Enquanto a garota passava por essas provações e sofrimentos jamais sentidos antes, Gabrielle procurava entre todas as garotas que estavam sendo vendidas para reconhecer Eden, mas não havia olhos azuis como os dela ali.

Entre os olhos tristes havia preto, verde escuro, castanho, mas não estavam os olhos misteriosos, furiosos, calorosos que ela estava familiarizada a ver.

Então ouviu um dos homens falar: – Essas aqui vieram de Amphípolis, tem belos dentes e se comportam bem, nada que um bom dono não resolva.

Caminhou até as garotas de Amphípolis que choravam juntas.

— Olá, estou procurando alguém, podem me ajudar?

As garotas tremiam e choravam sem nada responder

— Sou Gabrielle, procuro Eden e quero levá-la para casa.

— Sou Cherryl, essa é Lilly, Eden é minha amiga, foi comprada por Gydeon faz dois dias — soluçou a garota de olhos castanhos e cabelo ruivo claro.

Então Gabrielle viu Lorcan, que lhe olhava como se fosse uma pulga no sapato, ou talvez uma nova aquisição.

— Liberte essas garotas, agora! – Gritou ferozmente empunhando o Chakram enquanto todos os transeuntes olhavam assustados.

Lorcan riu e mandou seus tolos homens para enfrentar Gabrielle, porém eles convencidos de sua força masculina a trataram como presa fácil e acabaram desmaiados.

— Quem é o próximo? – Disse a loira tomada pela adrenalina da recente batalha.

Assustados com tamanha destreza e temendo serem os próximos a cair ao chão, os compradores fugiram e ela sabia que Lorcan seria um desafio bem maior.

Ele se aproximou com a espada empunhada, louco para ferir a pequena loira, porém ela tornou-se forte e graciosa, compreendia a luta como arte, como seu ato de escrever poesias, como o ar que entrava em seus pulmões, se defender tornou-se natural.

A cada golpe que ela desferia, mas desprotegido ele estava, dando passos para trás e desviando como podia, quando viu-se em total desvantagem agarrou uma das garotas e jogou em cima de Gabrielle, conseguindo fugir.

As garotas vibravam, finalmente poderiam voltar para casa, juntas, seguiram desta vez com um amigo da guerreira, Cadmo, que lhe devia um favor e pagaria levando todas as moças a seus respectivos lares.

Agora lhe restava descobrir para onde a menina fora levada, a missão estava cada vez mais complicada, talvez na cidade alguém pudesse informar onde o homem morava.

Haviam alguns moleques correndo por ruas fétidas entre casas miseráveis, pensou que podia começar por ali.

— Ei garotos, você sabem onde mora Gydeon?

— Você quer dizer Gydeon, o atroz?

— É, esse mesmo, pode ser.

— Ele mora logo após essas colinas, virando ao leste, perto do rio, mas se eu fosse você não me meteria com ele, pois tem muitos escravos e poderia fazê-la um deles.

— Obrigada, mas não se preocupe, estarei bem — Disse e colocou uma moeda na mão do menino informante.