Meus Olhos Enxergam escrita por phmmoura
— Não acredito que chegou o dia do ENEM. — Eliza ainda estava deitada na cama, tentando reunir energias para lutar contra a força misteriosa que a puxava para o travesseiro. — Não me sinto pronta…
— Eu disse que o dia ia chegar assim, num piscar de olhos. — Bianca estalou os dedos do outro lado da ligação. — Mas, não, você disse que tinha tempo e ficou enrolando…
— Bem, você devia ter me impedido. Você não é a responsável desse relacionamento?
— Não sou! Eu tentei! Mas você ficou insistindo e eu…
— Devia ter resistido mais! Cadê seu autocontrole, mulher?
Eliza sabia que estava sendo injusta, mas não resista à tentação de provocar Bianca. A ruiva anda sensível demais quanto a isso recentemente, lembrou a garota. Ela acha que minha mãe vai culpar ela se eu for mal na prova… Como se a culpa fosse de alguém além de mim.
— Como se eu pudesse resistir quando você me beija daquele jeito — sussurrou Bianca pelo telefone.
Mesmo sem ver a namorada, Eliza sabia que a garota estava vermelha. Ela não podia resistir e queria ver de todo jeito.
Sem sair da cama, ela se virou e encarou a parede. Em segundos, sua visão atravessou tudo entre a sua casa e a de Bianca.
A ruiva estava deitada na cama com as pernas abertas na direção da parede. Ela usava um baby doll rosa transparente e colocara um pequeno post-it escrito “para a Eliza” bem acima do segundo lugar favorito de Eliza.
O rosto da garota ficou com um tom alarmante de vermelho.
— O que diabos você tá fazendo? — exclamou ela antes que conseguisse se parar.
— Há! Eu sabia que você ia olhar! — Bianca riu.
Droga… Esqueci quem era a minha namorada, pensou a garota, sorrindo e rolando na cama enquanto abraçava o travesseiro. Minha namorada adora me provocar…
— Ótima forma de começar o dia. Perfeita. Obrigada pela visão — disse Eliza, apesar da vergonha.
— Quem disse que acabava aí? — sussurrou Bianca, com um tom que dava a intender segundas intenções.
Eliza parou de revirar os olhos. Sempre que a Vermelha fala assim, ela está prestes a fazer algo que vai me deixar com muita vergonha.
Ainda assim, a curiosidade venceu. Quando a garota focou seus poderes de novo, Bianca se livrara do post-it. Ela segurava o dedo indicador levantado enquanto segurava o celular com a outra mão.
— Eu vou chamar este dedo de Eliza — disse ela. — Ei, Eliza. Vamos estudar um pouco, que tal?
— Tudo bem. — Bianca forçou sua voz para que saísse mais aguda.
— Isso deveria ser eu? — perguntou a verdadeira Eliza, sorrindo.
Bianca ignorou.
O dedo se moveu para cima e para baixo, como se estivesse feliz. Então a ruiva o trouxe para sua barriga.
— Espera. O que você está fazendo, Eliza? Não viemos aqui pra estudar?
— Sim, estou estudando música. A canção se chama “gemido de uma ruiva”.
A verdadeira Eliza sorriu e balançou a cabeça, mas não conseguia desviar a atenção do show.
— Calma. Precisamos estudar pra assegurar um bom futuro pra nós duas — disse Bianca com uma atuação forçada e ruim.
— Já que sou um animal no cio que não consegue conter seus desejos e culpa a namorada por isso, já estamos praticando para o nosso futuro — disse o dedo-Eliza.
Então o dedo deslizou até a roupa íntima de Bianca.
— Que bruta… ah… — A ruiva fingiu gemer. — Bem a sua cara
— Ei, em minha defesa, não sou tão direta. Eu gosto de provocar você. — Apesar do que dizia, Eliza apreciava aquilo.
— Nããããooo… essa parte é sensível… Eliza, sua fera no cio… — Bianca continuou com sua atuação ruim.
As maçãs do rosto de Eliza coraram. Droga… por que assistir isso me excita…?
— Tá ficando interessada…? — perguntou Bianca para sua namorada real. A garota ficou quieta. — Você é uma pervertida e tanto, me espiando enquanto brinco com meu dedo…
— F-Foi você quem me deixou assim… v-você deveria se responsabilizar…
— E o que você vai fazer? Me diz…
— Eu vou… Eu vou…
— Continue… vai o quê? Se masturbar enquanto me espia? Não é a primeira vez, né? — O rosto de Eliza ficou mais quente ainda. — Quem cala, consente. Agora, me diga, o que você vai fazer consigo mesma.
— Eu vou… por que você está tentando me pintar de pervertida? — Eliza voltou a si. — E por que fazer isso justo hoje?
— Porque você está nervosa e eu queria te ajudar?
— Mentirosa!
Bianca riu e rolou na cama, segurando a barriga.
Apesar da vergonha, Eliza acabou sorrindo também.
Odeio dizer isso, mas ela me deixou menos nervosa.
— Acabou de rir? — perguntou com uma voz mal-humorada.
— Sim… e você diz isso, mas sei que ama que eu tire uma com a sua cara.
Eliza suspirou e tentou impedir que seus verdadeiros sentimentos transparecessem na voz:
— Pelo bem de nosso relacionamento, eu me recuso a responder isso.
— Você acabou de responder. — Bianca alegrou-se. — E aí, se sentindo melhor?
— Um pouco — murmurou Eliza. — Mas isso não me deixa mais pronta pra prova…
— Não se preocupe com isso…
— Como você pode falar isso? Especialmente após me forçar a estudar daquele jeito…
— Já que não temos como estudar mais, é desperdício de energia se preocupar agora.
— É incrível que você consiga dizer isso com uma cara séria.
— Mesmo eu sendo uma lésbica?
— Deve ser uma das suas piadas gays mais usadas. — Eliza não pôde conter o riso.
— E você ainda ri.
— Deixemos isso de lado. Vamos nos encontrar agora de manhã antes da prova?
— Sua mãe não disse que ia levar você de carro?
— Sim… mas eu estava pensando se não poderíamos nos encontrar e… sabe… aumentar os ânimos…
— Quer mesmo que sua mãe me odeie ainda mais?
— Não faria diferença alguma agora — disse Eliza com um sorriso amarelo.
Apesar de se esforçar, a mãe de Eliza ainda estava com dificuldades para aceitar o relacionamento. Ela nunca proibiu Bianca de ir à casa da família, mas jamais deixava a porta ser fechada completamente quando as duas ficavam no quarto.
Sendo justa, ao menos ela parou de conferir se estávamos sendo lésbicas sem controle a cada dez minutos.
— Não fala assim… Eu ainda quero poder sair com você e te deixar em casa sem a sua mãe me olhar daquele jeito…
— Você se preocupa demais. Metade daquele olhar é pra mim, de todo jeito… ela não tá exatamente feliz com as minhas escolhas…
— Tipo a sua namorada?
Eliza soltou uma risada cansada.
— Tem isso. Sabe, duvido que ela vá se animar enquanto eu estiver apaixonada por outra mulher. Mas o olhar, em parte, é porque ela não anda muito feliz por eu ter dito que ando pensando em ser uma jornalista… ou uma policial…
— É porque você trouxe isso do nada… nunca mencionou pros seus pais, né?
— Não, mas…
— E vamos ser justas. Mesmo a nossa cidade sendo relativamente segura, ter três pessoas na família trabalhando na policia não é exatamente alegre pra ninguém… Lembro de quando era pequena… Sempre temia que meu pai podia não voltar pra casa numa noite…
— Eu também tinha medo disso…
As duas ficaram quietas por um instante.
— Ei, onde você vai fazer a prova mesmo? — perguntou Bianca.
Eliza sorriu de leve. Ela com certeza se lembra, só quer mudar de assunto, pensou a garota antes de falar para sua namorada seu local de prova.
— Quê? Não é justo. Vivemos perto uma da outra e eles colocam você num local legal e eu fico presa numa escola pública…
— Tá reclamando do quê? Vai dar na mesma… uma sala cheia de gente e com mesas ruins.
— Duvido. Aposto que você vai ter ar-condicionado… Vou dar sorte se tiver um ventilador funcionando… vai ser tenso…
— É, ainda não vou sentir pena pela menininha rica.
— Hã? Nem uma vez? Sinta pena e me conforte.
— Só quando você merecer mesmo.
Ambas riram.
— A minha mãe tá chamando. Não acho que vamos ter tempo de nos encontrarmos agora de manhã, mas quero te ver hoje de noite — disse Bianca com uma voz honesta.
— Eu também… Ei, como é que era? Que a sorte esteja sempre ao seu favor? — disse Eliza do nada.
— Ah! Eu sabia que você tinha gostado do filme. — A voz de Bianca estava cheia de alegria. — E disse que era só uma desculpa pra ver adolescentes se matando.
— Jamais disse isso…
— Tá, sei…
Houve um momento de silêncio.
— Preciso me arrumar…
— É, eu também…
Após esperar por um tempo em silêncio sem desligar, ambas finalmente acabaram a ligação.
Eliza ainda sorria quando espiou dentro do quarto de Bianca. A ruiva colocava algumas roupas decentes, mas então se virou na direção da casa da namorada e mandou um beijo.
Aposto que ela faz algo assim de tempo em tempo, pensando que estou olhando para ela, pensou Eliza, o coração batendo mais rápido. Não tem como não me apaixonar ainda mais por ela…
Respirando fundo e com um humor bem melhor do que ao acordar, Eliza saiu da cama.
— Bom dia, docinho — cumprimentou seu pai quando ela entrou na cozinha.
— Oi, pai, oi, mãe.
— Nervosa?
— Um pouco — admitiu ela. — Mas isso não vai ajudar em nada, então preciso ignorar.
— É assim mesmo, meu anjo — disse a enfermeira, colocando a comida na mesa. — Mas mesmo que vá mal, ainda tem o ano que vem. E você pode aproveitar mais tempo pra pensar no futuro… Especialmente com tudo que aconteceu este ano…
— Poxa, bela ajuda, mãe. Bem o que eu preciso antes da maior prova da minha vida.
— Você sabe do que estou falando, meu anjo… e tem que admitir que veio do nada… Digo, jornalista ou policial? Você nunca mencionou nada assim…
— Não veio do nada… Sei que falei de repente, mas venho pensando nisso há um tempo…
— Ela tem razão, querida. Além do mais, ela adorava vir ao trabalho comigo quando era pequena — disse o policial, sorrindo e se inclinando para beijar a filha na cabeça.
— Valeu, pai. E não é como se eu tivesse que decidir agora… Hoje é o primeiro dia da prova. Tem tempo até os resultados saírem. Aí vou precisar decidir… se tiver sorte…
— Não se preocupe, docinho. Você vai ir bem. Andou estudando com a Bianca, não foi?
Ao nome da namorada da filha ser mencionado, a enfermeira pressionou os lábios e encarou seu marido.
O policial retribuiu o olhar da esposa com uma expressão confusa e então dirigiu sua atenção à filha, tentando conter seu sorriso.
Sempre que alguém mencionava a Bianca, a mãe de Eliza parecia controlar sua reação e ficava encarnado o policial, caso ele estivesse presente.
Um passo de cada vez demora muito… mas é melhor do que nada. Com o tempo, mainha vai aceitar o meu relacionamento que nem o do meu irmão, pensou ela, focando-se na comida.
Embora tentasse comer seu café da manhã, era mais difícil do que ela imaginou. Jamais pensei que ia ficar tão nervosa… Mas painho tem razão… não é como se tudo fosse decidido em dois dias…
Eliza conseguiu comer parte da comida, ainda que um tanto nervosa.
Então seus pais a chamaram mais cedo do que ela queria.
Eliza usou seus poderes para conferir se a Bianca já estava indo também, mas a ruiva já tinha saído. Eu queria vê-la uma última vez, pensou a garota antes de tentar se focar em qualquer coisa que tinha estudado com a namorada.
Após quase dez horas em dois dias, o exame nacional do ensino médio acabara.
— Morri — disse Eliza enquanto deitava no colo de Bianca domingo à noite. — Parece que meu cérebro foi atropelado por um caminhão ao menos três vezes… O caminhão queria ter certeza e que tinha espremido tudo…
— Ao menos acabou… — A ruiva acariciou o cabelo da namorada languidamente.
— Você tá cansada? A incrível Bianca que só tira nota boa?
— Só porque estudo pra tirar notas boas não quer dizer que eu gosto de fazer provas — disse ela com uma voz cansada. — E eu falei que a escola pública foi dureza… o ventilador funcionava, mas fazia tanto barulho que as pessoas reclamaram e um dos fiscais desligou…
— Tá bom, agora eu posso sentir pena pela riquinha. Só um pouquinho…
— Yay. Eu aceito com prazer… mas ainda quero reclamar mais um pouquinho…
— Eu sabia… — Eliza desviou o olhar com um sorriso amarelo.
— É, bem, apenas tente me imaginar lá com um jeans simples e uma regata branca simples. Quando eles desligaram o ventilador, a sala ficou muito quente. Gotas de suor desceram pelo meu pescoço, molhando a camisa, deixando meu sutiã vermelho visível. Eu amarei o cabelo em um rabo de cavalo para que ficasse suportável. Mas o suor continuou escorrendo pelo pescoço, indo até as costas e na minha calcinha… dá pra imaginar?
— Caralho, Vermelha! Agora eu não tiro isso da cabeça! — exclamou Eliza. — Se estava tentando me deixar excitada, parabéns, deu certo. Feliz?
Bianca mostrou um sorriso malicioso que Eliza amava demais.
— Sim, bastante — disse ela antes de se inclinar e beijar levemente a namorada.
Logo Eliza percebeu que a ruiva só ia provocá-la. Ela puxou Bianca para mais perto e o beijo delas ficou intenso.
— Seus pais saíram, né? — perguntou ela, com a voz ofegante.
Bianca não precisou nem falar. Só concordou antes de tirar as roupas enquanto Eliza a beijava…
— Uau… — Conseguiu dizer Eliza após o ato. A exaustão triplicara agora. Mas ela não ligava. Só podia sentir o prazer passando por seu corpo. — Isso foi…
— Demais… — completou Bianca, também ofegante e suada. — Eu fiquei suada assim enquanto fazia a prova…
— Não me excite mais, por favor… Não acho que meu corpo aguenta mais agora. — Eliza abraçou o corpo nu da ruiva e descansou sua cabeça nos seios de Bianca.
— Então por que está tentando me seduzir?
— Só estou descansando no melhor lugar do mundo. — Eliza se aconchegou nos peitos até achar a melhor posição. — A Disney não tem peitos como os seus.
— Você é bem mimada quando quer. — Bianca abraçou as costas da namorada, respirando fundo.
— Escutar isso de uma garota rica não tem efeito em mim — brincou Eliza.
— Pare com isso de garota rica! É irritante.
Eliza apenas sorriu enquanto era preenchida por uma alegria com as batidas calmas do coração da namorada.
Se pudesse, ela gostaria de ficar daquele jeito para sempre
Mas o toque de seu celular a trouxe de volta à realidade.
— Ah, merda… deve ser a minha mãe…
Apesar da dificuldade que era sair daqueles peitos, Eliza pegou o celular.
— É a sua mãe? — perguntou Bianca, sentando-se.
— É o JP… — Eliza trocou olhares com a namorada e depois atendeu. — Alô?
De repente, a ruiva estava plenamente desperta enquanto ouvia.
— Entendi…
— O que foi? — perguntou Bianca, sussurrando.
— Ele precisa da minha ajuda de novo…
Bianca ficou quieta por um segundo.
— Posso ir junto?
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