Meus Olhos Enxergam escrita por phmmoura


Capítulo 7
Capítulo 7




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— Que tal? — disse Bianca, girando de braços abertos com um grande sorriso no rosto.

— Espera… Não pergunte… nada pra mim agora… ou vai ver… meu café da manhã… — Eliza tentou se levantar, mas suas pernas dormentes não deixaram. Desistindo, ela ficou no chão e se concentrou em manter os conteúdos do estômago do lado de dentro. — Tem certeza de que não comprou sua carteira? — disse para Bianca, encarando-a.

— Você já perguntou isso! — A garota amuou-se, mas tinha um sorriso quando pegou a carteira e mostrou sua carteira provisória de motorista com orgulho. — Posso ter mexido alguns pauzinhos, mas passei na prova! Olha aqui minha carteira!

Ainda no chão, Eliza olhou para a ruiva sorridente, seu coração ainda pulsando loucamente da corrida. Ela gostava daquele sorriso, mas, agora, ele a irritava. Sem avisar, ela agarrou a carteira, a virou algumas vezes e então colocou contra o sol.

— É de verdade… mas depois de ver você dirigindo, me faz pensar se realmente passou na prova ou simplesmente não mexeu alguns pauzinhos de novo.

— Pode parar! Assim até parece que eu dirijo como uma maníaca descontrolada. Não deu nem um pouco desse medo todo — reclamou Bianca, mas sem olhar nos olhos de Eliza.

— Não deu esse medo todo? — Ela repetiu as palavras lentamente. A vontade de gritar suas frustrações deu forças à garota. — Você não apenas dirigiu como se fosse tirar a mãe da forca, mas também ficou costurando entre os carros como se fosse uma moto! A pior parte foi quando tentou ultrapassar aquele caminhão. Pensei que meu coração ia parar!

Bianca assistiu com uma expressão vazia. Então, enquanto Eliza recuperava o fôlego, a ruiva sorriu e balançou a mão para dispensar as reclamações.

— Chegamos aqui sãs e salvas, e ainda há tempo de aproveitar o resto do dia. Melhor me agradecer e não se preocupar com os detalhes.

— Minha vida não é detalhes — murmurou Eliza.

— Sendo assim, na próxima você dirige.

— Eu já disse que não tenho dinheiro pra isso.

— Verdade… Esqueci que gastou o que sobrou do seu dinheiro naquilo — disse Bianca, olhando o porta-malas do carro. —Até me fez parar pra comprar… e foi por termos perdido tempo nisso que precisei pisar no acelerador daquele jeito.

— Não me culpe. E não vou repetir essa discussão. Precisamos de fogos de artifício pro São João.

— Não posso acreditar que você gosta tanto assim desse feriado. —Bianca negou com a cabeça, mas não fez esforço para esconder seu sorriso. — Mais importante, que tal?

— Ei, eu não terminei de reclamar… — Eliza perdeu as palavras quando viu o que Bianca queria mostrar. — Deu a peste… É enorme… Você me disse que era grande, mas isso tá mais pra uma mansão de praia. Eu sabia que sua família tinha grana, mas isso é absurdo.

— Era essa a reação que eu queria! — A ruiva mostrou um grande sorriso enquanto oferecia uma mão para Eliza. A garota aceitou, mas até mesmo depois de se levantar, não soltou a mão de Bianca. — E, falando nisso, é do meu avô. É ele que tem o dinheiro na família.

— Nossa definição de dinheiro é diferente. — Eliza olhou em volta, admirando a casa. — Meu avô também tem uma casa de praia. Provavelmente é um quarto dessa daqui, mas era divertido ir nas férias de verão lá com todos os meus primos.

— Parece legal… passar o verão com você. — Bianca murmurou a última parte com o sorriso malicioso nos lábios.

— Mais ou menos. — Eliza não comentou a última parte, mas enquanto se lembrava de sua infância, um sorriso se forçou nela. — Era divertido brincar com todo mundo na praia e na piscina. Mas tenta dormir com 10 crianças em um quartinho. Eu costumava acordar com um pé no meu nariz. E quando o primeiro acordava, o resto também, já que precisava pisar na gente pra sair do quarto. Era um inferno quando o ar condicionado quebrava. — Eliza balançou a cabeça para impedir as memórias. Bianca, por outro lado, riu. — Nós brincávamos da manhã até o por do sol e só voltávamos pra casa pra comer.

— Ah, que inveja. Não tive essa infância.

— Não vai conseguir me fazer ter pena da garotinha rica que não foi cutucada pelos primos quando esqueceu de passar protetor.

— Quando se esqueceu? Do jeito que diz, parece que era com frequência — Bianca ergueu as sobrancelhas. Quando Eliza desviou o olhar sem responder, a ruiva riu, abraçou e beijou a garota na bochecha. — Eu nunca faria isso com você. Mas gostaria de cutucá-la em outro lugar.

— Tá. Eu também ia te cutucar — disse Eliza, sem reagir à provocação de Bianca. Mas, sob aquela expressão desinteressada, ela teve problema em conter o sorriso. Então compreendeu que a casa estava vazia. — Ei, quando sua família vai vir?

— Hã? Minha família? — Bianca olhou para ela com uma expressão confusa. — Por que eles viriam?

— Você não me convidou pra passar o feriado com sua família na mansão de praia?

—Não, convidei você pra vir comigo pra a casa da praia da minha família. Nunca disse nada quanto a eles. Seremos só nós duas o feriadão todo. — A expressão de Bianca mudou para o sorriso malicioso.

— Você me enganou! — Só nós duas o feriadão todo? Não acho que vou conseguir me conter, Eliza estava ciente disso e, enquanto corava, o sorriso de Bianca só crescia. Ela sabia que eu ia reagir assim! — Se eu soubesse que você estava planejando algo assim, teria te convidado pra ir pra Caruaru com minha família — ela disse para tirar a atenção de si. Além do mais, eu queria ver ela de maria-chiquinhas e vestido de flanela… e dançar com ela, pensou Eliza, mas nunca disse.

— Tão feliz quanto ficaria de você finalmente me apresentar para o resto da sua família, eu prefiro celebrar passando o feriadão a sós com você. — Bianca mostrou seu sorriso cheio de sentidos ocultos.

— Celebrar o quê?

— Você perdeu quase um mês de aula e ainda conseguiu escapar da recuperação em quase tudo. Até seus pais ficaram animados com suas notas. — Bianca mostrou um sorriso genuíno.

— Foi tudo graças a você — murmurou ela, desviando os olhos. É raro que ela não fique orgulhosa de si mesma, pensou Eliza. Especialmente quando realmente merece os elogios.

— Embora seja porque você se esforçou, eu estou tão feliz por ter reconhecido minha ajuda. — Bianca sorriu e a abraçou de novo.

— Ei, que tipo de amiga você acha que eu sou?

— Uma densa que ignora meus flertes. — Bianca reclamou e amuou-se. Enquanto Eliza fazia cafuné na sua cabeça, a ruiva sorriu. No segundo seguinte, ela puxou Eliza pela mão. — Vem. Sei que não precisa, mas olha pra essa vista. Até eu acho que você vai se surpreender.

Eliza deixou Bianca arrastá-la pela casa, um sorriso genuíno por ver a sempre-implicante-ruiva agir como uma criança no Natal. Elas deixaram as malas na sala de estar e Bianca as levou para a porta dupla nos fundos. Ela segurou a maçaneta e se virou.

— Pronta? — perguntou, quase como se pressentisse um show. Então ela abriu. A casa estava bem perto da praia e não havia nada entre ela e o mar. — Veja!

— Caramba… isso é… wow… É a primeira vez que vejo o mar assim. — A garota não precisa de seus poderes para ver as águas azuis se estendendo até onde seus olhos iam. Ela não parava de sorrir enquanto corria para o corrimão, tentando olhar tudo. Com sua curiosidade no ápice, Eliza focou seus olhos. Antes que notasse, ela agarrava o braço de Bianca e apontava para o meio do mar. — É incrível! Tem um cardume de peixes coloridos nadando em volta de um tubarão poucos quilômetros daqui. Hahaha. É como se o tubarão sofresse bully dos peixes! Cacete! Tem um peixe empurrando areia na casa do outro! Nossa, tem uma água-viva gigante! Tipo, cinco metros! Não sabia que o mar era tão incrível. Queria que você pudesse ver.

— Estou feliz por você. — Bianca descansou a cabeça no ombro de Eliza. — É a primeira vez que a vejo assim — sussurrou.

Eliza piscou e seus olhos voltaram ao normal. Ela abriu a boca, corou um pouco e sorriu.

— Valeu por me trazer aqui. Faz meses desde que estive em paz comigo mesma assim. Na verdade… Acho que nunca me senti assim… até encontrar você — murmurou ela e olhou para longe.  — E sim, foi tudo graças a você. Pode se elogiar hoje. Vai em frente.

— Não preciso. Estar ao seu lado é o bastante. — Bianca sorriu e olhou nos olhos de Eliza.

Droga… Como ela consegue ir de gostosa pra fofa assim? Meu coração não vai aguentar após hoje!

— Vamos. Seria uma pena não aproveitar as águas.

— E-É… C-Concordo — disse Eliza, feliz que Bianca mudou de assunto; o coração já acelerado.

A garota pegou a bolsa e foi atrás de Bianca. A ruiva a levou para um dos quartos no térreo, mas quando abriu a porta, Eliza hesitou para entrar.

— Ei, Bianca? — perguntou e a garota virou-se para ela enquanto colocava as malas no canto. — Quantos quartos esta casa tem?

— Acho que oito ou mais. Por quê? — A ruiva tinha uma expressão confusa no rosto.

Ela tá falando sério? Eliza deu tudo de si para sua voz não falhar:

— Tipo, dos oito quartos, nós duas vamos dormir aqui?

— Sim. É o meu quarto. Por quê?

— Deixa pra lá — disse Eliza na voz mais normal que pôde, esperando que Bianca não notasse. Mas, enquanto a ruiva olhava em volta, seu solhos pararam na única cama tamanho casal e um sorriso malicioso apareceu nos lábios. Ah, porra… ela notou…

— Não precisa se preocupar. Eu não chuto enquanto durmo. Mas posso beijar — disse, olhando Eliza nos olhos. — Está com medo do que eu faça com você?

— Eu confio em você. — Mais pra eu não acho que vou conseguir me controlar, pensou ela, finalmente entrando no quarto. Além do mais, você é covarde demais pra tentar qualquer coisa. Na verdade, esqueça isso. Apesar de flertar horrores, é gentil demais pra fazer algo que me dê medo.

Eliza tinha um sorriso gentil enquanto colocava as malas em cima da cômoda e abria-a, olhando as roupas. Quando finalmente achou a roupa de praia, parou e virou-se quando algo capturou sua atenção no canto dos olhos.

Bianca estava pelada enquanto procurava pela bolsa.

— Ah, achei — disse, tirando seu biquíni. Quando notou os olhos de Eliza em si, sorriu e parou de se vestir. — Por algum caso, você está me olhando?

— Por que você tá se trocando no meio do quarto? Tem um banheiro bem ali! — Eliza ficou vermelha e gritou a primeira coisa que veio a mente.

— Qual o problema? Somos ambas garotas, não precisa ficar tão nervosa. — O sorriso de Bianca se arregalou e ela se aproximou de Eliza, seus peitos quase encostando na garota. — Ou isso faz seu coração palpitar?

Faz sim! E estou nervosa porque sei o que você quer fazer comigo, pensou, tirando sua roupa de praia e indo pro banheiro enquanto ouvia a risada de Bianca. Graças a Deus sou eu que tenho um poder. Se ela tivesse o poder de ler mentes…

Eliza balançou a cabeça e tentou tirar a imagem do belo corpo de Bianca de sua mente enquanto se vestia. Com os olhos fixados na porta, ela ativou seus poderes e viu a ruiva organizar e colocar sua mala perto da de Eliza.

Eu gosto de você também, Bianca. Não tem ideia do quanto. Mas duas pessoas namorarem é complicado. Queria permanecer como amiga por mais um tempo, pensou, colocando seu biquíni. Não tem ideia de quantas primeiras vezes eu quero ter com você… mas eu realmente gosto da nossa amizade como está agora. Queria ter a coragem de agradecer você por entrar na minha vida. Nunca pensei que apreciaria o mar assim uns meses atrás se não fosse por você. Estou aqui agora por sua causa…

— Terminou de se trocar? — perguntou Bianca. — Bora, temos que aproveitar o mar enquanto tem sol.

Eliza abriu a porta para ver uma Bianca sorridente oferecendo uma mão enquanto segurava o protetor solar na outra. A garota não teve como evitar ficar vermelha e sorrir pela visão, e quando aceitou a mão, foi o suficiente para fazer seu coração bater com  mais força. Ah… eu não só gosto dela… estou apaixonada por ela, notou.

As águas azuis e a areia branca iam até onde a visão normal de Eliza podia ver. A areia molhada preenchia o espaço entre seus dedos e faziam cócegas, além de frio e agradável. O ar salgado encheu suas narinas e trouxe de volta memórias velhas junto a um sorriso. Ela sabia que era bobo, mas sua criança interior era mais forte. A garota pegou um pouco de areia molhada, fez uma bola e jogou o mais forte que podia no oceano com toda sua força.

— Isso! — Eliza virou para uma Bianca surpresa e muda, mostrando um sorriso todo orgulhoso. — Ainda mando ver.

— Pra que foi aquilo? — perguntou Bianca, sua surpresa virando uma risada.

— Alguns anos atrás, aquela bola de areia provavelmente seria jogada em você, sabia? — Aquilo não satisfazia a confusão da ruiva, o que só fez o sorriso de Eliza aumentar. — Meus primos e eu costumávamos resolver as coisas assim. Sem me gabar, mas…

— Já se gabando — murmurou Bianca sob o fôlego.

— …Eu tinha uma ótima mira. Minhas bolinhas sempre acertavam no que eu queria. — Eliza continuou como se não fosse interrompida. — Não tem ideia do quão gratificante é acertar alguém bem no rosto com uma bola de areia.

— Eu sabia que você tinha essa aura descolada e destacada falsa, mas pensar que era uma menina tão moleque…

— Não quero ouvir isso de você. Não de você, Bianca, a garota que luta em becos escuros.

— Nah, eu amo descobrir novos lados seus. — O sorriso genuíno de Bianca pegou Eliza desprevenida. — Vou me apaixonar ainda mais por você.

— É… bem, minha mãe odiava esse meu lado — continuou Eliza, tentando esconder suas maçãs do rosto vermelhas. — Ela ficou tão irada quando quebrei o dente do meu primo durante uma briga de areia.

— E eu aqui pensando que era quem gostava de brigas nesse relacionamento.

— Não foi culpa minha. O dente dele já tava solto…soltando… Só digamos que dei uma ajudinha. Minha mãe ficou tão brava e não acreditou no meu ótimo motivo.

— Por que não?

— Aquele primo era quem costumava me cutucar quando eu ficava com queimadura.

— Que medo. Não quero irritá-la assim — disse Bianca, abraçando-se e fingindo ter medo.

— Escutar isso de você parece tão falso — disse Eliza, rindo. — Mas, se conhecer meu primo, vai querer tacar uma bola de areia nele também.

— Se eu algum dia conhecer seu primo, vou estapear ele por tudo que fez com você. Na realidade, estou surpresa que não tenha batido nele em retribuição.

— Eu bati. — As memórias vieram junto a um sorriso. — Ah vei, faz vidas que a gente não se junta assim… Acho que a última vez foi quando nos reunimos pra celebrar o aniversário do vovô… mas isso foi antes da reabilitação… Acho que vai ser mais complicado pra todo mundo se reunir depois disso… — A felicidade a deixou aos poucos, seu sorriso desapareceu enquanto ela abaixava os olhos.

— Ei, pode parar. — Bianca colocou as duas mãos na cabeça de Eliza e forçou a garota a olhá-la nos olhos. — O que está feito, está feito. Não pode ficar presa sobre o que não é possível mudar. Tudo que é capaz de fazer é aprender com seus erros e tentar seu melhor para arrumá-los. Como o que você já está fazendo. — Então ela envolveu Eliza em seus braços e apertou.

— Você é boa demais pra mim. Sempre… bem, quase sempre sabe a coisa certa a dizer. — A garota abraçou Bianca de volta. — Como agradecimento por me ajudar com a Amanda, vou deixar você se gabar. Manda ver.

— Bom. Eu aprecio o gesto, mas não posso levar todo o crédito. Você também teve parte — disse a ruiva, sua voz inflada de orgulho falso e sarcasmo. — Digo, foi graças ao meu empurrãozinho.

— Literalmente — murmurou ela e ambas riram. Vou deixar ela ficar no salto alto hoje. É graças a essa daí que consigo falar com a Amanda de novo, afinal, pensou Eliza.

Após a semana de provas finalmente acabar, Bianca e Eliza voltaram a sair juntas como sempre. Mas, um dia, após as aulas acabarem, a ruiva notou que havia algo incomodando Eliza. Para sua própria surpresa, ela não hesitou em contar para Bianca que tentava pensar em uma forma de se desculpar com Amanda.

— Mas não dá pra eu chamar ela e dizer que sinto muito do nada, né? Tipo, não posso só pedir desculpas por tudo que fiz… posso?

De início, Eliza acreditou que contou para Bianca mais como uma forma de descontar sua frustração do que esperando qualquer ajuda. Porém, descobriu-se aguardando pela opinião da ruiva. Estou começando a depender mais dela do que jamais a direi…

— Quê? Isso é tudo? E eu aqui pensando que era algo sobre mim. — Bianca parecia decepcionada por um instante, mas, no segundo seguinte, mostrou um sorriso gentil a Eliza. — Não precisa fazer nada grande. Vocês não podem voltar a ser amigas como eram de imediato, então não pense muito ou coloque pressão demais. O que precisa agora é um gesto humilde. Um simples “desculpe” — disse a ruiva, estranhamente séria.

— Você fala como se fosse fácil fazer isso — murmurou Eliza e desviou o olhar. Ela tem razão, a garota sabia, mas recusava-se a admitir. Eu tenho coragem pra dizer isso à Amanda?

— É fácil. Tudo que precisa é abrir sua boca e dizer as palavras. Ah, e um pouco de coragem, o que, pelo visto, está faltando. — Eliza engoliu em seco e cerrou os olhos com essas palavras. — Eu faria uma piadinha com essa reação, mas vou deixar pra depois. Como disse, você está colocando muitas expectativas. Se desculpar é apenas o primeiro passo pra reparar a amizade.

— Você… tá certa. — Eliza forçou-se a admitir, virando a cabeça para longe da garota, evitando contato visual. — Mas mesmo assim…

— Você está com medo de dar o próximo passo… Como sempre… — Bianca suspirou exageradamente, cutucando Eliza. Quando a garota olhou de volta, a ruiva estava olhando para além dela com um sorriso malicioso. — Já que não vai me ouvir, vou te mostrar — disse e empurrou Eliza no instante seguinte.

A garota perdeu o equilíbrio e tentou agarrar o braço de Bianca, mas a ruiva foi rápida demais e deu um passo para trás. Eliza caiu e bateu em alguém. Depois de se desculpar com quem quer que fosse, ela olhou e viu que era Amanda. Sob aquele silêncio desconfortável, ela ajudou sua amiga de infância, pegando seus livros. Elas se olharam e então Eliza reuniu toda coragem que tinha para desculpar-se pelo que fez antes de correr até Bianca. Apesar de se esconder no banheiro, ela não teve problema para encontrar a ruiva com seus poderes.

Depois daquilo, Eliza descobriu que foi mais fácil pegar o telefone e ligar para pedir desculpas à Amanda de novo.

— Nós voltamos a falar uma com a outra, graças a você. Não é como se nossa amizade tivesse voltado ao que era, mas ainda assim…

— Oba. — O rosto de Bianca se alegrou com um sorriso enquanto pulava para abraçar Eliza. — Agora você me ama, certo?

— Ahãm, amo sim — disse, acariciando a ruiva na cabeça.

— Sabe que não é essa a recompensa que quero — reclamou Bianca, mas ainda parecia feliz.

— Tá bem. — Com um sorriso malicioso próprio, uma Eliza vermelha inclinou-se e beijou Bianca na bochecha. A ruiva arregalou os olhos, levou a mão para a bochecha e olhou para Eliza, quase ficando tão vermelha quando seu cabelo. —Melhor?

Bianca pressionou os lábios para conter seu sorriso. Sua expressão é fofa demais, pensou Eliza. A ruiva olhava com uma mistura de felicidade e surpresa, mas fazia o melhor para esconder.

— Pare de me provocar — disse, empurrando Eliza para água.

Eliza riu e olhou para Bianca, que ainda estava vermelha. Mas, no instante seguinte, a risada dela virou surpresa; até debaixo d’água, ela podia ver perfeitamente. Ela olhou em volta, tentando ver tudo do novo cenário.

— Uau… isso foi… — Eliza tentou encontrar as palavras quando voltou a superfície. — Incrível!

— O quê? — Bianca ainda estava vermelha, mas sua vergonha deu lugar a curiosidade enquanto oferecia uma mão para Eliza.

— Eu pude ver perfeitamente debaixo d’água. A vista é demais.

— Ah sim… — Lentamente, a curiosidade de Bianca virou interesse. — Você nunca testou seus poderes debaixo d’água.

— Mas não usei meus poderes. Foi como se tudo já estivesse em HD sem usá-los.

— Não é normal? Digo, de noite você tem essa visão noturna e pode ver tudo. Debaixo d’água não seria o mesmo?

— Agora que você mencionou… — Eliza mal podia conter seu espanto. O quanto ela pensou sobre meus poderes?

— Vejamos se pode usar debaixo d’água agora. — Bianca agarrou o ombro de Eliza e a virou para que encarasse o mar aberto.

Eliza tirou o cabelo do rosto, respirou fundo e entrou de novo. Embora fosse difícil se concentrar com a excitação, ela se esforçou.

As águas azuis escureceram levemente, mas tudo ainda era visível enquanto sua visão continuava. Ela viu peixes, plantas, corais… e então algo vermelho apareceu no canto de sua visão. Seus poderes oscilaram e sua visão tremeu, mas ela ignorou Bianca e se concentrou ainda mais.

De repente, ela sentiu a ruiva cutucando-a. Sem perder o foco, Eliza tentou empurrar Bianca. A garota parou, mas depois ela voltou, mordiscando a orelha de Eliza.

Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Seus poderes oscilaram, ela perdeu o controle e viu alguém em uma roupa de mergulho.

— Argh! Meus olhos! — Ela perdeu a concentração completamente, fechou os olhos, engoliu água e levantou-se.

— Que foi? — Eliza escutou a voz de Bianca cheia de escárnio enquanto tossia. — Viu o quê? Um velho? Acabou vendo os documentos dele?

— Você sabia que ele estava lá! — Eliza esfregou os olhos quando sua respiração voltou ao normal. Mas não importa o que fizesse, não podia desver aquilo. — Ah, droga! Ainda posso ver na minha cabeça!

— É o troco por me provocar! — Bianca riu e nadou para longe.

Eliza foi atrás dela, mas era difícil alcançá-la…

— Ah… Ainda não consigo tirar a areia do meu cabelo… — Eliza reclamou após trocar de roupas. Ainda com os dois banhos extras para tirar o resto da areia, a garota conseguia achar mais partes da praia no seu cabelo. — Ainda não acabou?

— É, é. Acabei. E também tenho areia em mim — disse Bianca enquanto entrava no quarto. — E em outros lugares também. — Bianca estava na varanda da frente, balançando preguiçosamente na rede.

— Desisto. Você venceu. Como pude pensar em ganhar de você em alguma coisa — disse Eliza, virando-se para Bianca. Então parou de sorrir. — Você não vai sair assim.

— Eh? Por quê? — A seriedade da garota deixou Bianca perplexa. Ela saiu da rede, ergueu os braços e girou, o vestido de flanela vermelho ondulando com ela. — Qual o problema? Estou linda… como sempre, se puder dizer.

— É, não posso negar. — Eliza levantou, levou Bianca até o maquiador, fez a garota sentar e começou a trançar seu cabelo. — Mas até você precisa se vestir direito pro São João… por que está sorrindo assim?

— É a primeira vez que você faz meu cabelo. — Bianca não só sorria, também ria.

— Cala a boca. — Eliza estalou a língua e puxou de leve o cabelo de Bianca para esconder o próprio sorriso. Ela desenhou algumas sardinhas com maquiagem. Por fim, tirou o chapéu de palha que comprou e colocou no topo da cabeça de Bianca. — Agora preciso admitir que você tá ótima.

— Com maria-chiquinhas e essas sardas? — Bianca ergueu as sobrancelhas e olhou para Eliza pelo espelho. — Você gosta demais desse feriado. Aposto que são os fogos de artifício, não é? Espera, você é uma dos que gosta de soltar aqueles traque de massa irritantes nos outros?

— Não posso negar que não é divertido estourar na testa de alguém. — Eliza sorriu enquanto desviava o olhar.

— Ah, por Deus, odeio aquilo. A pólvora sempre fica presa no meu cabelo. Ah, não ouse fazer isso comigo!

— Ah, olha, posso ver a fogueira daqui — disse Eliza e deixou a sala, ignorando a ruiva. — Vamos.

— Ei, você não respondeu. — Bianca foi atrás da garota, mas Eliza nunca respondeu a pergunta.

— É grande… — Foi tudo que Eliza pôde dizer quando viu de perto.

A fogueira organizada pelo condomínio era quase duas vezes mais alta que elas, tão incandescente que deixava tudo em volta mais escuro. As chamas eram intensas que até a distância, elas podiam sentir o calor. Uma banda também foi contratada e os residentes dançaram ao som do forró. Os incontáveis papeizinhos coloridos presos deixavam tudo mais alegre e divertido.

— Música ao vivo, decoração exagerada, uma fogueira gigante e foda… como esperado de festa de gente rica — disse Eliza, sorrindo com o desconforto de Bianca.

— Ah, vai, não diga isso. É normal, não é?

— Mais ou menos… O vovô costumava fazer uma fogueira também, mas não era nem metade dessa. Eu gostava de me aproximar e jogar copo de plástico nela. O cheiro era horrível. — Bianca pareceu ficar sem saber oque dizer por um momento e depois riu. Quando alguém acendeu um fogo de artificio, Eliza de repente lembrou. — Merda! Ei, você pegou os…

— Você era mesmo uma menina moleque quando pequena… Eu queria ter conhecido você naquela época. Aposto que me apaixonaria naquela época também. — Bianca interrompeu Eliza e abriu a bolsa. — Sim, eu trouxe seus fogos. Aqui, pode brincar até dizer chega.

— Você quer dizer que nós podemos. — Eliza pegou a bolsa e puxou Bianca com um sorriso enorme.

Entre brincadeiras, conversas e a comida, levou quase duas horas para usar todos os fogos que Eliza comprou. Embora as pessoas ao redor delas tivessem alguns mais brilhantes e bonitos, foram elas que causaram o maior barulho devido a Eliza não ter economizado nos rojões. E por causa disso, elas atraíram muita atenção. Mas acho que foi mais ela do que os fogos, pensou Eliza, sem conter o sorriso.

— Aah. Aposto que vão reclamar amanhã — disse Bianca, sentando na cadeira livre perto da piscina. — Ainda não acredito que você comprou tantos rojões…

— É o melhor de todos! Como eu podia não comprar? — Eliza sentou perto da ruiva e passou a pamonha que compraram para ela. Mesmo após os lanches, ela deu uma boa mordida. — Faz anos que não brinco assim.

— Você não soltou fogos ano passado? Você? Jura?

— Sim… depois do Bruno se queimar com um alguns anos atrás, ele meio que ficou com trauma. Ele aguenta o Ano Novo, mas São João era demais pra ele e a maioria das festas que íamos não tinha fogos de artifício — disse Eliza, negando com a cabeça.

— Hum… — Bianca murmurou enquanto se focava na comida sem falar nada.

Eliza notou o que dissera e se arrependeu de mencionar o ex-namorado na hora. Eu e minha boca grande…

Enquanto terminavam a pamonha, a banda, que já fizera uma pequena pausa, voltou ao palco e começou a tocar de novo. Alguns casais se reuniram na pista de dança. Eliza assistiu enquanto a ruiva observava os casais.

— Quer dançar? — perguntou Eliza, surpreendo a si mesma.

— Hã? — O mau-humor de Bianca sumiu em um instante. — Dançar? Eu não…

— Quê? Mas você me prometeu uma dança.

— Quando? Por quê? Onde? Não me recordo — falou Bianca, rápido, suas bochechas com uma tonalidade de vermelho que nada tinha a ver com o calor.

— Se me convidar pro São João, está implícito. — Eliza ofereceu uma mão. — Vamos, vou ensinar você a dançar.

— Dançar na frente de tanta gente… — Bianca olhou em volta. Mas quando viu Eliza, ela pegou a mão com um sorriso tímido.

Eliza apertou e apreciou o toque de Bianca por alguns segundos antes de se levantar. Mas antes de deixarem sua mesa, um garoto veio até elas.

— Que tal uma dança? — perguntou com um sorriso alegre.

Tava demorando, pensou Eliza, soltando um suspiro cansado. Ele tava olhando pra Bianca por tanto tempo fiquei imaginando se teria a coragem de pedir. Enquanto a noite passava, muitos garotos vieram falar com Bianca, pedindo uma dança e alguns bêbados chegaram perguntando se podiam ficar com ela.

As interrupções foram irritantes, mas ela estava um tanto acostumada a isso, dado a beleza da ruiva. Mas quando uma garota veio flertar com Bianca, Eliza conteve o fôlego e ficou tensa enquanto assistia a garota elogiar e rir de qualquer coisa que a ruiva dizia.

Eliza pensou em afastar Bianca da garota mais de uma vez e dizer que a ruiva pertencia a ela. Ela se entreteve imaginando como Bianca reagiria se realmente fizesse isso. Mas, para seu alívio, Bianca finalmente rejeitou a garota da mesma forma educada que fez com o resto.

Qual é, Vermelha, rejeita logo pra podermos dançar, pensou Eliza, esperando. Para sua surpresa, Bianca sorriu para o garoto. Eh?

— Nando? É você? Caramba… Você mudou tanto — disse Bianca, abraçando o rapaz.

— Graças a Deus. Digo, não posso continuar o pirralho de catorze anos que você rejeitou pra sempre.

— Ainda nessa? Supera — disse Bianca, rindo. — Não acredito que não falei com você em anos. Como anda?

— Ocupado feito doido. Estudando e ajudando meu pai na loja.

— Bem o que você nunca quis.

— É… muita coisa mudou… Que tal nos atualizarmos? — O garoto riu e coçou a cabeça.

Acostumada com a recusa imediata de Bianca para qualquer flerte, Eliza puxou a ruiva para perto de si.

— Foi mal, mas nós estamos voltar pra casa agora — disse antes que pudesse se impedir.

Bianca arregalou os olhos e depois sorriu.

— É, isso mesmo. Me liga qualquer hora. Meu número não mudou.

— Tá, tchau — disse Nando, sem se incomodar com o comportamento de Eliza. — Vou te ligar. — Ele se afastou e as duas garotas ficaram sozinhas.

Enquanto voltavam, Eliza se certificou de não olhar sobre o ombro para ver a expressão de Bianca; mesmo sem ver, sabia que a ruiva ainda sorria pelo que ela fizera. O rosto de Eliza não parava de corar e quando Bianca entrelaçou seus dedos e apertou a mão de Eliza gentilmente, o coração da garota bateu mais rápido.

— Eu nunca soube que você era tão ciumenta — disse Bianca, quando voltaram, sem esconder o quão feliz estava.

— Eu… Eu… ah… — Eliza corou e se embaralhou com as palavras. — Vou tomar um banho!

Mas nem um banho frio fez o coração dela voltar ao normal. Até suas bochechas ainda queimavam. Quando voltou, Bianca também tinha tomado um banho.

— Vai levar dias pro cheiro da pólvora e fumaça saírem — reclamou enquanto cheirava o cabelo. — Que foi? — perguntou quando notou Eliza encarando-a.

— Nada. É só que… ei, escute. Ainda dá pra ouvir a música daqui. — Eliza ofereceu a mão. — Você ainda me deve uma dança.

Arregalando os olhos com o rosto vermelho, Bianca aceitou a mão. Ah, céus, ela fica tão fofa quando tá com vergonha… ah, caramba, ela despertou meu lado sádico, Eliza notou enquanto tentava suprimir o sorriso.

— Tá… já que eu nunca liderei uma dança, você vai ter que me perdoar por qualquer erro — disse, colocando a mão direita na cintura de Bianca. É estranho liderar a dança… Mas posso me acostumar. — Coloque sua mão esquerda no meu ombro.

— Assim? — Bianca colocou a mão no ombro de Eliza.

— Nada disso. Por que está tão longe? Não é valsa, é forró, e precisamos ficar pertinho.

Eliza aproximou Bianca, seus narizes quase se tocavam. O rosto da ruiva estava quase da mesma cor que seu cabelo. Pressionando os lábios para esconder o sorriso, Eliza deu dois passos para o lado. Bianca fez o mesmo com um pouco de atraso.

— Ótimo. Apenas me copie.

Em pouquíssimo tempo, Bianca acompanhava Eliza. Até quando Eliza movia sua perna esquerda para frente, Bianca movia a perna esquerda para trás, fazendo o passo certo sem qualquer instrução.

— Nada mal. E aí? — Eliza ergueu a mão acima da cabeça de Bianca. Mas a ruiva fez o giro quase perfeitamente. — Ei, você sabe dançar forró!

— Com você ensinando, é fácil aprender. — Bianca sorriu, apesar do pouco fôlego. — E se eu fizer isso? — Dessa vez foi ela quem ergueu a mão acima da cabeça de Eliza.

Eliza esperava aquilo, mas ainda tropeçou, derrubando as duas. Se não fosse a rede na varanda da frente, elas estariam no chão. As duas olharam uma para a outra e riram.

— Que tipo de professora tropeça assim?

— A culpa não é minha — disse Eliza, entre risadas. — Eu avisei que era minha primeira vez liderando e esqueci disso.

— Que desculpa besta. Melhor aprender a parte certa pra gente poder dançar mais.

— Tá bom. Prometo que vou aprender pra dançarmos. Sendo franca, eu gostaria de ver você dançando samba e frevo. — Quando a ruiva estremeceu, Eliza riu de novo.

Bianca se mexeu para que pudessem deitar confortáveis com as cabeças próximas.

— Olha só — disse, apontando para o céu. — Não tem como vermos um céu brilhante desses na cidade.

O céu azul escuro estrelado se estendia até encontrar o mar escuro, a água refletindo o luar. Parte do céu era uma tonalidade de roxo, como se tivessem dado uma pincelada com a meia-lua ao fundo. As estrelas brilhavam em todo lugar.

— É incrível — disse Eliza, de queixo caído.

— Sim — disse Bianca, acariciando a mão da garota. — Sempre amei observar o céu daqui.

Antes que notasse, Eliza usou seus poderes. As poucas nuvens sumiram, a imensidão roxa e azul do céu foi ainda mais longe, as estrelas brilhando mais do que nunca. A lua ficou maior e uma luz branca em volta dela ficou mais linda do que nunca.

— É como algo tirado de um filme. Um céu diferente de um mundo diferente — disse Eliza, sua visão indo mais e mais longe, até chegar ao limite. — Eu queria que você também pudesse ver.

— Eu também — sussurrou Bianca. — Mas estou feliz de só estar ao seu lado. Acho que já disse, mas parece que você não acredita em mim.

Eliza perdeu a concentração enquanto as bochechas ganhavam uma tonalidade cor-de-rosa. Ela piscou e olhou para a ruiva. Bianca tinha fechado os olhos e realmente parecia apreciar só estar ao lado de Eliza. Seu peito se movia de baixo para cima, e havia um sorriso tranquilo nos lábios.

O coração de Eliza bateu mais rápido enquanto ela olhava aqueles lábios. Não acredito que ela conseguiu se conter…

— Ei, Bianca. Tem algo nos seus lábios.

— O quê? — A voz dela nunca soou tão doce para Eliza. Bianca abriu os olhos, mas enquanto se virava para ela, a garota moveu a cabeça um pouco e seus lábios se encontraram. A ruiva arregalou seus olhos verdes. Levou um segundo, mas Bianca a beijou de volta.

— O quê? Por quê? Como? — Bianca piscou e tentou falar após pararem de se beijar. Seu rosto ficou mais vermelho que seu cabelo.

— Finalmente caiu nas suas cantadas ruins e é isso que você diz? — Eliza riu. Ela é tão fofa!

Bianca pressionou os lábios, desviou o olhar, mas, após um segundo, voltou e beijou Eliza.

Eliza não teve ideia de quanto tempo ficarão na rede, mas, em algum ponto, os ganchos quebraram e elas caíram no chão.

— Ai — disse Eliza esfregando as costas.

— Droga! Enferrujou de novo… e estávamos em um clima tão bom — reclamou ela.

— Ou quem sabe não foi pra pessoas se beijarem em cima da rede. — Elas olharam uma para a outra e riram ao mesmo tempo em que levantaram. — Vamos, podemos continuar isso lá dentro — disse Eliza, oferecendo uma mão para Bianca.

— Eu planejava dizer isso — reclamou a ruiva, mas aceitou a mão sem hesitar.


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