Meus Olhos Enxergam escrita por phmmoura


Capítulo 6
Capítulo 6




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— Não está fazendo certo — disse Bianca, sem tentar esconder seu sorriso. — Quantas vezes preciso mostrar a você? Leve seu tempo.

Eliza suspirou e tentou conter a raiva. Sei que fui eu que pedi, mas ela precisa parecer tão feliz me ensinando? Eu devia saber que seria assim.

— Aonde?

— Isso deveria vir aqui — sussurrou a ruiva no ouvido da garota, envolvendo gentilmente a mão de Eliza e a movendo como bem entendia. — Já expliquei, não apresse.

Fica calma, Eliza, disse para si. Não deixe ela saber o quanto isso faz seu coração palpitar. Apesar desses sentimentos, ela não afastou sua mão da ruiva.

— Valeu pela clarificação.

— Suas reações estão ficando cada vez menos divertidas. — Bianca estalou a língua e soltou a mão de Eliza, pulando de volta à cama.

— Estou aqui pra estudar e não pra entreter você. — Eliza voltou-se para a folha. Ela tá certa, pensou a garota, entretanto nunca disse, apagando seu erro. — E você também devia estar estudando. A última prova é segunda.

Bianca pegou seu jogo e recomeçou a partida.

— Pode não parecer, mas eu estudo quase todo santo dia — disse, focada no jogo.

— Até com todas as brigas?

— Não é como se eu brigasse todo dia. E baixa a voz. — A ruiva diminuiu a voz e olhou para a porta, onde seu pai e depois sua mãe entraram sem bater minutos atrás. — Prefiro manter esse hobby um segredo de meus pais.

— Então até você tem seus segredos… — Eliza tentou manter o sorriso sob controle, mas a visão de Bianca nervosa era bom além da conta.

— Claro. — Bianca deixou o jogo para lá e rolou na cama até estar perto de Eliza. — Não contei a ninguém o que você fez comigo aquele dia — sussurrou, a boca tão próxima que a garota sentiu a respiração da ruiva.

Droga… como ela consegue me fazer arrepiar só com isso? pensou Eliza, esforçando-se para parar a tremedeira.

— Obrigada por isso. A última coisa que quero é que adicionem um lésbica a lista dos rumores a minha pessoa.

— Tsc. — Bianca estalou a língua de novo. — Sem reações não tem graça alguma pra mim.

— Que pena. Mas seus pais são de boa. — Eliza ignorou a ruiva. — Aposto que ficaram mais preocupados com suas brigas do que com raiva.

— Claro que você acharia isso — zombou Bianca e virou a cabeça dramaticamente. — Assistiu um jogo com os dois e já são todos amiguinhos.

— Ainda está brava quanto aquilo? Deixa pra lá. — Eliza nada fez para conter o sorriso agora.

— Deixar pra lá? Foi mal, mas não. Eu tinha planejado uma grande noite pra gente. Passei o dia inteiro escolhendo um filme bom e salgadinhos para aquele sábado juntas, pensando em ter um momento de qualidade com você, esperando que rolasse algo a mais… — A última parte ela murmurou, suas bochechas com uma tonalidade de rosa. — Mas daí meu pai aparece e nos convida pra um jogo. E o que você faz? Ignora meus protestos, planos e esforço, vai lá e aceita!

Ainda que tentasse, Eliza não pôde conter o riso.

— A culpa não é minha que seus planos foram ralo abaixo. Mas era o camarote! O camarote! Nunca fui em um. Sou do tipo que só fica na arquibancada, sabe? Assistir aquele jogo foi demais. — Entre outras coisas, pensou, lembrando-se das fotos. — Além do mais, nunca pensei que seu pai iria xingar o juiz daquele jeito. Até o meu pai não grita assim.

— Fascinante. — Bianca revirou os olhos. — Pensei que ficaria feliz em conhecer outro lado seu. Mas pensar que era fanática por futebol

— Eu? Não era eu quem costumava ir pra todos os jogos e entrar no campo com os jogadores. E pensar que você até se perdeu uma vez.

— O meu pai contou? —Bianca ficou vermelha. — O que mais ele…

— Não precisa ficar com vergonha de ter mijado nas calças — interrompeu Eliza, assentindo com um sorriso compreensivo. — Você era criança. E foi a primeira vez.

— Cala a boca… eu era criança! — Bianca ficou mais corada e bateu no rosto de Eliza com o travesseiro. Porém isso não impediu o sorriso da garota de se transformar em riso. — Não curti que você e meu pai sejam amiguinhos. Ele nunca foi assim com nenhuma das minhas… amigas…

Amigas… Eliza finalmente parou de rir. A ideia parecia estranha para ela agora. Desde que vi aquela foto no camarote… Até mesmo com a euforia de assistir a vitória espetacular de seu time no último segundo do jogo do camarote se fora, o que permaneceu com ela foi aquela foto nas paredes. Era Bianca com sua família e amigos celebrando o pentacampeonato. Mas a ruiva parecia mais feliz abraçando aquela garota do que a vitória.

A primeira namorada da Bianca… Eliza acreditava que tudo que a ruiva fizera era mais brincadeira. Dado a personalidade dela, pode até ser verdade… Tirar uma com os amigos… Mas ela realmente gosta de garotas… Ela pensou em tudo que acontecera com elas sob a luz daquele novo fato. Eliza não fazia ideia do que sentir, mas estava ciente de que a única diferença era que seu coração batia mais rápido e as bochechas coravam quando se lembrava.

Se tudo isso fosse entre eu e a Amanda, como eu me sentiria? Pensou ela por um bom tempo, sempre vindo com a mesma resposta. Eu provavelmente me sentiria estranha, pensou, olhando para a ruiva que ainda fazia biquinho na cama. Já que é a culpa dela me sentir assim, está tudo bem se eu provocar ela um pouquinho, né? Troco por tudo que ela fez e por tudo que está me fazendo sentir.

— Pensei que você ficaria feliz que estou me dando bem com seu pai — disse Eliza, mostrando um sorriso malicioso. — Podia jurar que era tudo parte do seu plano.

— Mesmo sendo santinha, você sabe que estou tentando seduzi-la. Que tipo de plano envolveria meu pai?

— Me apresentar aos seus pais pra que eles gostem de mim. — Eliza olhou para a ruiva com o rosto mais sério que tinha na hora.

Bianca abriu a boca, ficando tão vermelha quanto seu cabelo enquanto lutava com as palavras. Mas quando ela não conseguiu pensar em nada a dizer, cobriu seu rosto com o travesseiro.

— Que foi? — Eliza tirou o travesseiro e se aproximou muito do rosto de Bianca.

A ruiva cobriu o rosto com uma mão, mas olhou para Eliza por entre os dedos. Por uma fração de segundo, seus olhos verdes fitaram os lábios de Eliza. A respiração ficou intensa e ela mordeu os próprios lábios.

Eliza só queria provocá-la um pouco. Mas enquanto assistia uma gota de suor no pescoço de Bianca descer até o decote, ela perdeu o controle de si. Antes que notasse, a garota parou a gota e refez seu caminho com a língua, lambendo a orelha da ruiva no fim.

Quando Eliza recuou e olhou nos olhos da ruiva, Bianca parecia não saber se devia ficar feliz ou surpresa. Enfim, pressionou os lábios e virou a cabeça.

— Pare de me provocar… Não vou conseguir me conter… — disse com a voz fraca.

Eliza piscou e sentou no chão perto da cama. Eu acabei de… Quando ela notou o que fizera, ficou tão vermelha quanto o cabelo de Bianca. Porcaria, Vermelha! Olha o que você está me fazendo fazer! Ao menos se responsabilize, pensou, olhando para a garota.

Bianca virou-se de costas para a garota e apertou o travesseiro como se fosse sufocá-lo. A visão deixou Eliza feliz e culpada ao mesmo tempo. Acho que é maldade da minha parte provocá-la assim… Ela está se esforçando para manter aquela promessa… aquela promessa idiota…

Desde aquele dia na sala de aula, Bianca mantivera uma distância. Embora ainda provocasse e tentasse deixar Eliza envergonhada, sempre aparentando que sua sedução eram meras piadas, ela nunca tentou nada mais. Em vez de ficar feliz, Eliza sentia-se estranha. Depois daquilo, é como se ela estivesse se contendo quando fica perto de mim. Parte dela não estava feliz com aquilo.

Não nos conhecemos há muito tempo, mas… se fosse com qualquer outra pessoa, tenho quase certeza de que a Bianca não ligaria tanto pra a promessa… o que significa que… ela realmente gosta de mim… Eliza abraçou seus joelhos para esconder o rosto corado. Sabia o que aquilo significava, mas até em sua cabeça, ela não conseguia dizer sem ficar vermelha. Porra, Vermelha… Melhor se responsabilizar por me deixar apaixonada por você!

Vendo que a ruiva ainda abraçava o travesseiro pôs um pequeno sorriso em Eliza. Acho que estou sendo malvada demais…

— Ei, Bianca, me ajude a terminar isso pra gente ver o filme.

Bianca murmurou algo, jogou o travesseiro para o lado e sentou-se. Com o rosto ainda vermelho e a expressão de quem não sabia se deveria ficar feliz ou brava, era demais para a garota.

Todo mundo diz que ela é gostosa e linda, mas ninguém nunca disse que ela era tão fofa, pensou Eliza, as maçãs do rosto com uma tonalidade de rosa enquanto mostrava o caderno.

— Você errou aqui. Precisa usar a fórmula. É muito mais fácil com ela. Não lembra? Eles ensinaram bem no começo… — A voz de Bianca sumiu enquanto ela mordeu os lábios.

— Não precisa ficar andando em corda bamba sobre esse assunto. Já sou uma moça crescida que sabe das consequências do que fez — disse Eliza para animar Bianca, apagando os números após pegar o caderno de volta das mãos estáticas da ruiva. — Mas não ligo de falar disso se for com você.

Enquanto Eliza refazia o problema, Bianca envolvia a garota em seus braços.

— Você é mais madura do que aparenta — disse a ruiva e havia um significado oculto naquelas palavras.

— Escutar isso de você quase soa como um elogio — disse Eliza, mas ela fechou os olhos, apreciando o abraço.

— O que isso quer dizer? — Bianca fingiu ficar sentida. — Se prepara pra mais. Além de sexy, você é inteligente também. Acertou. Parabéns!

Eliza abriu os olhos e olhou para o que tinha feito.

— Tá certo? — perguntou, olhando para Bianca. A ruiva assentiu e a garota sorriu. — Então melhor fazermos uma pausa. Sabe, parar enquanto estou por cima.

Bianca desfez o abraço, fechou os olhos e a boca, então moveu o dedo de um lado para o outro.

— Só depois de terminar a lista toda. Sabe que precisa recuperar essas notas.

Eliza suspirou ruidosamente e descansou a cabeça na cama.

— É muito difícil. E muita coisa. E cansativo. Por que os professores deixam matemática pro final? — reclamou, esfregando os olhos. — Deviam jogar logo no início.

— Matemática é como o chefão — disse Bianca, assentindo como se entendesse. — Você enfrentaria o chefão antes ou depois de se preparar?

— Não faz sentido. Colocar uma prova difícil por último é mais como lutar com alguém forte quando já não sobra energia na gente.

— Está enrolando por quê? — perguntou Bianca, olhando para ela com aqueles olhos esverdeados. — Já teria terminado se não ficasse reclamando.

Foi a vez de Eliza estalar a língua.

— Percebeu, né… E até disse as mesmas coisas que a minha mãe…

— Você está cem anos atrasada se acha que consegue me passar a perna. — Bianca riu. — Primeiro, aprenda a esconder seus verdadeiros sentimentos.

— Que nem você?

— Nunca escondi minhas verdadeiras intenções… — A ruiva mostrou uma expressão chocada. Depois, um sorriso malicioso. — Fui perfeitamente clara do que queria fazer com você.

— Tá. Quer ser minha amiga e tal — disse Eliza como se fosse óbvio, escondendo o próprio sorriso.

— Ainda pensa que só quero ser sua amiga? Retiro o que disse. Você não é inteligente! É muito lenta! — Bianca fez biquinho e bateu em Eliza com o travesseiro. — E me colocou na friendzone… Pensei que isso só acontecia com gente feia.

— Não te falta autoconfiança, hein. — Eliza pegou o travesseiro de Bianca e deu o troco. — Ao menos aprenda a guardar esses comentários pra si.

— Sei, não tem como… espere um pouco! Você está enrolando!

— Droga. Você descobriu. — Eliza estalou a língua de novo, mas um sorriso se forçava a sair dela. — Mas demorou.

— Nada mal, nada mal — disse Bianca, assentindo a cabeça, aprovando. — Está aprendendo com a mestra, afinal de contas. Mas, sério, termine a lista pra podermos ver o filme. Hoje é a minha vez de escolher e já conferi. Não tem jogo pro meu pai convidar você de novo.

— Já disse pra deixar pra lá. Não me apaixono por gente que fica presa no passado, vai a dica. — Eliza revirou os olhos. Quando notou o que dissera, corou. Caramba… eu e minha boca grande. Certificando-se de não olhar para Bianca, a garota rapidamente tentou pensar em algo. — Vamos ver o que dessa vez? Não é outro dos seus filmes de fantasia, né?

Na última noite do filme, foi a vez de Eliza escolher. Antes disso, na vez de Bianca, a ruiva escolhera um filme de um bando de caras que fazem uma jornada para destruir uma joia muito importante em um vulcão. Eliza ficava caindo no sono, deixando Bianca irada.

— Deveria dizer “sim, outro!” — Bianca se levantou, correu até o canto da estante cheia de filmes e voltou com uma caixa de Blu-ray. — É o segundo da trilogia. E não é longo, é detalhado. Ainda estou brava que você ficava cochilando!

— Jura que tá brava? Foi você quem escolheu um filme longo pra caramba. Olha, está escrito bem aqui. “Edição Sem Cortes”! — apontou Eliza. — Como consegue dizer que não é longo?

Bianca balançou a cabeça, desapontada.

— A versão sem cortes é um presente do diretor. Dessa forma, tem mais filme para apreciarmos!

Eliza revirou os olhos de modo exagerado e voltou a atenção para o caderno, tentando conter o sorriso.

— Ah! Eu vi! — Bianca se inclinou perto demais de Eliza. — Vi esse sorriso! Você gostou e eu sabia que ia gostar!

Eliza empurrou o rosto cheio de triunfo da ruiva.

— Eu, pelo menos, espero que tenha mais ação que o primeiro.

— Tem sim. Vamos lá, termina logo para podermos ver de uma vez.

— Você fala como se fosse fácil.

— E é!

— Então me ajuda.

— Com prazer! — Bianca sorriu.

Enquanto a ruiva a ajudava, Eliza notou que ela não tentava pensar em uma desculpa para parar de estudar. Acho que é a primeira vez que não odeio matemática, pensou, olhando para Bianca, sorrindo como se ajudar Eliza fosse o bastante para deixá-la feliz. Então ela notou que também sorria. Simplesmente passar tempo com ela é divertido… Não ligo de ir devagar com se der pra apreciar a Bianca assim…

— Finalmente — disse Eliza, soltando um suspiro cansado e jogando a cabeça na cama. — Levou mais tempo do que deveria.

— Pois é — disse Bianca, deitando na mesa. — Graças a isso, não vai dar pra vermos o filme.

— Quê? — Eliza encarou a ruiva, tentando ver se estava brincando ou não. Enfim, não pôde decidir e tirou o telefone pra ver a hora. — Ainda tem, tipo, umas três horas até eu precisar ir pra casa… o filme leva mais tempo?

— Não vou discutir isso de novo — disse, amuada, e virando o rosto. Eliza ainda viu o sorriso dela escapar.

— Então que tal trocarmos de vez? — sugeriu Eliza. Bianca ficou com uma expressão vazia. Foi por só um segundo, depois, seu rosto iluminou-se.

— Ótima ideia! Assim poderemos ver o resto da trilogia em sequência. É bem melhor se não colocarmos outro filme entre o segundo e terceiro. — Bianca concordou, aprovando, como se fosse sua ideia. — Pode escolher um filme.

Eliza levantou-se e foi para o canto da estante cheia de filmes, movendo seus olhos preguiçosamente pelas prateleiras. Ela tem muitos filmes de kung fu dos anos 70 e 80, mas a maioria tem cara de ser nerd… eu já sabia, mas não acredito que me apaixonei por uma nerd.

— Que tal um de romance para criar o clima? — disse Bianca.

Eliza a ignorou. Como se você aguentasse. Você só fala. Se não tivesse dado com o rabo entre as pernas antes e me beijado, eu não teria te parado… Agora, provavelmente estaríamos… O que Eliza imaginou fez seu rosto ficar com uma tonalidade alarmante de vermelho.

— Ainda não escolheu? Rápido… vai logo ou não vai dar tempo pra vermos nem o seu filme — reclamou a ruiva como uma criança mimada.

Eliza virou a cabeça o bastante para ver Bianca deitada com o travesseiro nos braços e as pernas um pouco inclinadas. A garota virou de costas na mesma hora. Porcaria… É que nem a imagem na minha cabeça… Ela olhou para os filmes de novo para forçar o coração a parar de palpitar tão rápido e algo veio a mente.

— Ei, Bianca…

— Que foi? — A garota parou de divagar.

— Você… — Eliza não encontrou as palavras e virou-se para a ruiva de novo. — Por que você gosta de brigar? Na verdade, onde aprendeu a lutar assim? — Aquilo incomodara a garota faz um tempo, mas ela nunca tivera qualquer interesse real nisso. Bianca era interessante o bastante sem esse detalhe.

— Tem certeza de que quer saber? — Ela sentou na cama e encarou Eliza, um sorriso malicioso nos lábios. — Isso é escorregando pela toca do coelho.

O que a ruiva dissera fez Eliza sorrir. Bianca costumava usar a frase que mais gostava do primeiro filme que viram juntas. Pensando bem, também era uma trilogia… o quanto ela curte esses negócios?

— É, quero sim. Pensando nisso. Só estamos assim porque te vi lutando. Não é estranho que eu não saiba nada além de que você é boa no braço?

— Então está interessada em mim. Isso me deixa tão feliz — disse, o sorriso ficou gentil. Eliza corou e desviou o olhar. — Vou contar pra você, mas temo que possa ficar desapontada com o motivo.

— Por quê?

— Porque, embora me envolva, não é nada incrível ou digno de boatos.

Eliza encarou ela com uma expressão varia e depois riu.

— Relaxa, não estou esperando nada do gênero. Achei que já disse que você não é tão especial quanto pensa.

Bianca jogou um travesseiro no rosto dela antes que Eliza pudesse reagir. A garota endireitou o travesseiro, caminhou até a ruiva e bateu na cabeça dela. Ambas tentaram pegar o travesseiro de novo, mas quando desistiram, riram.

— Como eu disse, não tem algo de especial. Meu pai ama karatê e graças a isso, fui envolvida naquilo desde pequena. Sabe esses filmes de artes marciais? Costumávamos ver juntos.

Eliza aguardou, mas a ruiva não disse mais nada.

— Mas isso não explica suas lutas.

— Você ficou percebeu com isso… Bom, se quiser saber. Como posso explicar…? Sem me gabar. —Eliza riu. — Sem me gabar, mas eu era muito boa no karatê. Boa demais. Depois de alguns torneios, quis me testar com os garotos. Até me vesti de menino e venci um torneio. O cara que derrotei na final ficou puto depois quando descobriu que perdeu pra uma garota e quis vingança.

— Nada de especial? Acho que fazem filmes com um enredo desses — interrompeu Eliza, sorrindo. — E aí? Limpou o chão com ele?

— Sim… — Bianca parecia não ter arrependimentos quanto a isso. — Foi quando notei que preferia lutar sem regras.

— Dá pra totalmente te imaginar seguindo esse caminho. — Ambas riram de novo.

— Agora que você sabe, espero que não fique desapontada comigo. Eu avisei que não tinha nada de especial ou surpreendente — disse Bianca, olhando para o teto. — Só gosto de uma briga, simples assim.

— Sem chance de eu ficar desapontada contigo por causa disso. Estou feliz em saber — disse Eliza. — Na real, fiquei surpresa em saber que tem gente que briga contigo, dado seu pai e tal.

Bianca abriu a boca e depois a fechou.

— Nunca pensei nisso.

— Na verdade, esquece isso. Sabendo o quão irritante você pode ser quando quer, é uma surpresa que não arrume encrenca todo dia.

Bianca pegou o travesseiro e jogou no rosto de Eliza.

— Cala a boca.

— Vamos, vou escolher o filme. — Eliza levantou. Bianca fez o mesmo, mas sorrindo.

— Então vou fazer pipoca.


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