cabeça e saiu correndo do quarto. Não há nada que eu possa fazer por ela agora, Eliza disse para si mesma, fechando os olhos, deixando sua visão voltar ao normal. Nada… Ela mordeu os lábios e esperou por muito tempo antes de pegar sua bolsa e sair do quarto.

— Cadê o pai? — Eliza perguntou para sua mãe quando ela voltou para a cozinha.

— Ele foi trabalhar mais cedo. Disse que vai reunir quem está do lado do chefe — respondeu sua mãe enquanto lavava os pratos. — Segundo ele, qualquer um que conhece o chefe, sabe que ele nunca aceitaria propina.

Eliza sorriu e se despediu de sua mãe, sentindo-se muito melhor. O pai e os outros podem ajudar o chefe.

Pela primeira vez em meses, os sussurros não seguiram Eliza para todo lugar que fosse. Mas aquilo não a deixava feliz. Do contrário, só sentia raiva do que ouvia. Ainda que a escola estivesse com menos de um quarto de seus alunos, todos só falavam de Bianca e do pai dela.

São só um bando de abutres, pensou Eliza, respirando pesado pelas narinas dilatadas, tentando controlar a raiva. Os últimos boatos são apenas carcaças pra vocês… Ninguém nem direcionou um olhar enquanto ela se sentava no lugar de sempre perto da janela, feliz que ninguém queria sentar ao seu lado. Que bom que não tem lugar marcado agora. A única coisa boa sobre minha reputação destruída é que ninguém quer sentar perto de mim se não for obrigado. Melhor pra mim. Não posso lidar com ninguém hoje. Acho que preciso agradecer esses boatos sobre minha pessoa.

— Viu o jornal? — falou alguém, mas Eliza não se deu o trabalho de erguer a cabeça para ver quem era.

— Sim, meus pais não paravam de falar disso — disse outra voz.

— Não posso dizer que tô surpresa. Não tinha como uma família ter tanta grana sem receber nada debaixo dos panos. — Uma terceira pessoa entrou na conversa.

— Sei. Aposto que todo aquele dinheiro pra a caridade foi apenas lavagem de dinheiro.

Eliza mordeu os lábios e fechou o punho com tanta força que a mão perdeu a cor. São só lixo, disse para si mesma, respirando com dificuldade. Gritar com eles só os deixariam felizes…

— Tava na hora. Minha mãe sempre disse que tinha algo suspeito sobre eles.

— Pois é, provavelmente lavam dinheiro naquela loja também. Eu sabia que tinha algo de errado. Lembram daqueles vestidos para as festas de quinze anos?

— Uhum, não tem como a loja fazer tanto dinheiro vendendo aqueles vestidos.

— Pelo menos a Bianca vai perder um pouco da arrogância. Eu estava ficando irritada com aquele jeito dela de andar como se fosse dona do pedaço.

— Isso mesmo. Mas aposto que quando voltar pras aulas, vai agir como se nada tivesse rolado.

— Vão todos à merda! — Eliza tentou ignorá-los. São só pessoas patéticas que precisam falar mal de alguém pra se sentirem melhor, pensou ela. No entanto, agora não conseguia aguentar mais. Não vou deixar falarem assim da Bianca! — Que merda que vocês sabem dela e da família dela? Vocês são só uns lixos que se sentem melhor falando mal dos outros! — Ela saiu da sala, que ficou em um silêncio gigantesco.

— Qual o problema dela? — Eliza ouviu assim que fechou a porta.

— Acho que ficou com raivinha porque estamos falando de outra pessoa pra variar.

— Mas é uma carente de atenção. As drogas não bastam?

— Disseram que ela tava andando com a Bianca bastante esses tempos.

— É, pode ser que a Eliza soubesse de algo e estivesse chantageando a Bianca.

— Talvez ela seja lésbica e gosta da Bianca.

— Ah, boa. Faz sentido.

— É por isso que ela tá seguindo a Bianca e ficou com raiva.

As risadas e conversa seguiram Eliza. Até quando entrou no banheiro, as vozes irritantes não saíram dos ouvidos da garota. Ela agarrou a pia com toda sua força. Sei que eles são lixo, mas como podem falar assim da Bianca? Semana passada, todo mundo admirava e invejava ela. Eliza jogou água no rosto e olhou para seu reflexo. Quero ver ela… Quero abraçar ela, pensou Eliza, enterrando o rosto nas mãos e deixando as lágrimas caírem.

— Ei. — Alguém chamou a garota. Ainda que a voz fosse baixa, ecoou por cima do choro de Eliza no banheiro.

Ela limpou o rosto antes de erguer a cabeça. A melhor amiga de Bianca, Raisa, estava se encostando contra a porta fechada.

— Ei…

— Escutei seu grito do corredor — disse Raisa, caminhando até Eliza de braços cruzados. — Todo mundo tá dizendo que você é lésbica e gosta da Bianca agora.

Eliza arregalou os olhos e suspirou.

— Pode ser a primeira vez que acertaram uma — disse, com uma risada rouca. — Mas isso só jogar gasolina no fogo… Sou uma idiota.

— Não liga. A Bianca nunca tentou esconder. Ela só não sai anunciando pra todo mundo porque “é um saco” — disse Raisa, lavando o rosto na pia ao lado de Eliza. — Mas ainda agradeço por defender aquela idiota. Eu também estava chegando no limite.

— Eu não aguentava mais eles falarem da Bianca assim! Não sabem de nada!

— Também. — Raisa se virou para Eliza e mostrou um sorriso torto. — Embora eu não seja muito melhor…

Acho que ela ainda se sente culpada por acreditar nos boatos sobre mim. Mas pra ela concordar comigo… Não que seja surpreendente, pensou Eliza, olhando para a garota que parecia tão brava quanto ela. Agora que notara a expressão exausta de Raisa e entendera que o motivo só podia ser a Ruiva. Ela pode não gostar de mim, mas é mais próxima da Bianca do que eu em alguns aspectos…

Algumas semanas após começarem a namorar, Bianca teve a brilhante ideia de introduzir Eliza para Raisa.

— Eu quero que minhas amigas gostem da minha namorada, sabe? — disse a Ruiva naquela vez, feliz e cutucando a garota ao mesmo tempo. Tudo porque Eliza evitara contar para Amanda do relacionamento delas.

Eliza estava ficando sem desculpas. É cedo demais. Acabamos de começar a namorar. Mal voltei a falar com a Amanda. É cedo demais pra soltar essa bomba nela. Tem um tempo certo pra contar pros seus amigos que você é gay? Mas, quando Bianca quis introduzi-la para Raisa, a garota não tinha nada a dizer.

Não fora um desastre tão grande quanto Eliza esperava, pois Raisa já sabia delas.

— Eu seria uma idiota se não notasse que você gostava dela, Bianca — disse Raisa. — O jeito que falava dela e como me deu vários bolo pra sair com ela. Mas quando trouxe ela pra festa, já tava óbvio pra mim.

Mas o problema começou quando Bianca as deixou sozinhas por um tempo.

— Serei honesta. Estou preocupada com Bianca. Acreditei quando ela disse que todos os boatos sobre você não eram verdadeiros. Não tem como ela me incomodar tanto se não tivesse certeza. Mas isso não me deixa menos preocupada. Nos conhecemos desde pequenas, e sei o quão idiota ela é quando se apaixona perdidamente por uma garota. Graças a isso, ela já se machucou antes. Se fizer isso com ela… — Raisa deixou a ameaça no ar.

— Você gosta dela. — Eliza falou em voz alta antes que notasse.

— Eu amo ela. É mais do que uma melhor amiga. É quase uma irmã — disse Raisa e então rolou os olhos. — Mas não estou apaixonada por ela, se é o que está falando.

— Falou com a Bianca hoje? — perguntou Raisa, finalmente quebrando o silêncio e trazendo a mente de Eliza de volta para o banheiro.

— Sim. Ela disse que vai ficar em casa até as coisas se acalmarem um pouco. — Mas vai levar quanto tempo?

— Foi o que temi. — Raisa estalou a língua e mordeu a unha. — Do que escutei da minha mãe, não acho que será tão fácil.

Eliza sabia que a mãe de Raisa era uma das maiores âncoras de jornal da área, apresentando as notícias das sete. A mãe dela com certeza sabe de algo. A garota sentiu o estômago apertar de novo. Bianca…

— Por mais que queria dizer o contrário, ela precisa da namorada mais do que precisa da melhor amiga — disse Raisa, antes de caminhar até a porta. — Por favor, ajude ela.

Elas conversaram menos de meia-hora atrás, mas tudo que Eliza queria agora era ouvir a voz de sua Ruiva de novo. Ela mordeu os lábios enquanto esperava, mas só conseguiu o som de chamada incompleta. Com a frustração crescendo, ela voltou para a sala, ignorando os olhares e sussurros que recebeu.

Eliza não prestou atenção a qualquer aula. Mal leu o que copiou do quadro, mal notando se os professores falaram algo importante. Tudo que fez foi conferir a hora no celular enquanto esperava pelo próximo intervalo entre aulas, para que pudesse tentar ligar de novo. Esta bosta tá funcionando? Eliza se perguntou quando conferiu a hora, mas não se passaram mais do que dois minutos. Para ter certeza, ela reiniciou o aparelho.

Embora ela só tivesse três matérias, todos pareceram levar o dia todo. Quando a escola finalmente terminou, Eliza não perdeu tempo. Correu para a casa de Bianca enquanto tentava ligar, mas, novamente, só recebeu o som da chamada não realizada.

Merda… ainda estão aqui. De longe, Eliza notou que não estava tão caótico quanto de manhã. Havia ainda muitos repórteres, mas menos da metade de antes. Eles não bloqueavam a entrada ou a garagem desta vez. A maioria só falava a ria entre si enquanto outros gravavam algo com a casa ao fundo.

Paparazzi, pensou Eliza, estalando a língua. Até com seus poderes sem funcionar como sempre, ela via muitas revistas de fofoca por perto. Com o trabalho da mãe, a caridade e o serviço do pai, acho que são celebridades… Mas eles não ligam pra verdade. Só querem mostrar a queda de alguém… Se descobrirem que estamos namorando, não vão me deixar em paz… Com uma procura rápida dentro da casa, a garota notou que Bianca não estava dentro e voltou para sua própria casa.

Eliza não se sentiu melhor em casa. Ela tentou comer, mas não tinha apetite e desistiu após algumas mordidas. Ela passou o resto da tarde no quarto, ligando pra Bianca de tempo em tempo sem sucesso. Depois de usar seus poderes para conferir se a Ruiva estava em casa, sua cabeça doía. Merda, pensou, esfregando os olhos. Vou deitar um pouco antes de tentar de novo…

Já era noite quando ela acordou. Que horas… ela esfregou os olhos, confusa, e alcançou o celular. Mas, não importa que botões apertasse, a tela continuava preta. Merda… bateria de merda, reclamou enquanto procurava o carregador.

Ignorando a ardência nos olhos, Eliza olhou para a parede e usou seus poderes sem expectativa. Quando viu Bianca deitada na cama, a garota pulou em pé com um sorriso no rosto. Vermelha! Suas mãos foram até o celular tão rápido que quase o derrubou.

— Vai porra, liga! — murmurou, pressionando o botão com toda força.

— Finalmente — falou Bianca antes que Eliza pudesse dizer qualquer coisa. — Como acha que me senti depois de você me ligar o dia todo, mas não me atendeu quando eu liguei de volta?

— Foi mal — disse Eliza, mas não conseguia parar de sorrir ao escutar aquela voz após um dia inteiro. — Onde você tava, falando nisso?

— Conversando com meu contador.

— Você tem um contador? Desde quando?

— Desde hoje — disse Bianca e Eliza mordeu os lábios. Até sem ver, sabia que a ruiva estava irada. — Estão me investigando também. Todos os meus investimentos e apostas. Aparentemente, é estranho uma garota tão jovem e bela tem algum dinheiro próprio.

— Eu não chamaria aquilo tudo de algum dinheiro. — Eliza tentou melhorar o clima. —Mas já que é tudo legítimo, não deve ter problema.

— Espero que sim. — A voz de Bianca estava tão cansada e preocupada. — Ei, Eliza… pode me fazer… um favor?

— Sempre — disse Eliza, ansiosa. Nunca a vi assim…

— Pode vir aqui… agora mesmo?

Menos de dez minutos depois, Eliza ia para a casa de Bianca. Eles não cansam? O dia todo assim, pensou a garota enquanto passava pelos jornalistas do outro lado da rua. Embora fosse uma quantidade consideravelmente menor que a tarde, ainda não deixariam de notar uma garota entrando na casa.

Mas Eliza não tentou a entrada. Em vez disso, caminhou até a casa seguinte e cruzou a rua para o vizinho. Era uma casa impressionante, com três andares e um jardim da frente incrível, mas parecia pequena e humilde comparada a mansão de Bianca.

Com um uso rápido de seus poderes, Eliza confirmou que não tinha ninguém dentro. Ainda bem que estão realmente de férias, pensou, olhando aos lados para conferir se ninguém prestava atenção nela. Engolindo em seco, Eliza empurrou o portão e entrou rapidamente. Quando nada aconteceu, ela suspirou, aliviada. O alarme está só na casa. Não tem nada no portão da frente, Bianca dissera. Não vou perguntar como você sabe disso, Vermelha.

Eliza deu a volta até o jardim de trás e encontrou o que queria. Com uma expressão vazia, ela caminhou até a única árvore, tão alta que a garota precisou olhar pra cima para ver o topo. Logo levou o telefone até a orelha.

— Tá falando sério? Isso tudo é só altinho pra você?

— Sim — disse Bianca, sem esconder a felicidade na voz. — Não tem problemas. Já fiz isso mais vezes do que posso lembrar. Não tem nada a temer.

— Posso perguntar por que estava usando a árvore dos vizinhos para invadir a própria casa?

Bianca permaneceu em silêncio por alguns segundos.

— Tenho o direito de permanecer em silêncio — disse, mas Eliza escutou-a contendo o riso. — Não deveria fazer perguntas sobre os assuntos particulares de uma garota.

Ela imaginou o rosto sorridente da namorada naquele instante e isso a deixou tanto irritante e aliviada. Que bom que ela está feliz, mas eu queria que não fosse algo assim, pensou, olhando para a árvore de novo.

— É… tão alta…

— Espera um pouco… você tem medo de altura? — De repente, Bianca parecia excitada.

Eliza abriu a boca, mas desistiu no meio do caminho, suspirando. Sou fraca demais contra esse lado dela, reclamou mentalmente, mas com um sorriso se forçando em seus lábios.

— E eu aqui pensando que nosso relacionamento se desenrolaria sem você descobrir.

Bianca riu do outro lado, e foi sua risada normal e animada que fez Eliza sorrir de verdade.

— Mas eu quero saber tudo sobre você — disse, com a voz provocativa. — Rápido. Estou esperando.

Eliza guardou o telefone no bolso e focou sua visão para além da árvore. Bianca estava em seu quarto, usando um baby doll preto e transparente. A garota corou e arregalou os olhos, mas fez seu melhor para não piscar e tirou o telefone de novo.

— Quando você comprou isso?

— Então você finalmente olhou. O que acha? — Bianca sorriu, virou-se na direção da janela, onde a árvore estava e rodopiou. — Me troquei no instante em que você desligou. Eu queria te surpreender, mas você não teve reação quando ligou de novo, por isso eu sabia que você não viu. Aposto que está toda corada agora.

Eliza pressionou os lábios para impedir seu sorriso de aumentar. Ela não conseguia conter o vermelho que tomou conta do rosto enquanto olhava para Bianca.

— Eu… ah… — Ela perdeu a habilidade de falar sob aquela visão.

— Vem logo — disse Bianca com o sorriso tentador que Eliza mal conseguia resistir.

Com certo esforço, Eliza tirou os olhos de Bianca e focou-se na árvore. Respirando fundo, ela começou a escalar. Apenas não olhe pra baixo… não olhe pra baixo, repetia para si mesma. Suas costas suaram mais do que acreditava ser possível. Mas finalmente chegou ao topo.

A garota encarou o espaço entre o maior galho e a janela. Ela disse que era só um pulinho. Como diabos ela considera isso um pulinho? Se eu cair, vou ter sorte se só quebrar uma perna! Eliza se forçou a parar de olhar para baixo e focou-se na janela. Ela estava prestes a usar seus poderes para ver através da cortina quando Bianca a abriu.

A ruiva olhou entre o chão e sua namorada, então mostrou o belo sorriso que Eliza amava.

— Vamos. Só um pulinho. Fiz incontáveis vezes — disse, abrindo os braços.

Com coragem renovada pelo sorriso, Eliza olhou para baixo mais uma vez, respirou fundo e pulou. Ela aterrissou dentro do quarto. Bianca a pegou de braços abertos, elas caíram e rolaram no chão juntas.

— Nunca pensei que você realmente faria isso! — disse Bianca, entre risos, abraçando a garota com força e enterrando sua cabeça nos peitos de Eliza. — Já que é uma covarde e tudo mais. Acho que realmente me ama.

— Só por… ser você… eu nunca… faria… isso… por outra pessoa… — Eliza ainda tinha dificuldade de respirar, seu coração batendo alucinadamente. Ela envolveu seu braços em volta de Bianca e beijou o topo de sua cabeça. — Apenas não me peça isso de novo. Não tenho certeza se meu coração ou minhas pernas aguentam.

— Não! — Os braços de Bianca puseram mais força em volta de Eliza. — Não vou prometer. Vou pedir para você pular muitas vezes por um tempo.

— Bianca… — Eliza acariciou a cabeça dela com uma mão. Não importa quanta maquiagem usasse, Bianca não podia esconder o vermelho dos olhos. Ela já chorou o bastante por um dia.

A única coisa que queria era congelar o tempo no abraço uma da outra. Eliza não tinha ideia de quanto tempo ficaram assim, mas, de repente, Bianca ergueu a cabeça e a beijou.

— Espera, Bianca — disse Eliza quando a namorada desfez os lábios juntos. — Não quer conversar?

— Eu passei a porra do dia todo conversando. Preciso disso. Preciso de você — disse, tirando a blusa da namorada e desfez seu sutiã enquanto a beijava.

— Espera… — Eliza tentou falar, mas então compreendeu a verdade das palavras de Bianca. Ela precisa esquecer dos problemas agora. E posso fazer isso, ainda que por pouco tempo.

Para a surpresa de Bianca, Eliza a beijou de volta enquanto colocava uma mão atrás dela, trocando de posição. Agora era a ruiva quem estava por baixo. Com um movimento rápido, Eliza despiu a namorada e beijou seus seios. Enquanto beijava, mordiscava e chupava um mamilo e apertava o outro, eles enrijeceram.

Ela escutou Bianca arfar e então a mão da ruiva agarrou as costas de Eliza, os dedos se enterrando em sua pele. Porra, Vermelha. Graças a Deus que você mal tem unhas, pensou Eliza, mas não parou, sua mão livre desfazendo o laço da calcinha de Bianca e deslizando entre aquelas pernas.

Bianca já estava molhada quanto Eliza colocou um dedo. Ainda beijando os seios, Eliza moveu-o gentilmente. A respiração da ruiva ficou rápida e fraca e ela colocou o segundo dedo dentro.

Ela está começando a ficar descontrolada, notou Eliza enquanto a mão de Bianca perdia força. Eliza moveu-se para a barriga da ruiva, sua mão ainda dentro da namorada. Ela brincou com o umbigo antes de descer para entre as pernas.

Todo o corpo da garota tremeu de prazer quando Eliza usou a língua. Bianca gemeu e então mordeu os lábios. Pode tentar o quanto quiser, Vermelha, mas vou escutar essa sua vozinha excitada, como sempre.

Toda vez que Eliza movia a língua, as reações de Bianca eram instantâneas, não importava o quanto tentasse esconder. É inútil, Vermelha. Já conheço todos os seus pontos fracos, pensou Eliza, movendo a língua dentro da namorada da forma que sabia que a ruiva não conseguia resistir.

Eliza também ficou molhada. Não, pensou. Ela estava prestes a passar a mão entre as próprias pernas quando parou. Preciso focar nela agora.

Bianca tentou ao máximo aguentar e prolongar o prazer. Mas Eliza notou que ela alcançava o limite e mal podia segurar mais. Seus gemidos eram mais audíveis, suas arfadas mais rápidas e superficiais. Seu corpo estava quente e brilhante com suor. Bianca colocou uma mão na nuca de Eliza e fechou as pernas em volta da garota.

Ela sorriu em sua cabeça. Nunca se cansava de fazer a ruiva tremer e perder a cabeça.

Com um gemido alto, Bianca atingiu prazer e soltou a cabeça de Eliza.

Enquanto Eliza engolia, ela olhou para cima para ver Bianca com uma expressão vazia enquanto arfava.

— Isso foi… foi… — Ela tentou achar as palavras certas, mas tinha dificuldade só para respirar. Ainda assim, não podia parar de sorrir. — O que eu… precisava — conseguiu dizer. Com a força restante, ela puxou Eliza para perto a beijou.

— Estou feliz em poder fazer algo por você — disse Eliza quando pararam de beijar. Bianca a abraçou e ela acariciou a cabeça da ruiva.

— Idiota — sussurrou Bianca, abraçando mais forte. — Você sabe que só estar aqui basta.

Eliza beijou o topo de sua cabeça gentilmente.

— Como vão as coisas? — perguntou em voz baixa.

A respiração de Bianca não voltara ao normal, mas ela continuou parada. O silêncio se prolongou, mas Eliza não pressionou o assunto. Ela sabia que não precisava pressionar.

— Ruins — disse Bianca, por fim. — Tem um bocado de evidência aparecendo do nada e estão ligando tudo ao meu pai.

— Quem você acha que está por trás disso? — Eliza sentiu o estômago apertar.

— Provavelmente o prefeito. Meu pai diz que estava investigando ele desde que era secretário do prefeito anterior. Mas desde que foi eleito, ele está tentando acabar com as investigações. — Bianca soltou um pouco de sua raiva. Então chorou. — E o pior é que toda a evidência que meu pai conseguiu até agora foi questionada pelos advogados e tudo ficou uma bagunça.

Eliza não tinha ideia do que dizer. Não tem nada que eu possa dizer, sabia, portanto simplesmente continuou abraçada na namorada.

— Vai ficar tudo bem — disse, ainda que não soubesse de nada.

— Mentirosa — disse Bianca, fungando. — Mas vou perdoá-la se vier de novo.

— Você vai ficar presa aqui?

— Minha mãe não me proibiu, mas disse que era melhor ficar em casa e evitar a imprensa. Você viu o circo lá fora. — Bianca soltou um suspiro frustrado. — Nunca liguei, mas se forem atrás de você…

Eliza engoliu em seco. Mesmo agora, ela pensa em mim…

— Por quanto tempo?

— Não sei. Talvez duas, três semanas até. Ao menos até a poeira baixar.

— É… muito tempo… — Eliza conseguiu mudar sua frase no meio do caminho. É demais pra mim, quis dizer. Mas não fará qualquer bem dizer em voz alta. — Você vai perder o começo do segundo semestre.

— Como se eu ligasse. É muito tempo. Mas sem sair? Não. Sem você? Tempo demais pra suportar — disse Bianca em voz baixa. — É por isso que vou perdoá-la se vier de novo.

A lembrança da árvore apareceu na mente de Eliza enquanto ela tremia. Mas a ideia de não ver Bianca, de não tocá-la, não sentir seu calor, a maciez de seus lábios e de sua pele, a firmeza de seus seios, sem escutar a voz ou ver aquele sorriso de perto, não só ficar sem passar tempo com ela, mas tudo fez a imagem da árvore sumir da mente da garota.

— Certo… Eu… pulo — disse, finalmente, embora quisesse falar sem a voz hesitar ou com um sorriso tão fraco.

— Wah, isso me dá confiança zero — brincou Bianca e sorriu.

— Estou finalmente vendo seu sorriso de perto depois de tanto tempo — disse Eliza, limpando a única lágrima no canto do olho da namorada com o dedão. — Eu não fazia ideia que sentia tanta falta dele.

— Então é melhor vir todo dia!

— Por você, posso pular aquela distância imensa — disse Eliza e então beijou Bianca. A garota beijou-a de volta.

— É só um pulinho — ela disse.

— Pra um atleta olímpico, talvez — Eliza respondeu e ambas riram.

Quando tudo ficou quieto, Bianca olhou para ela.

— Pode ficar comigo esta noite?

— Não precisa nem pedir.


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Notas finais do capítulo

Minhas aulas voltam amanhã, então dificilmente terei tempo para escrever o cap para o mês que vem. Vou tentar me organizar logo. mas acho melhor esperarem o próximo cap para outubro



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